Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Neste livro, três jovens escritoras – e leitoras – contam histórias para quem não resiste a cheiro de livro, ama uma estante lotada e conhece o poder de uma boa leitura.
Em “A Hora da Estela”, Raffa Fustagno apresenta Manuela, uma menina que precisa ler, para a escola, um livro de Clarice Lispector. Ao procurar um exemplar num sebo do bairro, ela encontra muito mais: entre lombadas coloridas e palavras repletas de sensações e sentimentos, parece existir ali um portal muito real para um mundo onde a conexão com as pessoas ao seu redor pode ser ainda mais profunda e duradoura.
Já em “Uma história por correspondência”, de Marina Mafra, conhecemos a veterinária Georgina, que, após uma desilusão amorosa, recebe um envelope verde. Lá dentro, numa carta assinada por um misterioso sr. F., ela se depara com a história mágica de uma pessoa comum – e logo se vê ansiando pelos próximos capítulos. Spoiler: na vida não existem spoilers.
Por último, mas num texto tão fascinante quanto os anteriores, Desire Oliveira mostra, em “O amor e o tempo”, três gerações de mulheres unidas por um antigo livro – que, no entanto, aparenta narrar uma trama diferente para cada uma delas. Estranho? Nem tanto: toda pessoa é também autora daquilo que lê. As melhores histórias, por mais distantes no tempo e no espaço que possam estar, são sempre sobre você. Pois vida e leitura são uma via de mão dupla: livros transformam vidas, vidas se transformam em livros. Palavras geram sentido que geram emoções que geram palavras – e impulsionam existências.
Meu livro de cabeceira é todo seu!
daquilo.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Manuela é uma menina inteligente, esforçada e sempre faz de tudo para manter as notas altas. Contudo, parte disso é devido ao esforço de sua mãe, com quem mora.
É muito bonito ver a relação das duas e o quanto elas representam a realidade de muitas famílias brasileiras. A mais velha é batalhadora e não teve muitas chances na vida. Então, quer que a filha tenha todas as oportunidades possíveis que aparecem.
“[…] Sempre ouvi muito na escola sobre ler um livro que nos desperta, e eu que sempre li tanto achava que já estava acordada para os novos mundos até me sentir imensamente incomodada pelas palavras de Clarice e, ao mesmo tempo, me reconhecer nelas.”
“[…] E ver as pessoas mais importantes da minha vida reunidas, me ouvindo falar de livros, é como viver um sonho. Na verdade, sei que estou começando a realizar parte dele.”
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
O segundo conto traz a história de Georgina, uma estudante de Veterinária que tem um sonho de salvar todos os animais do mundo. Com muito planejamento e estratégia, a moça acaba conseguindo arrumar tudo em sua vida, menos a parte amorosa.
Ao menos é o que ela pensa, até que começa a receber umas cartas inusitadas. No começo, pensa fazer parte de uma coluna da revista que ela edita. Mas as palavras escritas ali são tão cativantes que ela não resiste e se envolve com os envelopes verdes em sua mesa todo dia.
Apesar de ser o único conto que não tenha livros como tema principal, eu gostei do desenvolvimento dele. A protagonista é uma mulher forte, decidida e bastante focada em sua ONG. Todo o seu esforço valeu a pena, dado que tem até reconhecimento internacional. Talvez por isso ela ignore um pouco as feridas em seu coração, que se tornam fantasmas e lhe atormentam toda vez que ela para.
“[…] Era curioso como uma história podia mexer de forma tão diferente com as pessoas. Mãe, filha e neta, mulheres tão próximas, mas com visões de mundo tão distintas.”
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
No entanto, apesar de ter gostado dessa parte, não gostei muito do desfecho. Apesar de ter sido condizente com o que vinha sendo apresentado, tive a sensação de que terminou de maneira muito abrupta e senti falta de mais umas pontas amarradas.
Contudo, mesmo que tenha algumas ressalvas, os três contos retratam muito bem realidades de pessoas (e leitores) reais, que tem seus dilemas e lidam da forma que melhor acham na hora.
Falando sobre o livro em si, li em versão física e posso dizer que a edição está muito fofa. A capa é em tons vivos de laranja e traz as três protagonistas, cada uma segurando o elemento chave do respectivo conto. Além disso, a diagramação e revisão estão de parabéns, impressos em páginas grossinhas e amareladas, do jeito que amo.
Sendo assim, ‘Meu Livro de Cabeceira’ é uma leitura leve, despretensiosa, mas que promete algumas emoções no percurso. Recomendo que leiam e se rendam ao amor pelos livros dos personagens.
E aí, já leram esse livro ou algum outro das autoras? Me contem nos comentários.
Texto revisado por Emerson Silva
Miss Biblioteca
Sinto falta de ler em livro físico, acho que gosto mais das histórias quando leio no papel, no kindle é sempre mais dificil a leitura pra mim
Helaina Carvalho
Oi Hanna, tudo bem? Ainda não conhecia as autoras e o livro. Adorei a vibe dele pelo que você descreveu na sua resenha. São grandes as chances de eu pegar pra ler e gostar.
Até breve;
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com
Giovana Oliveira
Oi!
Dessas autoras só conheço o trabalho da Raffa Fustagno (com Minha Novela Turca) e adorei a proposta dessa coletânea!
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Hanna Carolina Lins
Ah, esse tem no formato físico. Então dá para aproveitar bem a leitura, =)
Hanna Carolina Lins
Eu sou suspeita para falar dos livros da Raffa, porque gosto de todos, hehe. Mas fico feliz que gostou da premissa de 'Meu Livro de Cabeceira', =)
Hanna Carolina Lins
Ah, fico feliz em saber disso, =).