12 de June de 2020

Arsène Lupin contra Herlock Sholmes – Maurice Leblanc

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a tão esperada resenha do segundo volume das aventuras do icônico Arsène Lupin, o ladrão de casaca. Para quem não sabe, Arsène Lupin é um personagem clássico e contemporâneo do detetive consultor mais famoso de todos os tempos: Sherlock Holmes. Tanto, que este segundo livro no conta o histórico embate entre as duas mentes mais incríveis que o mundo literário já conheceu.

  Além disso, esse livro faz parte do projeto literário #12livrospara2020, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário.
Arsène Lupin contra Herlock Sholmes - Maurice Leblanc
Foto: Divulgação | Amazon

20/12
Livro: Arsène Lupin contra Herlock Sholmes
Autor: Maurice Leblanc
Editora: Zahar (edição especial bolso de luxo)
Ano: 2017 (original em 1908)
Páginas: 306
Skoob | Amazon
 
 

 

O ladrão de casaca enfrenta o maior detetive de todos os tempos Arsène Lupin é o ladrão de casaca mais famoso e admirado que o mundo já conheceu. Genial e sedutor, ele age de acordo com suas próprias leis, mas sempre obedecendo a um código de honra cavalheiresco. Nesse volume, o segundo da série, Lupin trava um inesquecível duelo com seu arquirrival, o detetive inglês Herlock Sholmes, em duas histórias mirabolantes e muito divertidas: “A Mulher Loura” e “A lâmpada judaica”. Levará a melhor quem for mais rápido – no poder de raciocínio e dedução ou, se necessário, com os punhos.

 

 
 
 

 

Arsène Lupin contra Herlock Sholmes - Maurice Leblanc

 

 
Arsène Lupin não poderia estar melhor: roubando, saindo impune e enriquecendo cada vez mais, às custas de outras pessoas ricas. E ainda ficou mais famoso, depois do seu encontro com o célebre Sherlock Holmes, só o detetive consultor mais famoso do mundo.
Porém, apesar de ter ficado famoso, Arsène Lupin odeia ser perseguido, ainda mais pela única mente no mundo que se equipara a dele, que se propõe a fazer isso. A questão é que essa mente, aqui citada com seu nome um tanto diferente, Herlock Sholmes, foi convocado novamente, por causa do desaparecimento de um diamante super valioso, o diamante azul, que pertencia ao barão d’Hautrec. 
Lupin está possesso e faz de tudo para seu arqui-inimigo não aceitar a missão, mas a verdade é que Sholmes está doido para voltar à França, desde que conheceu a mente implacável de Lupin, e suas investidas para impedir que o detetive apareça novamente só o deixam ainda mais curioso e doido para resolver o crime. Como sempre, Lupin sai impune de todos as cenas de crime, das mais simples e bestas até as mais elaboradas. 
Isso porque ele pode ser qualquer pessoa que você encontrar: uma velhinha, um dos peritos, um curioso… e passar por você, sem que perceba, a não ser que ele queira isso mesmo.
Quando o diamante azul do barão d’Hautrec desaparece, Ganimard não pensa duas vezes antes de convocar Sholmes para resolver o ocorrido, já que ele tem certeza que todos os crimes de Paris são comandados por Lupin, que sempre o passa para trás.
Claro que, com uma chance dessas, Sholmes também não pensou duas vezes: convocou Wilson (que na verdade é o Dr. Watson do clássico original inglês) e partiu para a França. E sua curiosidade fica ainda mais aguçada quando, de todas as formas, desde antes de sair da Inglaterra, era advertido várias vezes para não aceitar o caso, ou se arrependeria.
Mas o tiro meio que sai pela culatra, já que ainda assim, Sholmes vai até o lar de Lupin, com a missão de declará-lo culpado e finalmente realizar o seu sonho de prender o ladrão de casaca. Lendo assim, parece até que eu já entreguei o final do livro, com um belo de um spoiler, ainda mais que nem avisei que teria um do primeiro volume também.
Mas, fiquem tranquilxs, não tem como ter spoiler do primeiro livro, pois são aventuras independentes, então pode-se ler tranquilamente qualquer um dos dois na ordem que quiser. A única coisa que liga ambos os livros é que o encontro do ladrão de casaca com o detetive consultor não é novidade para os leitores. 
Numa forma um tanto diferente também do primeiro livro, que eram nove contos independentes, agora temos um único capítulo, dividido em vários sub-capítulos, com mais um conto no final. No entanto, todos eles se completam no final do livro, então todo detalhe conta, e muito!
A verdade é que Sholmes está obcecado pela inteligência de Lupin. Nunca nenhum outro criminoso o desafiou tanto quanto o jovem francês. Ele chega ao ponto de mencionar algumas vezes o quanto são parecidos ao planejarem as coisas, por isso, Sholmes fica admirado demais, e eu ainda arriscaria dizer apaixonado. 
Wilson percebe isso e tenta alertar, mas Sholmes pouco liga para isso; ele quer é ter uma disputa orgulhosa de mentes, na qual ele quer sair vencedor. Mas Lupin é inteligente, ardiloso e sabe que Sholmes está admirado demais, o que o tornaria um adversário muito fácil de vencer… a não ser que Sholmes saiba separar bem as coisas e ainda assim lidar com suas responsabilidades e agir como um profissional com anos de carreira.
Se eu já tinha gostado do primeiro volume, do segundo gostei ao dobro. Agora, com Lupin e Sholmes já conhecidos, podemos ver com mais clareza essa disputa das duas mentes mais brilhantes da literatura mundial. Lupin e Sholmes realmente são as duas versões opostas de uma moeda, e um sempre vai admirar o outro.
Arsène Lupin contra Herlock Sholmes - Maurice Leblanc
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna
Para eles, isso vai além de “brincar” de polícia e ladrão, é uma disputa de mentes. É como se declarar a pessoa mais inteligente do mundo, um gênio, seja do crime, ou de desvendá-los. Por fora, eles disputam como gato e rato, buscando sempre passar uma rasteira um no outro, tentando vencer uma guerra interminável.
Mas na verdade, temos uma disputa bem orgulhosa e vaidosa, deixando muitas regras e leis para trás. No entanto, em várias passagens eu meio que me sentia saindo do âmbito literário e chegando a entrar no pessoal.
Como já tinha dito na resenha do primeiro livro, e repito agora, Sholmes e Lupin são parecidos até a página dois, pois enquanto o inglês quer a glória para si e gosta de resolver casos que o façam ficar ainda mais vaidoso, o francês é mais anarquista e gosta de fazer justiça a sua maneira.
Talvez por isso, Lupin tenha alertado para Sholmes não aceitar o caso e ficar em Londres mesmo. Mas Sholmes jamais deixaria sua vaidade ser calada por um jovem que lhe desafiava, ainda que indiretamente. 
Além disso, não é novidade que Leblanc criou Lupin assim como uma resposta a Holmes de Conan Doyle; por isso até ele teve que mudar o nome, chamando o detetive consultor de Sholmes, já que Conan Doyle dizia que era humilhante como seu personagem era retratado na versão francesa. 
Isso porque, apesar de nosso detetive já estar maduro, no auge dos 50 anos, isso em nada tira o mérito de Sholmes para fazer seu trabalho. Porém, Leblanc por vezes parecia retratar Sholmes como um velho que estava ficando caduco e lento. 
Lupin fez de Sholmes gato e sapato várias vezes, o que saiu um pouco do âmbito do romance policial e passou para a comédia pastelão em várias cenas. Como já conheço os métodos de Holmes e sei que ele tem um talento excepcional, me pareceu um insulto ao personagem e até concordo em partes com a revolta de Conan Doyle ao reclamar seu personagem. 
Porém, não deixo de dar razão a Lupin de ter feito o que fez com Sholmes, afinal ele foi avisado para não aceitar o caso… e mesmo assim não obedeceu… #tretasliterarias… A não ser por isso, temos uma trama bem bolada, onde todos os sub-capítulos se entrelaçam e temos que prestar atenção em todos os detalhes, que são bem importantes, como iremos descobrir no conto final.
Logo nos primeiros parágrafos, somos apresentados a uma Mulher Loura, que num primeiro momento tem apenas de papel curtinho, mas que é bem importante, e parece ter aprendido direitinho com Lupin a arte do disfarce. Assim, o que era para ser uma participação especial, se tornou uma personagem bem importante, que vai dizer a Sholmes muito sobre Lupin e o que ele pode fazer quando quer justiça.
Então, além de nos perguntarmos o tempo todo “onde está Lupin”, os perguntamos também “onde está a Mulher Loura”, que também pode ser qualquer pessoa. Esses dois vão dar umas belas lições no detetive consultor, e mesmo em Ganimard que já virou até motivo de chacota na delegacia. 
A verdade é que ele só chamou o Sholmes, pois não aguentava mais ser caçoado pelos colegas e queria provar que apenas uma mente brilhante poderia derrotar outra mente brilhante. Mas não sei bem se Sholmes concorda com isso, muito menos Lupin.
Lupin é mais um anti-herói do que um ladrão, isso é bem claro durante a leitura. Ele tem uma fama de ladrão, que ele mesmo gosta de ter, mas a verdade é que ele sempre ajuda as pessoas de sua maneira, que a polícia jamais entenderia. 
Porém Sholmes compreende em dado momento, o que faz a relação dos dois ser mais impressionante, o que me lembra bastante uma relação estranha que vemos entre Batman e Coringa. Um sabe o que o outro e capaz de fazer, um sabe que pode matar o outro quando quiser, mas nunca fazem isso, pois o Coringa deixa bem claro que um precisa do outro, como uma necessidade, um motivo para fazer o que fazem.
E com Sholmes e Lupin eu vejo algo parecido. Eles sempre estão prestes a passar a perna no outro, a prender, a levar à justiça, a fugir. Mas eles gostam dessa relação estranha de dependência, em que eles precisam ter sua inteligência desafiada o tempo todo. 
Se não forem eles, ninguém mais entenderia a relação dos dois, o que por vezes chega a ser doentio. Principalmente da parte de Sholmes, que parece ter pego a doença de Ganimard e é tudo culpa do Ruivo Hering, ou no caso, é tudo culpa de Lupin. 
Apesar de ser algo por vezes repetitivo, é o que deixa o livro legal de se ler, já que até nós leitores somos levados a pensar “agora é Lupin, tem que ser!”. É um livro relativamente curto, por ter uma escrita bem fluida, com bastante ação.
Só não espere o “tiro, porrada e bomba”, a ação aqui é mais no quesito planos brilhantes, mas em nada tira a graça da ação. As cenas são rápidas, objetivas e você termina com queixo caído. 
Arsène Lupin contra Herlock Sholmes - Maurice Leblanc
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna
Falando sobre o livro em si, a revisão está de parabéns e a fonte bem legível, impressa em papel pólen. Além disso, a editora teve uma sacada brilhante também, colocando nossos dois personagens na capa. Enquanto Lupin continua retratado nas sombras, pois pode qualquer pessoa, Sholmes está em amarelo, com sua lente de aumento, procurando o ladrão de casaca em todos os lugares da cidade.
Além disso, a capa tem um jogo de amarelo com roxo que jamais achei que daria certo, mas deu um resultado incrível, ainda contando com mandalas, que deram todo um charme na arte final. Assim como no primeiro livro, temos uma breve apresentação do autor e, no final, uma cronologia, com todas as suas obras, inclusive as que foram publicadas após sua morte.
Ao todo, vi que foram publicados 13 livros do personagem, porém a Zahar apenas publicou os dois primeiros. Não sei se eles tem planos para publicar os demais, mas eu mega apoio a ideia de ter os exemplares nessa edição lindíssima de bolso que eles fazem. Somando tudo isso, dou nota máxima ao livro e super recomendo a leitura.
Como ele faz parte do projeto literário, cá estamos nós, seguindo o cronograma firme e forte.
12 livros para 2020

Agora, me contem aí, já leram esse livro? Gostam de Arsène Lupin? E de Sherlock Holmes? Por quem torceria nesse embate histórico? Me contem aí! Ah, e não esqueçam de passar nos blogs parceiros desse projeto tão amorzinho, para conferir as escolhas delas também. 

Postado por:

Hanna de Paiva

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