Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de uma de minhas últimas leituras, em parceria com o autor nacional Everton Gullar.
19/12
Livro: Assassinos de Anúbis
Autor: Everton Gullar
Editora: Independente/Amazon
Páginas: 248
Safir é vitimado por um câncer agressivo nos pulmões e se vê com os dias contados. Restam-lhe em torno de 90 dias. Para passar seu tempo, decide cultivar pés de tomate-cereja, renega qualquer tratamento ou intervenção cirúrgica. Mas, com o retorno de Juliana, seu grande amor, com quem foi casado e traído, Safir sobrevive, porém já não é mais o mesmo. Algo mudou de forma grave, ele decide marchar contra o sistema. Trilha um caminho sem volta, vivendo entre o bem e o mal.
Até conhecer Lauro, o presidente do Hospital de Transplante do Estado que percebe suas qualidades, um poderoso soldado, e convida-o para fazer parte dos Assassinos de Anúbis, organização secreta que age pelas sombras da sociedade, lutando contra a corrupção e a falta de órgãos no banco de transplantes. Os políticos corruptos passam a ser julgados por Anúbis e podem ser devorados por Ammit.
Você tem os dias contados, por causa de uma doença, sem esperança de cura… O que você prefere fazer? Viver como se não houvesse amanhã, pois na verdade não há, ou se lamentar por todos os seus últimos dias vivo(a)?
Safir Opal tem exatamente esse dilema. Traído e abandonado pela única mulher que amou na vida, diagnosticado com câncer avançado nos pulmões e com os dias contados. Tudo o que ele menos quer é sofrer tomando medicamentos que não são 100% eficazes contra seu tumor, muito menos sofrer com os olhares de pena das pessoas que sabem que ele está morrendo.
Assim, decide passar seus últimos dias com uma vida tranquila, fingindo que está tudo bem. Mas as coisas parecem que vão de mal a pior, a cada passo que ele dá nessa tentativa.
Sua única coisa boa da vida são os tomates-cereja, que ele acaba comprando numa floricultura, com a promessa de que vão dar frutos antes de sua morte, segundo o que foi estipulado pelo médico que cuida do seu caso.
Cansado de ser um nada para a sociedade, ele decide que a última coisa que pode fazer em prol da Humanidade é doar os seus outros órgãos sadios para pacientes que estão na fila de transplante. Assim, ele vai parar no Hospital Estadual de Transplantes, a fim de saber como seria o procedimento.
Porém, nesse mesmo hospital, o que era para ser uma espécie de despedida digna, acabou se tornando um convite a uma vida nova, fazendo mais coisas pela Humanidade do que imaginava.
“Sinto por isso, mas até os mais sábios morrem.”
Recebi o convite do autor para ler esse livro, com a promessa de ser algo no estilo thriller/noir. Como eu só tive uma experiência com o gênero, aceitei o convite.
E foi uma experiência bem diferente. Safir poderia muito bem ser qualquer um de nós. Aliás, todos os personagens que Safir conhece depois do convite podem ser qualquer um de nós. São pessoas comuns, que passam perfeitamente no meio da multidão, vivendo vidas comuns, tendo empregos comuns, sobrevivendo a fatos comuns.
Safir é o primeiro que conhecemos. Um cara que perdeu tudo ao mesmo tempo: a mulher que amava, emprego, e até a vida, já que está com os dias contados, de acordo com seus últimos exames. Diagnosticado com um câncer raro no pulmão, ele não vê muita alternativa e apenas quer deixar sua marca no mundo, nem que seja nos últimos momentos que tem morando nele.
Com a esperança de ser um herói, salvando vidas na fila do transplante, ele acaba recebendo um convite para lá de esquisito: e se, em vez de doar seus próprios órgãos, ele arranjasse órgãos alheios, para salvar mais gente?
Esse convite parte logo do diretor do hospital, o Dr. Lauro. Safir até acha interessante a forma como o convite é proposto, de onde viriam os tais órgãos. Mas, como ele faria isso? Ainda mais, em quanto tempo ele faria isso, se estava com o pé na cova?
“Somos todos, vítimas de células mutantes que resolveram comer nossos órgãos a serviço de seu dom.”
Mas eis que Lauro, com sua genialidade, tem uma pesquisa, a qual pode salvar a vida de Safir e lhe dar mais alguns dias de luta, fazendo parte dos Assassinos de Anúbis.
Para quem não sabe, Anúbis é um deus egípcio, que guiava as almas rumo ao submundo. De acordo com os escritos, Anúbis julgava os corações das almas, pesando numa balança e comparando com a Pena da verdade.
Se o coração fosse mais pesado que a pena, a alma era devorada por Ammit, um demônio que faria a alma sofrer eternamente. Mas, caso a pena pesasse mais, a alma era encaminhada ao paraíso por Anúbis.
Assim, cabia aos Assassinos de Anúbis pesar os corações dos “doadores de órgãos” que eles eram encarregados de procurar. Julgados com os corações pesados, eles são mortos e enviados ao Hospital Estadual de Transplantes.
“Perco muito tempo durante os dias me perguntando se estou fazendo a coisa certa, se no final de tudo não me arrependerei.”
Ao se juntar à liga dos Assassinos de Anúbis, Safir deveria perder seu nome e adotar um novo, para evitar relações com seu passado. Esse nome tem que ser importante, algo que marque sua vida. Assim, ele passa a ser chamado de Tomate-Cereja, pois foram eles que o fizeram ver uma nova vida, por mais estranha que fosse.
Tomate-Cereja, então, passa a recrutar novos integrantes para a liga, os quais vão nos sendo apresentados no decorrer do livro. Então conhecemos Fêmur, Braço, Pai e mais alguns outros, trabalhando nessa missão com nosso protagonista.
Ao ler o livro, através de algumas referências, mesmo com o nome “disfarçado”, conhecemos que a estória se passa num Brasil alternativo, porém com várias situações que se tornaram comuns nos jornais: prostituição de menores, corrupção, desvio de verbas, etc.
E cabe aos Assassinos de Anúbis fazer a limpeza no país, o que eles conseguem com maestria. Muitos dos personagens “julgados” estiveram presentes em vários escândalos políticos no mundo real, inclusive, então acaba sendo fácil de visualizar, sem muita descrição deles.
Com muito “tiro, porrada e bomba”, o autor soube levar a obra muito bem até o final, amarrando algumas pontas, dando até um tipo de “final feliz” para nosso Safir, e um gancho para o que iremos ver daqui por diante.
Isso porque Assassinos de Anúbis é o primeiro volume de uma trilogia, cujo segundo volume já foi lançado e, logo que der, teremos resenha dele por aqui também.
A linguagem do Everton é bem fluida, então a leitura acaba sendo bem rápida e tranquila, apesar do assunto te deixar com nó no estômago, por ser um tanto pesado, conforme os outros recrutas nos são apresentados.
Isso porque conhecemos as situações pelas quais eles merecem ser os soldados em nome de Anúbis, fazendo justiça ao seu modo no mundo. Na real, os Assassinos de Anúbis são justiceiros, fazendo o que o sistema não faz, e nem tão rápido também.
“A vida é um imenso quebra-cabeça, como dominó jogado por jogadores experientes, jogadores de cadeia. A roleta russa dos órgãos, a sorte lançada, um prato de sopa no meio da madrugada de inverno para satisfazer cem famintos.”
Para eles, os culpados devem ser devorados pelos Assassinos, para ter seus órgãos doados para verdadeiras pessoas de bem, como uma espécie de única boa-ação da vida, ainda que forçada. Os personagens foram muito bem bolados, e consegui me identificar perfeitamente com eles, chegando até a torcer para que eles se dessem bem no final.
Falando sobre o livro em si, eu li a versão ebook. Então posso falar que a fonte é bem legível, mas me incomodaram alguns problemas de configuração do arquivo, como a numeração da página no meio da frase, o que, por muitas vezes, pode confundir o leitor, que está envolvido com a trama.
Além disso, tem alguns errinhos de digitação, que poderiam ser revisados numa próxima edição. Por causa disso, dou ao livro quatro estrelas. Pois, mesmo com os errinhos aqui e ali, é um ótimo livro, que te deixa com aquele gostinho de quero mais.
Já tinham lido esse livro ou algum outro do autor? Gostam de thriller noir? Me contem aí!
devorador de letras
Olá Hanna,
Eu não conhecia esse livro ainda, cheia interessante e bem diferente, não sabia nada dessa mitologia, gostei, dica anotada, parabéns pela resenha.
Bjs.
https://devoradordeletras.blogspot.com/
Luciano Otaciano
Oi, Hanna como vai? Achei a premissa deste livro muito interessante, não conhecia e adorei poder conhece-lo através do seu blog. Me parece uma leitura excelente, apesar de as ressalvas.Ótima resenha. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Felipe
Oi Hanna, tudo bem?
Não conhecia, valeu pela dica!
Blog Entrelinhas
Maria Valéria - Na Literatura Selvagem
Ola, Hanna. Olha, não tinha visto esse livro ainda. Eu amo mitologia egípcia, e Anubis é meu amorzinho. Tenho até tatuado no braço ehhehe interessante essa referência e ele e ao julgamento do antigo Egito. Achei meio estranho o novo nome do protagonista, mas ok, entendo que faz parte do contexto heheh
Espero que você aprecie a leitura do volume seguinte.
Küss 😘
Hanna Carolina Lins
Obrigada! =)
Hanna Carolina Lins
É uma ótima leitura Luciano, recomendo. =)
Hanna Carolina Lins
De nada! =)
Hanna Carolina Lins
Nossa, que legal vc ter uma tatuagem logo com a divindade do livro! Amei! kkk É uma mitologia bem interessante mesmo, se não me engano, ela é explorada em alguns livros de Neil Gaiman também. E sim, o nome dele é estranho, mas por incrível que pareça, não tem a ver com a mitologia… rs
Graziela Costa
Essa deve ser uma trilogia bem interessante, gostei do enredo e daria uma com certeza uma boa leitura. Gostei!
Poesia na alma
Se tivesse os dias contados por causa de uma doença 'que não tem cura' na medicina ocidental, iria procurar a alternativa e ficar de boas vivendo o que me resta de tempo. Agora vou dizer, esse lance dos órgãos é bem mais que minha mente poderia imaginar de uma pessoa que está prestes a morrer e já foi suficiente para e causar profunda curiosidade. Essa parece uma trilogia peculiar que preciso ler para entender alguns pontos que me deixaram curiosa.
Débora Vicente
O nome desse livro me chama muito atenção, mas tenho medo de que no meio para o final perca o foca e a história
Subsolo da mente
Olá!
Eu ainda não conhecia esse livro e fiquei bem curiosa com sua resenha. 😍 Ainda mais por ser um livro nacional, pois amo conhecer novos autores do nosso país.
Achei a proposta bem diferente e bacana, nunca li nada parecido. Eu não conhecia esse Deus egípcio e achei bem bacana o modo que o autor trouxe para o livro.
Gostei muito do gênero e por isso espero ler em breve.
Dica anotada, beijos
Yasmine
Eu adorei a pegada suspense e achei interessante, porém clichê, a história do cara que tá no fim da vida e resolve ser um justiceiro. Agora, eu achei bem engraçado o cara ser chamado de Tomate-Cereja, hahaah, a escolha foi algo que deu um alívio cômico para a trama.
𝘗𝘖𝘙 𝘋𝘌𝘉𝘖𝘙𝘈 𝘚𝘈𝘗𝘗𝘏𝘐𝘙𝘌
Essa história realmente é um choque de realidade em como
esse personagem sobrevive, porém ele já não é mais o mesmo de antes. Muito interessante afa como ele irá descobrir uma nova razão para viver e ainda ter a chance de fazer algo muito melhor para a humanidade através desse convite bem peculiar e inusitado em comparação com a nossa vida real! Haha Enfim, ótimo que apesar dos erros, ainda seja uma leitura que dá um gostinho de quero mais.
Chris Ferreira
Oi Hanna, achei a história bem interessate com essa reviravolta no destino do personagem. Bom, se eu tivesse os dias contados (espero que não aconteça), ia querer viver tudo o que há para viver. Aproveita ao máximo o convívio com as pessoas que amo.
beijo
Chris
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Carol Nery
Oi Hanna
Eu achei bem interessante essa resenha sua. Que livro diferente… Eu sou muito louca por Thriller. Se tiver aquele "gostinho" noir então, eu vou sem medo de ser feliz!!!
Adorei conhecer a história e ler sobre sua análise da obra. Por ser Br ainda me dá mais um ânimo a parte.
Erika Monteiro
Oi Hanna, tudo bem? Bem interessante a temática desse livro. Acredito que as pessoas são bem diferentes e cada uma reage de uma forma quando de frente à uma situação dessa. Imagina receber essa notícia? Alguns iriam se desesperar, outros ficariam com raiva, e outros viveriam como se não houvesse amanhã. Eu sinceramente não sei como me sentiria. Acredito que a primeira reação é ficar triste ou deprimido. Outro ponto é "matar" as pessoas más. Acredito que nós não temos o direito de julgar ninguém. Só Deus conhece nossos corações concorda? Um abraço, Érika =^.^=
Aruom Fenix
A premissa do livro parece ser muito interessante! E os pontos que você levantou na resenha me deixaram curiosa para fazer a leitura do livro e ver o deserolar desta narrativa!
Parabéns pelo seu trabalho
Bjs Aruom Fênix 💜
Blog Leituras de Aruom
Lucas G. Buchinger
“Sinto por isso, mas até os mais sábios morrem."
Eu particularmente amei essa frase! Amei sua resenha e fiquei com minha curiosidade aguçada! Parabéns pelo post!
Sil
Olá, Hanna.
Eu achei o enredo do livro muito interessante. E como tem um pé no Egito que amo, já me deu muita vontade de ler ele. Se der vou ler com certeza.
Prefácio
Karina Rodrigues
Mas que sinopse mais interessante! E ela deu um giro 360° de onde eu achei que estava indo. Paciente de câncer, só tem alegria tomates-cereja… de repente liga de assassinos! Minha cara. Adorei sua resenha, como sempre bem contextualizada e clara.
Bjos
Hanna Carolina Lins
Sim, é uma ideia bem peculiar, eu também não esperava por isso e me surpreendeu bastante.
Hanna Carolina Lins
Não perde o foco, pode ler sem medo. 😉
Hanna Carolina Lins
É uma boa ideia Chris. 😉
Hanna Carolina Lins
Sim, é uma combinação ótima! =)
Hanna Carolina Lins
Dá mesmo Debora.
Hanna Carolina Lins
Na verdade não é bem cômico, tem toda uma explicação dos codinomes escolhidos pelos soldados… rs
Hanna Carolina Lins
Eu achei sensacional também, ficou até globalizado… rs
Hanna Carolina Lins
Obrigada!
Sim, essa frase é maravilhosa! =)
Hanna Carolina Lins
Eu não me sinto capaz de julgar ninguém, até porque também tenho meus pecados… não sei se sou tão má quanto as pessoas que posso dizer que são. Então acaba ficando algo estranho… Mas tem que levar em consideração também o contexto do livro… ele é mais sombrio e é bem no estilo, "se estou morrendo, vocês vão morrer comigo"…
Hanna Carolina Lins
Espero que goste da leitura! ^^
Hanna Carolina Lins
Né menina! Foi um giro e tanto! Mas que deu certo. Espero que continue assim no segundo volume.
Pacote Literário
Oi Hanna! Que legal a sua visão sobre esse livro. Esse autor vem se destacando no cenário nacional, tenho visto muitas resenhas de livros dele, acho que fecharemos parceria em breve. Mas eu creio que não serei eu a leitora mas uma das colunistas do Pacote, pois tenho dificuldade tanto com o mistério intenso quanto com a parte fantasiosa. Beijos! Karla Samira