29 de December de 2019

As treze relíquias

   Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a última resenha do ano, com meu vigésimo nono livro livro lido em 2019. Infelizmente, não consegui levar minha meta literária até o fim (eram 33 livros, 😕), mas cheguei quase lá… O último livro de 2019 se chama ‘As treze relíquias‘, uma mistura de fantasia com suspense.

As treze relíquias
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

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Livro: As treze relíquias

Autores: Michael Scoot e Colette Friedman

Editora: Planeta

Páginas: 416

Ano: 2013

Skoob | Amazon


Há mais de sete décadas treze crianças foram designadas para cuidar de artefatos antigos, dotados com um poder primitivo e letal. As relíquias, como foram chamadas, deveriam ser mantidas por seus guardiões em total segurança e afastadas umas das outras. Entretanto, agora um homem sinistro e sua amante estão atrás delas, roubando cada peça e eliminando seus protetores, deixando um rastro de crimes violentos. Aparentemente por acaso, a jovem Sarah Miller se envolverá nessa trama perigosa e terá que correr contra o tempo para elucidar os enigmas que rondam sua nova vida. Serão os guardiões seres de outro mundo? Qual será o segredo das relíquias milenares? Por que justamente Sarah foi atraída para esse jogo mortal? Uma história inquietante, povoada de lendas que até hoje rondam nosso imaginário, As treze relíquias mostra que há forças que nunca devem ser despertadas.

As treze relíquias

   Muitos sabem que o que conhecemos hoje como Reino Unido, mais precisamente a Inglaterra, foi formada com guerra e sangue de muita gente inocente. Um passado de magia e lendas marcantes acabou dando lugar a reis poderosos e progresso tecnológico. Agora… imagina se esse passado fosse bem presente? Se essas lendas e magia ainda existissem em pleno século XXI?
   E mais, imagina se todas as lendas que você ouviu sobre os reis famosos e personagens de tantos livros e filmes… não apenas tivessem existido, mas fossem completamente opostos a tudo que foi contado por séculos e séculos? O passado do Reino Unido esconde mais história do que você poderia sequer pensar. E cabe aos guardiões manterem esse segredo por tanto tempo…

“E lá estava, novamente.
Uma perturbação.
Um tremor no éter, uma mudança na noite perpétua.
Algo antiquíssimo havia sido despertado.
Algo poderoso.”

   A última vez que os guardões foram vistos, aconteceu há 70 anos, quando eles foram escolhidos. Estávamos em plena guerra e muitas crianças foram evacuadas, para ficarem provisoriamente em locais seguros enquanto suas cidades eram bombardeadas. Algumas ficavam em casas de famílias cadastradas, outras em abrigos públicos. E foi num desses abrigos públicos que 13 crianças foram escolhidas. Crianças de origens diversas, com situação financeira diversa também, famílias que nunca tinham se visto. Essas crianças foram escolhidas para serem Guardiãs das Relíquias, itens à primeira vista velhos e sem graça, sendo repassados adiante por um velho mendigo e doido varrido, como os objetos mais valiosos do mundo.
   Um jogo de xadrez, uma panela, uma faca de caça, uma espada quebrada, uma caçarola… coisas triviais e que poderiam muito bem ser lixo, mas que deveriam ser mantidas em segredo e protegidas a todo custo, mesmo que custasse a vida dessas crianças. Além disso, o laço de sangue formado entre as crianças e as Relíquias era tão forte, que elas só poderiam passar adiante as Relíquias para os cuidados de um parente mais próximo, quando eles morressem.

“Há setenta anos, as últimas palavras do velho, a cada uma das crianças, tinham sido um alerta categórico: ‘Jamais deixem que as Relíquias se juntem’. Ninguém nunca pensou em pergunta-lhe o motivo.”

   As crianças aceitaram as bugigangas, através de um ritual que marcaria suas vidas, quando menos imaginassem. 70 anos depois, cada guardião já vivia num ponto do Reino Unido, tiveram profissões distintas, família e afins. E as Relíquias eram apenas quinquilharias no fundo do armário, assim como as lembranças daquele dia esquisito. Mas assassinatos começaram a ocorrer;coincidência ou não, oito deles envolviam um dos guardiões, morto com requinte de crueldade e renderam fotos nas capas dos principais jornais londrinos.
   Quem matava idosos aleatórios em suas casas, não buscava dinheiro ou joias, mas uma coisa velha e amassada jogada no fundo do armário. Alguém sabia do poder das Relíquias, sabia o que elas eram capazes de fazer sozinhas e mais… o caos que seria lançado na Terra que conhecemos se as 13 Relíquias fossem unidas novamente. Mas os guardiões estão velhos, e por mais que sejam portadores de um objeto tão poderoso, precisariam de ajuda para impedir que isso aconteça.
   Estava há muito tempo sem conseguir sair de uma ressaca literária. Por mais que eu lesse, nenhum livro me prendia ou mexia com meu coração. Mas acho que me faltava ler algum do meu gênero favorito. Em ‘As treze relíquias’, vocês vão encontrar magia, história, terror e muito suspense. Esse livro foi, sem dúvida, uma de minhas melhores leituras de 2019. Aqui conhecemos o Reino Unido de uma visão completamente diferente. As brumas de Avalon, com Rei Arthur bonzinho e justo? Esqueça! Henrique VIII degolando suas esposas porque ele queria divórcio e não existia na época? Esqueça! Todos os fatos que você achava que sabia sobre personagens mais importantes no mundo? Esqueça!
   As Relíquias guardam um dos maiores poderes e também um dos maiores segredos do mundo. Tudo o que você sabe sobre religião, sobre os maiores nomes da Bíblia, pode esquecer! Aqui, todas as magias, todas as religiões caminhavam juntas há 2000 anos, quando as Relíquias foram formadas. E aquele velho mendigo tem tudo a ver com isso. O velho se chama Ambrose, mas seu nome real só é revelado bem depois, quando ele conta a real história do porquê da criação das Relíquias. Aqui, basta que eu diga que ele tem a missão de procurar novos guardiões para as Relíquias, uma vez que elas devem ser mantidas longe umas das outras e protegidas do próprio mundo. Então, que melhor momento seria para isso, quando se tem várias crianças aleatórias no mesmo abrigo?

“Ainda não tenho certeza. […] É antiga… não, é mais antiga que isso, é milenar. E mortal.”

   A princípio, as crianças não acreditam e até zombam do velho, mas algumas coisas começam a acontecer e elas passam a ver o verdadeiro poder das Relíquias, ainda mais que, quando as tocam, eles podem ver flashs de momentos da sua criação e entender o porquê da necessidade de proteção. Uma dessas crianças é nossa personagem chave.
   Judith Walker, hoje com 70 a poucos anos, desfruta de uma vida boa, que ela conseguiu como autora de livros infantis. Seus livros chegaram a ser considerados best-seller e ela não poderia estar mais feliz… a não ser pelos assassinatos que anda acompanhando no jornal. Ela recorta todos eles e guarda num álbum. Pessoas que levavam suas vidas de forma pacata, como donas de casa, pais de família, aposentados… todos mortos em cenas bem violentas, chegava a parecer que foram torturadas. Mas por que uma autora de livros infantis tem tanto interesse em assassinatos desse tipo? Bom, para começo de conversa, grande parte de seus livros foram escritos depois de visões que ela teve ao segurar uma bugiganga que guarda no fundo do armário, a Espada de Dyrwyn, ou somente Espada Quebrada.
   Era um pedaço enferrujado, que ela guardava a 7 chaves numa bolsa, que deveria ter ido pro ferro-velho tem tempo, mas ela o protegia com sua vida… e sabia que logo seria sua vez de passar pelos mesmos tormentos que aqueles velhinhos do jornal. Ela não poderia deixar que a Espada Quebrada caísse em mãos erradas, mas como se proteger, se ela não sabia quem estava matando seus companheiros guardiões? Poderia contar à polícia, mas quem acreditaria numa velha maluca, que afirma que conhecia todas as vítimas aleatórias, e que estavam morrendo em nome de quinquilharias?
   Vivendo sempre com medo, Judith escondia bem esse sentimento, frequentando bibliotecas, com a desculpa de estar estudando para seu próximo livro. Mas na real ela estava em busca de uma solução para escapar de seus perseguidores. Porém, prestes a ser a próxima vítima deles, ela é salva inesperadamente por Sarah Miller, uma jovem que estava no horário do almoço do trabalho super chato num escritório. Vendo o que parecia ser um assalto, ela não pensou duas vezes a ajudou a pobre senhora, mas não sabia que estava se envolvendo num emaranhado de segredos.
   Para começar, Sarah é uma menina medrosa, que jamais entraria numa briga por querer. Ela nem sabe o motivo de ter ido ajudar aquela senhorinha estranha, mas por algum motivo, ela precisava. Em gratidão, ou não, Judith aproveita a chance para deixar uma substituta na sua missão, de proteger a Relíquia, mas nem ela mesma sabia o motivo de Sarah estar lá naquele momento. E Sarah também não sabe, mas ela tem muito mais a ver com as Relíquias do que os próprios guardiões jamais tiveram.
   A questão é que, ao salvar Judith, Sarah também se tornou um alvo dos perseguidores e precisa de salvar a todo custo. Judith faz um último pedido a Sarah, de levar aquele pedaço de ferro velho ao seu sobrinho, que ele saberia o que fazer. Sem entender, ela obedece, mas até que isso aconteça, ela passa por situações muito perigosas, as quais não param, mesmo quando ela encontra o tal sobrinho. Aquele pedaço de ferro velho na verdade tem vida, muita vida… conta histórias e tem fome… assim como todas as outras Relíquias.

As treze relíquias
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

   Dyrwyn é a mais poderosa de todas as Relíquias e tem fome de sangue. Mas não pode ser alimentada com sangue qualquer, pois pode abrir seu apetite por poderes muito fortes, o que Sarah descobre da pior forma possível. Aliás, a Dyrwyn tem tudo a ver com a história de Rei Arthur e não, ela não é a Excalibur. Na verdade, Excalibur, a espada super famosa de Arthur, por ser fincada numa rocha, era uma espada forjada em sangue inocente, responsável por Dyrwyn, a verdadeira espada da rocha, ser uma Espada Quebrada e enferrujada hoje. Não apenas ela, mas todas as outras Relíquias precisam ser alimentadas. Reinos se mantiveram fortes por séculos porque tinha um guardião no trono, alimentando com sangue real suas Relíquias (entenderam agora a referência de Henrique VIII e suas esposas degoladas?). Quem busca reunir as Relíquias todas sabe disso e deseja alimentá-las com sangue da Humanidade.
   As Relíquias foram forjadas para proteger a Humanidade de um futuro sombrio e cabia a uma pessoa extremamente poderosa, mais do que qualquer feiticeiro que já viveu, forjá-las. Essa pessoa extremamente poderosa, hoje é conhecida por um nome parecido com o citado no livro, mas considerá-la um feiticeiro poderoso implica em derrubar todas as crenças que nos são pregadas. Essa pessoa, um menino, foi capaz de criar ferramentas tão poderosas, que funcionam como selos e nos salvaram por séculos. E derrubar os selos que resistem até hoje, implica em ter poder suficiente para se tornar rei do mundo, literalmente.
   E é isso que Amirhan quer. Sonhando com isso desde criança, ele conheceu de uma forma inusitada a história das Relíquias. Desde então, fez disso sua missão de vida: encontrar todas as Relíquias e ser o cara mais poderoso do mundo. Seus obstáculos são apenas os guardiões, que são hoje velhos e sem a agilidade que tinham antigamente. Acontece que Sarah acaba atrapalhando seus planos, mesmo que indiretamente. Ela tem mais poder do que se imagina, isso porque sua linhagem é poderosa e nobre e vai fazer de tudo para salvar o nosso mundo das sombras.
   Conheci esse livro muito por acaso, quando baixei uma série de livros em pdf. Coloquei na lista, sem muita expectativa quanto à leitura, mas me surpreendi. Aqui vocês vocês podem crer que ficarão com um misto de sentimentos: curiosidade, raiva, ansiedade e até medo do escuro. Sério… Arimhan tem uma carta na manga, que nenhum guardião poderia contar: ele sabe lidar com magia antiga.

“Tudo o que precisavam era o agente certo: um humano com desejo de conhecimento absoluto e pronto para fazer qualquer coisa para alcançar esse objetivo.”

   Pessoas como ele já haviam morrido há séculos, assim como seus feitiços. Mas Arimhan, um cara forte e extremamente sedutor, quer mais do que beleza e saber magia antiga: ele quer ser um deus.
   Para isso, precisa reunir todas as Relíquias, nem que isso custe vidas, com as quais ele nem liga. Assim, várias cenas em que ele tenta descobrir o paradeiro delas são banhadas em sangue. Como estamos em pleno século XXI, assassinatos envolvendo situações que demonstram tortura não seriam deixados de lado pela polícia. E é aí que entra o suspense (ou nem tanto assim, já que nos é revelado logo de cara que Arimhan é o mandante do crime), envolto em muitas cenas de crime bizarras e dignas de pesadelos, os quais são todos levados a crer que foram cometidos por Sarah, a única suspeita de tudo, o que a torna uma criminosa internacional. E sua missão passa de salvar o mundo a fazer isso e provar sua inocência.

As treze relíquias
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

   Confesso que essa foi uma combinação estranha de gêneros literários num primeiro momento, mas que deu bastante certo. Quando peguei ele para ler, pensei que seria apenas um livro de fantasia, com muita magia e personagens míticos, mas estava bem enganada. Gostei bastante de como os autores souberam lidar com as cenas do livro. Eu sempre tenho um pé atrás quando uma única história é escrita por dois autores. Pois parece que vai ficar ponta solta. Mas não foi o que aconteceu aqui. Todos os personagens tem um final, todas as coisas são explicadas em algum momento. E muitas dessas coisas são explicadas em cenas de ação, as quais são bem descritas e bem detalhadas, que me fizeram entrar na história e sair correndo, ou enfrentar os perigos junto com os personagens.
   Com relação aos detalhes das cenas, há quem reclame das cenas com requintes de crueldade descritas no decorrer do livro. Mas apesar de serem cruéis, eram cenas necessárias para contextualização dos personagens.
   Esse não é um livro em que os heróis são feitos de açúcar e só os bandidos são malvados. Nossa mocinha, a Sarah, poderia ser uma pessoa como outra qualquer no mundo. Ela é uma moça que não viveu muito além do que seus pais permitiam. Sua mãe parecia não gostar muito dela, pois sempre dava um jeito de lhe colocar para baixo, mandava ela trabalhar em locais que não gostava, meio que para sustentar a vida que seus irmãos mereciam ter, correndo atrás de seus sonhos.
  Sarah apenas desejava uma coisa diferente em sua vida monótona, mas ela não esperava que ia conseguir uma aventura tão radical dessa forma. Confesso que achei ela bem sem sal no começo. Me parecia aquela protagonista chata e reclamona, mas paguei pela minha língua, ainda mais depois que ela continuou as investigações de Judith. Ela se tornou forte, corajosa e, mesmo sendo uma situação bem louca, diga-se de passagem, ela conseguiu se manter firme e não perdeu a sanidade, embora eu tivesse dúvidas com relação a isso em alguns momentos.
   Amirhan, por sua vez, é um vilão que vai me ficar marcado. Acho que nunca li sobre um personagem tão perverso quanto ele. Sério… ele não tem sentimentos, não tem coração… só pode! E Ambrose… ah, preparem-se, porque ele vai te dar uma rasteira com suas revelações! E tudo o que você achava que sabia do mundo cai por terra. Se era isso o que os autores queriam, conseguiram, pois foi exatamente isso que aconteceu.
   Com “tiro, porrada e bomba”, regados a magia e um pouco de suspense no ar, dou nota máxima à minha última leitura do ano.

   E com ela, encerramos também nossas postagens de 2019. Hoje entramos de recesso e retornaremos às nossas atividades no dia 11/01.
   Quem quiser adquirir o livro, ele está disponível para venda através do link abaixo. Lembrando que, comprando através dele, vocês ajudam o Mundinho a ganhar comissão, sem que isso altere o valor de sua compra. 😉


Boas festas a todos e muitas leituras em 2020! 😉

Postado por:

Hanna de Paiva

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