Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de ‘Haikai’, um livro que é um verdadeiro poema.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Obs.: Livro cedido gentilmente em parceria com a autora (Publicidade)
16/60
Livro: Haikai
Autora: Cassia Penteado
Editora: Reformatório
Ano: 2021
Páginas: 104
‘Haikai’ conta a história de uma aspirante poetisa que se muda para a cidade de São Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueira, na busca por uma vida mais próxima da natureza, onde possa se inspirar para compor seus haicais. Para manter-se vai morar e trabalhar na fazenda do senhor Murakami, um produtor de cogumelos, que vive com o filho de 8 anos, cuja mãe, Sayuri, ceramista, nascida e criada no Japão, em Kyoto, encontra-se internada em uma casa de repouso.Dividido em 4 partes: primavera, verão, outono e inverno, o livro vai, aos poucos, descortinando a vida de Sayuri, mesmo sem sua presença na história. Do nascimento em 1976, até seus 21 anos, quando vem para o Brasil, prometida como noiva de Murakami.Como pano de fundo, Haikai nos leva a um passeio pela história e pela cultura japonesa, passando pela gastronomia, a arte da cerâmica, a política e os costumes orientais. O olhar da autora de ‘Haikai’ é sutil, célere, detalhista, delicadamente perspicaz o que, irrefutavelmente envolve o leitor a identificar-se com os personagens, nos dois países em questão, trazendo pela arte literária tom, core e sabores, marcas, receita de prazer que aguçam os sentidos.‘Haikai’ é uma pequena obra-prima, delicada e sutil como um origami, saborosa como os cogumelos orientais, e certeira como um golpe Bujutsu.
Sayuri Murakami é uma moça com muitos projetos. Desde criança, enxerga o mundo de uma forma singular, o que leva até à sua escolha profissional. Ainda jovem, atravessou o oceano para desembarcar no Brasil edescobrir as obrigações do casamento.
Anos depois, sua vida não é mais a mesma. Internada em uma casa de repouso, a rotina é resumida a se lembrar dos bons tempos de quando lhe era permitido transmitir sonhos através de suas obras de cerâmica. No entanto, mal sabe ela que Chiara, outra jovem que precisa pagar suas contas, é apaixonada pela cultura oriental e busca nas memórias da paciente uma fonte de inspiração para sua própria vida.
“Preciso voltar a escrever meus haicais. Em solo impermeável, meus poemas não escritos foram como água represada em minha alma pantanosa.”
Eu sempre digo que quero sair da bolha EUA X Reino Unido quando se trata de literatura. Mas é complicado fazer isso quando recebo uma enxurrada de indicações do Kindle Unlimited baseadas em minhas últimas experiências.
Assim, me surpreendo a cada vez que, de fato, as fronteiras são ultrapassadas e eu viajo para países
que mal conhecia a cultura. Com ‘Haikai’ foi exatamente dessa forma. A autora me conquistou com a apresentação do livro, ainda mais por saber que se passaria no Japão (em parte, pelo menos).
que mal conhecia a cultura. Com ‘Haikai’ foi exatamente dessa forma. A autora me conquistou com a apresentação do livro, ainda mais por saber que se passaria no Japão (em parte, pelo menos).
A história é narrada em uma mistura de ângulos; temos o ponto de vista de Chiara, a empregada dos Murakami, contando o que ouviu de Sayuri em seus momentos de lucidez. Mantendo o estilo Haikai, passamos pelas estações do ano: primavera, verão, outono e inverno, cada qual com uma fase da vida da protagonista (Sayuri).
Ao longo da leitura, é possível observar o amor que a ouvinte tem em descobrir o passado de sua patroa. Não apenas por curiosidade, mas sua vida é tão leve e dedilhada que parece uma verdadeira poesia. Assim, não apenas Chiara, porém o leitor se vê apaixonado e ávido por querer saber mais.
O conjunto fica completo com a escrita fluida de Cassia, mantendo o leitor imerso o tempo inteiro. Além disso, é uma leitura bem rápida, pois a obra tem pouco mais de 100 páginas.
Li em cerca de 1h30min e não sabia mais o que fazer depois que terminei. Isso porque planejei ler durante meu trajeto de Recife para o Rio de Janeiro. Contudo em menos da metade do caminho eu já tinha finalizado e qualquer coisa que fizesse depois seria um pecado, de tão sublime a sensação que senti.
“Cada um carrega dentro de si tudo aquilo que necesssita.”
Sayuri é uma mulher jovem, com um jeito diferente de ver o mundo. Contemplar as coisas pelo seu ponto de vista é como viajar, não só no tempo, mas também no espaço, dado que sua infância foi passada no Japão. Foi maravilhoso poder aprender sobre a cultura do país, em especial as tradições e suas lendas.
Mais do que isso, foi leve e igualmente intenso ver como ela descobria seus sentimentos e lidava com eles. O tempo todo me vi torcendo pela protagonista para que tivesse seu final feliz, mesmo com tantas regras em seu país de origem. No entanto, a sensação de dúvida é constante, pois a narrativa é por
conta de uma pessoa que ouviu de outra que não está em seu juízo perfeito.
conta de uma pessoa que ouviu de outra que não está em seu juízo perfeito.
Então, não sabemos se o que aconteceu era apenas uma ilusão de uma mente perturbada ou verídico. Contudo, real ou não, é lindo demais acompanhar as lições de vida de Sayuri, bem como é angustiante ver as consequências de suas decisões.
Pessoas que vêm e vão de nossas vidas, amizades que deixam de nos acompanhar por algum motivo, entes queridos que partem dessa vida. São tantas perdas com as quais precisamos lutar todos os dias, que é de se admirar quem transforme tudo em arte, como Chiara e Sayuri fazem.
“O que será que carrego em mim? Uma lacuna encarvoada de silêncios.”
Aliás, falando da ouvinte, ela quase não tem voz na trama. Porém, a presença é marcante o tempo inteiro, como uma espectadora ávida e curiosa, querendo saber sempre mais e buscando inspiração em tudo o que vê. Talvez isso aconteça por ambas serem parecidas, separadas apenas pelo país de origem.
O desfecho, assim como toda a trama, é leve e despretensioso. No entanto, é também aberto e deixa uma dúvida constante no ar, levando o leitor a criar suas próprias teorias. Embora não curta finais desse tipo, não vi uma alternativa melhor para o que vinha sendo apresentado.
Falando sobre o livro em si, li a obra em formato digital. Então, posso falar que está bem diagramada e com uma fonte legível. A revisão está bem feita, bem como a capa, que traz uma ideia bem diferente do que estou acostumada a ver.
Os capítulos são curtos por si só. Mas também há espaço para uma série de haikais escritos por Matsuo Bashô, um ícone do gênero, cujos poemas foram famosos durante o século XVI. Para completar, ela dispõe de várias ilustrações, as quais dão um toque mais especial à obra.
Em resumo, é um livro que gostei bastante e recomendo. Primeiro, por ter me tirado totalmente da zona de conforto. Segundo, por ter me mostrado que existe mais literatura além da bolha EUA X Reino Unido, algo que tanto desejava.
Já leram esse livro ou algum outro da autora? Curtem obras mais poéticas? Me contem aí!
Texto revisado por Emerson Silva
Luciano Otaciano
Oi, Hanna! Tudo bem? Parece um livro incrível, né? Fiquei curioso com a obra. Que bom que curtiu. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Anônimo
Olá!
Amei conhecer esse livro, amei essa edição, achei delicada e linda as cores utilizadas me agradou muito.
Me chamou atenção também os capítulos serem curtos.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Hanna Carolina Lins
Ela é linda, assim como a história, viu? Recomendo demais, ^^
Hanna Carolina Lins
Gostei bastante, Luciano. E recomendo a leitura também, =)