Olá meu povo, como estamos? Vamos de musical novamente? A antologia ‘Tudo Fica Melhor em Musicais’ continua e agora temos ‘Atenciosamente, Eduarda Hernandes’, escrito por Camila Cerdreira e inspirado no espetáculo ‘Querido Evan Hansen’.
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Livro: Atenciosamente, Eduarda Hernandes
Autora: Camila Cerdeira
Editora: Se Liga! Editorial
Ano: 2021
Páginas: 30
Eduarda Hernandes acha que escrever cartas para si mesma é bastante desesperador e depressivo. Ainda assim, ela recorre ao recurso para tirar algumas coisas do peito, afinal, ela não pode dizer para a melhor amiga, a pessoa para quem sempre contou tudo, que está apaixonada por ela.
Durante a montagem do musical de ‘Querido Evan Hansen’ que, inclusive, a inspirou a escrever as cartas, as coisas vão sair do controle e Eduarda precisará ser honesta não apenas consigo, mas também com Maria Flor, mesmo que isso signifique perder a amizade dela.
Eduarda Hernandes (ou Duda) é uma verdadeira apaixonada por artes cênicas. Embora sua cidade não seja muito focada em espetáculos de teatro, ela se agarra às poucas chances que aparecem e faz tudo com muito gosto.
Atualmente, trabalha em uma companhia muito importante como cenógrafa. Junto ao seu amigo Belchior, ficam nos bastidores, garantindo que as peças sejam realizadas com sucesso e comemorando a cada conquista. O trabalho atual da equipe é montar a peça ‘Querido Evan Hansen’, uma obra bastante famosa internacionalmente.
E agora eles têm a responsabilidade de trazer uma versão brasileira para ser apresentada em Fortaleza (CE). No entanto, um trabalho desse porte exige muito da equipe e o estresse vai lá no alto. Para completar, Eduarda é apaixonada por Maria Flor, sua melhor amiga e uma das atrizes da peça, que está bem nervosa conforme a data da estreia se aproxima.
Muito estressada e sem poder confessar seu amor para a amiga, a jovem decide seguir o exemplo do protagonista do livro e escrever cartas encorajadoras e de desabafo a si mesma, as quais ficam guardadas dentro do exemplar de ‘Querido Evan Hansen’. Mas as coisas não são tão simples assim e logo Eduarda vai perceber que se meteu no mesmo tipo de confusão de Evan. Resta saber se ela terá coragem de resolver tudo.
“Como você podia sentir que, ao encontrar alguém, tudo ao seu redor para, que o tempo para?”
‘Querido Evan Hansen’ é um livro que teve bastante hype uns tempos atrás. Apesar disso, não li na época, esperando “a poeira baixar” para evitar qualquer influência. No entanto, acabei esquecendo dele e fui lendo outros títulos que apareceram na lista.
Depois que li o conto nacional inspirado na obra, fui pesquisar também sobre a versão original. Para quem, assim como eu, não tinha lido, a trama gira em torno de Evan Hansen, um rapaz que sofre de ansiedade e escreve cartas encorajadoras para si mesmo.
Porém, uma das cartas cai nas mãos de quem não devia e o rapaz tem um dilema: viver com uma mentira que as pessoas acreditam ou contar a verdade sobre o que de fato aconteceu. Além disso, a obra original traz uma aura densa e cheia de gatilhos, o que felizmente não acontece em ‘Atenciosamente, Eduarda Hernandes’.
A versão brasileira é bem curtinha e dá para ler em uma sentada, com direito a cenas constrangedoras, porém também divertidas e um final previsível. Gostei bastante também por se passar no Ceará, um estado tão rico em cultura e arte, mas que infelizmente não é muito presente em minhas leituras (percebi que boa parte das minhas escolhas de livros nacionais acabam ficando numa bolha “Rio de Janeiro/São Paulo”). Então, foi maravilhoso poder viajar para o Nordeste e ter novos horizontes literários. Narrado em primeira pessoa, vemos os acontecimentos pelo ângulo de Eduarda (ou Duda, para os íntimos).
Ela é verdadeiramente apaixonada pelo que faz e, mesmo tendo talento para ser uma grande atriz, prefere ficar por trás das cortinas. É nítido o seu entusiasmo quando está nos bastidores e vendo “a magia acontecer” antes do público chegar.
Junto de Belchior, eles formam uma grande dupla. Dentro e fora do teatro, esses dois são bastante unidos e estão sempre torcendo um pelo outro. Além disso, o rapaz sabe do dilema de Duda, perdidamente apaixonada pela melhor amiga e sem poder confessar o sentimento que lhe corrói a cada dia. Inspirada no livro do qual estão montando a peça, a protagonista decide extravasar sua agonia através de cartas escritas para si mesma, as quais ela guarda dentro do próprio exemplar que carrega consigo.
Assim, conhecemos também um pouco do que ela sente em relação a uma série de coisas. Negra e bissexual, sabe na alma o que é o preconceito. Embora pareça forte por fora, é uma mulher que tem seus altos e baixos, como qualquer pessoa. Isso a faz mais humana e crível.
Além disso, ao ler a descrição de sua relação com Maria Flor (a melhor amiga), é nítido o quanto ela nutre esse sentimento há um tempo considerável. Porém, vendo as situações que sua amiga passa, Duda morre de medo de perder uma das poucas amizades verdadeiras que possui.
Sua única saída são as cartas que se tornam frequentes, especialmente por conta do estresse da estreia do espetáculo a cada dia mais próximo. Ela tenta ao máximo lidar também com certas situações mais desgastantes, de modo especial quando precisa falar com Filipe, o dono da companhia.
Arrogante, narcisista, preconceituoso e machista, o cara se sente o rei do teatro, por ser o único que conseguiu levar esse tipo de arte para a cidade e fez sucesso. A equipe é obrigada a aceitar o que ele diz, porém não sem deixar o clima tenso.
O nervosismo impera pelos corredores, ainda mais com a possibilidade de montar um espetáculo baseado em uma obra internacional bastante “hypada”. Eduarda está feliz por participar da cenografia de uma das suas histórias favoritas, mas isso não quer dizer que esteja tranquila. Filipe está deixando todos mais apreensivos do que o necessário, sobretudo por suas escolhas sem sentido em relação ao elenco.
Maria Flor poderia muito bem ser a atriz principal, porém é jogada para escanteio pelo simples motivo de não ter nascido branca e, supostamente, por não ter o talento necessário para atuar. Isso gera diversos momentos indigestos ao longo da trama e toda vez que esse babaca aparecia eu já revirava os olhos. Só queria que ele sofresse combustão instantânea e deixasse a moça em paz.
A única pessoa que entende a dor de Maria Flor é Eduarda, que também sabe na pele o que é ser ridicularizada só por existir. No entanto, Duda precisa pisar em ovos a todo momento, pois não pode correr o risco de deixar seu coração falar mais alto e se declarar de qualquer jeito.
Vendo as coisas pelo lado da protagonista, ela age como se Maria Flor fosse um sonho distante e até doloroso de ser realizado. Assim, ler as cartas que escreve para si mesma, tentando disfarçar algo que está escrito em sua testa e piscando em neon, é muito triste.
E sua situação fica mais delicada ainda quando a moça percebe que perdeu o livro em que guardava as cartas. Qualquer pessoa poderia ter encontrado, lido suas palavras e gerado um constrangimento desnecessário.
Enquanto procura desesperadamente pelo exemplar, ela precisa fingir que nada aconteceu e a vida segue. Porém, a forma como ela faz isso beira o filme de comédia romântica, o que rende umas cenas mais engraçadas.
O final é previsível, porém digno. Como é um texto de menos de 50 páginas, não tinha tanto espaço para desenvolvimento. Mas a autora soube lidar muito bem e mostrou uma história com começo, meio e fim definidos.
Com uma escrita fluida e super gostosa, a escritora me manteve imersa ao longo da leitura e eu terminei sentindo saudade dos personagens. Em relação à obra em si, li em versão digital. Então, posso dizer que a diagramação está muito bonita e a revisão bem feita.
A capa segue o padrão das outras, com um desenho simples e objetivo. Traz o casal protagonista em destaque, no palco, com padrão de cores bem pensado, porém não muito chamativo. Em resumo, se você gosta de histórias que se passam no Nordeste e trazem representatividade, recomendo a leitura.
Já conheciam alguma obra da autora? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Carol Daixum
Eu não conhecia esse livro, incluindo o que inspirou a história hehehe! Gostei da premissa e pelo que você contou merecia ter mais páginas. E achei a capa bem fofinha! ♥
Beijos, Carol
http://www.pequenajornalista.com
Anônimo
Oie, tudo bem?
Gosto bastante da temática, parece ser um livro bem interessante! Que bom que gostou, adorei a dica!
Blog Entrelinhas
Luciano Otaciano
Oi, Hanna. Tudo bem? A obra me parece ser ótima, nê? O Nordeste brasileiro tem uma cultura tão rica, acho muito legal autores (as) falarem mais desta maravilhosa cultura nordestina. Que bom que curtiu. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Hanna Carolina Lins
Pois é, também acho que merecia mais páginas, haha. Mas ainda assim, recomendo, a história é bem fofinha.
Hanna Carolina Lins
Sim, é maravilhosa mesmo, Luciano. =)
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou, ^^