Olá meu povo, como estamos? Se tem uma coisa que eu adoro é o universo de Sherlock Holmes. E sempre fico curiosa quando conheço um livro com uma temática semelhante. Hoje vou deixar minhas impressões sobre uma obra nesse estilo: ‘O Gabinete Secreto do Sr. Tennet’.
Livro: O Gabinete Secreto do Sr. Tennet
Autoria: Evan Klug
Editora: Grupo Editorial Quimera
Ano: 2024
Páginas: 252
País: Inglaterra/Brasil
Formato: Digital (Disponível no catálogo do Kindle Unlimited até o momento)
Nota: 3.5/5
Depois de vinte anos, o famigerado serial-killer, conhecido apenas como Vingador, volta a assolar a costeira Plymouth, Inglaterra.
Após ter o marido assassinado de forma grotesca, Ethel tenta convencer o único homem que já colocou suas mãos sobre o Vingador, Ezekiah Tennet, ou simplesmente, Sr. Tennet, inspetor de polícia aposentado a ajudá-la.
Ethel se verá em uma intriga de gato e rato e junto com o Sr. Tennet farão de tudo para colocar um fim ao reinado de terror do Vingador. A cada nova morte, mentiras serão desmascaradas e as verdades virão à tona, por mais estarrecedoras que sejam.
O Sr. Tennet precisará exorcizar os fantasmas do seu passado para corrigir seu único fracasso, mesmo que tenha que se utilizar do seu maior segredo: seu gabinete secreto.

A cidade de Plymouth não tem um dia de paz. 20 anos atrás os moradores foram assimilados por uma série de crimes, cometidos por um homem conhecido apenas como Vingador. E após um considerável intervalo, a população se vê novamente com medo de ser a próxima vítima.
Sentimento que o Sr. Lancaster teve de forma profunda, porém não sobreviveu para contar a história. O cavalheiro foi encontrado pela polícia num cenário assustador (para dizer o mínimo), porém sem pistas de onde estaria o responsável.
No entanto, para Ethel (viúva) isso não é uma resposta aceitável. Disposta a pagar o valor que for preciso para descobrir quem fez aquilo com seu marido, a moça não descansa enquanto não convence a única pessoa capaz de resolver o caso.
Assim, Ezekiah Tennet volta de sua aposentadoria para cumprir um mandado de prisão que desejava fazer há 20 anos. Contudo, muito tempo se passou. Será que o detetive aposentado vai conseguir driblar o tempo cada vez mais curto para prender o assassino?
Quando a Quimera anunciou que ia adicionar alguns trhillers no Kindle Unlimited, fiquei bem curiosa com a premissa desse livro. A capa com estilo noir me chamou atenção logo de cara e não demorou muito para me ver imersa na trama.
Narrada em terceira pessoa, acompanhamos os fatos de uma forma mais geral. No entanto, gira principalmente em torno de Ethel, uma recém viúva que não se conforma com a morte brutal que seu marido sofreu.

O Sr. Lancaster foi encontrado em um cenário bastante peculiar: diversos elementos condizentes com o significado de seu sobrenome e um versículo bíblico que delata seu pecado mortal escrito com sangue. Embora a polícia tenha interpretado a mensagem e esteja seguindo as pistas, Ethel não se conforma com isso.
Para ela, seu marido era um homem exemplar que tinha bom coração e tratava todos os empregados muito bem. Logo, tudo não passava de uma mentira do Vingador, que só queria semear a desconfiança entre os parentes da vítima.
Disposta a provar seu ponto de vista, a viúva não descansa enquanto não convence a única pessoa capaz de deter o assassino. Tennet era um detetive que estava no auge décadas atrás e foi o responsável por investigar (e quase prender) o Vingador. No entanto, as pistas esfriaram e ele se aposentou com uma missão não concluída.
Agora ele trabalha no porto, verificando cargas de navios e não aguenta mais encontrar com uma moça oferecendo quantias absurdas de dinheiro para voltar ao antigo emprego. A insistência é tanta que o velho detetive aceita. E aqui entendemos o motivo de ter o título de melhor investigador do departamento.
“Se o senhor for tão bom quanto dizem, não teremos mais cenas de crimes. Não é mesmo?”
Sua mente é brilhante e está sempre um passo à frente da polícia local. O que é uma grande vantagem para Ethel descobrir a verdade. Entretanto, causa bastante desconforto entre os detetives em exercício atualmente, que só tomam puxões de orelha dos superiores quando são feitos de bobos no jornal.
Além disso, a perspicácia de Tennet não é o suficiente para o Vingador, dado que ele também é uma mente brilhante do lado oposto. Assim, o leitor é agraciado com um belo jogo de xadrez, onde qualquer movimento em falso pode te fazer de trouxa ou entregar todo o esquema.
Mentiras, trapaças, tudo é possível nessa disputa e eu estava mais curiosa conforme avançava nas páginas. Ao ser apresentada ao elenco secundário, já comecei também a criar minhas próprias teorias e queria saber logo se acertei ou não.
Isso porque todo mundo nessa história parece guardar tantos segredos que admira ainda terem alguma saúde mental para interagir com as outras pessoas. O padre Riley pode passar respeito aos fiéis da igreja, mas quando o sermão acaba, mostra sem pudor algum o quanto é um “homem de bem”.

O Dr. Robinson, por sua vez, tem um talento incrível para a medicina e ajuda na investigação como legista. Contudo, suas atitudes são tão suspeitas, que parece estar devendo explicações para muita gente.
O detetive oficial do caso também é um exímio policial, afinal foi treinado anos atrás por Tennet. No entanto, não parece ter prestado atenção às aulas, pois está sempre um passo atrás de todo mundo e nunca sabe de nada (ou é o que faz a gente pensar assim, fica a eterna dúvida).
Nenhum deles é um herói, mas também não parecem 100% vilões. Cada um teria meios o suficiente para matar o Sr. Lancaster. Porém, fica a constante dúvida do que teria sido tão grave ao ponto de alguém tirar a vida do homem.
“Talvez, como dizem as Escrituras as quais ficamos tão aproximados nestes vinte anos, talvez um dia as pedras comecem a falar.”
Nessa busca de pistas e uma corrida desenfreada antes que mais uma vítima apareça, Tennet e Ethel se metem em tantas confusões, que eu não sabia se ria ou sentia vergonha alheia. Eu gostei da dupla improvável, que se odeia, mas se completa de uma forma única e que vai deixar lembranças.
Isso me fez devorar a leitura. A escrita fluida, direta e sem rodeios ajudou bastante no processo. E só não terminei no mesmo dia por ter outros livros em paralelo.
“Os tempos haviam mudado e certas coisas não eram mais aceitáveis. Quanto mais enterradas, melhor”
Contudo, a trama pode ter sido maravilhosa e eu já estava imaginando quem seria o culpado. O fato de ser uma história no mesmo universo de Sherlock Holmes me fez pensar em como o detetive consultor iria resolver o caso. Porém, nem se faz necessário, já que Tennet mostra que sabe também cumprir esse papel e é um investigador exemplar.
As pistas são dadas na hora certa e cabe ao leitor juntar tudo e interpretar. No entanto, a forma como as respostas foram dadas me jogou um balde de água fria. E eu fiquei me perguntando o que estava se passando na cabeça do escritor quando achou que faria sentido.
O desfecho traz elementos tão fantasiosos e impossíveis que me deram a sensação de ter lido um livro diferente do que comecei. E isso me deixou com gosto amargo de peças mal explicadas e até faltando. O que é uma pena, pois a trama tinha muito potencial.
Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então posso falar que a diagramação está de parabéns, assim como a revisão. A capa é bonita (até porque me atraiu logo de cara, hehe), com uma vibe noir e com elementos que fazem jus à trama.
Infelizmente, essa leitura não funcionou comigo. Mas ainda assim deixo aqui a recomendação, pois pode ser que dê certo com você.
Texto revisado por Emerson Silva.