Olá meu povo, como estamos? Hoje temos o último livro do projeto #12livrospara2021, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário.
Para o mês de dezembro, o tema era Um clássico da literatura mundial e o livro mais votado por vocês foi Viagem ao centro da Terra, de Jules Verne.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
70/24
Livro: Viagem ao centro da Terra
Autor: Jules Verne
Editora: Ciranda Cultural (selo Principis)
Ano: 2019 (edição atual)
Páginas: 303
O professor Lidenbrock consegue decifrar um enigma do pergaminho de um cientista do século XII e se junta a seu sobrinho, o jovem Axel, para checar a possibilidade de chegar ao centro da Terra seguindo o relato decifrado.
Eu já conhecia esse clássico, por conta das adaptações para telinhas e telonas, que nos levam a um cenário fantástico e que fez parte do imaginário de gerações.
Mas, até então, nunca tinha lido a obra que deu origem a tantas adaptações. Confesso que foi complicado esperar até dezembro para ler esse livro, especialmente sabendo que ele foi um dos mais votados (vocês parecem conhecer bem o meu gosto literário, hehe).
Mas acho que criei expectativas demais com esse livro e acabou me sendo uma leitura bem em cima do muro, se posso definir desse jeito.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Viagem ao centro da Terra conta a história do professor Lidenbrock, um catedrático do departamento de mineralogia, e seu sobrinho, Axel Lidenbrock, um geólogo, que decifraram os escritos de Saknussem, um pesquisador islandês tido como louco em sua época, por afirmar que era possível viajar até o centro da Terra, e ainda dizia como.
A vida de Lidenbrock girava em torno desses escritos codificados, o que, para o sobrinho, e para o leitor também, beirava a obsessão.
Quando, muito por acidente, Axel decifra o código de Saknussem, é difícil segurar Lidenbrock em casa e ele parte rumo à descoberta do século.
“Apenas argumentos científicos poderiam impedir o professor Lidenbrock.”
Assim, narrado em primeira pessoa, pela visão de Axel, vemos os perrengues que eles passam em busca desse caminho lendário.
Mas o que era para ser uma leitura fantástica, acabou se tornando se tornando cansativa em boa parte.
Eu já estou acostumada com o estilo de escrita de Verne, que seguia o padrão extremamente descritivo para a época, mas que hoje poderia ter economizado diversas páginas e a aventura ainda seria maravilhosa.
A edição da Principis ajudou bastante, com a versão mais mastigadinha, voltada para o povo mais juvenil.
Mas acho que não foi uma boa escolha fazer duas leituras seguidas de obras do autor, como fiz dessa vez.
Vindo de Da Terra à Lua, também de Verne, ler outro livro do mesmo estilo beirando o rebuscado e dando aula de ciências no meio do caminho me deixou um tanto enjoada de clássicos, o que não rendeu a experiência que eu esperava.
- Leia também: Da Terra à Lua
Apesar de Viagem ao centro da Terra ser bem mais movimentado que Da Terra à Lua, ainda me senti bem incomodada com tantas descrições de eventos desnecessários, que tiravam a graça da aventura.
Axel acompanha o tio, não porque acredita que exista um mundo paralelo no centro da Terra, mas porque ele quer proteger o tio, que ao ver dele, está louco.
O tempo todo ele bate nessa tecla, de forma cansativa e repetitiva, o que me incomodou em boa parte da leitura.
“[…] Será que acabava de escutar as especulações insensatas de um louco ou as deduções científicas de um grande gênio? Nisso tudo, onde terminava a verdade e onde começava o erro?”
O que também me incomodou bastante foi o otimismo de Lidenbrock, que parecia estar num conto de fadas e bastava cantar uma música que tudo se resolvia, praticamente.
Talvez por isso, eu até entenda o motivo de Axel se preocupar tanto como tio desse jeito.
Quando eles conseguem, enfim, embarcar na aventura, meu ânimo voltou, pois finalmente a leitura iria engrenar.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Mas fiquei num eterno sobre e desce de expectativas, pois ora Axel voltava com a melancolia dele, ora a aventura de fato acontecia.
A parte da aventura em si foi bem interessante, especialmente por ter puxado mais pro lado da aventura com paleontologia, que muito me interessa, mesmo sabendo que ele tinha a licença poética de criar o mundo como quisesse, sem ter que estar tudo cientificamente correto (rsrsrs).
Mas me chamou atenção que alguns fatos que eram novidade na época, descobertas bem recentes para ele, foram colocadas no livro, o que me chamou atenção, pois ele realmente pesquisou para escrever o livro e deixar com ar mais moderno.
Além disso, no momento da aventura, eu entendi o motivo desse livro ser tão adaptado para as telinhas e telonas.
“Eram necessárias palavras novas para novas sensações, e minha imaginação não as fornecia. Eu olhava, pensava, admirava com uma estupefação misturada a uma certa dose de assombro.”
Se o livro fosse apenas essa parte da aventura em si, teria sido uma leitura maravilhosa, das minhas favoritas da vida, aliás.
Mas toda a parte desnecessária acabou tirando um pouco o brilho dele. Isso e outras situações, que hoje em dia fariam esse livro, no mínimo, ser cancelado como o que vou colocar aqui, e você leia por sua própria conta, já que nem sei se considero um spoiler, dada a idade da publicação (rsrs).
Simplesmente, ao saírem do vulcão, Axel, o tio Lidenbrock e o contratado Hans estão seminus, devido ao contato da lava com suas roupas. Mas eles saem como se nada tivesse acontecido, entram no meio do mato e encontram uma criança, que eles seguram com violência até que ela diga onde eles estão.
Só por isso eu tirei ponto do livro, pois me incomodou. Tentei levar em consideração, já que era um desfecho e faltavam poucas páginas.
Além disso, talvez fosse uma cena cômica para a época, num filme mais pastelão, talvez.
Mas certamente, num livro contemporâneo, teria sido quase queimado na fogueira e com razão.
Por causa disso, apesar de ter algo condizente com os acontecimentos, não posso dizer que foi um final digno.
Ao meu ver, poderia ter terminado de outra maneira, que teria dado o ar de engraçado, sem ser constrangedor, nem motivo para gatilho.
No entanto, levando em consideração obra como um todo, foi uma boa leitura, que poderia ter sido resumida na metade do livro.
Por causa disso, não releria, mas continuaria vendo as adaptações, especialmente as mais recentes, que não tocam em assuntos delicados como a obra original, e ainda conseguem transmitir o ápice da aventura.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
A edição da Principis é bem simples e objetiva. A capa é comum, mas bem feita. Ela segue o padrão dos outros livros do autor, com as engrenagens envolvendo o nome dele, e o título em letras chamativas.
A impressão está ótima, com uma revisão bem feita e páginas mais amareladas e fáceis de passar, o que facilitou a experiência de leitura.
Apesar disso, ainda recomendo que leiam, pois pode ser uma experiência melhor que a minha, ainda mais sabendo que tem alerta de gatilho já com antecedência.
Luciano Otaciano
Oi, Hanna. Tudo bem? Parece-me muito boa esta leiyura, não é mesmo? Que bom que gostou. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sil
Olá, Hanna.
As expectativas sempre atrapalham. Procuro deixar sempre para ler depois um livro que quero ler muito, mas tem vezes que isso não adianta hehe. Eu li esse livro na época da escola e confesso que não sou muito fã dos livros do autor. Eu li mesmo porque na época eu li todos que tinha na biblioteca da escola, então foi mais por falta de opção do que por vontade de ler mesmo.
Prefácio
Leyanne
Oie, eu conheço a história e já vi várias outras histórias baseadas, mas nunca cheguei a ler a principal.
Bjs
Imersão Literária
Hanna Carolina Lins
Obrigada Luciano
Hanna Carolina Lins
Olha, te entendo na questão da escola, haha.
Eu até gosto dos livros do autor, mas esse me incomodou bastante. =/
Hanna Carolina Lins
Estamos quase no mesmo barco então, haha.