Olá meu povo, como estamos? Você já se imaginou vivendo um filme de terror? Como sobreviveria a ele? Pois é exatamente o que os personagens terão que fazer em ‘Como Sobreviver A Um Filme de Terror’, um thriller adolescente escrito por Scarlett Dunmore.
Livro: Como Sobreviver A Um FIlme de Terror
Autoria: Scarlett Dunmore
Tradução: Patricia N. Ramunsen
Editora: Mood
Ano: 2024
Páginas: 288
País: Irlanda
Formato: Impresso
Nota: 3.5/5
Entusiasta de filmes de terror, Charley está determinada a se manter discreta ao ser matriculada em um internato para meninas em uma ilha remota. Isto é, até que alguém comece a matar as alunas da turma do último ano! De elaboradas táticas de intimidação a cabeças decepadas em geladeiras, num piscar de olhos Charley está no centro de um filme de terror adolescente. E essa não é a única coisa alarmante que está acontecendo: ela agora vê os fantasmas!? Assombrada por suas colegas mortas e com todos começando a suspeitar dela, Charley decide fazer algo a respeito. Ela e sua única melhor amiga, Olive, vão resolver os assassinatos e descobrir quem está matando a turma antes da formatura. Charley só precisa que aqueles fantasmas irritantes fiquem quietos e lhe dêem uma mão. Um romance YA em ritmo acelerado sobre duas amigas tentando sobreviver ao último ano… literalmente! Perfeito para fãs de “Rua do Medo”, “O clube da meia-noite” e da franquia “Pânico”.
Charley é aluna nova na Harrogate. O colégio é um internato para meninas, localizado numa ilha remota da Europa onde só entram as pessoas com as melhores recomendações. Contudo, jovens adolescentes se comportam do mesmo jeito, independente do endereço.
Assim, Charley é a nerd, fã de filmes de terror, que mal se encaixa nos clubes e é péssima nos esportes. Sua única amiga no colégio é, também, sua colega de quarto, Olive. As duas se dão bem logo nos primeiros dias e tem bastante coisa em comum, incluindo os gostos por filmes assustadores de franquias famosas. E talvez esse conhecimento sombrio venha bem a calhar, pois coisas muito estranhas estão acontecendo dentro dos corredores da Harrogate.
Mortes sinistras, fantasmas, casos aparentemente sem solução. Somente Charley e Olive parecem ser as únicas capazes de investigar o que está acontecendo, em meio a uma teia de segredos cada vez maior, envolvendo cada tijolo da Harrogate.
“Moramos numa ilha no meio do nada. Não preciso de nada mais assustador que isso.”
Esse foi o meu primeiro contato com as obras da autora. Confesso que o suspense adolescente não é um dos meus favoritos, mas esse eu acabei lendo junto do Clube Lendo Com Os Morcegos pelo mês de dezembro e rendeu momentos surpreendentes (e outros nem tanto).
A narrativa é em primeira pessoa e traz os fatos pelo ângulo da protagonista. Charley acabou de se matricular na Harrogate e nunca esteve em um internato (até porque as finanças de sua família mal davam para isso). Assim, acompanhamos o seu tempo de adaptação e organização para passar o último ano do ensino médio longe da civilização.
Charley tem uma necessidade muito grande de se encaixar nas atividades e se mostrar digna de se manter na escola a todo custo. Isso porque ela tem um medo enorme de voltar para o continente e enfrentar tudo o que deixou para trás.
Eu confesso que fiquei bem curiosa para saber o motivo dela querer tanto se esconder do mundo. Ainda mais por ser uma menina comum apesar de sua fixação (quase doentia) por histórias de terror.
Eu até entendo gostar de um gênero específico, mas do jeito que a menina praticamente idolatrava os filmes e livros, esquecendo totalmente a gama de outras obras que existiam no mundo me deixaram reflexiva. Será que tem mesmo gente assim no mundo real?
A única pessoa que tem uma amizade verdadeira com a novata é Olive, com quem divide o quarto. As duas tem gostos em comum por filmes assustadores. Assim, não demora muito para que a dupla se torne inseparável. Ao contrário de Charley, a nova amiga tem mais destaque em relação aos clubes escolares e acaba tendo mais conexões pelo colégio, o que rende muitas fofocas.
Mas não tira a chance das outras meninas tirarem sarro sempre que a novata aparece e faz algo errado nas aulas de educação física ou festas. O que mostra que não importa se vivem numa ilha remota ou na cidade, o bullying sempre vai existir.
Embora pareça estranho no início, sendo até a causa de seu isolamento em relação às colegas, agora seus conhecimentos serão bastante úteis, pois Charley vai viver seu próprio filme de terror. Isso porque mal ela se habitua com os dias na escola, algumas meninas começam a ser assassinadas.
O desespero fica ainda pior quando a diretora e a polícia encaram os fatos como se não tivesse importância. Afinal, a honra da escola deve permanecer intacta.
Temendo serem as próximas, Charley e Olive começam a investigar por conta própria. Contudo, a novata só não esperava ter umas companhias para lá de inusitadas no meio do caminho.
Eu gostei bastante dessa parte, pois trouxe um alívio cômico para a trama. Em especial depois que a Charley aceita sua nova condição e percebe que não tem muito o que fazer para mudar, a não ser seguir adiante e desvendar o culpado pelos crimes.
O que teria sido muito bom se Charley não desse tanto mole para as pistas que estavam na sua frente. Eu sei que a mocinha nunca tinha sido detetive na vida e agora o medo era um elemento forte na equação. Mas para alguém que se vangloriava tanto de ser esperta para recolher pistas, ela deixava muita coisa passar e depois ficava com cara de tacho, quando via que tinha perdido uma chance importante.
Ao mesmo tempo, fiquei com um ranço sem igual da diretora, que ignorava todos os fatos e agia como se as meninas tivessem apenas saído para comprar um sapato. Minha vontade era entrar no livro e dar uns belos tapas na cara dela, mandar deixar de ser besta e cumprir com sua função de modo decente, para variar.
“Porque, na realidade, não era possível escrever um roteiro para o final. Porque a vida não era um filme. A morte não era uma cena de terror de faz de conta, as pessoas não eram atores, e o sangue não era molho de tomate.”
E acho que a autora também queria manter tudo num clima de sessão da tarde, pois as coisas começaram e terminaram sem sentido. Algumas pontas foram até amarradas, mas eu preferia que tivessem sido mais aprofundadas do que o que foi apresentado.
Fiquei com a sensação de que faltou um pouco de sal nos personagens e eles agiam de uma forma muito irreal. Fora outras perguntas ficaram sem explicação e eu tive a sensação de fofoca contada pela metade, o que murchou minhas expectativas.
Falando sobre o livro em si, a edição física é bem diagramada e tem uma revisão impecável. A fonte legível e as páginas mais grossinhas também ajudaram bastante na experiência de leitura.
Em resumo, “Como Sobreviver A Um Filme de Terror” é uma leitura que não me agradou de todo, mas bom suspense de entrada, para quem quer começar a se aventurar no gênero e não quer sentir medo. Também indicaria se busca um suspense adolescente com boas referências cinematográficas. Contudo, se você já tem bastante conhecimento de thriller, talvez não seja um título mais indicado.
Agora me conta nos comentários: já leu esse livro, algum outro suspense mais juvenil? Gosta desse tipo de livro?
Texto revisado por Emerson Silva.
Andréa
Eu também não sou muito fã de ya hoje em dia, mas quando leio, no geral, são do gênero fantasia. O título e a sinopse desse livro me deixaram interessada, apesar de você dizer que as personagens deixam um pouco a desejar.
Tenho alguns amigos que, por incrível que pareça, só gostam de terror e suspense, não leem outra coisa. Também acho isso bizarro, mas algumas pessoas são assim mesmo, vai entender!