10 de December de 2022

David Goffman e A Travessia Infernal | Gabriel Ract

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro nacional por aqui. Fugindo totalmente do clima natalino (rsrsrs), vamos entrar em um mundo sombrio e (literalmente) infernal, junto com ‘David Goffman e A Travessia Infernal’. 

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Obs.: Livro lido em parceria com o autor (Publicidade)

62/24

Livro: David Goffman e A Travessia Infernal 

Autor: Gabriel Ract

Editora: Labrador

Ano: 2021

Páginas: 208

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Por séculos, os demônios vêm instigando o lado mais obscuro da humanidade com um jogo tão tentador quanto perigoso. Uma vez por ano, um humano predestinado a embarcar para o Inferno quando morto é selecionado por Satanás, atual imperador de lá, para lutar contra o seu destino. As regras são, em teoria, simples: o humano precisa apenas atravessar toda a extensão do Inferno e convencer sete príncipes de que é digno de uma eternidade diferente nos Céus. Contudo, nenhum humano além de Dante, a grande inspiração deste desafio, conseguiu alcançar tamanha façanha. David Goffman, um jovem amargurado e misterioso, torna-se o mais novo candidato a desbravador dos Infernos após anos planejando a sua inserção nesse jogo. Com a sua dose de sofrimento sempre fresca na memória e carregando segredos que podem tanto auxiliar quanto atrapalhar a sua progressão no desafio, ele se lança em meio a essa aventura esperando nada menos do que suceder em sua busca pelo Paraíso – mesmo que os seus motivos para realizar esse feito fujam do escopo da nobreza esperada.

 Uma vez por ano, o Inferno entra em polvorosa por conta de um jogo com a humanidade. Apenas uma pessoa é selecionada para, a exemplo de Dante, atravessar todos os círculos e alcançar os Céus.  

A regra é clara: deve ser alguém já predestinado a queimar eternamente, o qual deve convencer os sete príncipes de que merece ser perdoado e ir para o Paraíso.Até hoje nenhum outro humano além do poeta conseguiu passar na prova, mas isso não é impedimento para David Goffman, um adolescente ruim por natureza e que tem seus próprios motivos para atravessar os Infernos e chegar aos Céus.    

Será que ele é realmente digno de tal façanha? Ou apenas confirmará seu destino e ficará preso para sempre no fogo?


“[…] Era idiotice pensar sobre o assunto: ele nunca esqueceria os motivos de estar ali.”

Como falar desse livro, ainda mais em época de Natal (rsrsrs)? Bem, para começar, conheci através de um agente literário que entrou em contato com o blog e me apresentou a obra. Havia sido lançada recentemente e a premissa despertou a minha curiosidade.   

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

No entanto, não sabia muito o que esperar, dado que não estou muito na vibe de fantasia ultimamente (e vocês estão até cansados de me ouvir repetindo essa frase em cada post, haha). Então, dei um tempo e decidi ler sem grandes expectativas. Fui até alternando com outro livro de um gênero diferente para conseguir manter a experiência o mais agradável possível.

 E posso dizer que deu muito certo. Além da minha tática, a escrita do autor me surpreendeu bastante. Com uma narrativa em terceira pessoa, somos apresentados ao protagonista, David Goffman, o novo concorrente do desafio infernal.   

O rapaz tem uma vida sofrida, mas ao mesmo tempo misteriosa e sombria. No entanto, foi aprovado nas regras do jogo e logo embarca numa jornada de São Paulo até as profundezas, a fim de salvar sua alma (ou não).

“Era engraçado pensar, novamente, em quantas respostas podia dar àquele simples questionamento. Todas igualmente verdadeiras.”

Aos poucos vamos conhecendo sobre o próprio personagem e os cenários por onde passa. Cada círculo é regido por um príncipe e representa um dos 7 Pecados Capitais.  

David interage com cada um deles de uma forma peculiar e até democrática, o que muito me surpreendeu, dado que era um adolescente imaturo. Além disso, me admirei com a peculiaridade de cada regente.

Levando em consideração que estavam no Inferno, esperava que fossem carismáticos e mestres da mentira (o que de fato são).  Porém, ainda conseguem ser justos e até arrependidos de seus atos (se é que podemos dizer assim). Para falar a verdade, pareciam até humanos sábios e que já aprenderam muito na vida (e depois dela), olhando pela forma como tomavam suas decisões.   

O que veio bem a calhar, visto que o autor teve uma grande sacada, trazendo até alguns personagens já existentes e de origem bíblica. O Gabriel ainda teve a sutileza de mostrar um pouco sobre a história de cada príncipe, de uma maneira curta e objetiva. Dessa forma, o leitor se ambienta sem se perder na narrativa principal, o que foi fantástico!

Já em relação ao próprio David, achei muito semelhante a Artemis Fowl. Talvez pela idade aproximada, inteligência e um passado sombrio, além do talento para se meter com coisas mais sombrias. Ambos gostam de desafiar os limites da magia e das regras.

Por isso, são arrogantes, egoístas e petulantes, o que me irrita um bocado. Mas acabo ficando mais imersa na leitura perante a sagacidade que eles têm de resolver suas questões. Contudo, a semelhança termina quando entendemos as origens de David e como ele foi parar no desafio. Assim, embora tenha a nostalgia das minhas leituras de adolescente/recém adulta, aqui temos uma história única e com a personalidade do autor estampada.   

Para lhe ajudar na jornada, somos apresentados a Mariana. A moça morreu há um tempo e já estava designada para um dos círculos. No entanto, por algum motivo misterioso, se vê ligada ao desafiante e eles são obrigados a caminhar juntos em busca dos portais.

“Mortos e vivos andando juntos nunca foi considerado sinal de bom agouro.”

Enquanto o rapaz é frio e calculista, ela é mais impetuosa e não aceita ordens. Isso gera muitas faíscas entre os dois. No entanto, apesar das diferenças, acabam gerando um forte laço de amizade, algo inusitado até para os demônios. 

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Mariana desperta em David o senso de justiça que ele não enxerga, o faz agir de forma menos egoísta e até mais heroica. A questão é saber até que ponto tais atos seriam o suficiente para salvar a alma do rapaz, ou condená-lo ainda mais às profundezas.

O tempo todo eu me via imersa nas aventuras deles. Mas sinceramente, não sabia se torcia pelo “final feliz” de David ou se mandava ele se lascar. Em diversos momentos, a impressão que eu tinha era que o rapaz não dava ouvidos ao que os príncipes nem Mariana tinham a lhe dizer.   

Por incrível que pareça, o lado humano que tiveram foi o responsável por uma sabedoria interessante e reflexiva. Sei que estamos falando dos círculos do Inferno, para onde vão as almas condenadas. Mas acho que até elas tem arrependimentos (a maioria, pelo menos) que certamente mandariam os ainda vivos não fazerem, para não terem o mesmo destino.

Porém, o rapaz está tão focado em vencer o desafio, buscando os portais, que se esquece do mais importante: a jornada e o aprendizado. Isso me irrita demais e eu só queria dar uns sacodes nesse garoto.   

Aliás, a cada vez que se encontrava com um dos príncipes, em especial os mais sensatos, tenho a sensação de que eles já olhavam para o rapaz e só acenavam negativamente com a mão na testa e pensavam: “que causa perdida, mas lá vamos nós”. Era esse pensamento que eu tinha a cada virada de página, o que me deu certo ranço do protagonista, ao mesmo tempo que senti pena, se é possível ter essa combinação de sentimentos.   

Com uma escrita fluida, ao mesmo tempo cheia de reflexões (ao menos para os leitores, já que o David parece ter aprendido necas), me via curiosa sempre pela próxima página. O que muito me surpreendeu, dado que era uma fantasia do tipo YA. 

Talvez a nostalgia por me lembrar de Artemis Fowl tenha falado mais alto e acabei devorando a obra em poucos dias (mesmo alternando com outro livro). Minha única reclamação em relação à trama em si é que os obstáculos do protagonista foram resolvidos de modo muito abrupto.

Assim, não tinha espaço para a emoção que eu esperava ter ao ler os desafios enfrentados pelo rapaz. Talvez isso se deva ao gênero, do qual estava há muito tempo afastada. Mas lendo já adulta, me incomodou um bocado.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

O desfecho é esperado e previsível. Entretanto, é também convincente e me agradou, por ser mais pé no chão e condizente com a trama. O autor conseguiu fechar o arco com maestria, amarrando diversas pontas e sem deixar personagens de fora, sejam os principais ou os secundários. 

Além disso, dá brechas para o que acredito ser uma continuação, a qual certamente quero ler.   Em relação à obra em si, gostei bastante da edição. A capa é bem sombria e condizente com a premissa (porém pode causar medo em algumas pessoas).    

A revisão e a diagramação estão de parabéns, com uma fonte legível e agradável à leitura. Na mesma linha, a folha é mais amareladinha e grossinha, o que facilita na hora de manusear o livro. Assim, como um primeiro contato, tanto com a escrita do autor, quanto com os trabalhos da editora, foi uma experiência satisfatória e que recomendo. 

Já leram esse livro? O que acharam da premissa? E curtem fantasia do tipo YA? Me contem aí! 

Obs.: Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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