Josh Fleischer é um homem exemplar, sempre disposto a ajudar as pessoas e usa sua fortuna investindo em obras de caridade e ONG’s diversas. Sem esposa ou filhos, ele vive solitário em sua mansão, a não ser pelos empregados que se tornaram mais próximos a ele.
Sua vida é tranquila e, agora, sabendo que está com uma doença terminal, só quer viver seus últimos dias em paz, ciente que fez coisas boas pelo mundo. E poderia ser assim mesmo, se não fosse um fantasma de seu passado, que lhe atormenta noite e dia.
Para isso, ele recorre a James Cobb, um psiquiatra renomado e que está na cidade dando uma palestra sobre como recuperar memórias perdidas. Josh faz de tudo para que James o atenda e ajude nessa missão, a fim de saber se pode morrer em paz ou não. Mas quem procura, acha. Resta a Josh e James saber lidar com o que encontrarem remexendo no passado.
Essa foi minha segunda leitura com o clube Lendo com os Morcegos. Para variar, era um livro que não conhecia, por não estar familiarizada com as obras do autor. Ele tem apenas dois livros publicados até o momento: ‘O Livro dos Espelhos’ (presente na lista do #12livrospara2022) e ‘Sangue Ruim’, publicado recentemente. Pelo que vi também, ‘Sangue Ruim’ pode ser mais recente em termos de publicação, porém começou a ser escrito primeiro.
Talvez por isso ele passe uma vibe mais carregada e sinistra, típico de autor de primeira viagem, que gosta de impactar logo de cara. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Para começar, ‘Sangue Ruim’ poderia ser resumido em “a jornada de um fofoqueiro”. Isso porque a trama é contada pelo ponto de vista de James, que parece mais obcecado em saber essa história do que os próprios envolvidos.
A famigerada história do passado gira em torno de Josh, Abraham Hale (o amigo) e Simone Duchamp (a suposta vítima). Josh, ao contar sua versão dos fatos, se coloca como o mocinho inocente, que só teve a culpa de ter nascido em família rica e ter tudo do bom e do melhor. Supostamente, isso teria causado inveja em Hale, o verdadeiro vilão. Este ser malvado, faria de tudo para se vingar do inocente. Josh, que atuava como príncipe encantado nas horas vagas.
A gota d’água seria ele perder mais uma namorada para Josh, Simone, a qual acabou morta violentamente pelo vilão. Josh tem certeza da culpa de Hale e o caso estaria encerrado, se não fosse a sensação de que teve algo a ver, indiretamente, com o crime. Isso o tortura há 40 anos. Então, tenta expurgar sua possível culpa se dividindo em n campanhas de caridade.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Agora, desenganado pelos médicos, vê que só as obras filantrópicas não são suficientes e precisa se lembrar do que aconteceu de verdade, para ter um pouco de paz no leito de morte. Vê em James sua última chance de fazer algo de bom, nem que seja se arrepender e pedir perdão, caso tenha mesmo sido o culpado.
James não acredita nem um pouco que Josh seja culpado. Especialmente por defender que a mente humana é capaz de pregar muitas peças e ele pode estar se culpando por uma imaginação fértil. Logo, decide ajudar um moribundo a ter um pouco de paz.
Porém, durante as sessões, Josh parece se convencer de que realmente matou Simone e vai pagar por isso no inferno. James é dispensado do cargo e recebe seus honorários gordinhos. Tudo teria terminado; era apenas mais um caso esquisito, de uma pessoa rica que queria gastar dinheiro e chamou uma pessoa famosa para tal.
Mas o psiquiatra fica tão vidrado no caso, que decide investigar por conta própria o que aconteceu. Afinal, Josh não foi o único envolvido e toda história tem dois lados. Assim, conhecemos as versões de Hale e mais algumas pessoas, que podem (ou não) ser importantes para o caso, aparentemente, encerrado.
A história é interessante, pois nos lembra que não devemos levar em consideração apenas o que uma pessoa fala, e sim avaliar as informações de modo mais amplo, antes de tecer opiniões sobre um assunto. Pois, como o próprio Dr. James Cobb defende, a mente humana pode pregar muitas peças.
Nenhum personagem, seja Josh, Hale ou Simone, são confiáveis. Cada um tinha mentiras escondidas debaixo do tapete e coisas que queriam esquecer. Mas James tira todas as capas dos personagens, analisando como se fosse um estudo de caso e os envolvidos, seus pacientes indiretos.
Assim, acabou dando um clima de ‘Cold Case’, que me foi nostálgico em diversos momentos. A leitura só não foi mais agradável (se é que um thriller psicológico é agradável) porque estava nítida a inexperiência de Cobb como detetive. Talvez por isso, a forma como relatava seus achados para o leitor era, por vezes, tediosa e cansativa.
O livro tem também uma aura de “quem é o culpado”. Afinal, como Josh se põe como o mocinho inocente, Hale também se põe como inocente em sua versão. E cabe ao leitor (tambéma Cobb) prestar atenção em cada detalhe, pois ambos podem estar mentindo, ou falando meias-verdades. Simone existiu? Ou era fruto da imaginação de duas mentes confusas e atormentadas?
Porém, somando à vibe sombria demais sem necessidade e um detetive que não sabia o que estava fazendo, a leitura vinha mais ou menos digna até chegar no desfecho. Ele é fechado, amarra todas as pontas, porém não fez sentido. Fui tecendo algumas teorias no decorrer da leitura, muitas das quais eu acertei e fui feita de trouxa em outras.
Isso não é problema, afinal vários livros são assim e a graça está em não ser previsível. Mas senti que o autor queria causar, tirou um coelho da cartola depois que o show já tinha terminado e o final, sinceramente, não colou. Nesse caso, teria sido melhor se mantivesse o final previsível, teria muito mais sentido e a leitura teria sido digna do início ao fim.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
No entanto, devo admitir que, pela primeira vez, concordo totalmente com o título do livro. ‘Sangue Ruim’ define bem o que todos os personagens são. Senti ranço deles em diversos momentos, nem Cobb escapou da lista de personagens que quero distância.
Falando sobre o livro em si, gostei da diagramação, simples e objetiva. A revisão também está perfeita e não tive incômodos nesse sentido durante a leitura. Porém, a capa não está entre as mais bonitas. Resumindo, ‘Sangue Ruim’ é uma leitura densa e interessante até a página 2. É uma leitura que recomendo, pelo mistério em si, mas vá sem grandes expectativas.
Jessica Andrade
Oi Hanna,
Não conhecia o livro e nem o autor, mas a premissa é bem interessante, apesar ser uma leitura mais densa.
Nãs sei se leria nesse momento, mas vou colocá-lo na lista.
Bjs e uma boa semana!
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EscutaEssa
Oi
Gosto muito de thriller psicológico e fiquei bem curiosa pra ler esse, vou colocar na minha lista 😉
Beijinhos
Renata
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Luciano Otaciano
Oi, Hanna. Como vai? Adoro os livros do autor. Este aí eu não li, no entanto já me interessei em lê-lo. Parece bom. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Teresa Isabel Silva
Parece ser uma leitura bem interessante! Obrigada pela partilha!
Bjxxx
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Hanna Carolina Lins
Sim, é uma leitura um tanto densa mesmo. Se ler algum dia, espero que tenha uma boa leitura. =)
Hanna Carolina Lins
Eu pretendo ler o outro dele no final do ano. Espero que seja uma experiência melhor do que a de agora, rs.
Denise Crivelli
Oi
não conhecia esse livro, mas parece ser interessante e que bom que gostou da leitura, apesar do rança com os personagens.
http://momentocrivelli.blogspot.com/
Sil
Olá, Hanna.
Eu tinha ficado com muita vontade de ler esse livro quando lançou, mas comecei a ler as resenhas e a vontade passou. Quanto ao final tem autor que quer causar e estraga tudo. Li recentemente um livro que aconteceu exatamente isso.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Sim, é um bom livro, com ressalvas, hehe.
Hanna Carolina Lins
É muito chato quando isso acontece, né? =/