25 de February de 2023

A Causa da Morte | Kate London

Olá, meu povo! Como estamos? Hoje trago a resenha de ‘A Causa da Morte’, um thriller frenético escrito por Kate London. 
A Causa da Morte | Kate London
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

ALERTA: Pode conter gatilhos de suicídio

Obs.: Livro recebido pela Editora Trama

10/60
Livro: A Causa da Morte
Autora: Kate London
Tradutor: Alves Calado
Editora: Trama
Ano: 2015
Páginas: 360
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Um experiente policial e uma adolescente despencam para a morte do alto de um prédio em Londres. Na cobertura do edifício, um menino de 5 anos é consolado pela policial novata Lizzie Griffiths, que poucas horas depois desaparece sem deixar rastros. Resta à detetive Sarah Collins a missão de descobrir a verdade sobre essas mortes terríveis, em uma investigação que levará ao coração sombrio da polícia metropolitana e trará à superfície os contrastes cruéis das grandes cidades.
A Causa da Morte | Kate London

 

Todos os jornais e revistas só falam do caso mais chocante dos últimos dias: a tragédia que ceifou a vida de um policial e uma moça. Ambos caíram da cobertura de um dos prédios mais altos de Londres e impacto atraiu a atenção de muitos curiosos. 
Ao chegar na cena do crime original, a equipe de investigação não encontra muitas pistas, a não ser duas testemunhas oculares: uma policial novata (Lizzie Griffths), aparentemente em estado de choque, mais um garotinho
de apenas cinco anos em seu colo.
No entanto, Lizzie desaparece pouco tempo depois de ser interrogada, deixando o caso ainda mais estranho. Dessa forma, cabe a Sarah Collins juntar as peças e entender o que ambas as ocorrências teriam em comum.

 

“Existem algumas lembranças que não gostamos de contemplar mesmo antes de acontecerem.”

 

 

‘A Causa da Morte’ é um livro hypado na Europa, adaptado para uma minissérie (a qual também é famosa). No entanto, ele teria passado longe do meu radar se não fosse pelo presente de fim de ano da Trama. Como só conhecia os trabalhos de fantasia da editora, resolvi dar uma chance para os thrillers e ver o que poderiam oferecer.
Uma característica que me chamou bastante atenção nessa obra é a vibe de ‘Law & Order, a qual se mantém do início ao fim. Assim, o livro tem uma aura densa e temos dúvida o tempo inteiro sobre a integridade dos personagens – até porque a justiça só existe dependendo do ângulo que se olhe.
Aqui conhecemos a investigação da tragédia envolvendo Hadley, um policial prestes a se aposentar, e Farah, uma menina de 14 anos. Ambos foram encontrados fatalmente estatelados na calçada após caírem do alto de uma cobertura.
 
 
 

 

A Causa da Morte | Kate London
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Sarah é chamada para comandar a investigação do que poderia tanto ser um suicídio quanto um homicídio. As testemunhas, por sua vez, não são muito confiáveis, dado que temos apenas o relato de Ben – um garotinho de cinco anos com fantasia de urso –, e de Lizzie – uma policial novata e designada para ser parceira de Hadley –.
No entanto, o posterior desaparecimento da jovem só deixa a investigação mais complicada. Afinal, teria ela algo a ver com a queda? Estaria apenas atordoada com a dor da perda? Ou seria mais uma vítima de um caso ainda maior?
São muitas perguntas e o tempo cada vez mais curto, dado que os superiores de Sarah querem calar logo a boca dos jornalistas de plantão.
Com uma narrativa em terceira pessoa, conhecemos os fatos pelos ângulos da detetive e da testemunha desaparecida. Enquanto a primeira tenta manter seu emprego e corre atrás de justiça, a segunda foge de todos os holofotes e deseja um pouco de paz. 
Porém, os meios que usa para isso só a tornam mais suspeita. Logo, existe uma dúvida eterna se Lizzie de fato teve alguma participação nos eventos ou apenas estava no lugar errado e na hora errada.
E, mesmo tendo uma visão mais ampla dos acontecimentos, não fui capaz de responder a essa dúvida. A verdade era que a mais jovem tinha sido admitida há pouco tempo na corporação. Dessa forma, ainda estava em fase de treinamento com seu mentor. 
 
 
A Causa da Morte | Kate London
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Talvez eu não seja a melhor pessoa para falar disso, já que nunca estive do outro lado da moeda para saber. Mas acredito que seja uma profissão um tanto contraditória.

 

“A vista da janela era uma cidade noturna alaranjada, um tabuleiro de xadrez de luzes que se derramavam no negrume oleoso do rio.”

 

Normalmente são profissões atribuídas a heróis da modernidade, as quais vivem salvando vidas de pessoas indefesas. Contudo, em meio a dias de glória, existem os dias de luta. Isso porque nem sempre os casos serão resolvidos em ambientes de alto nível, muito menos na paz e tranquilidade. Além disso, não basta lutar contra as desigualdades do mundo, existem as próprias irregularidades dentro da corporação. As quais nem sempre se pode lutar contra, com o risco de nunca mais dormir tranquilo.
Conforme conhecemos os fatos pelo ângulo de Lizzie, percebi que ela aprendeu seu ofício de uma maneira bem prática, mas também muito bruta. A verdade é que a mocinha é muito ingênua e facilmente manipulável, o que me deu bastante agonia, por sinal. 
Porém, cada pessoa tem o seu limite para lidar com certas situações. Talvez por isso não tenha julgado alguns de seus atos, embora ainda não concorde com eles.
 
 

 

A Causa da Morte | Kate London
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Sarah, por sua vez, só falta vestir uma capa e sair voando por aí. Ela faz um bom trabalho como investigadora, mas é tão boba que só me fez passar raiva em diversos momentos. 
Sabendo que era um thriller europeu, já esperava que os fatos se desenvolvessem de modo lento. Contudo, existe um limite entre fazer as coisas devagar e ser uma pastel.
Sinceramente, me deu um nó no estômago ver como a protagonista agia em relação aos homens que trabalhavam com ela. Pela patente que carrega, esperava uma moça forte e que não leva desaforo para casa. 
Mas só encontrei um gatinho assustado, que corre para a sombra na primeira ameaça. Isso só tornou a investigação mais lenta do que o necessário e me decepcionou um pouco.
Além disso, a linha do tempo não é linear. Isso porque na parte de Lizzie eu via muito pouco do presente. Apenas um pequeno trecho de sua fuga e logo voltamos ao passado, quando Hadley ainda estava vivo e era seu parceiro.
Embora fossem fatos importantes, pois davam uma noção de como era a relação entre eles enquanto parceiros, me senti perdida durante a leitura; não havia uma marcação e eu já estava tão imersa na investigação atual, que quebrava minha linha de raciocínio voltar para fatos pretéritos (muitos dos quais eram até desnecessários).

 

“Às vezes as pessoas fazem coisas erradas tendo as melhores intenções possíveis.”

 

 

Talvez essa sensação tivesse diminuído se eu lesse uma menção da Lizzie cultivando suas memórias. Ou mesmo uma seção apenas de tempos antes e a do presente. Assim eu ficaria sabendo da treta toda, sem perder o gosto do mistério e nem ter a sensação de que cortaram o assunto no meio.
Até porque em meio a memórias que não fizeram falta, existem outras bem intrigantes. De modo especial, as que se referem a Farah e Hadley, pessoas totalmente improváveis de se encontrarem, mas que por algum motivo caíram do mesmo prédio.
A adolescente tinha bastante personalidade e não levava desaforo para casa. Sempre antenada nas modinhas da vez, é uma pessoa difícil de ignorar na multidão. Era uma menina de atitude e com um futuro brilhante, completamente o oposto do policial linha dura e que só queria se aposentar logo.
Aos poucos, acompanhamos a relação improvável desses dois. Não apenas essa, mas também da própria Lizzie como parceira de Hadley. O que parece colocar mais perguntas do que respostas na investigação de Sarah (e do leitor, pois criei diversas teorias, mas acertei poucas delas).
Com garantia de muito soco no estômago e momentos de revolta, o desfecho é condizente com a trama. As pontas são amarradas de uma forma satisfatória, porém nem um pouco decente. O que nem posso discutir, dado que ficou mais perto da realidade que temos, infelizmente.
A verdade é que posso ter algumas ressalvas em relação a esse livro, mas devo admitir que mostra o lado podre que todos podemos ter. Seja da polícia ou de um civil, sempre temos aqueles dias de fúria, de dizer “chega” para alguma situação e não sabemos como seremos visto pela sociedade. Assim como você tomará atitudes pelo bem maior que não serão bem vistas.
 
 
A Causa da Morte | Kate London
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Há quem vai te colocar num pedestal e dizer o quanto foi corajoso. Bem como também terão diversos dedos apontados para você e dizendo que é um pecador e vai arder no inferno. Mas cabe apenas a nós lidar com as consequências de nossos atos. Esse livro mostra o quanto lidar com nossa parte podre pode ser um caminho sem volta, o que me foi um belo tapa na cara.
Falando sobre a obra em si, eu gostei bastante da versão física. Tem uma diagramação bonita, com uma revisão bem feita e fonte confortável à leitura. Além disso, as páginas são grossinhas, ajudando mais ainda na experiência. Em resumo, é uma leitura que me deixou impactada e que recomendo. Porém, prepare-se antes para cenas fortes.

 

Já leram esse livro, ou algum outro da autora? Curtem livros que te dão um soco no estômago assim? Me contem aí!
 
 Texto revisado por Emerson Silva
Postado por:

Hanna de Paiva

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