Após o portal místico da Sumaúma se abrir novamente, a linha do tempo ganha mais um nó. Enquanto Maya e Iam embarcam em uma jornada para o passado, Dodô e Naomi veem sua chance de retornar ao século XXI.
No entanto, o destino nos prega peças quando menos se espera. A dupla do presente passou pelo mesmo portal, porém tomaram rumos diferentes. A moça finalmente reencontra seu grande amor na Era Viking e vai viver seu “felizes para sempre”. Já o rapaz descobre que é possível visitar o Egito de uma forma bem inusitada.
Por sua vez, Dodô e Naomi estão fugindo dos exploradores europeus em plena época do Descobrimento, mas apenas a indígena consegue escapar, já que o jovem decide dar uma de herói e perde o portal. Enquanto espera uma nova chance de voltar para casa, só resta ao rapaz retornar à tribo que lhe acolheu e tentar sobreviver.
Porém, nada acontece por acaso e ainda existem respostas a serem dadas. Cada personagem tem que estar no lugar e na hora certa para que alguns fatos históricos aconteçam. Além disso, este pode ser o final de uma história, mas não da vida, que tem muitos mistérios a serem desvendados.
“As pessoas permanecem em nossas vidas pelo tempo que tem que permanecer.”
Começamos o ano com uma trilogia finalizada. ‘De Sonhos e Alma’ traz o desfecho do que começou em ‘O Sangue de Afrodite’. Agora eu finalmente entendi a mensagem da trama. Falando de modo geral, os
livros giram em torno dos personagens principais: Diana, Apolo e Júlio, respectivamente. Cada livro traz o ponto de vista de um deles, interagindo com o elenco secundário (até bem grande, por sinal). Assim, ‘O Sangue de Afrodite’ traz a visão de Diana, ‘Sombra Sobre As Estrelas’ a de Apolo e ‘De Sonhos e Alma’ a de Júlio.
Apesar de ter essa característica, a narrativa é em primeira pessoa, porém apenas pelo ângulo da Diana. Isso me incomodou bastante ao longo da leitura, pois mesmo que a moça tenha viajado séculos para entender os fatos, achei um tanto forçado.
Não me convenceu como a mocinha sabia de tantos detalhes sobre as conversas entre os papéis secundários em cenas nas quais que ela não estava. Se a ideia principal dos livros é ter o ponto de vista dos personagens principais, seria mais atrativo que cada um narrasse o seu próprio ângulo. Até porque Júlio e Apolo também viajaram um bocado e teriam propriedade para contar suas próprias histórias.
A autora inclusive mudou a narrativa aos 45 do segundo tempo nesse último volume, dando mais voz a Júlio. No entanto me confundiu um pouco, pois parecia um relato de Dodô misturado com o de Júlio e eu não sabia quem estava narrando de fato. Não foi ruim ter outra voz (até porque eu bato nessa tecla o tempo todo), mas teria funcionado melhor se eu soubesse de quem era na hora, talvez com uma marcação no começo do capítulo. Até porque eu li a trilogia inteira vendo apenas os fatos por Diana sabendo das “fofocas todas”. E me surpreendi quando vi que não era mais ela.
Em relação à trama, a maior parte é ambientada na Floresta Amazônica do século XVI, com a chegada dos europeus em busca de Eldorado. Dodô ainda está preso no passado e tenta se adaptar como pode até um novo portal se abrir. Porém, passa por momentos revoltantes enquanto isso.
Ele é um rapaz negro, favelado e um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro. Aos poucos, vamos entendendo sua história e como seu destino foi sendo traçado. Conforme via suas memórias, sinceramente, não pude julgá-lo.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
O rapaz tomou as piores decisões da vida e agora precisa pagar pelos seus atos perante a justiça. Mas cá entre nós, o destino dele é o mesmo de muitos jovens que vemos pelos jornais mundo afora. São vítimas de uma sociedade quebrada, que prefere colocar os problemas dos pobres debaixo do tapete e fingir que não existem. Contudo, tremem de medo e raiva quando se viram da forma que podem para não morrerem. Assim, não importa se possuem uma arma na mão ou um lápis e papel, continuam sendo julgados pelas suas origens.
“Por vezes, pensamos que nossa vida seja apenas aquilo que conhecemos de nós mesmos, contudo, existe um lago profundo na história de cada um que contam outras histórias, para acessá-las é preciso mergulhar.”
Além disso, Dodô vê de perto o processo de escravização começando no Brasil. Não apenas da população africana, mas também da indígena. Ele sabe que não pode mudar o passado, pois assiste apenas um retrato do que já aconteceu. Contudo no lugar dele, eu também me revoltaria e tentaria mudar a história do mundo.
Porém, em meio a tantas coisas ruins, o rapaz tem a chance de reencontrar seu grande amigo, na versão portuguesa. Júlio é dado como falecido no século XXI, pouco antes de Dodô ser preso e atravessar o portal por acidente na cela. Dessa forma, ver o que poderia ser a “encarnação” da única pessoa capaz de lhe compreender e aceitar é um verdadeiro alívio.
Juntos, eles desbravam as matas tupiniquins e aprendem sobre “a vida, o universo e tudo mais”. O recém-chegado, aqui chamado Nick, é um amante da natureza e aberto aos mais variados ensinamentos que a vida pode oferecer. Ao encontrar Lua, a versão do passado de Diana, o jovem vê seu coração acelerado mais uma vez (ou a primeira, já que isso aconteceu séculos atrás, rsrs).
“Aqueles olhares penetrantes atravessavam o tempo e espaço, pensavam que não se conheciam, mas algo em seus olhos lhes era familiar.”
Por sua vez, Dodô não se conforma pelo fato do casal ter sido separado da forma que aconteceu no século XXI. Então, tenta “reparar as coisas” juntando os dois pombinhos a todo custo. Isso leva a algumas cenas cômicas e até emocionantes.
Contudo, assim como fatos históricos importantes, pequenas coisas não podem ser alteradas, seguindo o curso natural do destino. Deste modo, não apenas o romance mais enrolado do universo, mas outros assuntos admiráveis ficam no verdadeiro mistério e precisando de respostas.
Mantendo a vibe ‘Dark’ e ‘Segredo do Templo’, a linha do tempo vai e volta o tempo inteiro. Porém, aqui se fez necessário e tudo o que você pensa não ter sentido. No final se conecta e se explica de uma maneira impressionante e digna.
Não apenas o trio principal, mas diversos personagens secundários tem suas versões do passado, presente e futuro. Assim, o grande “tchan” do livro não é saber como as respostas serão dadas, e sim, montar o quebra-cabeças e descobrir quem é quem. Ninguém aparece por acaso e é preciso ter olhos bem abertos a qualquer detalhe, seja na Floresta Amazônica, na Grécia atual ou no Egito Antigo.
Aliás, tenho que tirar o meu chapéu para a Senhora Borboleta e os pajés Moacir e Mauá. São personagens que muito me surpreenderam e me sentia até mais cult toda vez que eles apareciam. Super apoio um livro inteiro só com a história desses três (ah, e um do Dodô também, que me conquistou com seu jeito peculiar de resolver as coisas e sem papas na língua). Quem também marcou presença com a categoria foi Iam no Egito. Mesmo que ele tenha apenas uma participação especial, chegou chegando no império e mostrou que preconceito não pode ter vez, independente da época.
“[…] Penso que estão lá para nos ensinar que, mesmo na escuridão da noite, é possível brilhar. E esse brilho encontra-se dentro de nós!”
O desfecho emocionante me deixou de queixo caído. Assim como toda a trama, os sagrados feminino e masculino se unem e ganham um aspecto significativo e filosófico. E, embora não tenha o intuito (ao menos eu acho que não), posso dizer que foi um livro que me explodiu a mente e precisei de uns dias para processar a mensagem antes de pensar em escrever essa resenha.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
A autora conseguiu fechar o arco de forma crível e quase satisfatória. Isso porque muitos finais foram
explicados, porém alguns personagens secundários foram “finalizados” de forma muito abrupta e fiquei com a sensação de que ficaram esquecidos no churrasco. Se tivesse mais algumas páginas para explicar em detalhes esses destinos, aí sim, teria sido perfeito.
Em relação ao livro em si, eu li em formato físico e posso dizer que gostei da experiência. A diagramação é bonita e foi impressa em páginas mais amareladas e grossinhas, o que adoro. Eu só não curti que a editora não teve cuidado com a capa e realizou o corte no lugar errado. Então, o nome da autora ficou cortado pela metade e todas as letras são grandes demais no título. O que é uma pena, pois não valoriza a obra tão boa que li.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Felizmente, as páginas da história foram bem cortadas e deu para ler numa boa. A fonte é legível e acho muito legal que a palavra “capítulo’ vem escrito em grego. Assim, posso dizer que terminei a trilogia aprendendo ao menos uma palavra estrangeira (rsrsrs).
Por fim, apesar das ressalvas, recomendo a leitura. Não apenas desse livro, mas de toda a trilogia. Foi uma experiência fora da caixinha e que muito me surpreendeu.
E aí, já leram algo da autora? Gostam de livros onde nada faz sentido, porém tudo está conectado? Me contem aí!
Leyanne
Oie, também fico contente pelo desfecho ser agradável. Fiquei apreensiva só de ler a resenha com medo do rumo da história ter um rumo muito drástico. Que bom que gostou, adorei a resenha, consegui captar bem a essência da história.
Bjs
Imersão Literária
Cida
Oi Hanna! Que bom que ainda com ressalvas, a leitura tenha sido proveitosa e o desfecho te agradou. Muitas vezes nem todos os personagens ganham aquele fechamento tão esperado, nessas horas sempre torço por um spin-off das séries. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Monique Larentis
Algumas coisas na personagem é meio duvidosas, como o fato de ela saber sobre assuntos que não estava presente. Porém a leitura parece ser enriquecedora, apesar de apertar o coração também com alguns acontecimentos.
http://www.vivendosentimentos.com.br
Pedro Silva
Oi, Hanna
Que legal essa trilogia que aborda tanto o sagrado feminino como o masculino, além do mais se passar na floresta amazônica e no passado. Apesar dos problemas ali na escolha da voz narrativa em primeira pessoa que confundiu os personagens, parece ser uma leitura muito envolvente e de deixar a gente impressionado com o final. Adorei a dica.
Abraço,
Pedro S.
https://decaranasletras.blospot.com
Vanessa Vieira
Olá, Hanna! Parece que seria uma história legal de ler, mesmo com essas questões que você mencionou da narração. Acho que eu daria uma chance. A finalização dos personagens é algo que muitas vezes percebo desatenção dos autores. Às vezes menos é mais… Mas, gostei da temática do livro.
um abraço!
Poesia na alma
Oi. Primeiro quero dizer que achei essa capa bonita, a temática me interessa do sagrado feminino e masculino e quero ver como será desenvolvido em seu teor espiritual e filosófico.
Debyh
Olá, Que história diferente desse livro. Não conhecia e achei interessante ter essa mistura de temas entre mitologia grega e brasileira.
Uma pena mesmo a capa estar assim.
Maria Paula de Barros
Oi, Hanna! Que pena que tiveram alguns pontos que te incomodaram no decorrer da leitura, mas acho que encerrar uma série é sempre uma sensação de encerramento de ciclo. que bom então que você concluiu e que ainda assim, foi uma leitura válida. e uma pena também que a capa tenha sofrido com um mal corte 🙁
Barda Literária
poxa poxa o nome da autora ficou cortado, o lado bom é que a obra parece muito boa, envolvente e do tipo que deixa o leitor viciado, é o que importa.
Maria Luíza Lelis
Oie, tudo bem?
Nada melhor do que começar o ano fechando uma série/trilogia né? Eu confesso que ainda não conhecia essa, mas fiquei curiosa para conhecer mais. Que bom que, apesar de algumas ressalvas e de ter sentido falta de algumas páginas a mais, você gostou da leitura e achou o desfecho coerente. Fico feliz que tenha tido uma boa experiência com a trilogia e vou adicionar na minha lista.
Beijos
Erika Monteiro
Oi, tudo bem? Cada leitura que fazemos é uma nova experiência. Algumas nos surpreendem, outras têm pontos negativos, mas faz parte da jornada não é mesmo? Não sou muito de ler séries, gosto mais de livros únicos, talvez para evitar ansiedade e esperar continuação (risos). Um abraço, Érika =^.^=
Ana Caroline Santos
Olá, tudo bem? Adorei saber que você conseguiu captar a mensagem da trama, e que curtiu bastante o final. Fiquei curiosa com tudo que disse, e os elogios, por isso vou procurar a resenha dos anteriores para ver se me animo mais ainda. Excelente resenha, e com certeza, dica anotada!
Beijos
Carol Nery
Quando o desfecho salva, o leitor fica descansado de chegar ao fim daquele leitura, né? Eu achei interessante o nome da trilogia, e acredito que tenha sido um sequência de livros bem legal.
Só que eu entendo pouco dessas temáticas. Daí não me chama muita atenção.
Linda a foto!
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou da resenha, Ley. E é bem isso mesmo. Eu também fiquei apreensiva, mas felizmente a história manteve o rumo certo e trouxe um final satisfatório.
Hanna Carolina Lins
Sim, talvez até dê mais emoção ser assim, pois não sai como o esperado, haha. Mas felizmente deu certo no final. Eu espero sinceramente por um spin-off do Dodô, vamos torcer, ao menos a autora se animou com a ideia, haha.
Hanna Carolina Lins
Você definiu bem, Monique.
Hanna Carolina Lins
Sim, apesar das ressalvas, é um livro muito fora da caixinha e que adorei conhecer. Recomendo a leitura também, =)
Hanna Carolina Lins
Foi uma mistura inesperada, mas que funcionou mesmo, =)
Hanna Carolina Lins
Ah, acho que vai curtir a leitura, ainda mais se curtiu a premissa, =)
Hanna Carolina Lins
Sim, apesar das ressalvas, é uma trama bem interessante e que vale a pena conhecer, =). Espero que goste da leitura também.
Hanna Carolina Lins
Pois é, a editora não teve o cuidado que o livro merecia, =/. Mas vale o ditado, né? De nunca julgar o livro pela capa, haha
Hanna Carolina Lins
Pois é, menina. Apesar disso, de fato foi um ciclo encerrado com sucesso e que adorei conhecer o universo.
Hanna Carolina Lins
Concordo! Sim, foi uma ótima experiência e que recomendo super!
Hanna Carolina Lins
Sim, com certeza! Eu também estou preferindo livros únicos, mas algumas trilogias ainda surpreendem um bocado, hehe.
Hanna Carolina Lins
Oba! Espero que goste das resenhas e das leituras também, =)
Hanna Carolina Lins
Sim, totalmente! haha
E sore a temática, não te julgo, pois para mim, também foi uma leitura bem fora da caixinha, haha.