Olá meu povo, como estamos? O mês de dezembro está rendendo por aqui (finalmente!) e o resultado são muitas resenhas. Então se preparem, pois teremos muitas por aqui nos próximos dias, haha. E a primeira desta lista é um romance de época nacional: O Despertar do Lírio, escrito por Babi A. Sette.
OBS. O livro aborda temas sensíveis e pode conter gatilhos, tais como estupro, suicídio e violência contra a mulher
Livro: O Despertar do Lírio
Autora: Babi A. Sette
Editora: Independente
Ano: 2024
Páginas: 144
País: Brasil
Formato: Digital (disponível no catálogo do Kindle Unlimited até o momento)
Lilian jurou fidelidade ao marido no leito de sua morte, mesmo tendo ficado viúva tão jovem. Para ela, a sua honra e reputação é o que tem de mais importante, muito mais do que bailes, saraus, ou flertes com cavalheiros bonitos e sedutores, ela sabe que o preço a se pagar por desejar viver aventuras e por quebrar regras, pode ser alto até demais. Por isso quer e deve se manter distante de problemas.
Simon Thorn é o resumo da palavra problema: atraente como o diabo e com a fama pior que a dele, Simon é tudo o que Lilian deve evitar. Quão ruim seria passar a ser o alvo das atenções de um homem desses? Cruzes, só de pensar em algo assim, Lilian sente o coração disparar e o sangue ferver. De medo, é claro.
O que Lilian não sabe, e se depender de Simon nunca descobrirá, é que ele está a um passo de realizar seu plano de vingança contra o culpado pelo título de assassino que recebera anos atrás.
O problema é que o canalha está morto e Simon, muito a contragosto, terá de usar a viúva recatada de seu inimigo a fim de atingir seus objetivos.
De um lado, ela quer manter distância e sua honra intacta; de outro, ele quer seduzi-la e desmoralizá-la.
No entanto, Lilian nunca se sentiu tão vulnerável e atraída por um homem. E Simon, por sua vez, diabos, ele não entende por que todas às vezes em que Lilian olha para ele, ou sorri em sua direção, ou mesmo respira perto dele, o seu estômago aperta e seu pulso acelera de um jeito desconfortável.
Entre segredos do passado e um castelo trancado há anos, palco de uma morte misteriosa, o maior desafio que Simon e Lilian podem enfrentar não tem a ver com honra, orgulho ou vingança e sim, ambos correm o risco de perder algo muito mais valioso: seus corações.
A temporada de bailes esta para começar, assim como as grandes fofocas. Lilian Radclife não precisa mais disso. Sendo viúva já há algum tempo e sem vontade de se casar novamente, ela vive muito bem ao lado de seu filho e sua assistente nas terras que herdou de Rafael.
No entanto, sua presença acaba sendo solicitada de última hora quando a mãe de sua melhor amiga vem lhe pedir socorro. Tentando livrar Anabelle (a amiga) de um escândalo que pode tomar conta de toda Londres, a jovem arruma as malas e parte rumo às terras de Eston, a fim de acabar com qualquer fofoca.
Só não esperava encontrar a pessoa mais temida (porém mais comentada) de todo reino: Simon Thorn, o Barão Assassino. Sua presença é notada ao longe, já que o rapaz é charmoso feito o diabo. Além disso, o barão tem uma missão bem antiga por sinal que envolve um plano de vingança contra Rafael Radcliffe.
Contudo, o alvo de seu plano está morto e não pode mais responder pelos atos. Dessa forma, Simon mira todos os esforços em Lilian, que carrega o sobrenome do visconde e agora também a vergonha.
Mas os dois lutam contra seus próprios demônios e problemas não resolvidos. Quando o destino deles se cruzam, fica cada vez mais difícil ignorar algumas respostas, por mais dolorosas que sejam. A grande questão é como eles vão seguir daqui por diante.
O Despertar do Lírio foi o livro de novembro pelo Clubinho da Pequena Jornalista e, também, meu primeiro contato com os livros da Babi. Eu não sabia muito bem o que esperar das suas obras. Mas por ter sido muito elogiada entre as meninas do clube, resolvi dar uma chance e não me arrependi.
A narrativa é em terceira pessoa, o que dá uma visão mais ampla de todos os ângulos. Lilian é uma protagonista que muito me surpreendeu. Ela ficou viúva muito cedo e se viu responsável por cuidar de seu filho ainda pequeno e diversas propriedades, que eram de Rafael.
O casamento durou pouco, mas foi o suficiente para que a jovem achasse que já sabia tudo o que precisava sobre o mundo. Tendo cumprido a “lista da felicidade” que a sociedade lhe impunha, agora só lhe restava ser a mãe que o filho merecia e se recolher em sua muralha emocional.
Por conta disso, bailes e banquetes não estavam mais em sua lista de prioridades, mesmo ainda sendo jovem e totalmente aceita ao participar deles. Mas para ela, bastava apenas ser a viúva do visconde e nada mais.
Assim, está sempre quieta e reclusa, vestindo roupas em tons de cinza e cabelo típico de uma senhora de idade. Para ela, nada mais importa, então porque se preocupar com beleza, se a única pessoa que veria isso já faleceu?
Entretanto, sua vida pacata vai ser sacudida no momento que a mãe de Anabelle, sua melhor amiga, entra em cena e lhe pede ajuda desesperadamente. Eis que a jovem solteira está prestes a perder a temporada e ser alvo de fofocas do momento, arriscando até o futuro das irmãs mais novas.
Preocupada com a amiga, Lilian passa por cima de seus conceitos e decide participar da bendita temporada. Afinal, precisa garantir que Anabelle seja tão feliz quanto ela foi em seu casamento.
O único problema é que o baile está sendo ofertado por uma senhora muito rica, dona de terras vastas e também tia de um dos membros da corte menos quistos do reino, chamado carinhosamente (sqn) de Barão Assassino.
Não basta ter a fama de ter matado a esposa, o barão é um libertino e adora colecionar conquistas. Assim, a missão de Lilian inclui também a garantia de que ele passará longe de Anabelle, por mais rico que seja.
Por sua vez, Simon Thorn é um homem lindo feito o diabo. Sua fama de assassino o faz ser temido por muitos, mas também traz um certo mistério e fama entre as mulheres. Talvez por isso ele se aproveita e sai colecionando as mais diversas conquistas, incluindo jovens solteiras, casadas, e agora também as viúvas, ou melhor dizendo, uma viúva em particular.
Isso porque ele está interessado em Lilian e na vingança que ela pode lhe proporcionar. Eis que anos atrás o barão foi enganado por Rafael (marido de Lilian) e saiu impune. Desde então, Simon procura por uma forma que possa desmoralizar seu arqui-inimigo de uma vez por todas, a fim de proporcionar a mesma vergonha pela qual ele passou.
“Como podem ver, minha vida foi pautada em cima de mentiras e dois homens que não valem as botas que vestem.”
O problema é que a prova foi encontrada tarde demais. Agora Rafael está morto e sua lembrança se restringe ao que sobrou de sua fortuna e aos herdeiros. Assim, o Barão Assassino não quer descansar enquanto não fizer Lilian pagar pelos pecados do marido.
Entretanto, conforme esses dois vão interagindo, percebem que tem bastante coisa em comum, incluindo as dores. Lilian pode ser uma muralha para quem a veja de longe, mas a realidade é o completo oposto.
Educada desde criança para ser o que os outros queriam, a verdade é que a moça jamais pensou no que realmente desejava. Vivia com o que lhe era ofertado e sempre deveria ser grata, mesmo que recebesse apenas migalhas. Afinal, é o que toda mulher merece, por ser alguém digna para a corte.
Acompanhar tudo o que se passava na cabeça dela me dava tristeza, pois percebi que muito do que ela pensava, era compartilhado por mim até uns anos atrás. Demorei demais tendo relacionamentos doentes, achando que era tudo o que eu teria na vida, ainda mais vendo algumas referências em filmes e novelas dos anos 1990-2000, em que certos comportamentos eram tidos como aceitáveis de contos de fadas.
Talvez por isso eu sonhava que ela tivesse o seu “final feliz” de verdade. Mas até que isso acontecesse de fato, muita coisa precisava ser resolvida, em especial sobre o seu falecido marido que pode estar sete palmos debaixo da terra, porém ainda assombra gerações inteiras.
Olhando de fora, já imaginava que Rafael não fosse flor que se cheirasse. Contudo, acho que não estava preparada para o tanto de eita atrás de eita que a autora preparou.
Quanto mais eu lia, mais eu entendia o porquê de Simon querer tanto se vingar. E, se eu estivesse no lugar dele, teria feito um feitiço para ele voltar do mundo dos mortos, só para ter o prazer de ver ele morrer novamente!
A cada capítulo, tinha um misto de nojo com rancor e angústia com tudo o que descobria e só queria que Lilian fosse forte para lidar com o tanto de coisa que estava por vir. Por sorte, Simon faz um bom papel de cavalheiro, apesar dos pesares, para quem eu tiro o meu chapéu.
Ele pode ser um libertino, tem fama de assassino e não faz questão alguma de contradizer a sociedade, que só o evita a todo custo. Embora isso possa ser ruim para algumas pessoas, para o Barão Assassino é uma vantagem. Como todos os membros da corte só o aturam pelo título que possui, ele entra em qualquer ambiente que deseja, mas isso não lhe garante puxa-sacos em volta.
“Era um absurdo acreditar que seria capaz de dar a Lilian qualquer felicidade, uma vez que ele era destruído demais para alcançar isso.”
Dessa forma, ele pode observar as pessoas de perto, vendo cada nuance que elas tentam esconder para se encaixar em um mundo de aparências e doente. Conhecendo mais de perto, vi em Simon um homem que lida com suas feridas ainda abertas e precisa urgente de alguém para conversar. Mas quando consegue, não sabe como lidar com a situação.
Assim, ele pode ser um cara durão e sem sentimentos para o mundo que o trata feito bicho. No entanto, quem o entende de perto, vê um rapaz que sofreu muito e só quer paz no coração.
Eu ficava agoniada ao ver como ele deixava tanta coisa constrangedora acontecendo e só queria entrar no livro para defender ele e colocá-lo num potinho. Ainda mais quando descobri o motivo dele ser chamado de assassino pelo mundo todo e nunca ter movido uma palha para confirmar ou não essa história.
Os personagens secundários também tem um papel especial na trama. São bem construídos e tem boas intenções. Mas eu gostaria que o elenco não fosse tão grande. Além disso, alguns tinham nomes parecidos e eu ficava confusa logo no começo, tentando saber quem era quem em cada núcleo, o que ficava ainda mais estranho quando os personagens se cruzavam em alguma cena.
Os capítulos muito longos também me incomodaram. A autora queria trazer muitos temas importantes, como família, luto e outros, que podem até ser gatilhos para os leitores.
Entretanto, acho que se ela tivesse prezado mais pela qualidade de poucos assuntos, teria dado um resultado bem melhor. Aqui, só vi uma salada de temas sérios comentados de forma bem superficial, e me deixaram com a sensação de respostas faltando.
O desfecho é emocionante e responde muita coisa. Mas como comentado anteriormente, a sensação de que ficaram algumas coisas a serem amarradas impera. Isso fica mais latente com uns personagens esquecidos no churrasco, que ainda não entendi o intuito da autora em colocá-los no elenco, como uma das principais, se ela praticamente não faz nada na trama, nem arrumar confusão consegue, coitada. Acho que a Babi mirou numa Nazaré Tedesco, mas só acertou em uma vilã adolescente de Malhação, que se tivesse sofrido combustão instantânea, não faria falta alguma.
Falando sobre o livro em si, li em versão digital e posso afirmar que tem uma diagramação bem feita. A revisão também está impecável, com uma fonte legível e agradável aos olhos. A capa traz os personagens principais e já mostra um pouco do que iremos ler. Eu achei até a capa nova mais bonita, pois parece mais um quadro, que eu teria na minha parede.
Em resumo, “O Despertar do Lírio” é um romance de época cativante que garante te deixar com o coração quentinho e alegre. Super recomendo se você procura um livro romance leve e com temas sérios. Mas indico também que verifique as possibilidades de gatilhos, para garantir uma boa experiência de leitura.
Agora me conta, você gosta de romances de época? Já tinha lido algum nacional?
Me conta nos comentários!
Texto revisado por Emerson Silva