4 de June de 2020

Assassinos de Anúbis – Everton Gullar

Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de uma de minhas últimas leituras, em parceria com o autor nacional Everton Gullar.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

19/12

Livro: Assassinos de Anúbis

Autor: Everton Gullar 

Editora: Independente/Amazon

Páginas: 248

Skoob | Amazon

Safir é vitimado por um câncer agressivo nos pulmões e se vê com os dias contados. Restam-lhe em torno de 90 dias. Para passar seu tempo, decide cultivar pés de tomate-cereja, renega qualquer tratamento ou intervenção cirúrgica. Mas, com o retorno de Juliana, seu grande amor, com quem foi casado e traído, Safir sobrevive, porém já não é mais o mesmo. Algo mudou de forma grave, ele decide marchar contra o sistema. Trilha um caminho sem volta, vivendo entre o bem e o mal.

Até conhecer Lauro, o presidente do Hospital de Transplante do Estado que percebe suas qualidades, um poderoso soldado, e convida-o para fazer parte dos Assassinos de Anúbis, organização secreta que age pelas sombras da sociedade, lutando contra a corrupção e a falta de órgãos no banco de transplantes. Os políticos corruptos passam a ser julgados por Anúbis e podem ser devorados por Ammit.

  Você tem os dias contados, por causa de uma doença, sem esperança de cura… O que você prefere fazer? Viver como se não houvesse amanhã, pois na verdade não há, ou se lamentar por todos os seus últimos dias vivo(a)?  

Safir Opal tem exatamente esse dilema. Traído e abandonado pela única mulher que amou na vida, diagnosticado com câncer avançado nos pulmões e com os dias contados.   Tudo o que ele menos quer é sofrer tomando medicamentos que não são 100% eficazes contra seu tumor, muito menos sofrer com os olhares de pena das pessoas que sabem que ele está morrendo.  

Assim, decide passar seus últimos dias com uma vida tranquila, fingindo que está tudo bem. Mas as coisas parecem que vão de mal a pior, a cada passo que ele dá nessa tentativa.  

Sua única coisa boa da vida são os tomates-cereja, que ele acaba comprando numa floricultura, com a promessa de que vão dar frutos antes de sua morte, segundo o que foi estipulado pelo médico que cuida do seu caso.  

Cansado de ser um nada para a sociedade, ele decide que a última coisa que pode fazer em prol da Humanidade é doar os seus outros órgãos sadios para pacientes que estão na fila de transplante. Assim, ele vai parar no Hospital Estadual de Transplantes, a fim de saber como seria o procedimento.  

Porém, nesse mesmo hospital, o que era para ser uma espécie de despedida digna, acabou se tornando um convite a uma vida nova, fazendo mais coisas pela Humanidade do que imaginava. 

“Sinto por isso, mas até os mais sábios morrem.”

Recebi o convite do autor para ler esse livro, com a promessa de ser algo no estilo thriller/noir. Como eu só tive uma experiência com o gênero, aceitei o convite. 

E foi uma experiência bem diferente. Safir poderia muito bem ser qualquer um de nós. Aliás, todos os personagens que Safir conhece depois do convite podem ser qualquer um de nós. São pessoas comuns, que passam perfeitamente no meio da multidão, vivendo vidas comuns, tendo empregos comuns, sobrevivendo a fatos comuns.  

Foto: Divulgação

Safir é o primeiro que conhecemos. Um cara que perdeu tudo ao mesmo tempo: a mulher que amava, emprego, e até a vida, já que está com os dias contados, de acordo com seus últimos exames.   Diagnosticado com um câncer raro no pulmão, ele não vê muita alternativa e apenas quer deixar sua marca no mundo, nem que seja nos últimos momentos que tem morando nele.  

Com a esperança de ser um herói, salvando vidas na fila do transplante, ele acaba recebendo um convite para lá de esquisito: e se, em vez de doar seus próprios órgãos, ele arranjasse órgãos alheios, para salvar mais gente?  

Esse convite parte logo do diretor do hospital, o Dr. Lauro. Safir até acha interessante a forma como o convite é proposto, de onde viriam os tais órgãos. Mas, como ele faria isso? Ainda mais, em quanto tempo ele faria isso, se estava com o pé na cova? 

“Somos todos, vítimas de células mutantes que resolveram comer nossos órgãos a serviço de seu dom.”

Mas eis que Lauro, com sua genialidade, tem uma pesquisa, a qual pode salvar a vida de Safir e lhe dar mais alguns dias de luta, fazendo parte dos Assassinos de Anúbis. 

  Para quem não sabe, Anúbis é um deus egípcio, que guiava as almas rumo ao submundo. De acordo com os escritos, Anúbis julgava os corações das almas, pesando numa balança e comparando com a Pena da verdade.  

Se o coração fosse mais pesado que a pena, a alma era devorada por Ammit, um demônio que faria a alma sofrer eternamente. Mas, caso a pena pesasse mais, a alma era encaminhada ao paraíso por Anúbis.    

Assim, cabia aos Assassinos de Anúbis pesar os corações dos “doadores de órgãos” que eles eram encarregados de procurar. Julgados com os corações pesados, eles são mortos e enviados ao Hospital Estadual de Transplantes. 

“Perco muito tempo durante os dias me perguntando se estou fazendo a coisa certa, se no final de tudo não me arrependerei.”

  Ao se juntar à liga dos Assassinos de Anúbis, Safir deveria perder seu nome e adotar um novo, para evitar relações com seu passado. Esse nome tem que ser importante, algo que marque sua vida. Assim, ele passa a ser chamado de Tomate-Cereja, pois foram eles que o fizeram ver uma nova vida, por mais estranha que fosse.  

Tomate-Cereja, então, passa a recrutar novos integrantes para a liga, os quais vão nos sendo apresentados no decorrer do livro. Então conhecemos Fêmur, Braço, Pai e mais alguns outros, trabalhando nessa missão com nosso protagonista.  

Ao ler o livro, através de algumas referências, mesmo com o nome “disfarçado”, conhecemos que a estória se passa num Brasil alternativo, porém com várias situações que se tornaram comuns nos jornais: prostituição de menores, corrupção, desvio de verbas, etc.  

E cabe aos Assassinos de Anúbis fazer a limpeza no país, o que eles conseguem com maestria. Muitos dos personagens “julgados” estiveram presentes em vários escândalos políticos no mundo real, inclusive, então acaba sendo fácil de visualizar, sem muita descrição deles.  

Com muito “tiro, porrada e bomba”, o autor soube levar a obra muito bem até o final, amarrando algumas pontas, dando até um tipo de “final feliz” para nosso Safir, e um gancho para o que iremos ver daqui por diante. 

Isso porque Assassinos de Anúbis é o primeiro volume de uma trilogia, cujo segundo volume já foi lançado e, logo que der, teremos resenha dele por aqui também.  

A linguagem do Everton é bem fluida, então a leitura acaba sendo bem rápida e tranquila, apesar do assunto te deixar com nó no estômago, por ser um tanto pesado, conforme os outros recrutas nos são apresentados.  

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Isso porque conhecemos as situações pelas quais eles merecem ser os soldados em nome de Anúbis, fazendo justiça ao seu modo no mundo.   Na real, os Assassinos de Anúbis são justiceiros, fazendo o que o sistema não faz, e nem tão rápido também. 

“A vida é um imenso quebra-cabeça, como dominó jogado por jogadores experientes, jogadores de cadeia. A roleta russa dos órgãos, a sorte lançada, um prato de sopa no meio da madrugada de inverno para satisfazer cem famintos.”

Para eles, os culpados devem ser devorados pelos Assassinos, para ter seus órgãos doados para verdadeiras pessoas de bem, como uma espécie de única boa-ação da vida, ainda que forçada.  Os personagens foram muito bem bolados, e consegui me identificar perfeitamente com eles, chegando até a torcer para que eles se dessem bem no final. 

Falando sobre o livro em si, eu li a versão ebook. Então posso falar que a fonte é bem legível, mas me incomodaram alguns problemas de configuração do arquivo, como a numeração da página no meio da frase, o que, por muitas vezes, pode confundir o leitor, que está envolvido com a trama.  

Além disso, tem alguns errinhos de digitação, que poderiam ser revisados numa próxima edição.   Por causa disso, dou ao livro quatro estrelas. Pois, mesmo com os errinhos aqui e ali, é um ótimo livro, que te deixa com aquele gostinho de quero mais. 

 Já tinham lido esse livro ou algum outro do autor? Gostam de thriller noir? Me contem aí!

Postado por:

Hanna de Paiva

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