2 de junho de 2022

A Camareira | Nita Prose

Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trago a resenha da minha leitura mais recente, junto ao ‘Clube Lendo com Os Morcegos’. A obra se chama ‘A Camareira’, um suspense escrito por Nita Prose.
A Camareira | Nita Prose
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

28/24
Livro: A Camareira
Autora: Nita Prose
Editora: Intrínseca
Ano: 2022
Páginas: 336
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Molly Gray não é como todo mundo. Ela luta com habilidades sociais e interpreta mal as intenções dos outros. Sua avó costumava decifrar o mundo para ela, codificando-o em regras simples pelas quais Molly poderia viver. Desde que vovó morreu, há alguns meses, Molly, de 25 anos, tem navegado pelas complexidades da vida sozinha. Não importa – ela se joga com gosto em seu trabalho como empregada de hotel. Seu caráter único, juntamente com seu amor obsessivo por limpeza e etiqueta adequada, fazem dela a pessoa ideal para o trabalho. Ela se delicia em vestir seu uniforme engomado todas as manhãs, abastecer seu carrinho com sabonetes e garrafas em miniatura e devolver aos quartos de hóspedes do Regency Grand
Hotel
um estado de perfeição.
Mas a vida ordenada de Molly é revirada no dia em que ela entra na suíte do infame e rico Charles Black, apenas para encontrá-la em desordem e o próprio Sr. Black morto em sua cama.  Um mistério parecido com uma pista, uma sala trancada e uma emocionante jornada do espírito, ‘A Camareira’ explora o que significa ser igual a todos os outros e ainda assim totalmente diferente – e revela que todos os mistérios podem ser resolvidos através da conexão com o coração humano.
 
 

 

A Camareira | Nita Prose

 

 
Como já dito na sinopse, Molly Gray não é como as outras pessoas. Por conta disso, sua vida se torna um tanto complicada, especialmente no que diz respeito ao convívio social.
   
Apesar de todas as suas dificuldades, a moça conseguiu um emprego como camareira em um hotel de luxo, o Regen Grand, graças à sua avó, a quem tem tanto apreço. Porém, seus dias de felicidade terminaram no dia em que a única família que tinha faleceu; Molly agora precisa lidar com o luto e a solidão, maior a cada dia.
 
Não bastasse isso, seu trabalho está com os dias contados, pois ela é a única testemunha de um crime brutal, envolvendo o magnata Charles Black, dentro de uma das suítes do hotel. Tudo parece apontar para Molly, que se torna a única suspeitaNo entanto, tudo pode mudar a qualquer momento e a camareira precisa provar sua inocência (ou não) perante todos, se quiser manter o emprego que tanto ama.

 

 

“Esse é o problema da dor. É tão contagiosa quanto uma doença. Ela passa da pessoa que a suportou primeiro para aqueles que mais a amam.”

 

 

 Depois de meses lendo as obras do ‘Lendo com Os Morcegos’ atrasada, esse foi o primeiro mês em que dei conta da leitura dentro do prazo (palmas para mim, rsrsrs). Além disso, estava curiosa com esse livro desde que vi a resenha no Blog Prefácio e precisava tirar as minhas próprias conclusões.

Agora, tendo finalizado a leitura, posso dizer que ‘A Camareira’ é um livro que promete muito, mas cumpre pouco. A protagonista chama atenção logo de cara, por sua peculiaridade de não saber interpretar o mundo como dita o senso comum.
 
 
A Camareira | Nita Prose
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Em momento algum isso é mencionado, porém acredito que Molly seja do espectro autista, pois em vários momentos me lembrou Sheldon Cooper. No entanto, diferente do toque de comédia que vemos em ‘The Big Bang Theory, aqui vejo uma pessoa que vive numa bolha sombria de bullying e sofrimento por coisas que não sabe lidar.
   
Com uma narrativa em primeira pessoa, vemos os fatos somente pelo ângulo de Molly. Ela ainda está tentando lidar com a perda recente da avó e aprendendo a ver o mundo sozinha. 
 
 

 

“As pessoas são um mistério que não tem solução.”

 

 
 
Uma missão nada fácil, de maneira especial para ela, que não sabe interpretar as coisas mais simples, como as nuances de um sorriso ou um aceno. Seu único momento de paz era quando fazia faxina, o ofício que aprendeu com sua avó desde criança e quis seguir, como um exemplo. Seja em casa ou no hotel, a meta de vida é trazer tudo “ao seu estado absoluto de perfeição”.
   
Momento esse que termina quando a moça vai limpar uma das suítes, dá de cara com o cadáver do Sr. Black e tudo parece conspirar contra ela. No entanto, o que era para ser um suspense emocionante de tirar o fôlego virou quase um manual de organização da Marie Kondo.
   
Isso porque Molly poderia passar mais tempo tentando provar sua inocência, mas preferiu faxinar o que podia e o que não podia para afogar as mágoas. Entendo que era uma protagonista peculiar e a limpeza servia como uma válvula de escape. 
   
Mas me deu um ranço ver tantos detalhes de uma faxina que poderia ter sido reduzida em uma página ou menos, dando mais espaço para o que devia: o bendito mistério. Todos os conhecidos de Molly são suspeitos de tudo. Apesar de ser bem óbvio para quem está lendo, a protagonista não vê os fatos bem assim. 
 
 

 

“A vida é engraçada. Um dia pode ser chocante, e o seguinte também. Mas os dois choques podem ser tão diferentes um do outro quanto a noite do dia, o preto do branco, o bem do mal.”

 

 
 
 
Portanto, em diversos momentos me vi agoniada, por notar as coisas acontecendo e a coitada achando que era um conto de fadas, quando vivia um filme de terror. Conforme vamos lendo, somos apresentados aos bastidores que antecederam o assassinato. Todo mundo pode trair todo mundo e cada pista conta. 
   
Como resultado, vemos um hotel de luxo, frequentado por pessoas “de bem”, capazes de tudo para manter o conforto de uma vida falsa perante a sociedade. No entanto, embora a ideia fosse trazer personagens não confiáveis, muito menos a protagonista, várias ocorrências durante a trama eram sem sentido e só deixou uma situação desnecessariamente forçada.
   
Os personagens secundários são bem trabalhados até a página 2 e fica nítido que todos querem passar a perna na pobre moça, se aproveitando da inocência dela. Se a ideia era deixar o leitor com raiva, conseguiu, pois foi exatamente o que senti em todos os momentos que apareciam. 
   
Em especial a Sra. Black, a Cheryl e o Rodney, que poderiam dar as mãos e sair por aí, de tão parecidos que são. Os aliados de Molly, por sua vez, são pessoas muito bacanas e mostraram que ainda existe gente verdadeiramente boa no mundo. 
 
A Camareira | Nita Prose
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Ver todos eles reunidos para descobrir o que aconteceu de fato no quarto do Sr. Black foi bonitinho e até me arrancou um sorriso aqui e li. Mas só. Esperei para acompanhar uma investigação minuciosa, ainda mais por ter começado dessa forma, mas parece que a autora perdeu o rumo. 
   
Primeiro que a detetive não ajudou. Apareceu bancando a policial super poderosa, e no final só era uma boba afobada, que deixava todo mundo resolver o caso para ela, aí depois a cidadã aparecia com cara de cachorro que perdeu a bolinha.
   
Segundo que a autora não aproveitou muito bem o espaço disponível. Além de passar muito tempo dando instruções de como fazer uma faxina detalhada, várias pistas do crime eram dadas, deixavam as pontas soltas, mas praticamente nenhuma foi amarrada de modo satisfatório.
Ela trouxe diversos assuntos polêmicos, como inclusão social e imigração, os quais dariam plots maravilhosos. Mas acho que criei expectativa demais e me decepcionei no final. Isso porque o grande desfecho, que tinha tudo para ser espetacular, saiu corrido e jogado de qualquer jeito.
   
A autora conseguiu montar um suspense brilhante, com um começo interessante e uma escrita fluida, porém infelizmente desandou no meio do caminho. Tive a impressão de que ela queria tirar um coelho da cartola, mas não teve base alguma para o truque e saiu correndo do palco.
   
A única coisa que salva nesse livro, de fato, é a Molly. Ela é uma personagem peculiar e bastante real. Talvez se a mocinha fosse o centro de um drama ou um romance, teria sido melhor aproveitada do que foi aqui. Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar que a diagramação e revisão são bem feitas. 
 
 

 

A Camareira | Nita Prose
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Mas a capa não é das mais bonitas. Já vi outras tão simples quanto e diziam bem mais sobre o livro do que a de ‘A Camareira’. Em resumo, ‘A Camareira’ é uma leitura que vale a pena se você estiver procurando livros que tragam personagens com representatividade. No entanto, se for pelo suspense, sugiro outra obra
 

 Já leram esse livro? O que acharam dele?

Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Postado por:

Hanna de Paiva

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