Olá meu povo, como estamos? Se você gosta de romances curtinhos e ambientados em terras tupiniquins, eu tenho uma boa dica para te dar: ‘Entre As Praias Paulistas’, escrito por Noemi Reis.
OBS.: Livro cedido em parceria com a Editora Skull.
ALERTA: Pode conter temas sensíveis, como pandemia e morte dos pais.
Livro: Entre As Praias Paulistas
Autoria: Noemi Reis
Editora: Skull
Ano: 2023
Páginas: 120
País: Brasil
Formato: Impresso
Nota: 4-5
Bruna se encontra no auge do estresse por conta do trabalho excessivo. Quando surge a oportunidade de passar os últimos dias do ano no litoral, ela a agarra, na esperança de finalmente descansar um pouco. Porém, ao chegar no litoral, as coisas não saem como ela esperava. Seus amigos convidaram a pessoa que ela mais odeia para passar o fim de ano na casa litorânea ao seu lado. Para completar a situação, os amigos de ambos planejam transformar os dois em um casal, sem saber da história com uma pitada de ódio que existe entre os dois. Será que realmente existe amor entre o ódio? É Entre As Praias Paulista que surge a resposta.
Bruna é uma típica trabalhadora assalariada que sofre com o estresse de seu cargo na empresa e com o caos da cidade até voltar para casa. Sua maior expectativa no momento é saber que está prestes a entrar de férias coletiva e poderá descansar, ao menos durante as festas de fim de ano. Assim, estará longe dos colegas de trabalho e do chefe que ela chama carinhosamente (ou não) de Diabo.
Contudo, nem tudo será do jeito que ela espera, ainda mais quando sua melhor amiga lhe convida para passar o final do ano no litoral paulista. Mesmo contra a vontade, ela vai na esperança de pegar um pouco de sol e se livrar da cor amarelo escritório que a segue ao longo dos últimos 12 meses. Mas as praias paulistas podem lhe trazer bem mais do que apenas um bronzeado perfeito.
Esse foi um livro que eu conheci durante a Bienal do Livro – SP, quando a editora me entregou umas obras para leitura. Eu fui apenas pelo gênero e peguei ‘Entre As Praias Paulistas’ sem saber nada a respeito. Vendo que era uma leitura rápida decidi colocar na TBR de novembro para ver no que daria e tenho algumas considerações.
A narrativa é em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Bruna. Vendo os fatos pelo ângulo dela, é possível se identificar com alguns perrengues que a moça passa, especialmente se for CLT.
Da mesma forma, acompanhamos a jornada da protagonista tentando ter apenas um momento de paz em meio ao caos que é o final de ano no Brasil. Devo dizer que me identifiquei em alguns momentos com seu jeito Dona Anésia de ser, ainda mais quando a coitada passa por poucas e boas na estrada e na casa em que fica hospedada quando viaja com Sandra (sua melhor amiga).
“Um sorriso surgiu em meus lábios e me alegrei com a ideia da viagem. Mal sabia que teria muitas surpresas nessa viagem.”
Mas a proximidade termina aí, porque depois, é só ladeira abaixo. Os capítulos são curtos e a escrita bem fluida. Assim, a experiência de leituras foi bem positiva e me mantive imersa em boa parte. Contudo, estar imersa nesse cenário me deixou com muita raiva de todos os personagens, incluindo Bruna.
Eu sei que ela tem alguns motivos para ter se fechado em seu castelo emocional, o que é até explicado ao longo das páginas. Mas a forma como ela lida com as pessoas ao seu redor não me agradou em nada.
Pelo contrário, só me pareceu uma mulher adulta com comportamento adolescente e extremamente mal educada, que as pessoas precisam ter medo sem necessidade. Meu ranço da Bruna era tão grande, que a criatura poderia ter salvado o planeta da aniquilação e eu não bateria palmas, pois não teria feito mais do que a obrigação dela.
Já Sandra e Fernando também não ficam atrás. Não quero entrar em detalhes, para não correr o risco de dar um grande spoiler, porém eu preciso deixar registrada a minha indignação pela forma como eles tentaram resolver o “problema” do mau humor da Bruna.
Por mais que as intenções fossem boas, eu não achei a mínima graça e teria rompido os laços com uma pessoa que fizesse aquilo comigo. Embora soubesse que tudo se resolveria no final, eu fiquei agoniada demais pensando que no mundo real seria extremamente perigoso e seria uma atitude esperada de alunos de quinta série, mas não de adultos, que deveriam ser mais responsáveis e sensatos.
“Quando percebi, estava em cima da garupa do Diabo e, para a minha vergonha eterna, agarrada a ele como se minha vida dependesse disso.”
Talvez por isso eu compartilhasse parte da raiva da protagonista em alguns momentos, já que eu provavelmente teria a mesma reação que ela se acontecesse algo desse tipo comigo. O tempo todo eu pensava em como queria castigar Sandra e Fernando de diversas formas e ainda seria pouco diante dos perrengues que a mocinha se submeteu.
O que não ajuda em nada quando Leonardo (o Diabo) entra em cena. Se no trabalho a convivência é regada a muitas farpas, imagina numa praia, bem longe da empresa, onde menos se imagina que se encontraria com o chefe?
A tensão entre os dois é bem intensa desde os primeiros minutos, ainda mais com a personalidade explosiva (até demais) da moça. No entanto, conhecendo mais de perto, o rapaz tem uma história e está disposto a compartilhar com a gente, basta se abrir ao que ele tem a dizer.
Ele é a típica definição de Diabo: atraente, astuto e muito charmoso. O que também não deixa de ser uma tentação. Conforme ele se aproxima de Bruna e tenta de toda forma estabelecer algum contato – afinal, ela é a única conhecida dele na cidade -, somos convidados a entender o motivo do apelido, bem como o que leva Bruna a manter o clima de inimigos até o fim.
Confesso que gostei mais da personalidade do Diabo do que de Bruna propriamente dito. Apesar do apelido sombrio, para mim, pareceu mais um Golden Retriever pedindo atenção a cada linha. Isso era fofo por um lado, mas por outro me pareceu loucura.
Eu só queria entrar no livro e dar uns tabefes na cara dos dois. No Leonardo, porque ele deveria acordar para a vida e parar de mendigar algo que não estava bom. E na Bruna, por ser tão egoísta e achar que o mundo todo estava contra ela.
No fim, se ambos fizessem terapia, teriam resolvido esse dilema em dois capítulos. Mas preferiram se esconder atrás de redomas e agora não sabem lidar com as consequências. Isso me deixou com raiva, agonia e até me senti incrédula de que algo seria resolvido.
“Eu o segui, com um sorriso idiota no rosto e a sensação de paz que eu precisava, sem saber, me acompanhando.”
Contudo, o desfecho chegou e amarrou as pontas. Porém, não de um jeito satisfatório. Além disso, alguns personagens não tiveram resposta para os problemas principais do livro, o que me deixou decepcionada, pois fiquei com a sensação de fofocas contadas pela metade.
Além disso, por ter a promessa de trazer o verão brasileiro, eu esperava um pouco mais do cenário, que não foi tão explorado ao longo dos capítulos.
Falando sobre o livro em si, eu li em versão impressa e posso dizer que a revisão foi bem feita. A capa tem bem a cara do verão, com muitos tons de laranja e praia ao fundo. A revisão também está bem feita e a fonte legível, junto a páginas mais grossinhas garantindo uma boa experiência.
Em resumo, mesmo com as ressalvas, foi uma experiência positiva. A leitura agradou um bocado e eu recomendo, se estiver procurando leituras para o final de semana ou feriado prolongado.
Agora me conta: você já leu esse livro ou algum outro da autora? E gostam de romances ambientados no verão brasileiro?
Texto revisado por Emerson SIlva.
moonlightbooks
OI Hanna! Eu gosto muito de histórias de verão e não conhecia este livro. Lendo sua resenha, acredito que esses problemas que encontrou poderiam ser resolvidos em sua grande maioria com um pouco mais de páginas. Adorei o termo fofoca pela metade. Bjos!!
Moonlight Books
Hanna de Paiva
Pois é, Cida. Uma boa parte dos problemas desse povo teria sido resolvida com um pouco de conversa, haha. Mas vida que segue, né? E sim, fofoca pela metade define bem esse livro, haha.