Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de ‘Bem Atrás de Você’, um thriller eletrizante da autora Lisa Gardner que promete te deixar desconfiado até da própria sombra.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Obs.: Disponível no catálogo do Kindle Unlimited (até o momento)
ALERTA: Pode conter gatilhos de violência, assassinato e sequestro.
54/24
Livro: Bem Atrás de Você
Autora: Lisa Gardner
Tradutor: Eric Novello
Editora: Gutenberg
Ano: 2018
Páginas: 352
Após uma tragédia que o separou por oito anos de sua irmã mais nova, Sharlah, o jovem Telly ressurge como o principal suspeito de uma onda de assassinatos. Só uma pessoa é capaz de desenhar o perfil do criminoso: o hábil ex-agente do FBI Pierce Quincy, que é convocado para colaborar no caso. Mas seu envolvimento como pai adotivo de Sharlah pode obscurecer sua linha de raciocínio ou levá-lo para um emaranhado de pistas desconexas, mostrando que o caso pode ir muito além do que parece ser.
Uma série de assassinatos brutais aflige a pequena cidade de Baskersville. O suspeito é logo reconhecido. Identificado como Telly Ray Nash, o rapaz é extremamente perigoso e já tem passagem na polícia por conta de uma tragédia ocorrida há oito anos atrás. Sabendo do nível de inteligência e periculosidade que o jovem oferece, a polícia pede ajuda de Quincy e Rainie, dois detetives aposentados que ainda atuam como consultores em casos difíceis.
No entanto, eles terão que lidar com muito mais do que questões profissionais, pois são os atuais pais adotivos de Sharlah, a irmã mais nova de Telly. Resta saber agora se o casal vai conseguir manter as emoções controladas quando memórias antigas vêm à tona.
Esse foi meu primeiro contato com os trabalhos da autora, que conheci através do @clube.lendo.com.os.morcegos. Pela sinopse, a trama prometia um thriller de tirar o fôlego, super elogiado e até considerado best-seller lá fora.
Criei certas expectativas em relação à obra, porém elas logo foram baixando depois de começar a leitura e ter conhecimento de alguns comentários sobre o estilo peculiar da escritora.
Telly e Sharlah são pessoas quebradas e perderam a inocência muito cedo. Uma situação bastante comum nos dias de hoje, infelizmente. O rapaz fazia as vezes de pai, protegendo a garotinha de tudo e todos que se aproximassem dela.
Além disso, ele fazia de tudo para deixar que a irmã tivesse uma infância de verdade, enquanto descobria logo cedo a face feia do mundo. Quando foram separados, o rapaz ficou sem chão, tornando-se apático e sem vida. Por mais que tentasse construir um novo caminho, conforme a psiquiatra e a assistente social lhe indicaram, é complicado quando as pessoas ao seu redor
não o aceitam e nem respeitam suas dores. É um ótimo aluno, porém suas notas são horríveis por sofrer bullying na escola.
não o aceitam e nem respeitam suas dores. É um ótimo aluno, porém suas notas são horríveis por sofrer bullying na escola.
Os pais de acolhimento têm medo do rapaz taciturno e delinquente que tem dentro de casa, arranjando qualquer motivo para o “devolver” ao sistema. A única família que o aceitou de portas abertas e sem questionar seu passado ou idade foram Frank e Sandra Duvall, um casal com boas intenções e querendo fazer uma coisa boa pelo mundo.
No entanto, Telly não tem um minuto de paz, pois precisa fugir da polícia, que o acusa como único suspeito de ter cometido assassinatos brutais pelos arredores. Tudo aponta para ele, por aparecer atirando nas câmeras de vigilância da cena do crime, além do histórico de oito anos atrás, o qual ainda o assombra.
Sharlah, por sua vez, foi adotada por Quincy e Rainie, um casal de detetives aposentados. Embora tentem se livrar do trabalho e relaxarem, a verdade é que realmente gostam de investigar assassinatos e continuar na ativa, ainda que como consultores. Logo, não foi difícil aceitar o convite de Shelly, a xerife do condado de Baskersville, pedindo-lhes ajuda para resolver o caso novo que está ganhando destaque na mídia.
No entanto, o casal se surpreende ao notar que o procurado da vez é ninguém mais, ninguém menos, que o irmão mais velho da filha recém-chegada. Sharlah era muito nova e mal se lembra dos acontecimentos de oito anos atrás, muito menos do motivo que levou Telly a ser considerado perigoso e obrigado a se afastar. A sensação de assuntos não resolvidos fica ainda mais latente quando a adolescente descobre quem é o suspeito que seus pais procuram.
São muitas as perguntas que se passam em sua mente, como: o porquê de ele ter sumido por tantos anos sem dar sequer uma explicação. Além disso, o que levaria seu irmão a cometer os crimes que cometeu? Será que realmente ela conhecia seu próprio irmão?
Os mesmos questionamentos permeiam a cabeça dos detetives, que estão cada vez mais confusos com as pistas encontradas. Conforme lia, percebia o quanto crimes perfeitos podem existir se você não prestar atenção aos pequenos detalhes.
Quincy e Rainie formam uma dupla perfeita, não apenas no pessoal, mas também no profissional. Nada passa batido por eles e estão sempre de olho em tudo, embora pareça impossível de explicar.
Gostei bastante também da forma como eles cuidavam de Sharlah, mesmo sabendo quem era o suspeito. Eles sabem que as feridas do passado dos dois irmãos não cicatrizaram e ainda são dolorosas. Porém, a forma como cada um lida com isso é individual e dá medo.
Enquanto Sharlah foi parar em uma casa que a recebeu de braços abertos, Telly não teve a mesma sorte e passou a vida toda sendo rejeitado e taxado de vilão. Por mais que não ache justificável, não sei se posso condenar algumas atitudes que o rapaz tomou na vida.
O que, inclusive, dá margem para diversas discussões sobre atos de violência protagonizados por jovens que vemos nos jornais. É muito fácil taxar eles como ladrões e delinquentes. Porém ninguém pensa em como está a mente da pessoa que passou a vida inteira achando que essa era a única forma possível de se viver. Especialmente quando o mundo mostra o quanto a odeia e a teme, em vez de acolher.
Voltando ao livro, Telly parecia ter um “final feliz” quando conhece Sandra e Frank Duvall. Aos poucos vemos como era a relação deles. O rapaz já estava tão acostumado a ser rejeitado que nem liga mais para nada. É nítida a tensão entre os irmãos, tentando aparar arestas que parecem nunca sair.
Além disso, o casal tem suas próprias feridas não cicatrizadas e segredos dos quais não se orgulham. Talvez por isso sejam parecidos e se entendam ao seu modo.
Pelo ângulo de Sharlah, mesmo que seus novos pais se mostrem atenciosos e carinhosos, ela ainda se fecha em copas a cada oportunidade.
Sua única companhia é Luka, um cachorro policial aposentado, com quem tem uma ligação instantânea e muito linda. Por trás do treinamento para trabalhar junto aos detetives, ainda existe um cãozinho muito amoroso e leal, que viu em Sharlah uma ótima parceira.
Acho que esse foi o melhor momento da leitura inteira, no qual me vi sorrindo e
paixonada pela relação desses dois.
paixonada pela relação desses dois.
Ainda, por mais que Quincy e Rainie evitem falar da investigação em casa, tentando proteger a filha, ela se mostra mais esperta e também dá uma de detetive. Não apenas por ser seu irmão que está na reta, mas porque a garota realmente gosta do trabalho dos pais, vendo nisso uma espécie de diversão.
Mostra que, realmente, prestou atenção no que ouvia por trás das portas, pois surpreende o leitor e dá um banho em muitos outros investigadores que conheci em livros passados. Dessa forma, a família parte em busca de pistas para elucidar o caso e mostram o quanto são imbatíveis juntos. Nada é o que parece e os crimes tem o jeito de ser apenas a ponta do iceberg do que precisam desvendar. Logo, tudo parece estar interligado e precisam prestar atenção em diversos detalhes para não ficarem para trás.
Confesso que fui feita de trouxa, pois criei diversas teorias e falhei miseravelmente na maioria. Além de saberem mentir muito bem, todo mundo tem segredos nessa história, até quem você menos espera.
A trama garante emoções do início ao fim, com cenas de “tiro, porrada e bomba” garantidas. O desfecho é digno e a autora soube amarrar bem as pontas, de modo que nenhum personagem, seja principal ou secundário, ficasse esquecido. Isso rendeu alguns pontos para a obra.
No entanto, embora seja promissor, nem tudo são flores nesse livro. A narrativa é alternada, com capítulos em terceira pessoa e em primeira. Assim, podemos ter uma visão mais ampla das investigações, mas também do que se passa na cabeça de Sharlah e Telly.
Embora tenha sido uma sacada inteligente por parte da autora, não curto muito esse tipo de narrativa, pois quebra minha linha de raciocínio. Essa sensação fica ainda evidente quando vi que não há uma marcação nos capítulos mostrando quem está falando o quê.
Descobri “na surpresa” quem era o narrador da vez e isso tornou a leitura um tanto incômoda. Além disso, a linha do tempo não é contínua. Então, além de não saber quem estava narrando o capítulo, ficava meio perdida e sem saber se eram fatos do presente ou memórias dos irmãos protagonistas, tornando a experiência de leitura ainda mais confusa. Também fiquei incomodada com algumas cenas detalhadas além da conta. Sei que a autora queria ambientar bem o leitor sobre os bastidores do que estava acontecendo.
Porém, dedicou-se tanto a caracterizar sentimentos e o ambiente que esqueceu do principal: o fato do momento. Isso deixou a leitura arrastada e cansativa, o que me decepcionou um bocado. Se tivesse resumido os capítulos em menos páginas, teria dado mais emoção e a narrativa teria ficado mais fluida.
Entretanto, pelo que percebi em comentários de leitores, essa é uma marca da autora, a qual já não curti muito.
Até vi que tem outros títulos dela disponíveis no Kindle Unlimited. Contudo, por não fazerem meu estilo, não sei se irei me aventurar neles tão cedo. Se você gosta de cenas com bastante detalhes, pode ser que tenha uma experiência melhor que a minha.
Em relação à obra em si, li em versão digital. Então, posso falar que está com uma diagramação e revisão bem feitas.
A capa é característica de suspenses, embora me lembre mais o pôster de um filme do gênero que um livro. E, apesar das ressalvas, ainda recomendo a leitura, mas não vai levar a nota máxima dessa vez.
E aí, já leram esse livro, ou algum outro da autora?
Texto revisado por Emerson Silva
Luciano Otaciano
Oi, Hanna! Tudo bem? Adoro o gênero, sendo assim já me interessei pelo livro. Que bom que curtiu, apesar das ressalvas. Nunca li nada desta autora. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Leyanne
Olá, não li nada da autora, nem sei se pretendo por enquanto. Quanto a livros detalhados, dependendo do gênero, gosto.
Bjs
Imersão Literária
Alessandra Salvia
Oi Hanna!
Não tive a oportunidade de ler algo da autora e os thrillers são mais esporádicos por aqui.
Confesso que fiquei curiosa para saber se eu iria gostar, vou procurar porque está no KU e eu adooooro quando a dica é fácil acesso! kkkk
beeeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Hanna Carolina Lins
Talvez você tenha uma experiência melhor que a minha, pois creio que ela faça mais o seu estilo, Luciano.
Hanna Carolina Lins
Te entendo, Ley. Eu já não sou muito fã de livros extremamente detalhados, independente do gênero, haha.
Hanna Carolina Lins
Sim, é uma facilidade a mais, né? Espero que goste da experiência. Vai ser bem fora da caixinha para você, haha.
Cida
Oi Hanna! Eu tenho vários livro desta autora aqui, alguns ainda pela Novo Conceito, e quero conferir em breve. Já diversos comentários sobre as obras dela e pelo que li aqui também, acredito que eu vá gostar. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Giovana Oliveira
Oi!
Gostei de saber que o título está no Kindle Unlimited pois não me lembro de ter visto títulos da Gutenberg por lá, vai que estão mudando! Não conhecia o trabalho da autora e que bom que ela entregou uma obra surpreendente.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Hanna Carolina Lins
Pelo que vi, ela tem muitos livros publicados mesmo, mas não sabia que eram pela Novo Conceito ainda. Espero que tenha uma experiência melhor que a minha.
Hanna Carolina Lins
Ah, tem vários dessa autora disponíveis no KU. Acho que vale a pena conferir, ainda mais que ficou curiosa, ^^.