Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro lido pelo projeto
#12livrospara2021, em parceria com as meninas do
MãeLiteratura e do
Pacote Literário. O tema de julho foi “Um livro que se passa na II Guerra Mundial” e o mais votado por vocês foi
Cidade de ladrões, de
David Benioff.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
35/24
Livro: Cidade de ladrões
Autor: David Benioff
Editora: Objetiva
Ano: 2010
Páginas: 361
Em Cidade de Ladrões, um jovem escritor, convidado para escrever um ensaio autobiográfico, decide trocar o relato de sua própria vida, “intensamente maçante”, pela história do avô, que combateu os alemães durante o cerco a Leningrado, na Segunda Guerra Mundial.
A Segunda Guerra Mundial está em pleno curso. Em Leningrado, cidade sitiada pelos alemães, tudo pode acontecer. Cadáveres de paraquedistas caem do céu, canibais vendem carne humana no mercado, prédios desabam no chão, cachorros tornam-se bombas. Em meio a esse mundo fantástico e aterrador, dois jovens, Lev e Kolya, recebem uma missão impossível: encontrar uma dúzia de ovos para que a filha de um coronel russo tenha um bolo de casamento.
Em uma cidade onde as pessoas mal têm o que comer, Lev e Kolya embarcam em uma caçada em busca do inatingível. Tendo como pano de fundo eventos marcantes da História, Cidade de Ladrões é uma narrativa emocionante, de ritmo cinematográfico, sobre coragem e amizade. É, também, uma comovente história sobre a descoberta do amor.
Como começar a falar sobre esse livro? Bem, sinceramente… eu não sei. Não sabia da existência de ‘Cidades de ladrões’ até ganhar um exemplar num sorteio, do qual nem me lembrava mais que estava inscrita (rsrsrs).
Quando olhei a capa dele, imaginei que seria uma história interessante e logo leria, mas esse “logo” nunca chegava, pois sempre o coitado ia ficando para trás, pegando poeira na prateleira.
Para esse ano, decidi que o #12livrospara2021 contaria exatamente com livros assim, que estavam há mais tempo na prateleira e fiquei muito feliz quando ele foi o mais votado por vocês na lista que fiz, pois finalmente criaria vergonha na cara e leria o bendito.
O livro na verdade é quase uma biografia. O autor, David, quando convidado a escrever uma autobiografia, percebe que sua vida não tem muitos fatos relevantes. Se ele mesmo achava isso, que dirá seus leitores.
Assim, ele resolve dar voz ao seu avô, um sobrevivente da II Guerra Mundial e, com certeza, teria muito mais histórias para contar.
Seu avô, no começo é reticente, mas depois acaba cedendo e decide contar ao neto coisas que David jamais imaginou que ouviria de um senhorzinho.
“[…] Mas na maior parte do tempo falou sobre uma semana em 1942, a primeira semana do ano, a semana em que viu minha avó, conheceu seu melhor amigo e matou dois alemães.”
E assim, já apresentados a essas notícias, começamos nossa história. Em 1942, Leningrado era sitiada pelos alemães, chegando com cada vez mais força.
Lev Beniov, nosso narrador, estava sozinho, já que sua mãe e irmã caçula haviam fugido para uma cidade mais no interior.
A fome era um dos maiores problemas da população. Ninguém podia circular pela cidade sem um cartão de racionamento, para garantir ao menos uma refeição no dia.
Mas nem isso ajudava muito, já que o cerco estava impedindo cada vez mais a chegada de mantimentos e a população se virava com comidas das mais diversas fontes, que foi o que mais me impactou.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Tudo poderia virar comida, até cola de livro, o que chamavam de “doce de biblioteca”. As coisas iam muito ruins, mas sempre podiam piorar, como Lev descobriu.
Pego no flagra por saquear um alemão morto, ele foi levado para a prisão, e seria morto no dia seguinte.
Já convencido de que a morte era melhor do que a vida que vivia, ele apenas aceitava a solidão da cela.
“Os alemães tinham apagado a porra do sol, eles podiam fazer isso, por que não? Os cientistas deles eram os melhores do mundo, podiam descobrir como fazer isso. Tinham descoberto como parar o tempo. Eu estava cego e surdo. Apenas o frio e a fome me lembravam que eu estava vivo.”
Mas naquela noite, tudo mudou, quando Kolya veio para dividir a cela com ele.
Lev conta as horas para morrer logo e se livrar de Kolya, mas sua tortura apenas aumenta quando o general Grechko resolve dar uma alternativa para os jovens: encontrar uma dúzia de ovos em meio a um país com fome, para a festa de casamento de sua filha.
A promessa? Se conseguirem retornar com os benditos ovos em uma semana, eles serão perdoados e libertos.
A missão é quase uma piada na atual situação do país. Mas, o que seria pior, morrer na escuridão da cela, ou andando pelo mundo e vendo as coisas pela última vez?
“Como se podia temer algo mais do que a morte?”
Como li numa das opiniões do Skoob, é uma história banal, contada de uma forma nada banal. E concordo com essa afirmativa.
Lev é um rapaz que mal completou 17 anos, um judeu russo inocente, cheio de medos e paixões, mas que está começando a se acostumar com a solidão.
Por outro lado, Kolya, de 20 anos, é um soldado desertor do Exército Vermelho, que chamava atenção por onde passava, com seu humor de poeta fino e sarcástico, além de ser bastante tagarela.
Dois rapazes com absolutamente nada em comum, mas que vão se tornar grandes amigos, com diálogos bastante imaturos e sem noção em alguns momentos, mas em outros, eles se mostram, cada um da sua maneira, inteligentes e provocativos.
“Sabe aquelas palavras que você quer dizer agora? Não as diga. […] E isso, meu amigo, é o segredo para se ter uma vida longa.”
Como estamos vendo as coisas pela visão de Lev, o avô de David, somos apresentados a uma Leningrado pelos olhos de um adolescente que tem que se esconder no meio da multidão, por conta de suas origens.
Conhecer Kolya o assusta, já que o rapaz era tudo o que Lev gostaria de ser, mas não tinha coragem. Kolya percebe isso e tenta de todas as formas quebrar essa barreira de Lev, o que os leva a uma amizade verdadeira, profunda e sem rodeios.
É incômodo e triste ver tudo pelo qual a dupla passou, em busca dos lendários ovos para o bolo de casamento; o que é irônico, já que o país inteiro mal sabe o que é comer ao menos uma salada, que dirá proteína animal.
“Somos menos que peões. Peões tem valor.”
Aos poucos, vamos conhecendo mais dos personagens, que me incomodaram em alguns momentos, com cenas desnecessárias, mas em outros me conquistavam novamente. O que mostra um mundo real, com personagens reais, mesmo a história sendo uma ficção.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
A escrita do autor é tão envolvente, que não consegui parar de ler. O que mais me surpreendeu foi que o tema, por si só, é bem pesado e triste, mas aqui ele se tornou leve até divertido de ler em alguns momentos.
“[…] Escute, eu não espero que compositores e poetas sejam heróis. Eu só não gosto de hipócritas.”
Ele usou de elementos normalmente vistos em filmes, o que deixou a leitura ágil, fácil e surpreendente.
O objetivo aqui não era algo profundo, mas ao mesmo tempo, marca o leitor pela simplicidade e lições sobre amizade, honra e lealdade.
Durante a leitura, eu senti raiva, agonia e incômodo, principalmente vendo o que as pessoas podem fazer para não morrerem de fome.
“Eu não tinha comida na barriga, nem gordura nos ossos, e nenhuma energia para refletir sobre aquele desfile de atrocidades.”
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Mas também ri, torci por esses dois e me diverti muito com os poucos momentos que tiveram de descontração, o que mostra que nem tudo é trevas o tempo inteiro.
O final é fechado, com um desfecho bastante inteligente e adequado para tudo o que aconteceu. Nenhuma ponta ficou solta, tudo foi explicado, até com os personagens secundários, o que rendeu mais alguns pontos para o livro.
“Todos sabíamos o que os tiros significavam e todos continuamos andando.”
Terminei a leitura com uma mistura de sentimentos, e acho que a sensação de saudade falou mais alto. Saudade desses personagens que passaram tão rápido, mas que me marcaram profundamente de maneiras distintas. E ainda me custa acreditar que tudo isso aconteceu em apenas uma semana.
Hoje olho para esse livro e me pergunto como fiquei tanto tempo esperando um dia certo para ler. Mas talvez se tivesse lido antes, não teria sentido o que senti agora.
Resumindo, é uma boa leitura, leve em alguns momentos, em outros vão te dar agonia. Mas ainda assim, vão te conquistar de alguma forma, te dando a sensação de mistura entre filme e livro, mas que rendeu um resultado acertado.
E essa foi a resenha de hoje. Continuando o projeto, o andamento dele até o momento foi esse:
Já conheciam esse livro? O que acham de livros nessa temática? Me contem aí!
Priih
Oi Hanna, tudo bem?
Adorei a ideia de uma ideia simples se tornando incrível pela forma como é contada. Isso faz toda a diferença e é o que nos comove, né? Gostei muito dessa dica e me lembrou um pouco Maus (no sentido de ser uma pessoa mais velha relembrando a experiência na Segunda Guerra).
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Luciano Otaciano
Oi, Hanna. Tudo bem? Parece ser um livro de excelência, não é mesmo? . Que bom que você gostou do que leu. Ótima resenha. Abraço!
http://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
devorador de letras
Olá Hanna,
Tudo bem?
Eu não conhecia esse livro, gosto demais do gênero e pela sua resenha eu tenho certeza que eu vou gostar, dica anotada.
Bjs.
https://devoradordeletras.blogspot.com/
Leyanne
Conheci o livro através de seu post de leitura e fiquei curiosa. É tão bom quando os personagens nos marcam e fiquei ainda mais curiosa já que foi uma leitura que lhe agradou tanto.
Bjs
Imersão Literária
Karen Gabrieli
Hey Hanna o/
A sua resenha desse livro me fez lembrar o meu livro favorito de 2020: A Sociedade Literário e a Torta de Casca de Batata. Ele é um pós segunda guerra, mas também fala sobre os sofrimentos, mas também consegui viver muitas emoções com ele.
Eu vou colocar o livro na minha lista, pois parece o tipo de livro que tem chance de ser favorito.
Boas leituras,
Apesar do Caos (blog) | Skoob | Twitter
Karen Gabrieli
Hanna Carolina Lins
Eu amei esse livro, sem dúvida um grande achado literário. Maus eu não conheço, mas vou anotar a dica aqui.
Hanna Carolina Lins
Então acho que vai curtir a leitura, viu? ^^
Hanna Carolina Lins
Ah, que bom saber disso Leyanne, recomendo a leitura, viu? ^^
Hanna Carolina Lins
Eu sou doida para ler esse livro. Sei que tem um filme dele no Netflix, mas também não assisti ainda, mas falam muito bem sobre ele.