12 de September de 2021

A noiva de papelão | Flavio P. Oliveira

 Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha do projeto #12livrospara2021, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário. O tema de setembro era “Literatura brasileira” e o mais votado por vocês foi Noiva de papelão, do autor Flavio P. Oliveira.
A noiva de papelão | Flavio P. Oliveira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna
49/54
Livro: A noiva de papelão
Autor: Flavio P. Oliveira
Editora: Delirium
Ano: 2015
Páginas: 160
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A vizinha do 305, no quarto escuro, uma borboleta tatuada, o trauma. Todos têm amigos imaginários. Ele socorre o senhor Goiabada, e o doutor Heriberto Gusmão aceita e aprova a ex-noiva em papelão. O trauma, o verme da goiaba, o avô das incríveis fábulas de sapos cor-de-rosa, misto-quente. Escreva no caderno a pior história de sua vida, recorde o apagado… Ele sente as pessoas desaparecem quando toma os comprimidos, e o marmota não envelhece, a vizinha sorri com malícia; delícia. O ex-padrasto bêbado, a mãe promotora de justiça sendo ameaçada, o fusca e o elefante branco; personagens e/ou personificações de traumas esquizofrênicos.

 

A noiva de papelão | Flavio P. Oliveira

 

 Narrada em primeira pessoa, pelo próprio protagonista, A noiva de papelão não tem sentido, direção, nem é confiável. Vendo as coisas pelo ângulo dele, existe dúvida constante sobre o que é real e o que é fantasia.
Assim como qualquer pessoa que aparece em sua vida pode ser real ou elemento de sua imaginação. Aos poucos, vamos nos aprofundando mais e mais na cabeça dele, vendo o quanto ele pode ser confuso, mas ao mesmo tempo ordenado ao seu modo. 

“Eu sou um silêncio querendo falar, um falante querendo não ouvir a própria voz. Dói ser silencioso em um mundo onde não se calam por nada nem jamais.”

Comprei esse livro há um tempo, numa edição da Primavera Literária aqui no Rio, direto do autor, que estava expondo suas obras. Fiquei feliz por ter conseguido ele autografado, mas ficou encalhado aqui na estante desde então. Quando fiz a lista para o 12 livros desse ano, não esperava que ele fosse o mais votado, confesso, mas vejo que foi uma grande surpresa desse projeto.
O protagonista, a princípio sem nome, tem uma mente bastante imaginativa, e ao mesmo tempo, confusa. Mesmo sem olhar a sinopse, percebi logo no começo que ele sofre de esquizofrenia, então já esperava que o livro fosse uma experiência singular, o que de fato aconteceu. 
Uma leitura rápida e muito fluida, por vezes até engraçada e filosófica, assim eu posso resumir esse livro. Aos poucos, porém, vamos tentando ordenar os fatos junto ao protagonista, que parece estar numa missão dada pelo seu psiquiatra.
Aparentemente, ele precisa se lembrar de algo que lhe aconteceu e escrever num caderno. Mas o grande desafio é entender o que aconteceu, como aconteceu e por que aconteceu, do ângulo dele. Aos poucos, vamos conhecendo outros personagens, reais ou não, que o acompanham nessa jornada, tentando se lembrar de fatos de sua vida.

“Tempo livre é um inseto quase extinto.”

Somos apresentados, assim, a uma mãe amorosa, uma irmã mais velha cuidadosa e uma noiva de papelão, causa de muito alvoroço num primeiro momento, mas que o tempo todo somos levados a questionar se existem ou se são frutos de sua mente.
A noiva de papelão | Flavio P. Oliveira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 Fato semelhante vemos com seus amigos, como o senhor Goiabada, e o marmota (sim, com letra minúscula mesmo), que aparecem sempre para lhe dar conselhos quando está confuso. Uma coisa que achei bem interessante, é que ao longo da leitura, vemos claramente como fica a mente dele ao tomar os remédios, ao não tomar e ao questionar a real necessidade de fazer isso, seja com o leitor, ou com quem conversa com ele. 
Fora vários pensamentos que foram, coincidentemente, reflexivos, levando-se em consideração que estamos no Setembro Amarelo, e me fizeram pensar bastante sobre muitas coisas, que antes eu via como desnecessárias, em especial a saúde mental. 

“A pessoa conversa para ouvir a si mesma, e o ocorrido é considerado rotineiro; porém, a pessoa fala com um amigo de perna amputada e é louca. Não faz sentido.”

 Não apenas isso, mas eu me peguei compartilhando da opinião dele em vários momentos, me perguntando o que é ser normal? Vendo as coisas pelo ângulo dele, me senti agoniada em diversos momentos, já que senti na pele (de certa forma) o que é passar por situações constrangedoras e humilhantes, por causa de preconceito das pessoas que não entendem ou tem medo de quem se cuida com um psiquiatra, como se fossem ET’s ou feitos de porcelana.
No entanto, em momento algum eu me senti desconfortável, muito pelo contrário, o que muito me surpreendeu. Foi uma leitura rápida, que completei em menos de 24h, mas que terminei com saudades do protagonista, que me conquistou com seu carisma e sua paixão por misto quente e desenhos.
O final, assim como o começo, não faz sentido, mas ao mesmo tempo, faz total sentido, dependendo do ângulo que você olha. Esse é um livro que me lembrou bastante Passarinha, num primeiro momento, um livro leve, desordenado, e que mostra que nem tudo na vida precisa de uma explicação padrão. Às vezes, apenas precisamos olhar as coisas, não esperar que façam sentido da mesma forma para todo mundo. 

“Há incerteza mesmo na mais profunda certeza.”

A noiva de papelão | Flavio P. Oliveira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna
Falando sobre o livro em si, a edição é simples, mas muito bonita. Lembrando os tons de papelão, a capa é elegante e combina com o assunto do livro. A diagramação é muito bonita e simples, o que deixa bem elegante também, com páginas impressas em papel pólen, bem grossinhas e fáceis de passar, uma minhas coisas favoritas num livro. Esse foi meu primeiro contato com os livros do autor, e certamente procurarei outros livros dele.
E, continuando com o cronograma do projeto, esse é o relatório até agora:
12 livros para 2021 | Setembro

 

Já conheciam os livros do autor? Me contem aí!

 

Postado por:

Hanna de Paiva

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