No entanto, um acidente envolvendo o cachorro do pequeno Jack interrompe os planos. A hora é avançada e o único hospital veterinário aberto fica num lugar bem ermo e sem sinal de celular. No entanto, eles conseguem encontrar o prédio e são atendidos prontamente.
Mas o pagamento por essa parada pode ser bem mais caro do que se pensa. E talvez fosse melhor não terem parado.
Embora o terror seja o gênero pelo qual eu me tornei leitora, não tenho colocado muito em minhas escolhas nos últimos tempos. Então, foi uma surpresa ter recebido o convite do autor para conhecer sua obra.
A proposta era interessante, principalmente por ser ambientada na Europa e trazer elementos
que não me são tão comuns. Assim, aceitei o desafio e fiz a leitura. A trama é narrada em primeira pessoa, cada capítulo pelo ponto de vista de um membro da família — ou quase todos, pois Jack é o único que não tem muita fala. Kevin vive com sua tia Hellen e os primos (a jovem Heidi e o menino Jack). Eles estão para sair em viagem rumo às montanhas, com direito a
acampamento e um trailer (típico de filmes estrangeiros).
No entanto, um acidente de percurso acaba tirando eles do caminho (motivo esse que, aliás, me deu vontade de dar um tabefe no Kevin. Onde já se viu fazer o que ele queria, em pleno movimento na estrada?!). E a vítima é Dug, um lindo cachorro com porte de lobo, o qual precisa de socorro médico com urgência.
Porém, a família está no meio de uma rodovia, em plena madrugada e quase não tem movimento. O posto de gasolina mais próximo fica a quilômetros de distância, o que não ajuda muito, pois o tanque está quase vazio. Felizmente (ou não), eles encontram uma pessoa na hora, que dá a informação sobre um hospital veterinário perto de onde pararam. A informação estava correta e não demora muito até que tia Hellen encontre o local, onde são atendidos de imediato por um homem charmoso e simpático. Enquanto o cão vai para a cirurgia, a família espera ansiosa do lado de fora. Mas não tem muito o que fazer, já que quase não tem combustível e o sinal de celular é inexistente por ali.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
E, quando não se tem o que fazer, qualquer coisa serve. Logo os meninos começam a explorar a área para tentar se distrair. A mãe, por sua vez, tenta manter a sanidade com tantas preocupações e a adolescente só quer encontrar logo uma torre de celular para ter contato com a civilização de novo.
São os elementos próprios de filme/livro de terror clássico, que já deixam mais ou menos claro o que os personagens irão passar. O elenco é relativamente pequeno e difícil de esquecer. E, conforme vamos conhecendo os cenários, outras pessoas surgem para deixar a história mais impactante e sombria.
A começar pelo Sam. Ele é médico veterinário e atende Hellen com cordialidade e muito charme. Contudo, por trás de tudo isso se esconde um babaca, psicopata e sádico. Quando vi o que ele era capaz de fazer, confesso que fiquei com medo e agonia. Ao mesmo tempo, passei muita raiva com as besteiras da moça bancando a corajosa.
Dessa forma, ler o que aconteceu com ela foi demais para mim. Precisei respirar muito fundo diversas vezes e até pulei páginas, pois não aguentei ler em detalhes o que sofria.
Embora não seja o foco do livro, acho que me senti mais assim por saber que, infelizmente, é isso que acontece com diversas mulheres mundo afora. Só elas sabem a dor que carregam pelo resto da vida se sobreviverem para contar.
“Mas ficou imediatamente claro para mim que parar neste lugar seria a pior coisa que poderia nos acontecer.”
Voltando ao livro, parece que está na genética da família fazer besteiras e ignorar o óbvio. Isso porque todos tiveram suas chances de resolver o caso, mas perderam por deslizes bobos. Sim, entendo que é um livro de terror e se espera que tenha alguém para se enrolar cada vez mais.
Entretanto, isso não me impediu de querer entrar logo no livro para dar umas sacudidas nesse povo e resolver eu mesma a situação, não entrando na conversa de estranhos, para começar. Mas já que entraram, era só tacar fogo em tudo e sair correndo!
Durante a leitura toda eu fiquei nesse misto de raiva por ninguém enxergar as respostas na cara deles, ao mesmo tempo que me sentia agoniada e com medo do que as pessoas são capazes de fazer. A humanidade é má por natureza e só precisa do “incentivo certo” para deixar aflorar.
Quando isso acontece, é um caminho sem volta. Lendo um pouco do passado das pessoas que viviam naquele local ermo, me vi diante de pessoas que cresceram achando que o mundo é só aquilo e pronto.
Não tem um outro lado da moeda. Isso me deu medo também e certa pena, confesso. Mas nem por isso eu perdi a vontade de ver todos eles queimando lentamente até o último fio de cabelo.
“Não sei, mas havia algo que eu não gostava na maneira como ele falava conosco, com aquele sorriso falso em seus lábios.”
Sim, ando bem vingativa nesses últimos tempos. Talvez por ler muito suspense, um atrás do outro e vendo como as pessoas são capazes de qualquer coisa para se divertir, mesmo que custe o sofrimento de outro.
O que não foi diferente com ‘Pesadelo Real’ que, aliás, tem um nome bem direto e reto. É exatamente isso o que encontramos nessa obra e não é qualquer estômago que aguenta chegar até a última página, embora tenha menos de 150 páginas.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Além disso, apesar de ser curtinho, precisei ler bem devagar. Isso porque a narrativa é ao mesmo tempo fluida e rica em detalhes, o que me lembrou muito as obras de Edgar Allan Poe e o filme ‘Corra’. Assim, não se espantem se visualizarem cenas com todo requinte de violência e que te deixem em dúvida constante do que é ou não real.
O final, assim como toda a trama, é repleto de dor, sofrimento e nó no estômago. Terminei ele lendo em público, para evitar ficar muito imersa e ter dificuldade de dormir depois.
Falando sobre o livro em si, eu li em versão digital. A diagramação é simples, porém condizente com uma história de terror, assim como a capa. No entanto, senti falta de uma revisão de língua portuguesa ao longo da leitura, pois tive dificuldade em algumas cenas e precisei reler para entender o que se passava.
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Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Em especial com relação a alguns elementos que ficaram fora de contexto e me chamaram atenção, porém nada que tenha atrapalhado a experiência de leitura. Outra coisa que me incomodou um pouco é que, pelo fato de os capítulos serem narrados pelo ponto de vista de cada personagem, eu só percebi quem era o narrador da vez por conta do cenário, após alguns parágrafos. Se tivesse uma identificação no início de cada capítulo, resolvia essa sensação.
Por conta disso, não levará a nota máxima. Mas ainda assim é uma boa pedida para aqueles de estômago forte e que não tem medo do escuro depois de encarar o desfecho da família de Kevin.
Vocês já tinham lido esse livro ou algum outro do autor? Curtem tramas mais assustadoras? Me contem nos comentários.
Cida
Oi Hanna! Eu não conhecia o livro, mas me lembrou muito filmes que eu assistia de madrugada na adolescência e sempre tinham esse lado assustador. Parar em locais desertos, durante uma viagem, nunca resultava em coisa boa. Curti a dica. Tomara que esse pontos negativos que citou sejam resolvidos pelo autor em uma nova edição da obra. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Luciano Otaciano
Oi, Hanna! Tudo bem? Curti a dica, pois gosto bastante de obras assim. Que bom que gostou da experiência de leitura. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Helaina Carvalho
Oi Hanna, olha, eu até gosto de tramas assustadoras, mas prefiro em filme porque passa mais rápido.. hahaha… tem um livro que eu li, da DarkSide com histórias do casal Warren que aconteceram cenas tão terríveis, o casal participa pouco do livro, que tenho trauma até hoje. Não quis mais ler nada deles. Esqueci até o título! Hahahaha… Por hora acho que não leria 'Pesadelo Real' não.
Abraço!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com
Leyanne
Oiee, gostei de vários tópicos do livro, é uma leitura que não conhecia ainda, mas pode muito bem se tornar uma futura. E amei que avisou sobre a questão sobre quem narra o que nos capítulos, é algo que vou me atentar.
Bjs
Imersão Literária
Brenda Silva
Oii Hanna,
Adorei a resenha! O livro parece ser bem interessante.
Gosto muito de livros desse gênero então fiquei bastante curiosa.
Que bom que curtiu a leitura 🙂
Beijos,
Brenshelf
Miss Biblioteca
Muito legal, só não sei se leria nesse momento. Acho que ainda não estou preparada para um livro assim… Mas amei a indicação e vou deixar anotado pra mais pra frente
Hanna Carolina Lins
É bem um clichê de terror, podemos classificar assim, hehe. Eu também espero que sejam solucionados, para garantir uma melhor experiência dos leitores.
Hanna Carolina Lins
Olha só, que bom que gostou do post, Ley. Espero que também goste da leitura =)
Hanna Carolina Lins
Já eu sou o oposto, encaro em livros, mas em filme tenho pesadelos, =s. Que chato isso que aconteceu contigo, =/
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou do post também, Luciano. =)
Hanna Carolina Lins
Ah, te entendo, viu? É para ter estômago forte quando for ler esse livro.
Hanna Carolina Lins
Fico feliz que tenha curtido a resenha, Brenda. E espero que possa ler a obra também um dia, =)
Teresa Isabel Silva
Só com o titulo já fiquei curiosa!
Bjxxx
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Anônimo
Oi Hanna,
eu acabei de ler a sua resenha e descubi so agora da dica sobre o que acho um pouco de desconforto na leitura. Por causa disso, vou modificar o livro em todas as vercoes, colocando o nome do personagem narrante depois do titulo do capitulo. Muito obrigado, peço desculpa.
Hanna Carolina Lins
Obrigada e fico feliz em ter ajudado, =)
Hanna Carolina Lins
Que ótimo! Espero que tenha uma boa leitura.