Assim, o calendário segue lotado com diversas festividades e matrimônios, como o que vai acontecer logo nesse dia. Por conta disso, os trabalhadores da manutenção precisam concluir rapidamente os trabalhos a tempo de arrumarem o local para um casamento no fim do dia.
Baker está com pressa pois, além de ter recebido tais ordens, está curioso por saber quem será a noiva da vez e pretende entrar de penetra na festa, junto com seu amigo Brad. Ambos se arrumaram e pretendem ficar nos bastidores da cerimônia, a fim de não serem descobertos. No entanto, acabaram esbarrando em certos segredos impensáveis, escondidos entre os muros da catedral.
A curiosidade fala mais alto e a dupla parte em busca de respostas. O problema é que nem todos os segredos podem ser revelados sem consequências. Será que os rapazes sobreviverão à tais descobertas?
“Aquela foi a confirmação de que ele sabia de tudo o que estava acontecendo e que eu tinha acabado de entender.”
Cá estou eu mais uma vez com os livros do Giannicola. Conheci a escrita do autor ainda esse ano, quando li ‘Pesadelo Real’. Se no primeiro contato eu vi uma história assustadora e com requintes de crueldade, aqui eu vejo uma trama tão sombria quanto, porém mais puxada para o suspense psicológico.
Mantendo o estilo noir, a narrativa é em primeira pessoa e vemos os fatos pelo ângulo de Baker. O rapaz é um funcionário da manutenção da Catedral de São Paulo e obedece as ordens do padre Luís.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
A população do entorno, por sua vez, é bastante pacata e misteriosa, o que mantém a vibe sombria do lugar. Baker sempre foi curioso, em especial para saber da história da igreja onde
trabalha. Primeiro, por ser relativamente antiga e ter muitas portas secretas. Segundo, por conta de alguns acontecimentos recentes, os quais chamam a atenção do rapaz.
Enquanto tentava entrar de penetra num casamento, ele e seu amigo Brad esbarram em coisas misteriosas que não deveriam estar dentro de uma igreja. A tentativa de bancar o detetive amador não funciona da primeira vez e os rapazes acabam pagando um preço alto por isso.
“Estamos completamente esquecidos pelo mundo. Você acredita que alguém se preocupa com a gente ou com o que acontece aqui?”
Contudo, nem por isso Baker deixou de investigar. Apesar de não ter muito apoio da polícia em um primeiro momento, o rapaz consegue fazer descobertas importantes, as quais são passadas ao leitor de forma convincente e desenvolvida de modo digno.
Além disso, a escrita do autor é mais fluida (a qual tem uma diferença gritante em comparação com minha primeira impressão, demonstrando amadurecimento no processo de escrita e estrutura de narrativa), o que me deixou imersa rapidamente na leitura e eu simplesmente não queria mais largar.
Não apenas por querer bancar a detetive amadora junto a Baker, eu precisava saber
quais outros segredos estavam escondidos por baixo dos muros e vitrais bonitos
da Catedral de São Paulo. Contudo, nem por isso a leitura deixou de ser
indigesta em certas partes.
Conforme as respostas eram dadas, o autor caprichava em detalhes de cenas sombrias e dignas de pesadelos para quem tem estômago mais frágil. Assim, por mais que fosse bom me ver na cena junto aos personagens, não posso dizer que foi uma viagem que recomendo (rsrsrs). O elenco é pequeno. Além do protagonista, somos apresentados ao inspetor Milles, ao assustador Buck e o próprio padre Luís.
O primeiro é um bom investigador, sempre atento aos detalhes e não está disposto a baixar a cabeça quando sabe que tem razão. Isso rendeu uns pontos ao personagem, especialmente quando parte da narrativa passa a ser do seu ponto de vista.
Vi um funcionário jovem e talentoso, porém por vezes era ofuscado por superiores que queriam que ele fosse igual aos demais colegas. Entretanto, Milles sabe que é bom no que faz e até um tanto teimoso. O que lhe faz trabalhar bem junto a Baker, ainda que indiretamente.
Buck é o personagem mais peculiar. Com um passado sombrio e um presente ainda mais assustador, não seria uma pessoa que você gostaria de ter por perto.
Contudo, é bastante leal ao padre Luís, por motivos que descobrimos no decorrer
das páginas. No entanto, embora tenha medo e não ache que as atitudes do homem fossem
corretas, confesso que tive pena do rapaz quando o conheci melhor. O coitado só queria alguém que lhe ouvisse e valorizasse. Infelizmente, a única pessoa que fez isso tinha a mente tão quebrada quanto ele.
Já o padre Luís é um homem carismático e adorado por todos os moradores da cidade. Sempre com um sorriso no rosto e um olhar condescendente, é quase impossível não se afeiçoar a ele, bem como aos seus ensinamentos. No entanto, é também um forte defensor de sua igreja, assim como de suas crenças.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Desse modo, fica a eterna dúvida sobre quem seria o responsável pelos acontecimentos recentes no entorno da catedral. Todos são suspeitos e o tempo é curto para resolver tudo e sair com vida de lá.
Fui surpreendida a cada página e queria saber qual seria o próximo fio da teia sem fim de mistérios. O desfecho é fechado, crível e condizente com toda a trama.
As respostas foram dadas de modo digno e o autor soube fechar o arco com maestria. Os personagens principais, até alguns secundários, tiveram seu final revelado. As pontas foram amarradas de modo justificável e eu não pensaria em algo diferente do que vi.
“Queria tornar aquele momento inesquecível para mim, usando todos os sentidos do meu corpo.”
Contudo, embora tenha curtido bastante e simplesmente devorado a história, nem tudo são flores. A trama é curta e tem menos de 200 páginas. Assim, é uma leitura bem rápida de se fazer num final de semana (se tiver estômago para isso). Mas poderia ter sido ainda mais rápida se o autor tivesse aproveitado melhor o elenco e as cenas.
Alguns personagens secundários aparecem e são apresentados como se fossem importantes para a história. Entretanto, desaparecem pouco tempo depois com um mero “puf!”, como se nunca tivessem existido e tive a sensação de buracos, como se faltasse algo. Além disso, algumas cenas irrelevantes para a trama são detalhadas com requinte e tomam páginas que poderiam ter sido aproveitadas em outro momento.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Concordo que eram interessantes para amarrar melhor alguns acontecimentos envolvendo o protagonista. Porém, poderiam ter sido resumidas em poucos parágrafos que, ainda assim, teriam dado sentido à leitura e sobraria espaço para usar nos fatos principais.
Por conta disso, ‘A Catedral do Mal’ não levará a nota máxima. Mas apesar das ressalvas, é uma leitura que gostei bastante.
Além disso, deixo claro que são impressões minhas e pode ser que para você funcione positivamente. Assim, recomendo a leitura de olhos fechados.
Em relação ao livro em si, li a versão digital. Dessa forma, posso afirmar que a diagramação está bem feita, assim como a revisão. A capa é simples, porém objetiva, mostrando exatamente o que nos espera ao longo das páginas seguintes.
E aí, o que acharam da resenha? Já leram esse livro ou algo do autor? Me contem nos comentários.
Juliana Ferreira
Assim não sei se leria ele, mas amei a resenha, achei bem interessante
Beijos
http://www.pimentadeacucar.com
Hanna Carolina Lins
Que bom que a resenha te agradou, =)