Olá meu povo, como estamos? Hoje nosso colunista Erik Lourenço nos trouxe um relato sobre uma de suas paixões cariocas: o Baile Charme, um evento tradicional no bairro de Madureira.
Foto: Divulgação/Jornal O Globo
Olá galerinha, tudo bem? Hoje é dia de um “rolezin” alternativo. Que tal conhecer um pouquinho a cultura Charme do Rio? Sempre tive a curiosidade de conhecer um Baile Charme e dançar muito. Além das músicas maravilhosas, tem uma energia incrível.
Não sabe dançar Charme? Nem eu! Mas é errando que se aprende. Para curtir o Charme, é só ficar observando as pessoas mais experientes dançando, copiar os passos e se divertir. A característica mais marcante do Charme é que as pessoas ficam em “filas” realizando passos sincronizados e cíclicos. Será que você conhece alguma música, ou já dançou (até mesmo as que dançam somente no banheiro)? Playlist charme
História do Baile Charme
Agora deixa eu contar um pouquinho sobre a história desse evento tradicional carioca.Bem, os bailes Charme são festas onde se toca Black music, R&B e new Jack swing. Ele tem descendência dos bailes soul da Flórida – EUA, durante os anos 1950 – 1960.
Em 1976, os bailes soul entraram em crise, pois não havia muito público, e ainda sofreu dois grandes impactos. O primeiro foi o sucesso do Pop-Rock e o segundo, em 1977, foi a Disco Music, movimento global que influenciou a moda e a cultura dos jovens. Em 1980, a Disco Music se enfraqueceu. Neste momento, os bailes Funk, passaram a tocar Música Eletrônica, o que também originou o Funkcarioca e o Melody. No fim da década de 1980, e até meados dos anos 1990, o Baile Charme passou atrair um contingente de pessoas, assim como alguns artistas internacionais para se apresentarem nestes bailes, comoSybil e Omar Chandler.
Na década de 80, os “charmeiros” passaram a chamar flashback as músicas produzidas até meados dos anos 1980 e midbacks as produzidas entre o final dos anos 1980 e em toda a década de 1990.
O Baile Charme simboliza um movimento popular cultural que promove uma preservação da memória da identidade cultural negra, desenvolvida pela dança, música, roupas, respeito ao próximo e diversão.
E aqui no Rio?
O Baile Charme do Antigo Rio iniciou junto a Feira do Lavradio, em 1996. A necessidade de ter um ambiente tranquilo e para se divertir fez com que um grupo de pessoas se organizasse para colocar uma caixa de som acústica na rua para as pessoas dançarem. No inicio, não era tão popular, mas a cada evento foi aumentando o número de “charmeirxs”. E o sucesso foi tanto que atualmente falta até espaço! 😍 O evento disponibiliza de muita alegria, música, dança charmozinha e respeito. Para quem quiser conferir, o Baile Charme da feira do Antigo Rio acontece todo primeiro sábado de cada mês.
Localização: Rua Resende, 7 – ao lado da feira do Lavradio, Lapa/RJ, inicio do evento se da as 17h00.
Caso queira sair do Charme (particularmente acho difícil), o local fica próximo da Lapa e tem uma ampla rede de transportes coletivos (ônibus e metrô), além de pontos de taxi. Após o Baile Charme, ainda dá tempo de explorar a vida noturna carioca.
Curiosidades
A expressão “Charme” foi ideia do DJ Corello no Rio de Janeiro, na década de 80. O DJ começou a trazer musicalidade do Charme e o público começou a gostar. Em um baile no Sport Club Mackenzie, no Méier, ele disse: “Chegou a hora do Charminho, transe seu corpo bem devagarinho” Essa história do “Charminho” ficou na cabeça das pessoas e elas passaram a falar: “agora eu vou pro Charminho, vou ouvir um Charme, vou lá no Corello que vai ter Charme”. Desde 27 de fevereiro de 2013, O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade – IRPH, sobre o decreto 36803, o Baile Charme como Patrimônio Cultural Carioca de natureza imaterial. Os grandes influenciadores dos bailes Charme no Rio nos anos 70 foram os DJs como Big Boy, Ademir Lemos e Mister Funk Santos.
Uma pequena prosa com a charmeira Fernanda Oliveira
Fernanda Oliveira, 28 anos, carioca, charmeira desde 2016. Ela conheceu o Charme no armazém utopia nas olímpiadas Rio 2016. Começou a frequentar com mais frequência quando descobriu o Charme do Antigo Rio, na Lapa.
Para Fernanda, o Chame representa a materialização da coletividade, com isso vem uma energia indescritível, dessa forma eleva a autoestima da pessoa e transcende alegria. Cada Baile Charme tem uma experiência diferente. Uma coisa que impressiona ela é quando as pessoas que sabem dançar vão ajudar quem não sabe dançar.
Foto: Erik Lourenço/Mundinho da Hanna
“Galera vamos para o Charme, porque o charme é para todos”.
Uma pequena prosa com o charmeiro Eduardo Oliveira
Eduardo Oliveira, 28 anos, carioca, charmeiro desde 2014. Ele iniciou quando foi convidado a conhecer o Baile Charme do Viaduto de Madureira, então ficou curioso com o que acontecia, pois a dança Charme promove a união das pessoas de tal forma que é praticamente inexplicável.
O Charme teve um grande impacto na vida do Eduardo, pois ele era tímido e ajudou a ser comunicativo e realizar as relações interpessoais. O Charme já proporcionou experiências incríveis para Eduardo e seus amigos, pois conseguiram viajar para Minas Gerais e São Paulo para realizar apresentações, junto o pessoal do Black Bom.
Foto: Erik Lourenço/Mundinho da Hanna
Uma pequena prosa com Nélio Reis, charmeiro do Antigo Rio
Nélio Reis frequenta há oito anos a dançar no Charme do Antigo Rio, o que fez ele se apaixonar pelo estilo foram as músicas e a interação das pessoas. O Charme transcendeu o lazer, pois também proporcionou a vida profissional dando a oportunidade de viagens e realizou eventos nas Olímpiadas.
“Tudo proporcionado pelo meu prazer de dançar Charme e fazer dessa a minha cultura hoje”.– Nélio Reis.
Fiz a seguinte pergunta para o Nélio: Tem alguma coisa que gostaria de falar sobre o Charme do Antigo Rio?
“Gostaria de ver uma matéria nas mídias de televisão sobre o evento em si. Não só o Charme e sim naquilo que a proposta causa nas pessoas. Muita gente deveria saber que no Rio de Janeiro há outro tipo de cultura sem ser o samba, que todos os meses movem muitas pessoas para aquele lugar. Gostaria que as pessoas soubessem que há também uma parte cultural aqui no Rio e não só violência e corrupção. Há também todo um contexto de entretenimento e diversão aberta e livre para todos os povos e pessoas de qualquer lugar do mundo.”
Bom, depois da mensagem que o Nélio passou, a única coisa que tenho a dizer que minha presença está confirmada para os próximos Charme do Rio Antigo.
Aguardamos vocês lá também! 😉
Quer mais detalhes? Então vamos conhecer o charme.
Fernanda Oliveira (ou Fê para os mais íntimos), obrigado por me fazer companhia nas idas ao Charme, as risadas, os passinhos que me ensinou. Como esse é o último Charme esse ano, pois você vai viajar fica aqui um até logo e volte para mais alguns Charme.
Um agradecimento especial à Hanna Carolina, por me proporcionar a oportunidade de escrever no seu blog e a confiança que depositou em mim (mesmo preferindo a área de exatas, rsrs) e por ter me apresentado: a Fernanda Oliveira, que agora também é minha amiga. Ah! Hanninha, não precisa ficar com ciúmes <3.
Obrigado aos entrevistados Eduardo Oliveira e Nélio pela atenção e por serem muito simpáticos comigo.