Como já dito na sinopse, Molly Gray não é como as outras pessoas. Por conta disso, sua vida se torna um tanto complicada, especialmente no que diz respeito ao convívio social.
Apesar de todas as suas dificuldades, a moça conseguiu um emprego como camareira em um hotel de luxo, o Regen Grand, graças à sua avó, a quem tem tanto apreço. Porém, seus dias de felicidade terminaram no dia em que a única família que tinha faleceu; Molly agora precisa lidar com o luto e a solidão, maior a cada dia.
Não bastasse isso, seu trabalho está com os dias contados, pois ela é a única testemunha de um crime brutal, envolvendo o magnata Charles Black, dentro de uma das suítes do hotel. Tudo parece apontar para Molly, que se torna a única suspeita. No entanto, tudo pode mudar a qualquer momento e a camareira precisa provar sua inocência (ou não) perante todos, se quiser manter o emprego que tanto ama.
“Esse é o problema da dor. É tão contagiosa quanto uma doença. Ela passa da pessoa que a suportou primeiro para aqueles que mais a amam.”
Depois de meses lendo as obras do ‘Lendo com Os Morcegos’ atrasada, esse foi o primeiro mês em que dei conta da leitura dentro do prazo (palmas para mim, rsrsrs). Além disso, estava curiosa com esse livro desde que vi a resenha no Blog Prefácio e precisava tirar as minhas próprias conclusões.
Agora, tendo finalizado a leitura, posso dizer que ‘A Camareira’ é um livro que promete muito, mas cumpre pouco. A protagonista chama atenção logo de cara, por sua peculiaridade de não saber interpretar o mundo como dita o senso comum.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Em momento algum isso é mencionado, porém acredito que Molly seja do espectro autista, pois em vários momentos me lembrou Sheldon Cooper. No entanto, diferente do toque de comédia que vemos em ‘The Big Bang Theory’, aqui vejo uma pessoa que vive numa bolha sombria de bullying e sofrimento por coisas que não sabe lidar.
Com uma narrativa em primeira pessoa, vemos os fatos somente pelo ângulo de Molly. Ela ainda está tentando lidar com a perda recente da avó e aprendendo a ver o mundo sozinha.
“As pessoas são um mistério que não tem solução.”
Uma missão nada fácil, de maneira especial para ela, que não sabe interpretar as coisas mais simples, como as nuances de um sorriso ou um aceno. Seu único momento de paz era quando fazia faxina, o ofício que aprendeu com sua avó desde criança e quis seguir, como um exemplo. Seja em casa ou no hotel, a meta de vida é trazer tudo “ao seu estado absoluto de perfeição”.
Momento esse que termina quando a moça vai limpar uma das suítes, dá de cara com o cadáver do Sr. Black e tudo parece conspirar contra ela. No entanto, o que era para ser um suspense emocionante de tirar o fôlego virou quase um manual de organização da Marie Kondo.
Isso porque Molly poderia passar mais tempo tentando provar sua inocência, mas preferiu faxinar o que podia e o que não podia para afogar as mágoas. Entendo que era uma protagonista peculiar e a limpeza servia como uma válvula de escape.
Mas me deu um ranço ver tantos detalhes de uma faxina que poderia ter sido reduzida em uma página ou menos, dando mais espaço para o que devia: o bendito mistério. Todos os conhecidos de Molly são suspeitos de tudo. Apesar de ser bem óbvio para quem está lendo, a protagonista não vê os fatos bem assim.
“A vida é engraçada. Um dia pode ser chocante, e o seguinte também. Mas os dois choques podem ser tão diferentes um do outro quanto a noite do dia, o preto do branco, o bem do mal.”
Portanto, em diversos momentos me vi agoniada, por notar as coisas acontecendo e a coitada achando que era um conto de fadas, quando vivia um filme de terror. Conforme vamos lendo, somos apresentados aos bastidores que antecederam o assassinato. Todo mundo pode trair todo mundo e cada pista conta.
Como resultado, vemos um hotel de luxo, frequentado por pessoas “de bem”, capazes de tudo para manter o conforto de uma vida falsa perante a sociedade. No entanto, embora a ideia fosse trazer personagens não confiáveis, muito menos a protagonista, várias ocorrências durante a trama eram sem sentido e só deixou uma situação desnecessariamente forçada.
Os personagens secundários são bem trabalhados até a página 2 e fica nítido que todos querem passar a perna na pobre moça, se aproveitando da inocência dela. Se a ideia era deixar o leitor com raiva, conseguiu, pois foi exatamente o que senti em todos os momentos que apareciam.
Em especial a Sra. Black, a Cheryl e o Rodney, que poderiam dar as mãos e sair por aí, de tão parecidos que são. Os aliados de Molly, por sua vez, são pessoas muito bacanas e mostraram que ainda existe gente verdadeiramente boa no mundo.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Ver todos eles reunidos para descobrir o que aconteceu de fato no quarto do Sr. Black foi bonitinho e até me arrancou um sorriso aqui e li. Mas só. Esperei para acompanhar uma investigação minuciosa, ainda mais por ter começado dessa forma, mas parece que a autora perdeu o rumo.
Primeiro que a detetive não ajudou. Apareceu bancando a policial super poderosa, e no final só era uma boba afobada, que deixava todo mundo resolver o caso para ela, aí depois a cidadã aparecia com cara de cachorro que perdeu a bolinha.
Segundo que a autora não aproveitou muito bem o espaço disponível. Além de passar muito tempo dando instruções de como fazer uma faxina detalhada, várias pistas do crime eram dadas, deixavam as pontas soltas, mas praticamente nenhuma foi amarrada de modo satisfatório.
Ela trouxe diversos assuntos polêmicos, como inclusão social e imigração, os quais dariam plots maravilhosos. Mas acho que criei expectativa demais e me decepcionei no final. Isso porque o grande desfecho, que tinha tudo para ser espetacular, saiu corrido e jogado de qualquer jeito.
A autora conseguiu montar um suspense brilhante, com um começo interessante e uma escrita fluida, porém infelizmente desandou no meio do caminho. Tive a impressão de que ela queria tirar um coelho da cartola, mas não teve base alguma para o truque e saiu correndo do palco.
A única coisa que salva nesse livro, de fato, é a Molly. Ela é uma personagem peculiar e bastante real. Talvez se a mocinha fosse o centro de um drama ou um romance, teria sido melhor aproveitada do que foi aqui. Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar que a diagramação e revisão são bem feitas.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Mas a capa não é das mais bonitas. Já vi outras tão simples quanto e diziam bem mais sobre o livro do que a de ‘A Camareira’. Em resumo, ‘A Camareira’ é uma leitura que vale a pena se você estiver procurando livros que tragam personagens com representatividade. No entanto, se for pelo suspense, sugiro outra obra.
Carol Daixum
Hanna, vi esse livro em um dos vídeos da Ju Cirqueira. Eu não sou de ler muito suspense, mas quando eu leio, gosto daquele que me prende e me faça querer desvendar o mistério a cada página. Pena que prometeu muito o livro e não entregou quase nada. "/ Dá raivinha mesmo quando isso acontece, mas faz parte. Então, acho que esse, eu deixo de lado.
Beijos, Carol
http://www.pequenajornalista.com
Hanna Carolina Lins
Sim, dá uma raivinha mesmo quando isso acontece, viu?
Maria Valéria - Na Literatura Selvagem
Bem, confesso que eu leria se tivesse um quê a mais de Suspense. Parecia uma ideia mto boa, mas o desenrolar dela pode me frustrar.
Erika Monteiro
Oi, tudo bem? Ah, eu estava bem ansiosa quanto a esse lançamento da Intrínseca. Ainda mais pelos comentários positivos da própria editora. Não tinha visto nenhuma resenha ainda, mas a sinopse prende bastante nossa atenção. Quando li sobre as características da protagonista também pensei no Sheldon, mas pelo livro ser suspense pensei que não teria aquele tom cômico. As pessoas são diferentes e enxergam as coisas do seu jeito. Quanto a edição achei bem simples também, esperava que seria diferente. Estou com outras leituras na frente, mas espero começar em breve esse. Um abraço, Érika =^.^=
Sil
Olá, Hanna.
Eu fui sem muitas expectativas para esse livro e gostei bastante. Não do mistério em si porque não tem nenhum praticamente, mas da personagem. Eu gosto de personagens como a Molly, e vai dizer que esperava aquela atitude dela no final hehe. Eu não hehe.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Oi Erika, espero que tenha uma experiência melhor que a minha quando ler. Eu encontrei algo totalmente diferente do que eu esperava, hehe.
Hanna Carolina Lins
Concordo
Hanna Carolina Lins
Pois é, eu queria mais ler esse livro depois que li sua resenha também. Mas deveria ter ido sem tantas expectativas, hehe.