Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha do projeto
#12livrospara2021, em parceria com as meninas do
MãeLiteratura e
Pacote Literário. O tema de
setembro era “
Literatura brasileira” e o mais votado por vocês foi
Noiva de papelão, do autor
Flavio P. Oliveira.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Livro: A noiva de papelão
Autor: Flavio P. Oliveira
Editora: Delirium
Ano: 2015
Páginas: 160
A vizinha do 305, no quarto escuro, uma borboleta tatuada, o trauma. Todos têm amigos imaginários. Ele socorre o senhor Goiabada, e o doutor Heriberto Gusmão aceita e aprova a ex-noiva em papelão. O trauma, o verme da goiaba, o avô das incríveis fábulas de sapos cor-de-rosa, misto-quente. Escreva no caderno a pior história de sua vida, recorde o apagado… Ele sente as pessoas desaparecem quando toma os comprimidos, e o marmota não envelhece, a vizinha sorri com malícia; delícia. O ex-padrasto bêbado, a mãe promotora de justiça sendo ameaçada, o fusca e o elefante branco; personagens e/ou personificações de traumas esquizofrênicos.
Narrada em primeira pessoa, pelo próprio protagonista, A noiva de papelão não tem sentido, direção, nem é confiável. Vendo as coisas pelo ângulo dele, existe dúvida constante sobre o que é real e o que é fantasia.
Assim como qualquer pessoa que aparece em sua vida pode ser real ou elemento de sua imaginação. Aos poucos, vamos nos aprofundando mais e mais na cabeça dele, vendo o quanto ele pode ser confuso, mas ao mesmo tempo ordenado ao seu modo.
“Eu sou um silêncio querendo falar, um falante querendo não ouvir a própria voz. Dói ser silencioso em um mundo onde não se calam por nada nem jamais.”
Comprei esse livro há um tempo, numa edição da Primavera Literária aqui no Rio, direto do autor, que estava expondo suas obras. Fiquei feliz por ter conseguido ele autografado, mas ficou encalhado aqui na estante desde então. Quando fiz a lista para o 12 livros desse ano, não esperava que ele fosse o mais votado, confesso, mas vejo que foi uma grande surpresa desse projeto.
O protagonista, a princípio sem nome, tem uma mente bastante imaginativa, e ao mesmo tempo, confusa. Mesmo sem olhar a sinopse, percebi logo no começo que ele sofre de esquizofrenia, então já esperava que o livro fosse uma experiência singular, o que de fato aconteceu.
Uma leitura rápida e muito fluida, por vezes até engraçada e filosófica, assim eu posso resumir esse livro. Aos poucos, porém, vamos tentando ordenar os fatos junto ao protagonista, que parece estar numa missão dada pelo seu psiquiatra.
Aparentemente, ele precisa se lembrar de algo que lhe aconteceu e escrever num caderno. Mas o grande desafio é entender o que aconteceu, como aconteceu e por que aconteceu, do ângulo dele. Aos poucos, vamos conhecendo outros personagens, reais ou não, que o acompanham nessa jornada, tentando se lembrar de fatos de sua vida.
“Tempo livre é um inseto quase extinto.”
Somos apresentados, assim, a uma mãe amorosa, uma irmã mais velha cuidadosa e uma noiva de papelão, causa de muito alvoroço num primeiro momento, mas que o tempo todo somos levados a questionar se existem ou se são frutos de sua mente.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Fato semelhante vemos com seus amigos, como o senhor Goiabada, e o marmota (sim, com letra minúscula mesmo), que aparecem sempre para lhe dar conselhos quando está confuso. Uma coisa que achei bem interessante, é que ao longo da leitura, vemos claramente como fica a mente dele ao tomar os remédios, ao não tomar e ao questionar a real necessidade de fazer isso, seja com o leitor, ou com quem conversa com ele.
Fora vários pensamentos que foram, coincidentemente, reflexivos, levando-se em consideração que estamos no Setembro Amarelo, e me fizeram pensar bastante sobre muitas coisas, que antes eu via como desnecessárias, em especial a saúde mental.
“A pessoa conversa para ouvir a si mesma, e o ocorrido é considerado rotineiro; porém, a pessoa fala com um amigo de perna amputada e é louca. Não faz sentido.”
Não apenas isso, mas eu me peguei compartilhando da opinião dele em vários momentos, me perguntando o que é ser normal? Vendo as coisas pelo ângulo dele, me senti agoniada em diversos momentos, já que senti na pele (de certa forma) o que é passar por situações constrangedoras e humilhantes, por causa de preconceito das pessoas que não entendem ou tem medo de quem se cuida com um psiquiatra, como se fossem ET’s ou feitos de porcelana.
No entanto, em momento algum eu me senti desconfortável, muito pelo contrário, o que muito me surpreendeu. Foi uma leitura rápida, que completei em menos de 24h, mas que terminei com saudades do protagonista, que me conquistou com seu carisma e sua paixão por misto quente e desenhos.
O final, assim como o começo, não faz sentido, mas ao mesmo tempo, faz total sentido, dependendo do ângulo que você olha. Esse é um livro que me lembrou bastante Passarinha, num primeiro momento, um livro leve, desordenado, e que mostra que nem tudo na vida precisa de uma explicação padrão. Às vezes, apenas precisamos olhar as coisas, não esperar que façam sentido da mesma forma para todo mundo.
“Há incerteza mesmo na mais profunda certeza.”
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Falando sobre o livro em si, a edição é simples, mas muito bonita. Lembrando os tons de papelão, a capa é elegante e combina com o assunto do livro. A diagramação é muito bonita e simples, o que deixa bem elegante também, com páginas impressas em papel pólen, bem grossinhas e fáceis de passar, uma minhas coisas favoritas num livro. Esse foi meu primeiro contato com os livros do autor, e certamente procurarei outros livros dele.
E, continuando com o cronograma do projeto, esse é o relatório até agora:
Já conheciam os livros do autor? Me contem aí!
Júlia
Oie ! Que livro interessante, eu não conhecia, mas gostei da história, e amei sua resenha ♡
http://www.blogresenhando.travel.blog
Leyanne
Oie, ainda não conhecia esse, mas adorei por ser curtinho. Também me parece uma ótima leitura.
Bjs
Imersão Literária
Silviane Casemiro
OOi
Parece ser um livro bem interessante. Eu adoro quando o autor consegue fazer com que nos sintamos na pele das personagens.
—-
Silviane Casemiro
Blog | Instagram
Cida
Oi Hanna! Esta aí um livro que eu nunca ouvi falar e que olhando assim de primeira eu não leria, mas sua resenha mostrou o quanto a história é interessante e deu bastante vontade de conferir. Bjos!! Cida
Moonlight Books
MaeLiteratura
Oi Hanna!
Fiquei muito curiosa para ler este livro! Adorei suas impressões.
Que bacana que foi uma surpresa boa 🙂
Eu também amei Passarinha e já vou colocá-lo na lista!
Beijos e até o mês que vem.
Clauo
Babi Bueno
Oie Hanna.
Olha só, um cinco estrelas , não é qualquer livro que alcança essa nota da senhorita.
Eu votei na sua enquete, mas não lembro qual livro selecionei para esta categoria.
Tenho certeza que fui uma das pessoas que votou na decepção que foi "Qual o seu numero?", mas não sei se fui uma das responsaveis pela sua agradavel surpresa com "A noiva do papelão".
Posso ter votado nele porque gostei da capa, é tão singela .
Gostei bastante da sua resenha amiga , quem sabe um dia eu também leia.
P.S:Você já leu "Inventei você?" também fala sobre esquizofrenia.
Beijos
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Felipe
Oie, tudo bem?
Primeiro, que capa maravilhosa!! Super bonita!
E curti a dica, parece ser um livro mega interessante, já quero conferir!
Blog Entrelinhas
Sil
Olá, Hanna.
Apesar de achar essa capa muito bonita, é um livro que eu não leria. Fiquei confusa aqui só de ler a resenha hehe. Ele me lembrou muito o livro A Menina Submersa que é essa confusão ai também na cabeça da protagonista.
Prefácio
Helaina Carvalho
Oi Hanna, tudo bem?
Eu já conhecia o autor pelos livros 'AEcM12' e 'Talvez Nunca Mais um País'. Inclusive ele foi parceiro do blog lá no comecinho quando eu ainda dava conta de parcerias, bons tempos. Hoje não quero mais assumir compromisso com um autor/a sem saber se vou ter cabeça para ler e resenhar o livro. A resenha dos dois está no Mente Hipercriativa.
Achei esse interessante, parece confuso, mas se a leitura flui geralmente eu gosto.
Até mais;
Mente Hipercriativa | Universo Invisível
Hanna Carolina Lins
Espero que curta a leitura ^^
Hanna Carolina Lins
Sim, foi uma boa surpresa literária. S2 Espero que goste tanto quanto eu ^^
Hanna Carolina Lins
Sim, eu também gosto bastante quando isso acontece. ^^
Hanna Carolina Lins
Eu gostei bastante e recomendo! ^^
Hanna Carolina Lins
Oi amiga, realmente não é fácil ter um 5 estrelas da minha parte, mas acho que estou numa maré de sorte, pois ultimamente estão aparecendo alguns assim, hehe.
Eu não lembro também em qual você votou para essa categoria, hehe, mas anotei a dica do outro livro para conferir um dia. =)
Hanna Carolina Lins
Sim, a capa é muito bonita mesmo. Espero que curta a leitura. ^^
Hanna Carolina Lins
hehe
Acontece Sil, é tudo questão de gosto, né? Eu não sei se gostaria de ler A menina submersa, mas esse de agora eu curti bastante. E vida que segue, rsrs.
Hanna Carolina Lins
Eu não conheço os outros livros do autor, mas fiquei bem curiosa e depois vou conferir lá a resenha deles também. ^^