Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha da minha mais recente leitura, Caçadores de humanos, um livro “brazuca”, lido em parceria com a autora independente Stephane Lopes.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
13/12
Livro: Caçadores de humanos
Autora: Stephane Lopes
Editora: Amazon/Independente
Páginas: 245
Ano: 2019
No Mundo dos Vivos, humanos dominam sob o sol. No Mundo dos Mortos, criaturas dominam sob a lua.Cada um com suas regras, os dois mundos vivem em paz por um acordo feito há mais de mil anos, mas agora que um novo rei está para tomar o trono do Mundo dos Mortos o acordo precisa ser renovado e o preço é uma vida humana.Melinda é tratada como louca, sua mãe foi queimada como bruxa e todos acreditam que ela seja a próxima. Já sua irmã, Alice, parece se dar muito bem com o mundo dos vivos, sendo querida por todos e se colocando disposta a casar com alguém que não ama para poder dar uma vida melhor para a própria família. Duas vidas, um destino. Uma delas se tornará a vilã que irá trazer o fim dos dois mundos e embora essa jornada seja sobre a única vilã que conseguiu exatamente o que ela queria, deve-se colocar em pauta que nem tudo é como achamos que é e entre morte, vida, poder, sexo, perdão, amor, ódio, vingança e uma mistura de sangue vermelho e sangue azul, será que uma bruxa vai ser capaz de sobreviver entre os caçadores de humanos?
Há cerca de 1000 anos, houve uma guerra terrível, que assolou o mundo como conhecemos. Vivos e mortos lutavam e devastavam a terra de uma forma irreparável. Como uma forma de ter “paz”, ambos os reis do sol (vivos) e da lua (mortos), fizeram um acordo, que dura até hoje em Crebury e Makehy.
Crebury, a terra dos vivos. Humanos vivem em paz, trabalhando, vivendo, sendo felizes… Tudo gira em torno do castelo onde vive o rei do sol, cujo filho é lindo e é o sonho de toda princesa.
Isso é bem conhecido, não? Contos de fadas, onde o príncipe acha sua princesa da maneira mais inusitada do universo, eles dizem que é amor verdadeiro e são felizes para sempre.
Mas não é bem assim. E Melinda sabe disso desde criança. Ela e sua irmã Alice vivem com a avó desde novas, devido ao falecimento dos pais. Enquanto Melinda quer saber qual o seu propósito no mundo, Alice sonha em ser a princesa escolhida pelo príncipe do sol, para viver feliz para sempre no castelo que sonha que seja seu.
Makehy, a terra dos mortos. Onde vivem seres de inteligência sem igual, aliadas a magia. Lá vivem o rei da lua e seu filho Maximilian, um nascido da terra.
Quando um nascido da terra está para completar a idade que a mãe natureza pede, ele deve assumir o trono do rei da lua.
Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja um sacrifício humano. Assim, o príncipe Maximilian e sua comitiva precisam ir até a terra dos vivos, para cobrar sua “dívida de paz” com os humanos.
Quando a notícia de que os mortos estão chegando na terra dos vivos, toda Crebury fica em polvorosa, afinal, todos tem medo dos mortos, que são verdadeiros monstros e ainda exigem sacrifício humano. Assim, são associados a Bicho Papão, monstro do armário, e coisas do tipo.
Mesmo assim, ser escolhido para ir à terra dos mortos é uma obrigação. Logo, todos devem estar presentes quando os mortos estiverem no ritual de escolha.
Falando assim, parece até aquelas lendas de virgens sendo sacrificadas para acalmar um de seus deuses, pois ele está furioso e despertou um vulcão perto do vilarejo.
Essa é a história que contam de geração em geração na cidade de Crebury. Homens e mulheres vivem com medo de tais monstros e tremem nas bases quando eles aparecem, afinal, são feios, frios, malvados e só os humanos são as vítimas inocentes aqui. Mas no decorrer do livro, veremos quem são os verdadeiros vilões.
“Nós temos paz, sim, mas existem regras, regras essas que grande parte dos humanos não gosta de seguir.”
Fui convidada recentemente pela Stephane a ler esse livro. Ela me chegou tão simpática e apresentou a sinopse do livro, que acabou me atiçando a curiosidade e aceitei o convite, por ser uma fantasia mais sombria.
E pense na minha surpresa quando li tanta coisa atual e que facilmente se encaixaria num livro contemporâneo.
Para começar, os humanos são tão malvados e podres quanto os próprios seres que eles chamam de mortos. Viver de aparência é pouco, e Melinda Roux vive isso na pele.
O preconceito que ela encara já começa dentro de casa, por parte de Alice e de sua avó. Constantemente taxada de louca pela própria irmã, Melinda não tem medo de dizer o que pensa e compartilha de vários pensamentos feministas e “prafrentex” que sua mãe tinha… pensamentos esses que a fizeram ser queimada numa fogueira, acusada de bruxaria.
Além disso, todas na família Roux são ruivas “de fábrica”, mas por ser um cabelo raro, isso por si só já é motivo de chacota, por serem cabelos de bruxa.
Por isso, tanto Alice quanto sua avó o escondem por baixo de tinta preta, para serem iguais aos vizinhos. Isso faz de Melinda a “ovelha negra”, ou melhor, a “ovelha ruiva”, que não pinta o cabelo e não tem vergonha de atrair olhares e cochichos na rua por conta disso.
Não bastasse isso, Alice faz de tudo para humilhar sua irmã em público. Sempre arranja uma picuinha, uma fofoca, para denegrir a imagem de sua irmã e ela ser a única “normal”. Mas para mim, ela é mal educada, invejosa e pobre de espírito mesmo.
“Bem… em minha experiência, quando uma mulher é diferente, eles a queimam como uma bruxa.”
Já tive ranço dessa criatura desde que li o primeiro capítulo que ela apareceu. Uma menina imatura, mimada, invejosa, que só se sente bem quando humilha outras pessoas e sai como a maioral. Tem nem um puto no bolso, mas age como se fosse a mais rica do pedaço, pisando em quem vê pela frente.
Melinda, coitada, aguenta como pode, respondendo à altura, se safando de várias situações. Mas cara, são anos de aporrinhação da irmã mais nova, que acha que sabe mais da vida, só porque pinta o cabelo de preto, é super machista e se acha popular! Não sei como ela aguenta esse tempo todo, sério…
E ainda tem aquela avó que parece que tem um parafuso e menos e alimenta as ideias sem noção da Alice! De acordo com ela, uma mulher deve baixar a cabeça e ouvir (e obedecer!)tudo o que os homens dizem, sem discutir, especialmente se forem ordens de alguém da corte. Onde que isso é vida?!
Quando chega a notícia de que haverá um baile na cidade, Alice não perde tempo em denegrir mais ainda sua irmã, pois apenas uma mulher “normal” seria escolhida para ser digna do príncipe. Apoiada pela avó, recebe o vestido mais bonito, se arruma mais do que um pavão, só para atrair a atenção do príncipe e sair do baile casada e com uma coroa na cabeça…
Lendo assim, já sei o que vão dizer: “nossa, claro que o príncipe aparece montado num cavalo branco, mata o príncipe dos mortos, que é um monstrengo malvadão e fica com Melinda, para provar que aparência não quer dizer nada e todos serão felizes para sempre…”
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Mas já adianto que não vai ser bem assim… Bom, primeiro porque o tal baile que o rei do sol organizou era para receber a comitiva do príncipe da lua. Sim, eles são civilizados e tem toda uma diplomacia.
Além disso, Maximilian tem uma regra: para que a pessoa dos vivos escolhida entre no mundo dos mortos e viva com ele, elx deve ir de livre e espontânea vontade, não por sacrifício… Então, saímos de Cinderela e pulamos para a Bela e a Fera.
Isso porque Maximilian acredita no amor verdadeiro, que vai além de aparência física, de maneira que humano algum acredita. E acha que sim, ele pode ser correspondido, mesmo sendo um dito Bicho Papão.
E acaba acontecendo mesmo. Maximilian, o príncipe dos mortos, acaba se apaixonando por Melinda, a mais destoante dentre todos no baile, que nem ligava para aparências… “Puxa Hanna, tu já entregou o final da história?!” “Sem graça!”.
Calma, que isso é apenas o começo da aventura… Isso porque Melinda vai por livre e espontânea vontade para o mundo do mortos, mas isso não é bem aceito por Alice, que não perde a oportunidade de denegrir a irmã e ainda destruir a felicidade dela, contando o segredo mais obscuro de Melinda para toda a corte do sol… e parte da corte da lua também, já que Maximilian presencia tal revelação.
Porém, embora vergonhoso para Melinda, Maximilian fala que não se importa e deixa Alice com a cara no chão, levando Melinda consigo…
Mesmo dizendo que não se importa, Maximilian vê que Melinda ainda se sente magoada. Em parte pelo segredo, que há tantos anos estava enterrado no mais íntimo dela, e agora voltou para atormentá-la, e também pela irmã, que não se conformava com o “sucesso” dela e ainda queria humilhá-la em público.
Apesar de não ter afetado o destino de Melinda num primeiro momento, Maximilian vê que Melinda anda atormentada pelos seus fantasmas e decide ajudá-la a enfrentar seu destino.
Nesse momento, percebi o quanto Melinda foi afetada por tantos anos sofrendo e guardando tudo aquilo. Seu desejo de vingança chega a ser assustador, o que também atrai a atenção de Maximilian, fazendo deles um casal nada convencional.
A única diferença entre eles é o mundo de origem. Mas uma humana e uma criatura do reino dos mortos podem compartilhar muita coisa, inclusive serem seus próprios vilões.
Aos poucos, Melinda e Maximilian se aproximam mais, vão se conhecendo e apresentando ao leitor um submundo repleto de segredos, que unem os mundos dos mortos e dos vivos, por um segredo ainda mais antigo, que gerações de humanos poderiam sequer imaginar, e que pode agora afetar o destino de todos.
Esse é um livro que muito me surpreendeu, por ser um livro relativamente pequeno, mas com tanta informação junta e das pesadas.
Melinda é do jeito que é por conta de várias humilhações e segredos que faz questão de guardar a sete chaves. Ela é vítima de uma sociedade machista e conservadora até demais, que faz de tudo para manter as aparências, nem que isso custe a felicidade das pessoas.
Todos que tentam mostrar que ser diferente é legal, são vítimas de piadinhas, bullying e até são condenados publicamente, por ter ideias muito progressistas. Pelo fato de Melinda não se dar por vencida e não fazer questão de se encaixar na própria sociedade em que vive desde criança, ela é taxada de rebelde, louca, bruxa… vilã…
Alice também não fica atrás, com todo seu esforço para se dizer normal, ela acaba lutando tanto para ser reconhecida, ser popular, que nem liga de pisar na irmã, afinal, é o que todo o povo do vilarejo faz mesmo… então ela também tem que fazer, se quiser ser igual a todo mundo. Acho que agora a mãe dela faria falta para ensinar que ela não é todo mundo e parar de seguir a manada cegamente… 😒
Como ela não faz isso, acaba sendo a vilã da irmã… e dela mesma, já que é consumida pelo ciúme e inveja por Melinda e não se conforma que ela tenha se casado, mesmo que seja com o príncipe dos mortos, mas casou e vai viver num castelo que deveria ser dela. Isso também a faz uma vilã, que gosta de manipular a irmã para ser seu capacho.
Maximilian, por sua vez, tem seu charme e consegue seduzir Melinda de uma maneira cavalheiresca, se posso assim dizer. Porém, no meio de seu charme, ele não pode negar sua natureza de seguir seus instintos e fazer justiça com as próprias mãos, nem que seja preciso torturar alguém… o que ele ama fazer… fazendo dele também um grande vilão.
Mas acho que a questão aqui não é mostrar que tem um ser bonzinho ou um malvadinho. Todos os lados, seja do lado dos vivos ou dos mortos, podem ser podres por natureza. O que importa é como você se sente com relação a isso.
“Humanos sempre nos pintaram como monstros, contando contos de terror para os filhos como se fôssemos o Bicho Papão… E ainda assim, são eles que abandonam seus filhos de uma tão forma cruel. Que escravizam seu povo dependendo da cor de suas peles, que torturam aqueles que amam os que são do mesmo sexo.”
E a autora conseguiu ilustrar isso muito bem. Aqui temos muito sangue, muito ódio reprimido, rancor, paixão… tudo interligado e com um final que me deixou de queixo caído.
Isso porque ambos os mundos foram separados para proteger os humanos de um motivo bem perigoso. Porém, os humanos insistem em continuar testando os limites da mãe natureza, que está ficando cansada… Por isso, cabe ao mundo dos mortos manter tal equilíbrio, mas está ficando cada dia mais difícil…
Resumindo, é uma boa leitura… mas ainda tenho algumas ressalvas. Para começar, é o primeiro livro da Stephane, então seria bom ter uma bela revisão de Língua Portuguesa. Tem vários errinhos que fui encontrando durante a leitura, os quais me chamaram bastante atenção.
A história nos é narrada em terceira pessoa, porém, nos primeiros capítulos, temos umas cenas ela visão de Alice e outra pela visão de Melinda. A fonte é bem legível e os capítulos são curtinhos, de linguagem bem fluida, o que facilita bastante a leitura.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Outra ressalva que tenho é que, apesar de a história pender mais para o lado do casal protagonista, tem várias tretas que poderiam ter sido melhor trabalhadas. Vários informações surgem, inclusive a explicação real do termo “caçadores de humanos”, mas são jogadas como se fossem algo normal.
Melinda, por mais rebelde que fosse, ainda era humana… acho que um pouco de empatia pela própria espécie caía bem nela de vez em quando… Mas ela age como se já fosse parte dos seres da morte desde criancinha… Não se se a ideia original era essa, mas me deixou com medo real.
Além disso, no próprio mundo dos mortos, vários núcleos são formados e somos apresentados a personagens secundários, mas que são importantes para o desenrolar da história. Porém eles poderiam ser melhor trabalhados, e interagir mais com os acontecimentos.
Enquanto isso, a parte dos vivos ficou meio deixada de lado, só lembrada no clímax, mas infelizmente, ficou tudo meio jogado e o final, embora surpreendente, teria sido mais ainda se os fatos anteriores tivessem sido mais amarradinhos.
Nessa parte me senti lendo os contos de fadas em versão infantil, onde tudo acontece no estilo “pá pum, final feliz”.
No entanto, isso não tira o mérito da leitura e, por isso, ela ganha 4 estrelinhas, ainda mais porque foi o primeiro livro da autora. Quem quiser saber mais sobre ela, basta seguir no insta e fica ligadx nas novidades (@stephanelopess). 😉
Quem quiser conferir a leitura, ele está disponível na Amazon, através do link abaixo:
Já tinham lido esse livro? Me contem aí! 😉
ME Assessoria
Fiquei super curiosa, amei a resenha, já quero ler 😀
https://www.submersaempalavras.com/
Luciano Otaciano
Oi, Hanna como vai? Me parece um bom livro, apesar de as ressalvas que citou. Que bom que você gostou da leitura. Adorei a resenha. Abraco!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Hanna Carolina Lins
Espero que goste. ^^
Bjks e obrigada pela visita!
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou Luciano. =)
Bjks e obrigada pela visita
Leyanne
Já quero conhecer esse universo. A premissa é bem intrigante e sua resenha despertou meu interesse. O fato do final ser corrido desanima um pouco, mas continuo querendo conhecer mais.
Beijos
Imersão Literária
Pathy Guarnieri
Mesmo com a parte dos vivos ter ficado um pouco de lado, eu fiquei bem curiosa com esse livro. Já quero dar uma chance a ele.
Beijo!
Cores do Vício
Na Nossa Estante
Oi Hanna, tudo bem? Parece um livro mesmo cheio de informações, aliás, parece um livro cheio de emoções também. Fui lendo a resenha e me surpreendi com a história! Achei mega interessante!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Kaila Garcia
Uau, esse livro me deixou com uma pulga atrás da orelha. Vou ver se encontro ele online para ler! ❤
https://www.kailagarcia.com
Sil
Olá, Hanna.
Fiquei super interessada na história porque o enredo chama bastante atenção. Por isso já adicionei ele no meu KU e assim que der vou ler.
Prefácio
Pacote Literário
Oi Hanna! Achei bacana sua resenha. Essa pegada meio distópica não me atrai tanto, mas se o enredo tem outros propósitos, fiquei interessada. Principalmente nas partes de "tiro, porrada e bomba", vingança, maldade, drama… Etc… Uma pena que o final decepcionou um pouco, mesmo assim acho que valeu a leitura não é mesmo? Beijos! Karla Samira
Priih
Oi Hanna, tudo bem?
Para um livro de estreia, a autora parece ter se saído muito bem! Os erros de português me incomodam, mas considerando que é a primeira obra publicada, consigo fazer um pouco de vista grossa hehe.
Achei a trama bem instigante e a capa muito bonita. É triste perceber que nós, humanos, não estamos longe da versão da história: estamos sempre indo além dos limites e muitos são cruéis. 🙁
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Hanna Carolina Lins
Concordo contigo em gênero, número e grau Priih. Ainda prefiro acreditar que os bons são a maioria, mas é bem complicado diante de alguns acontecimentos. =/
Hanna Carolina Lins
Espero que curta a leitura Pathy. ^^
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou Mi! =)
Hanna Carolina Lins
Ele só tem versão online mesmo. Então aproveita! ^^
Hanna Carolina Lins
Chama bastante atenção mesmo Sil, ^^. Espero que curta a leitura.
Hanna Carolina Lins
Vvaleu a pena sim Karlinha, mas nem considero uma distopia… é mais uma realidade alternativa… rs
Bjks!