Raymonde vive num castelo no interior da França, local onde seu tio, o conde de Gesvres, expõe uma coleção impressionante de artefatos antigos e raros, que são alvos de muitas visitas por lá. Essa coleção é motivo de admiração, estudo e também de tentativas de roubo, que é exatamente onde a trama começa.
Quem escuta primeiro o barulho à noite é Raymonde, que surpreende os invasores do castelo no ato, tenta impedir o roubo e corre em perseguição deles jardim afora. Aparentemente, a cena de crime apresenta um assalto que deu errado, pois nada sumiu. É o que assume o juiz de instrução, pelo menos, prestes a dar o caso como encerrado, quando Isidore Beautrelet, um jovem estudante de retórica e metido a detetive nas horas vagas, resolve se meter na cena do crime e aponta coisas que ninguém havia notado, como que o líder do assalto não poderia ser outro que não Arsène Lupin, o ladrão de casaca.
Mas Lupin nunca comete erros, a não ser que ele queira. Beautrelet, sabendo disso, parte em busca de respostas do que realmente aconteceu no castelo na noite anterior, o que parece estar ligado ao antigo enigma da agulha oca.
Este é meu terceiro contato com as aventuras de Arsène Lupin e, a cada leitura, fico mais impressionada com o talento que ele tem para enganar todo mundo. Mas parece que seus planos infalíveis estão com os dias contados (ou não?), agora que tem mais uma pessoa na sua cola, que parece ser tão inteligente quanto o cavalheiro-ladrão.
Ao lado de Sholmes (Sherlock Holmes) e Ganimard, Beautrelet vai encarar a maior aventura de sua vida, especialmente quando começa a investigar o enigma da agulha oca. Ele é tão antigo que ultrapassa gerações. E, por causa dele, reinados inteiros caíram e outros surgiram em toda a Europa.
“Os reis da França carregam segredos que muitas vezes regem o destino das cidades.”
Narrado em terceira pessoa, com algumas partes em primeira, quando o narrador (que faz as vezes de Watson) resolve dar o ar da graça, somos apresentados às pistas, com o objetivo de levar a outro enigma e mais outro enigma, os quais parecem nunca ter fim. Lupin não veio ao mundo para brincadeiras.
Ele realmente faz jus ao título de um dos mais procurados do país e continua fazendo muito bem o seu trabalho, especialmente no que se trata de fazer todo mundo de trouxa, seja os detetives ou os leitores.Com seu talento sem igual para disfarces, ele pode ser qualquer pessoa e estar em qualquer lugar. Além disso, o crime, que parecia ter dado errado, se mostra um dos mais perfeitos.
Cada testemunha interrogada pode falar a verdade sobre o caso, ou ser Lupin disfarçado.Ninguém é o que parece ser e todo mundo parece ter segredos antigos e profundos naquele castelo. Fora que a agulha oca, por si só, é um mistério pelo qual, aparentemente, vale a pena tanto risco.
“Era uma expressão insignificante, o enigma de um estudante que mancha com tinta o canto da folha? Ou seriam duas palavras mágicas pelas quais toda a grande aventura do aventureiro Lupin adquiria seu verdadeiro significado?”
Beautrelet, apesar de jovem, é um detetive promissor. Ele é extremamente inteligente e já pode se arriscar a fazer isso como profissão.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Ao contrário dos livros anteriores, onde as coisas são contadas somente pelo ponto de vista de Lupin, aqui são mostradas pelo ângulo de Beautrelet, o que me chamou atenção, já que não é ele quem dá nome ao livro e deveria ser mais um coadjuvante.
Ao fazer isso, ficou uma proposta interessante num primeiro momento, já que se assemelha aos livros de mistério no geral, onde o detetive é quem fica sob os holofotes e o culpado se dá mal no final (na maioria das vezes). Fiquei bem curiosa para saber como tudo iria acontecer, especialmente sabendo das peculiaridades de Lupin e como ele lidaria com um inimigo à sua altura.
Conforme lia, fui tecendo n teorias e sendo feita de trouxa n vezes também. Esse livro me impressionou bastante, já que o autor mostrou que conseguiu criar um detetive tão formidável quanto Herlock Sholmes, a ponto de competir páreo a páreo com o ladrão de casaca.
Mas nem tudo são flores. Fiquei incomodada com a forma como Beautrelet foi apresentado aqui. Principalmente porque ele é um jovem que caiu de paraquedas no castelo, passando por baixo do nariz de todos os investigadores e simplesmente é convidado a entrar no caso, como se fosse certo invadir cenas de crime assim. Isso não me pareceu ser um menino inteligente, apenas fofoqueiro e baderneiro mesmo (rsrsrs).
Além disso, o menino não apenas é aplaudido por invadir uma cena de crime, como só falta ser colocado num pedestal, só porque chega do nada e fala o nome de Lupin. Mas o efeito não foi de muita surpresa para mim, só me senti vendo os desenhos de Scooby-Doo de novo, onde tudo era culpa do Ruivo Hering.
Entendo que ele é bastante inteligente, mas da forma que foi colocado, parece que só ele é assim e os investigadores estão lá de enfeite, já que parecem ficar em segundo plano e cabe apenas ao adolescente enxerido investigar, pois não tem quem faça isso (mas Sholmes, só o maior detetive consultos, está no caso, mas não importa, né?).
Fora que Beautrelet parece ter sido contaminado pela obsessão de Sholmes, pois o tempo todo repete o mantra de como “tem a missão de vida de derrotar Lupin”, sendo que ele é um estudante e está matando aula numa escola caríssima para investigar o fato, mas não ganha uma chamada do diretor, ou mesmo dos pais, por estar desperdiçando dinheiro da mensalidade se metendo onde não devia.
Isso acaba deixando a leitura um tanto arrastada e ela acaba perdendo o foco, para dar lugar ao sofrimento do pobre Beautrelet (sqn), que está na fase de “meu mundo caiu”, ao ver que não é fácil lidar com Arsène Lupin.
“Não basta despertar uma crença., é preciso impor certeza.”
Depois de páginas e mais páginas disso, eu já estava meio que arrependida de ter colocado esse livro na lista para votação, pois a sensação que eu tinha era que o autor se perdeu um pouco e colocou isso só para dar espaço e aumentar o número de páginas.
Mas felizmente, essa sensação logo passou, já que o autor parece ter encontrado o fio da meada novamente e nos conduz ao desfecho que, para minha surpresa, se mostrou digno e me fez de trouxa mais uma última vez. Porém, fiquei decepcionada, pois vários personagens que poderiam ter mais voz, acabaram desaparecendo com um mero “puf!”, e fiquei sem saber o que aconteceu com eles. Diversas pontas foram amarradas, porém muitas ficaram soltas, exatamente por conta desse sumiço, como se os personagens não existissem.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Falando sobre o livro em si, a edição é simples e objetiva, como já é o propósito da editora mesmo, até porque são livros bem baratinhos. A capa é bem chamativa, em tons de azul e laranja, com os personagens principais, Arsène Lupin e Beautrelet.
A edição tem uma revisão bem-feita e fonte legível, além das páginas amareladinhas e grossinhas, o que deixa a leitura bem confortável.
No entanto, acho que criei muita expectativa com esse livro, vindo de dois volumes anteriores incríveis. Apesar de ser uma ótima e rápida leitura, não vai levar nota máxima dessa vez. Mas ainda assim recomendo, especialmente se você curte casos a la Agatha Christie e Conan Doyle.
Cleber Eldridge
Estou pensando em me arriscar na série primeiro!
https://clebereldridge91.blogspot.com/
Luciano Otaciano
Oi, Hanna. Como vai? Parece interessante. Que bom que gostou. Fiquei curioso. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Clara Oliveira
Eu fiquei com muita vontade de ler depois que vi a série. Mas eu acho que na época em que fui olhar para comprar estava absurdamente caro, levei até um susto quando entrei na amazon agora, porque ta baratinho! Eu adoro livros assim, com crime e gente inteligente kkkkkkkk
abraços!
claraaoliveira.blogspot.com
Hanna Carolina Lins
É uma boa indicação também. Apesar de que a série não é Arsène Lupin na real, apenas uma inspiração de um personagem que é muito fã do outro personagem, haha.
Hanna Carolina Lins
Gostei bastante Luciano. ^^
Hanna Carolina Lins
Super te entendo, viu? haha Mas depende da edição também. Esse que li é da Principis, que é a edição mais em conta e recomendo. O custo benefício, pela edição bem feita, vale a pena.
𝘗𝘖𝘙 𝘋𝘌𝘉𝘖𝘙𝘈 𝘚𝘈𝘗𝘗𝘏𝘐𝘙𝘌
Olá, Hanna. Tudo bem? Muito bom conferir essa primeira resenha do ano. Eu tenho muita vontade de ler um clássico desse autor francês. Já tinha visto essas edições e acho admiráveis mesmo. Essa trama mais investigativa e sagaz é super convidativa pra mim! Gostei de ler suas considerações aqui sobre, assim como sua opinião com essa experiência literária. Tudo muito interessante.
Carol Nery
Eu gosto muito do gênero. Sou viciada em Holmes, Poirot, Miss Marple, Dupin e por aí vai. Adoro leituras que colocam nossas células cinzentas pra trabalhar…
Só que ainda não conheço nada de Lupin. Nem sequer a série baseada.
Pela resenha, acho que vale a pena. Mesmo com um momento ou outro mais lento!
Beijocas
Barda Literária
eu sou muito curiosa em ler as obras de Lupin, mas primeiro quero ver a série kkk bem do contra kk.
Erika Monteiro
Oi Hanna, tudo bem? Ah, conheci os livros da Principis no ano passado e concordo com você algumas edições são simples mas bem fáceis de ler. Quanto ao Àrsene o que dizer dele? Enquanto não conhecemos sua história, tudo o que ele viveu, podemos julgá-lo errado e não concordar com seus métodos. Mas depois sentimos empatia e até torcemos (em alguns casos) por ele. Já li dois livros da coleção e achei singular a escrita do autor. Um jeito tão leve e envolvente que quando menos percebemos já chegamos à última página. Sempre penso no protagonista como o Patrick Jane (The Mentalist), o mais inteligente e esperto do lugar. Sempre pronto para fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. E pelo caminho nos faz rir em várias situações. Um abraço, Érika =^.^=
Maria Valéria - Na Literatura Selvagem
Oi, Hanna. Acredita que apesar de amar Doyle y agatha eu nunca li Leblanc? Sempre me.recomendam..
Já tinha visto esse título e fiquei curiosa. Essas pontas soltas na trama, não sei se me incomodariam…só lendo mesmo pra.saber…
Tschuss
Sil
Olá, Hanna.
Eu tenho bastante vontade de ler algo do personagem. Mas sou dessas que tenho toc com esse negocio de ler fora de ordem. Tem uma ordem específica para ler os livros? Como você é a única blogueira que acompanho que lê os livros, vou deixar a dica aqui de você fazer uma postagem com a ordem de leitura deles hehe.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou Débora! =)
Hanna Carolina Lins
Sim, vale bastante a pena, ainda mais se você curte esse universo, haha.
Hanna Carolina Lins
Acontece, haha.
Hanna Carolina Lins
Sim, a sensação é bem essa mesmo Érika. A gente acaba sentindo mais empatia pelo Lupin, mesmo sabendo que ele é um vilão. Louco, né? haha
Hanna Carolina Lins
Acredito sim, rs. Tem vários outros livros dele, que tem as pontas melhor amarradinhas. Quem sabe dê certo? 😉
Hanna Carolina Lins
Oi Sil, tem uma ordem cronológica dos livros, mas é mais pela idade mesmo. Não interfere nas aventuras propriamente dito. Estou lendo na ordem por opção, o que é raro, haha. Mas eu fiz um post especial, atendendo ao seu pedido. ^^