12 de April de 2025

Inimigo Imortal | Tigest Girma

Olá, meu povo, como estamos? ‘Inimigo Imortal’ chegou no Brasil com um hype muito grande na bagagem, mesmo antes do lançamento oficial. Eu fui uma das pessoas selecionadas para ler antecipadamente e estou aqui para comentar se ele vale mesmo a fama ou não. 

ALERTA: Este livro pode conter gatilhos para suicídio e violência extrema. 

Livro: Inimigo Imortal  

Autoria: Tigest Girma  

Tradução: Thaís Britto

Editora: Galera Record 

Ano: 2025

Páginas: 496

País: Etiópia/Austrália

Formato: Digital  

Nota: 3.5/5

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Uma herdeira perdida deve se infiltrar numa sociedade misteriosa e viver com o vampiro que ela suspeita ter matado sua família e sequestrado sua irmã. Inimigo imortal é uma fantasia best-seller gótica repleta de romance. 

Kidan Adane é uma órfã que cresceu longe da sociedade arcana em que nasceu, na qual linhagens humanas adquirem poderes ao se tornarem parceiras de vampiros. Mas, quando a irmã de Kidan, June, desaparece, a garota se convence de que o responsável foi um vampiro, justamente aquele que está vinculado à sua própria família: o cruel, mas sedutor, Susenyos Sagad.

Para encontrar June, Kidan precisa se infiltrar na elite da Universidade Uxlay, onde humanos e vampiros são enviados para estudar juntos e garantir a coexistência pacífica entre as espécies, assim como herdar o legado das famílias de que fazem parte. Porém, sendo a última Adane que sobrou, para permanecer na universidade, Kidan precisa morar na casa que sua família deixou para trás há tantos anos.

Dividir o espaço com Susenyos realmente não fazia parte dos planos de Kidan, e muito menos dos dele… O vampiro fará de tudo para tirá-la da casa e conseguir herdar ele mesmo o direito à propriedade. Mas ela não desistirá assim tão fácil, ainda que Susenyos desperte o que há de pior nela, e que a casa alimente seus piores pesadelos.

Cada vez mais envolvida no implacável submundo vampiresco, Kidan colocará em risco a própria vida — além da sua humanidade — para encontrar a irmã, que parece estar no centro de uma ameaça centenária. Para salvá-la, Kidan precisará se libertar dos horrores das próprias ações ou se envolver em um amor sombrio — um que exigirá sangue.

Kidan Adane é uma jovem com, literalmente, um passado sombrio. Ela é filha de uma das famílias fundadoras da Universidade Uxlay, conhecida por unir de forma pacífica humanos e vampiros poderosos. 

Contudo, a moça mal sabe da sua própria história, pois perdeu os pais muito cedo e foi criada em um lar adotivo junto de sua irmã mais nova, June. A vida seguia muito bem, apesar dos pesares, até que June desapareceu sem deixar vestígios, deixando Kidan com vários triplex alugados na cabeça, sobre quem poderia ter feito isso. 

Em busca de informações relevantes que pudessem lhe ajudar a resgatar o único laço de sangue que lhe restava, a jovem é capaz de fazer coisas inimagináveis. Sua pista mais concreta foi obtida através da mãe adotiva, a qual afirmava categoricamente que o responsável por levar June seria Susenyos Sagad (Yos), um vampiro antigo, cruel e muito poderoso. 

Com o objetivo de fazer o ser imortal pagar, ela acaba se metendo em um local que achava que jamais pisaria: a universidade que seus pais fundaram. Ao chegar lá, contudo, Kidan descobre que se vingar de Yos pode ser uma missão bem complicada. 

Isso porque o vampiro é um dos dranaicos pertencentes à família Adane, que habita a casa que seus pais deixaram e é um forte candidato a herdar a casa, por falta de concorrentes. A jovem não quer saber da casa, muito menos do legado, mas sabe que se não lutar por eles, talvez nunca mais veja a sua irmã.

Assim, ela aceita começar os estudos na Uxlay, com o objetivo unica e exclusivamente de derrubar qualquer um que se oponha à sua investigação. Só não esperava que sua busca pudesse levar a respostas que talvez nunca estivesse pronta para saber sobre suas próprias raízes. 

Esse livro foi o meu primeiro recebido da Galera Record, como parte do Mailing 2025. Estava muito animada e a sinopse de ‘Inimigo Imortal’ prometia bastante. Com uma premissa repleta de representatividade negra, com diversos pontos ambientados na mitologia africana, eu fiquei curiosa para ler mais, até porque não é um continente muito frequente em minhas leituras. 

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

As primeiras impressões foram bastante positivas, por sinal. A autora tem uma escrita fluida e os capítulos mais curtos me ajudaram a me manter imersa. Além disso, ela caprichou bastante na construção de um universo sombrio e cheio de mistérios, capaz de deixar o leitor ávido por respostas só de ler o prólogo.

As cenas são ricas em detalhes, tanto em questão do cenário em si, quanto das ações dos personagens. Dessa forma, me via bem pertinho do elenco, acompanhando de camarote tudo o que acontecia. O que poderia ser maravilhoso, ou assustador, dependendo do que acontecia. 

Isso deixou minhas expectativas lá no alto, em especial por ser anunciada como uma romantasia com a trope de Enemies to Lovers. E acho que foram exatamente essas expectativas, junto a uma bela ressaca se instalando, que me fizeram devorar o livro em questão de dias. 

No entanto, embora tenha sido uma leitura bem rápida, não posso dizer que gostei. Na verdade, esse foi mais um caso de “terminei, só para reclamar com propriedade depois”. E agora preparem-se, pois preciso desabafar. 

Para começo de conversa, não encontrei nada do que foi prometido. ‘Inimigo Imortal’ é o primeiro volume de uma trilogia gótica, então é de se esperar que eu terminasse com mais perguntas do que respostas, para ter um gancho de ler a sequência. De fato, isso aconteceu, pois a autora amarrou as pontas de uma forma que seja necessária a continuação. 

“Nem a morte consegue resistir quando se flerta tanto com ela.”

O problema foi o que levou até esse desfecho. A narrativa é em terceira pessoa e vemos os acontecimentos pelo ponto de vista de Kidan. Mas como protagonista, ela não é nem um pouco cativante. 

Vendo sua trajetória de perto, é nítido o quanto ela está sofrendo pelo desaparecimento da irmã, que praticamente lhe escapou como se fosse água escorrendo pelos dedos. Se sentindo impotente e querendo bancar a heroína, ela move mundos e fundos para conseguir trazer sua única parente de sangue sã e salva para casa. 

Só que suas atitudes são, no mínimo, questionáveis (para não dizer ensandecidas). Prefiro não comentar em detalhes o que ela foi capaz de fazer, para evitar spoilers e não estragar sua experiência caso venha a ler o livro. Mas se ela tivesse focado em ser mais detetive do que justiceira suicida e inconsequente, metade dos seus problemas teriam sido resolvidos com muito mais emoção e coerência. 

Ainda mais quando esta criatura chega como uma nova aluna da Uxlay. Essa menina entra numa das universidades mais difíceis de conseguir uma vaga (mesmo sendo portadora de um sobrenome poderoso), mas chega lá como infiltrada (de acordo com a sinopse), com o objetivo apenas (APENAS!) de descobrir o paradeiro da irmã. Só que ela faz tanta besteira, que me admira ter sobrevivido para o segundo volume. 

Gostaria de saber qual o objetivo real da autora com o desenvolvimento de uma personagem que parece aprender absolutamente nada diante de tanta coisa que vivenciou por trás da fortaleza sombria. Ainda mais por ser obrigada a conviver com o principal suspeito de suas investigações. 

Susenyos é um vampiro bem antigo. Por conta disso, ele pode ser cruel, vil e tem o apelido carinhoso (sqn) de “Susenyos Selvagem” pelos corredores. Mas é também bastante sedutor e sábio, se olhar nos detalhes escondidos. 

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Talvez por conta de sua personalidade nada fácil de se conviver, é difícil ter outros vampiros como aliados na universidade. Seus únicos amigos de verdade ali são Taj e Kimiko, vampiros de outras casas, mas que ainda mantêm laços antigos de amizade com Yos.  

Além disso, a Uxlay está em polvorosa por saber que, pela primeira vez na história, um dranaico será o herdeiro de uma casa. E não qualquer casa, mas a casa Adane, uma das mais poderosas entre as 12, por ser uma das fundadoras. Por conta disso, ele é uma persona non grata por onde passa. 

“Você é um belo objeto de estudo. Uma garota humana ao mesmo tempo apaixonada e em guerra com a morte.” 

E a situação fica ainda mais complicada quando a legítima herdeira humana cai de paraquedas, não apenas reivindicando a casa, mas também lhe acusando de sequestro. Susenyos pode ser muitas coisas, mas algo que ele tem orgulho de não ser é mentiroso. 

O problema é que Kidan não está disposta a acreditar na palavra de um demônio. E a obrigatoriedade de compartilhar o mesmo teto por 28 dias, para evitar que ele leve também a herança da menina, não deixa a convivência muito boa. 

E Kidan pode ser adulta, mas se comporta como uma eterna adolescente, que acha que sabe a melhor forma de resolver tudo e não se atenta ao que está à sua volta. Isso levou a diversas situações desnecessárias e de muita vergonha alheia, que já começaram a me decepcionar. 

Sei que a ideia era ser um Enemies to Lovers, mas aqui não funcionou e eu queria era entrar no livro dar uns belos sopapos na cara dessa menina, para ver se ela crescia e entendia que o mundo não gira em torno do umbigo dela! Aliás, entre os dois, eu torcia muito mais pelo Susenyos do que por Kidan. E pela primeira vez, eu queria que ela sofresse combustão instantânea e deixasse o vampiro em paz com seus dilemas. 

Além disso, fiquei esperando bastante pelas cenas quentes que foram anunciadas. Até porque, quando se trata romance entre vampiros e humanos, eu sempre acho que virá algo na vibe de Crepúsculo (que, me julguem, mas não engulo de jeito algum). 

E aqui o livro quase ganhou pontos, pois começou a desenvolver muito bem a questão da sedução, mas o romance mesmo não existe: só vi um vampiro seduzindo sua comida e nada mais. Pode até ser que tenha algo mais nesse sentido na sequência, mas me senti enganada com a promessa de que já teria algo nesse volume e não tive. 

Fora que, como detetive, Kidan é uma verdadeira pateta. Ela não tinha senso crítico, acreditava em tudo que lhe diziam e saía correndo espalhando fofocas pelo campus, sem ligar para o que poderia acontecer depois. E o pior é que me deu a sensação de ter um Deus Ex-Machina resolvendo todos os problemas dessa menina, pois achei incrível (para não dizer impossível) ela saber de tanta coisa e não ter que enfrentar uma (UMA) consequência!

O mesmo pude perceber em relação ao elenco secundário, que é bem grande, por sinal. Embora não seja um problema, já que é algo comum em livros de fantasia, me incomodou que todos os personagens humanos dessa universidade também tem um Deus Ex-Machina que os protege. 

“Susenyos estava tão próximo dos portões da morte que ela já começava a imaginar a vida sem sua existência.”

Ninguém ali é confiável, mas esperava pelo menos um pouco mais de peso nas consequências dos atos deles, algo que não aconteceu e fiquei me perguntando o motivo de tanto alarde, se depois a história seguia como se essas cenas jamais tivessem acontecido. Sei que precisavam ter pontas soltas para a sequência, mas senti que muitas cenas estavam ali apenas para preencher um número de páginas, mas não eram realmente necessárias para a trama. Só me deu a ideia de estar lendo um eterno ciclo de nada que leva a nada. Algo que também me decepcionou. 

Talvez por isso, o desfecho traga um plot tão sombrio e revelador quanto a premissa, mas não é emocionante. Juro que tentei me conectar com a obra, mas já estava tão desiludida, que quando as respostas vieram, minha reação foi apenas: “tá, e daí?”. 

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Acho que os motivos que me fizeram continuar lendo ‘Inimigo Imortal’ foram: vim de uma leitura anterior que não estava engrenando de jeito maneira e essa me tirou da ressaca que estava se instalando. Se não fosse por isso, talvez tivesse abandonado a leitura. 

O que é uma pena, pois eu achei realmente muito bom que a editora trouxe uma proposta bem fora da caixa, com vampiros de um ponto de vista completamente diferente do que vemos em geral. Mas para por aí e, infelizmente não funcionou como eu esperava. 

Falando sobre o livro em si, eu gostei bastante da diagramação. A revisão é muito bem feita e tem uma capa tão sombria quanto toda a trama. Achei bem criativo trazer elementos da própria história, assim o leitor já sabe o que vai encontrar quando abrir o livro. 

Mesmo não tendo gostado da leitura, eu recomendo que leia e tire suas próprias conclusões. Pois algo que não deu certo comigo pode ser maravilhoso para você. 

Postado por:

Hanna de Paiva

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