Myron Bolitar é um agente de artistas e atletas famosos. Seu trabalho é investigar e acabar com qualquer escândalo que envolva, de alguma forma, seus clientes. No entanto, está prestes a encarar um dos piores casos de sua vida, que pode custar bem caro, dependendo de qual caminho siga.
Eu sempre quis ler as obras de Harlan Coben, ainda mais por ver e ouvir diversos comentários positivos, falando o quanto ele é um dos melhores autores de thriller atualmente. A curiosidade só aumentou por ver que a Netflix tem diversos de seus livros adaptados para séries, as quais eu gosto bastante, mas vejo muitas reclamações por parte dos leitores, alegando que não chegam aos pés da versão impressa da história.
Assim, não pensei duas vezes ao solicitar ‘Alta tensão’ para troca no Skoob. Porém, assim como muitos livros que chegam por aqui, este ficou na prateleira por bastante tempo, até que finalmente foi sorteado no projeto 12
Livros para 2023 (em parceria com a Karla do @pacoteliterario e mediado pela Anna do @morcegosliterários). Quando vi o resultado, a expectativa foi lá no alto, por enfim dar uma chance para conhecer a escrita de Harlan Coben e ser mais uma de seus fãs. Mas foi só decepção.
A narrativa é em terceira pessoa e vemos os fatos pelo lado de Myron. Ele é um atleta aposentado e agora ganha a vida como agente de outros atletas (em alta ou não) que continuam famosos.
Elejá está acostumado a apagar pequenos incêndios, como casos de fake news e escândalos de capa de revista. Assim, não se espanta com o fato de Suze T., uma ex-tenista casada com um cantor famoso, chegar pedindo ajuda para saber quem a difamou e disse que não estava grávida do marido.
A moça tem suas suspeitas, porém não pode comprovar e pede ajuda de Myron para ir a fundo nisso e descobrir a verdade. Mas acaba esbarrando em algo bem pior do que uma simples fofoca e agora tem um dilema que pode custar sua própria dignidade.
Ao passar das páginas, vamos conhecendo um pouco do mundo dos ricos e famosos, assim como os outros clientes e sócios na empresa do protagonista. Win e Esperanza são também ex-atletas, que agora agem como ótimos detetives
amadores. Juntos, o trio cumpre bem seu papel e coloca no chinelo muitos investigadores profissionais que vi na literatura ultimamente.
“- Ele me disse que esse era o grande problema, as pessoas terem segredos. Eles apodrecem e acabam destruindo tudo.”
Os “suspeitos” de terem vazado a notícia sobre Suze são muitos, o que deixa o caso complicado de ser resolvido. Além disso, dúvida sobre a veracidade da informação paira no ar em boa parte da trama, mantendo a aura de mistério.
O que leva também à pergunta: o que alguém ganharia dizendo essas coisas na internet? Tudo isso, junto a capítulos curtos e com uma escrita fluida, instiga o leitor a ficar imerso e atento a cada detalhe. Conforme lia, tive várias teorias e não sabia se seria feita de trouxa ou acertaria categoricamente. Por si só, essas características renderiam uma leitura incrível e que poderia favoritar. Mas infelizmente não foi o que aconteceu.
Para começar, esse não é um volume de início, mas o penúltimo de uma série. Contudo, pelo que vi, são volumes independentes e não teria problema ler fora de ordem. O que pude comprovar, dado que não comprometeu a experiência e compreendi a mensagem principal. Mas, por não saber de várias informações que foram reveladas antes, me senti “perdida no rolê” quando alguns resquícios de tretas passadas surgiam.
“- Por que será que admiramos isso? Nós chamamos essas pessoas de vencedoras mas, pensando bem, na verdade o que elas gostam é de fazer o outro perder. Por que admiramos isso tanto assim?”
Talvez por essa sensação de ter a “fofoca pela metade” eu já não tenha gostado tanto quanto esperava da trama. Entretanto, não era algo do qual eu poderia reclamar, pois tinha ciência de que seriam informações que o autor não era obrigado a dar. Se estavam nos livros anteriores, eu que vivesse com isso. Porém, decidi relevar e continuar, por ser uma leitura de desafio. Sei o quanto defendo que é melhor abandonar uma leitura que não flui e partir para algo mais agradável, mas sabendo que eu me cobraria por ter falhado com um
projeto que tanto gosto, decidi fazer um esforço e levar a experiência até o fim.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
O que consegui cumprir, mas não me deixou feliz. Myron é um protagonista interessante e bem próximo da realidade. É um homem com dilemas e arrependimentos, que não se deixa abater por conta disso (ou pelo menos finge que não).
Contudo, não pode ignorar fantasmas de seu passado quando começa a investigar o caso de Suze. Tudo parece estar interligado e ele sabe que precisa ser forte se quiser ficar com a consciência tranquila para ter as respostas que deseja.
O problema é manter o equilíbrio entre o pessoal e o profissional, conforme as pistas aparecem. Além disso, saber das consequências de seguir ou não com a investigação o deixa cada vez mais confuso e assustado. O conjunto dos fatos traz um misto de mistério com drama, que teria agradado mais, se não
tivesse demorado tanto para engrenar.
O autor tem uma escrita fluida e os capítulos curtos deveriam render uma leitura mais rápida e direta. Porém, a trama promete muito e cumpre pouco, de modo especial quando ele começa a explicar demais fatos irrelevantes para a história, numa espécie de “você sabia”, que depois não são aproveitados.
Isso rende páginas de parágrafos desnecessários, ou que poderiam ter sido resumidos em poucas frases, sem interromper o andamento do mistério principal. Mas por diversas vezes tive a imersão quebrada e custava a voltar, pois sabia que logo em seguida seria interrompida novamente.
Além disso, o que prometia ser uma experiência eletrizante só se manteve assim no título e na capa, pois o que encontrei foi uma narrativa morna e de certa forma, previsível. O que tira a graça do mistério e me questionei a necessidade do próprio volume.
Isso porque Myron consegue algumas respostas do que acredito ter sido apresentado em episódios anteriores, mas que o autor enrolou demais para garantir uma série longa e monótona, quando poderia ter se
resumido em uma trilogia.
Entretanto, tentei esquecer esses detalhes e me ater ao que estava lendo na hora. Assim, a leitura fluiu de forma demorada, porém completa. O elenco não fica esquecido e aparece na hora certa, inclusive o secundário.
Contudo, devo dizer que não curti as atitudes deles. Fiquei incomodada com a forma pela qual as mulheres foram retratadas como fúteis e desocupadas.
Sem contar as piadinhas forçadas e sem graça ao longo das páginas, que não tinham relevância para a trama central. Mas estavam lá como uma tentativa (sem sucesso) de dar um toque cômico entre homens que, ao meu ver, soaram mais ofensivas do que engraçadas.
Apesar de saber que era um recurso muito usado em comédias românticas e filmes adolescentes dos anos 1990, ler em um livro passado em 2011 me deu ranço. Agora, questiono se realmente vale a pena dar uma outra chance aos seus livros (de preferência volume único) no futuro.
Voltando ao livro, aos poucos, a trama se desenrola e as pistas se conectam. Porém, não sei se era meu ranço falando mais alto, ou se de fato as pontas não foram bem amarradas.
Tive a sensação de ler uma história que começou com um propósito, se perdeu e precisou terminar para cumprir um prazo. Isso porque o autor manteve mistério demais, para depois jogar as respostas no colo do leitor como se fosse tão óbvio, que não precisava de emoção. Além disso, a forma como Myron descobre
as tretas não me era condizente com um detetive, mas a de um simples curioso que descobre as coisas só pelo prazer da fofoca e vai para casa.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Fechei o livro e fiquei me perguntando se era aquilo mesmo que eu tinha acabado de ler. Como já falei de outras vezes nesta resenha, posso ter criado muita expectativa com a leitura que não foi alcançada.
Além disso, fiquei com ranço ao longo da leitura e posso estar vendo apenas o lado negativo. Mas depois de conhecer a obra, não concordo muito com a fama do autor, retratado como um dos grandes nomes de thriller.
Falando sobre o livro em si, ‘Alta Tensão’ tem uma revisão bem feita, com uma diagramação simples e objetiva. Contudo, não consegui entender a relação da capa com uma tempestade (da minha edição) e o título.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Por ter lido a versão física, posso dizer que as páginas são grossinhas e amareladas, com uma fonte confortável à leitura. O que teria gostado bem mais, se a trama tivesse me conquistado.
Ainda assim, deixo claro que esta é a minha opinião. Não é porque um livro não funcionou comigo que será ruim para todos. Dessa forma, recomendo que leiam e tirem suas próprias conclusões.
Giovana Oliveira
Oi!
Nunca li algo do autor e o trabalho dele nunca me chamou muito a atenção, mas achei curioso o pano de fundo da história.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Cida
Oi Hanna! Que pena que o livro não funcionou para você e a história não atingiu suas expectativas. Tenta um dele que não seja do Bolitar, Não Conte a Ninguém é ótimo. Eu gosto bastante do autor, é um dos meus favoritos. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Leyanne
Olá, também vejo uma fama enorme sobre o autor, mas nunca li nada dele. Uma pena que o livro não tenha funcionado com você.Gosto de thriller, mas nao sei se vou encarar ler ele no momento.
Bjs
Imersão Literária
Hanna Carolina Lins
Eu acho que esse não foi um bom livro para começar, sinceramente… =/
Hanna Carolina Lins
É… quem sabe um dia eu dê uma chance. Mas agora só ficou o gosto amargo da decepção mesmo… =/
Hanna Carolina Lins
Pois é, eu também ouço falar bastante dele. Mas não deu muito certo, infelizmente… =/