3 de September de 2022

As Consequências de Amar Você | Thais Louzada

Olá meu povo, como estamos? Nos últimos estamos tenho aparecido com bastante livro nacional por aqui e hoje não seria diferente. Agora, trago a resenha de ‘As Consequências de Amar Você’, da autora Thais Louzada.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Obs.: Livro disponível no Kindle Unlimited.

Obs.: Livro lido em parceria com a autora (Publicidade)

Obs.: Pode conter gatilhos de luto

44/24

Livro: As Consequências de Amar Você 

Autora: Thais Louzada 

EditoraIncreasy 

Ano:2021

Páginas: 380

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Beatriz deixou amigos, família e seus lugares preferidos enterrados no passado, na intenção de nunca mais confrontar a realidade de suas próprias escolhas. Agora, perdida em sua própria vida, Tris é intimada pelos pais a passar uma semana no lugar em que tudo aconteceu. Era fato que ela teria que enfrentar alguns fantasmas do passado, mas o que Tris não sabia era que teria que ficar frente a frente também com Theo, seu ex melhor amigo e amor mal resolvido. Apesar de Tris ter passado anos da sua vida tentando esquecê-lo, Theo só precisou de um dia para provar que histórias fortes não são fáceis de apagar. Será que os primeiros amores são realmente para sempre?

Beatriz Schimidt (ou apenas Tris, para os íntimos) é uma jovem de carreira promissora. É colunista numa revista de moda online, além de escrever em um blog, da mesma área, onde os quais estão lhe rendendo bons frutos.    

Ainda tem o privilégio de morar em um ótimo apartamento próximo a uma das praias cariocas mais badaladas, o que lhe conferia uma vida perfeita. E de fato tinha, caso ignorasse seu passado. Uma missão bem complicada de cumprir, agora que seus pais estão para fazer uma grande reunião de família, a fim de comemorar o aniversário de casamento em uma baita festa.    

Para isso, Beatriz teria de voltar para casa em Petrópolis, local de boas lembranças de infância, mas também lar dos demônios que ela fez questão de fingir que não lhe atormentam.  Mesmo contra sua vontade, a mocinha retorna à cidade natal, tentando ser uma boa filha. 

Ela só não esperava encontrar Theo, seu primeiro e grande amor, o qual ela jurou esquecer.  Serão apenas cinco dias até a festa da família e retornar para sua rotina, mas será que a mocinha vai aguentar tantas lembranças ruins até lá?

“A vida às vezes é uma grande merda.”

Esse é meu segundo contato com as obras da autora. Da primeira vez, li apenas um conto (Modelo de (Im)perfeição), o qual gostei bastante. Mas confesso que tinha curiosidade em saber como ela se sairia em algo mais longo, como um romance. 

Em ‘As Consequências de Amar Você’, acompanhamos a trajetória de Tris e Theo, um casal que se formou ainda criança. Esse sentimento infantil se tornou mais forte conforme cresciam e conviviam juntos. No entanto, o clima de contos de fadas que viviam também tinha os dias contados, especialmente quando a vida mostrou que não é perfeita.   

Tentando resolver as coisas da melhor forma possível, Tris vai para a capital e começa uma nova vida, a qual caminhava muito bem até Ana, sua irmã caçula, bater em sua porta e trazer o convite para a festa dos pais. Embora não diga, fica nítida a raiva que a moça sente ao ser praticamente convocada de volta ao lar, sinônimo de ter que enfrentar os fantasmas há muito esquecidos.   

No entanto, um pedido dos pais não deve ser negado. Então, ela aceita ir à festa e ver a família. Porém, diante do tanto de coisa que aconteceu ao longo dos anos em que esteve fora, Tris se sente praticamente uma estranha no ninho.  

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Mesmo que todos lhe tratem bem, é claro como cada novidade parece um tapa na cara da moça, lembrando o quanto ela preferiu se fechar em uma ostra e fingir que não fazia mais parte daquele ambiente. É um tanto triste ler a situação pelo ponto de vista dela. 

Ainda mais pela forma que sua família a trata logo que chega, como se tivesse que estar com a “lista da felicidade” totalmente preenchida antes dos 30. Pude perceber de perto como Tris se sentia e eu só queria entrar no livro para lhe dar um abraço bem apertado e dizer que ia ficar tudo bem. Fora que todo mundo acaba se identificando um pouco com essa sensação.    

Ainda mais quando algum plano demora a ser concretizado (na cabeça dos outros, pelo menos, porque na nossa, está no tempo certo) e todos ficam nos cobrando, como se fôssemos um fracasso ambulante. Para completar, a moça dá de cara com Theo, um dos convidados da festa e que também estava fora da cidade há anos. 

O encontro não é nada civilizado, embora tentem manter as aparências e a boa educação. Eles brigam feito cão e gato o tempo inteiro, praticamente. Embora saiba que é um recurso bastante comum nos livros, confesso que não tenho tanto contato com esse tipo de clichê.  

Até gostei, pois deu um toque cômico em diversos momentos, tornando a leitura divertida e mais fluida do que já vinha se mostrando, por conta do estilo de escrita da autora. Não apenas a protagonista, mas os personagens secundários também rendem muitos momentos de risadas, especialmente o vovô Augusto, que merece uma parte exclusiva dessa resenha.    

Ele ganhou meu coração logo na primeira aparição, com seu jeitinho de velhinho descolado e de bem com a vida. Sempre na moda (que ele acha, pelo menos, rsrs) e sem medo de ser feliz, dá um show em todo o elenco jovem do livro. Consegue ter mais energia do que todos os netos (e agregados) juntos, além de carregar a sabedoria da idade. 

Isso deu um contraste sensacional e eu ficava contando as páginas até ele aparecer de novo, com seu jeitinho doce de dizer as coisas, sem perder o bom o humor, muito menos a seriedade da situação.Foi de longe meu personagem favorito e eu gostaria que tivesse um livro só com as peripécias desse senhorzinho simpático (rsrsrs). 

Quem também rouba a cena de vez em quando é Ana, a irmã caçula de Tris. Não foi uma inspiração, mas a personalidade da mocinha me lembrou bastante a Ana de ‘Frozen’Ela sempre vê o lado bom das situações, saltitante e parece viver num eterno conto de fadas, porém quando necessário, dá aqueles toques de realidade que ninguém enxerga.    

E, mesmo quando Tris foi embora, Ana é a única que consegue se manter próxima o bastante para dar uns puxões de orelha que a irmã merece. A união e o amor que existe entre essas duas é tão bonito que me via com um sorriso no rosto em cada passagem delas conversando.   

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Conforme vamos lendo, entendemos também os motivos que levaram Tris a agir da forma como agiu. E por mais que se arrependa, sabe que não pode voltar no tempo.  Não apenas ela, mas vários personagens tinham suas feridas mal cicatrizadas e arrependimentos, porém sempre apresentavam sorrisos que fingiam estar tudo bem, a não ser que você reparasse nas entrelinhas.

“Porque às vezes a melhor forma de salvar e demonstrar que ama alguém é dar espaço para que ela lute e faça tudo por conta própria.”

Esses detalhes deixaram a história crível e bem pé no chão, já que ninguém é 100% perfeito nessa trama. Todos têm seus momentos felizes, mas também precisam lidar com situações mais sérias e desagradáveis. Isso tornou a leitura próxima da realidade e a experiência positiva, pelo menos até a página 2.   

O livro traz a narrativa em primeira pessoa e uma linha do tempo que intercala os dias atuais com memórias passadas, pelo ângulo do casal protagonista. Embora ache importante compreender todos os fatos antes da trama central, confesso que não curto a ideia da cronologia indo e voltando o tempo inteiro, pois quebra minha linha de raciocínio.    

Talvez se tivesse uma parte do livro contando essas lembranças e depois trouxesse para os dias atuais, resolvia a sensação de interrupção que senti.  Além disso, fiquei incomodada com as atitudes dos protagonistas. Tris é uma moça de 23 anos e retratada como alguém que amadureceu cedo, mas se comporta como se tivesse 15. Minha vontade era dar uns tapas na cara dela, para deixar de ser besta e imatura de vez em quando.   

Por sua vez, Theo é um cara lindo, charmoso, simpático e metido a príncipe encantado. Porém, eu já não sabia se o que ele tinha pela Tris era amor mesmo ou obsessão.  É nítido em diversos momentos que o rapaz trata a protagonista quase como uma propriedade, em vez de mulher amada.    

O que provavelmente passaria batido se eu tivesse lido anos atrás. Ainda teria achado o máximo e desejaria um Theo para chamar de meu. Mas com a cabeça que tenho hoje, manteria distância e talvez solicitasse um mandado de restrição contra ele. Isso muito me chamou atenção, aliás, dado que o livro foi publicado em 2021, onde essas coisas não deveriam mais passar. 

 Porém, lendo os agradecimentos da autora e conversando diretamente com ela depois, percebi que a obra foi escrita anos atrás no Wattpad e publicada do jeito que estava. Por conta disso, dei um crédito para a leitura, levando em consideração que essas situações ainda eram vistas como incríveis em literatura na época em que ele foi escrito.    

Entretanto, para quem chegar agora esperando um romance mais atualizado, pode tomar um susto com o desenvolvimento dele. Também por isso notei diversos problemas na revisão do texto final, o qual deixou passar vários erros de digitação.    

Não me incomodou durante a leitura, ao ponto de eu ter que interromper, mas seria bom que a próxima edição tivesse um pouco mais de atenção a esse quesito. O desfecho é coerente com o que a trama vinha desenvolvendo. As pontas que estavam soltas ao longo da leitura são amarradas de forma digna.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Como é de se esperar em um romance clichê, temos o clima de “felizes para sempre”, porém escrito com o pé no chão, dando um toque de realidade à história e conferindo alguns pontos. O que me deixa com expectativas quanto à continuação, prevista para esse ano ainda.   

Falando sobre o livro em si, apesar de não ter tido uma revisão mais atenciosa, eu gostei da diagramação. A capa também é condizente com a trama, embora não tenha gostado muito do cenário no campo, já que o livro se passa num ambiente urbano.    

Mas ainda assim, é bonitinha. E mesmo não levando nota máxima, gostei da leitura e recomendo, especialmente se você curte um romance bem clichê.

“Sinto que passei a vida inteira para ouvir isso.”

Já leram esse livro, ou algum outro da autora? Gostam de romances do tipo “enemies to lovers“? Me contem aí. 

Obs.: Texto revisado por Emerson Silva 

Postado por:

Hanna de Paiva

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