Olá meu povo, como estamos? Hoje temos o projeto 12 livros para 2019 no ar, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário. Esse projeto tem como objetivo ler mais livros físicos, os quais estavam na estante tem um tempo considerável, na fila de espera, coitados…
Para o mês de março temos a resenha do livro Arrowood, do autor Mick Finley.
Foto: Divulgação |
Livro: Arrowood
Autor: Mick Finley
Editora: Harper Collins
Ano: 2017
Páginas: 377
1895: Londres está assustada. Um assassino assombra as ruas da cidade. Os pobres têm fome, os chefões do crime estão tomando controle e a polícia está operando além da sua capacidade. Enquanto os ricos se voltam para Sherlock Holmes, o celebrado detetive particular raramente visita as ruas densamente povoadas do Sul de Londres, onde os crimes são mais sujos e as pessoas são mais pobres. Em um canto escuro de Southwark, as vítimas recorrem a um homem que detesta Holmes, sua clientela rica e os espetáculos da sua abordagem forence: Arrowood – psicólogo autodidata, bêbado ocasional e investigador particular. Quando um homem desaparece misteriosamente e a melhor testemunha de Arrowood é brutalmente esfaqueada na sua frente, ele e seu colega Barnett precisam encarar sua tarefa mais difícil até hoje: capturar o chefe da mais notória gangue de Londres…
Em Londres, todos os crimes são sempre direcionados para Sherlock Holmes resolver, o que o deixou famoso com sua capacidade de dedução rápida e elucidação de casos. Enquanto Dr. Watson escreve suas aventuras ao lado do detetive consultor mais famoso de todos os tempos, do outro lado da cidade encontramos William Arrowood, um rival profissional de Holmes.
Arrowood faz parte de uma equipe de n detetives espalhados pela cidade, que são apagados pela fama de Holmes, o que gera certa competição e inveja entre os que vivem a sua sombra. Arrowood não consegue ouvir falar no nome do detetive consultor sem entrar numa crise de nervos, não importa com quem esteja falando.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Mas, apesar de não ter tantos casos disponíveis assim, ele e seu fiel companheiro, Norman Barnet, resolvem alguns casos menos conhecidos por Londres. E eis que aparece uma misteriosa Srta. Costure, que procura os serviços do detetive Arrowood para encontrar seu irmão Thierry, desaparecido após começar a trabalhar no restaurante chamado Bife.
Arrowood, encantado pela moça e pela sua história, resolve ajudar na busca pelo seu irmão. Mas o que era para ser uma busca por um ente desaparecido acabou se tornando um esquema bem maior, que estava nas mãos de ninguém mais, ninguém menos, que Sherlock Holmes.
Como gosto de livros de detetives e casos misteriosos, resolvi ler esse livro pela curiosidade mesmo. Eu sempre fui fã dos casos de Sherlock Holmes e ver um que tinha o inimigo dele só aguçou mais ainda a minha curiosidade. Afinal, numa época em que tinha muitos detetives, sempre quis saber como era a relação entre Holmes, que ganhou fama internacional com os demais que viviam à sua sombra. E assim conhecemos Arrowood.
Ele é uma pessoa simples e reclusa, que vive em sua casa com sua irmã, recém chegada da guerra, onde trabalhava como enfermeira. Sua companhia para resolver os casos é o Sr. Barnet, um jovem forte que age como seus músculos quando necessário, mas que também se mostra bem inteligente.
Arrowood não se conforma com os métodos de Holmes para resolver os casos e prefere olhar com atenção a todos os detalhes, antes de dar suas conclusões e correr o risco de enviar a pessoa errada para a forca, coisa que ele afirma com toda certeza que Holmes faz o tempo inteiro, resolvendo casos em apenas poucos dias, já que ele mesmo leva meses para resolver um único caso.
Por um lado, parece que ele defende os mais sofridos, mas o que Arrowood realmente sente por Holme é certo recalque, por não conseguir ser tão famoso quanto ele.
“Pelo que leio nas histórias de Watson, muitas das deduções de Holmes dependem mais de boa sorte do que de genialidade. E quanto a todos os casos que não chegam à The Strand? Sem dúvida, ele tem menos sucesso lá.”
Por conta da rapidez, Holmes é sempre o mais requisitado, por isso Arrowood não pode escolher os casos que quer resolver, já que as contas não esperam um bom caso para ganhar muito dinheiro… e ele nem pode cobrar muito também, já que são raros os casos que lhe aparecem… e o que o deixam ainda mais zangado é que a pessoas, quando o procuram, avisam que preferiam que Holmes resolvesse, mas ele se recusou por ser um caso “simplório demais”.
Ele fica zangado por Holmes ter a capacidade de menosprezar o desespero das pessoas, e mais ainda pelas pessoas continuarem procurando por ele em primeiro lugar, deixando Arrowood como segunda opção, caso “tudo dê errado”.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Mesmo muito zangado com essa situação, ele acaba aceitando o caso da Srta. Costure, que chega com “olhos tristes e suplicantes”, pedindo que encontre seu irmão. Ela suspeita de que ele tenha visto o que não devia no restaurante em que trabalhava, o que ocasionou seu desaparecimento.
Supostamente era seu único parente vivo em Londres, já que eles estavam vindo de Paris em busca de uma vida melhor. Ela foi parar num estúdio de fotografia, como assistente do fotógrafo, e ele como garçom no restaurante. Uma vida aparentemente simples, mas que Arrowood viu depois ser um belo disfarce.
À medida que Arrowood vai investigando, descobre que Srta. Costure tem mais a ver com o dono do restaurante do que se imaginava e nem tudo é o que parece. Sempre deixado de lado pela polícia, que está atrás dos casos de Holmes, Arrowood acabou desbaratando sozinho uma organização criminosa que atuava às sombras em Londres.
Apesar de parecer um livro incrível e cheio de mistérios, não foi bem o que eu imaginava… Tudo começou muito bem, com o mistério lançado ao leitor, com os personagens surgindo aos poucos e mostrando suas personalidades suspeitas. No entanto, o autor pareceu perder a mão no meio do livro em diante e a história meio que perdeu a graça junto.
O que era para ser um grande mistério, em especial porque Holmes ganhava a fama de tudo e Arrowood ficava para trás, por resolver mais devagar e com mais detalhes, acabou ficando arrastado demais e cheio de pontas soltas.
Barnet, o parceiro de Arrowood, tem um segredo que não conta a ninguém, mas o tempo todo parecia que o tal segredo (que é revelado ao leitor) vai causar uma reviravolta na história… só que não acontece absolutamente nada! Barnet continua se martirizando e só… o próprio segredo não tem nem a ver com o caso e ficou meio jogado, sem sentido ali.
Arrowood é um cara solitário, que vive só com a irmã (que é toda prafrentex) e recebe as visitas do parceiro Barnet para resolverem os casos. Mas a irmã mesmo não se mete muito nos casos… aparece de vez em quando só para encher a bola de Holmes quando sai uma matéria no jornal e dizer que Arrowood tem inveja.
Mesmo com recalque que não admite, o detetive é bem inteligente e segue, mesmo que desacreditado e zoado pela polícia londrina, uma linha de raciocínio legal até certo ponto… mas o grande ápice da história, que deveria ter mais emoção, não causou tanto impacto assim… Como toda a força policial está com Holmes na hora, Arrowood atua sozinho, mas não teve tanta emoção que achei que teria no fim das contas.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
A impressão que tive foi que o autor não tinha muito o que pensar, mas tinha o prazo para terminar o livro e tentou dramatizar num ponto que não precisava…
A Srta. Costure é o verdadeiro mistério do livro. Chega toda tristinha procurando por um suposto irmão desaparecido, mas na real o que ela queria era descobrir outra coisa, que não poderia investigar sozinha, para não levantar suspeitas, afinal tinha tudo a ver com seu passado obscuro.
Só que esse passado obscuro se mistura com outras coisas que ela mesma coloca no meio, para despistar, além de outras coisas que acontecem, para dizer que o caso é difícil… mas no fim, são vários casos, que deveriam ter o desfecho em um único caso intrincado e complicado, mas que não ficou muito bem explicado no fim das contas…
O desfecho final que era para ser mais “tchan”, não teve tanto “tchan” assim e confesso que me decepcionei… o que é uma pena, pois a capa do livro é tão linda… Com um toque de mistério, temos apenas a silhueta do detetive na capa, com a mensagem:
“Sherlock Holmes pode solucionar um problema… Mas Arrowood pode salvar sua vida”.
Você lê isso e pensa logo que será o livro do ano… mas para mim foi a decepção literária do ano… 😭
A história é boa? Até certo ponto, sim. Tem bons personagens? Sim. Mas poderia ter sido melhor amarradinha…
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
O livro em si tem páginas em papel pólen de 80g/m² e a capa em papel cartão de 250g/m². As páginas são de fácil passada e a fonte bem legível e clean. Toda a história é narrada por Barnet, os capítulos são bem divididos e os diálogos bem marcadinhos também.
Infelizmente, por conta da história meio sem pé nem cabeça no final, darei apenas 3 estrelinhas para o livro…
Esse livro faz parte do projeto:
Sobre Mick Finlay:
Foto: Divulgação |
Mick Finlay nasceu em Glasgow e cresceu no Canadá e na Inglaterra. Ele é professor de psicologia e já publicou diversas pesquisas sobre violência política, persuasão deficiências e comunicação verbal e não-verbal. Antes de virar acadêmico, teve uma barraca no Portobello Road, foi ajudante de palco em um circo itinerante, aprendiz de açougueiro, porteiro de hotel e ocupou diversos cargos relacionados a psicologia na área da saúde e serviços sociais. Hoje mora em Brighton com sua família.
Já tinham lido esse livro? Gostam de suspense assim? Me contem aí!
Até mais!