9 de October de 2021

O fim da infância | Arthur C. Clarke

 Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trago a resenha de um clássico do scifi, que há muito tempo queria ler, O fim da infância, de Arthur C. Clarke.
O fim da infância | Arthur C. Clarke
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

56/24
Livro: O fim da infância
Autor: Arthur C. Clarke
Editora: Aleph
Ano: 2019 (Original em 1953)
Páginas: 320
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A RAÇA HUMANA NÃO ESTÁ MAIS SÓ

Nos primeiros anos da Guerra Fria, uma raça tecnologicamente superior ao homem desce dos céus para governar a Terra. Ao contrário do que se poderia imaginar, os invasores se mostram benevolentes e acabam conduzindo o planeta a um período de prosperidade jamais visto, em que não mais existem violência, fome e doenças. Com poucos focos de resistência, a humanidade se rende ao invasor.
Mas os Senhores Supremos têm suas regras: não é permitido a ninguém os conhecer, e a exploração do espaço está terminantemente proibida aos homens. Entre revelações surpreendentes e um vago mal-estar que assombra os corações humanos, o real propósito dos novos líderes permanecerá oculto por duzentos anos. Até que a humanidade esteja pronta. Até que uma missão seja cumprida. Até que a raça humana conheça o destino que lhe foi traçado.

 

O fim da infância | Arthur C. Clarke
  Imagine se, ao invés da Humanidade sair para explorar o universo, chegasse alguém antes e invadisse a Terra? Agora, imagine como seria o mundo se tivesse tudo de que precisa, sem ter que ir para a guerra, o mesmo fazer grandes esforços. Como você acha que seria o mundo vivendo em paz?
‘O fim da infância’ traz uma alternativa do que poderia ter nos acontecido, caso alguém vencesse a Corrida Espacial antes dos humanos, e traz uma visão de mundo totalmente diferente, que promete explodir sua cabeça, principalmente pela forma como aconteceu.

“A raça humana não estava mais só.”

Eu estou me abrindo mais ao clássicos, especialmente os de ficção científica, um gênero que curto bastante, mas que estava negligenciando nos últimos tempos. Fiquei muito feliz quando vi que tinha vários títulos interessantes do gênero disponíveis no catálogo do Kindle Unlimited e tratei logo de baixar ‘O fim da infância’, desde que vi uma resenha no canal da Ju Cirqueira.
‘O fim da infância’ foi escrito nos anos de 1950, e começa exatamente nessa época, quando a Guerra Fria estava apenas em seus primeiros anos, junto com a Corrida Espacial. A tecnologia estava em desenvolvimento e o céu já não parecia mais ser um limite… até que, antes mesmo que os humanos tivessem sucesso em sair da Terra, os alienígenas chegam aqui primeiro.
Com uma cena, literalmente de filme, os céus do mundo todo são cobertos por naves enormes e assustadoras, ocupadas por ET’s, que queriam se comunicar conosco. Mas, ao contrário do que muitos filmes mostram, a chegada dos ET’s por aqui não foi nenhuma guerra, muito pelo contrário.
Vieram na paz, e na paz permaneceram. Com uma tecnologia muito avançada em relação à nossa, e ávidos por conhecimento sobre os humanos, o ET’s começaram a fazer parte da vida das pessoas, que passaram a se acostumar com as naves paradas no céu.
Com o tempo, os ET’S, também conhecidos como Senhores Supremos, pareciam bastante interessados em nos dar tudo o que queríamos em termos de conhecimento. Logo, a Terra se tornou um planeta de pessoas desenvolvidas em várias coisas, sem guerras nem violência.
E tudo parecia ser por causa dos Senhores Supremos, que chegaram prometendo mundos e fundos a troco de… sabe-se lá o quê.
“Batalhara para levar os homens às estrelas e, em seu momento de triunfo, as estrelas, distantes e indiferentes, tinham vindo até ele.”
Não apenas o real motivo de estarem aqui, mas os próprios Senhores Supremos pareciam muito empenhados em manter sua identidade desconhecida, até dos porta-vozes humanos. O motivo para tanto segredo a princípio incomoda as pessoas, que começam a se dividir entre apoiadores dos novos moradores do planeta e os desconfiados.
E a divisão parece aumentar quando os Senhores Supremos avisam que só vão revelar quem são daqui a 50 anos, assim como o motivo de estarem aqui. Nesse clima de mistério, somos levados a uma leitura que me impressionou bastante. O livro é dividido em 3 partes, que dão saltos temporais bem grandes entre si.

“A humanidade perdera seus deuses ancestrais: e já era velha o bastante para prescindir de novos.”

Assim, não temos nenhum personagem em que nos agarrar para torcer, já que nem eles mesmos poderão estar vivos para testemunhar a grande revelação dos Senhores Supremos. Por causa disso, não somos convidados a compartilhar as experiências dos personagens, mas dos acontecimentos, observando tudo da cadeira de expectadores, com uma narrativa em terceira pessoa, mostrando todos os ângulos do ocorrido.
Os Senhores Supremos tem um grande motivo para se manterem ocultos, o que, num primeiro momento, pode ser incômodo para quem viu as naves chegarem. Mas conforme eu fui lendo, vi que fazia sentido o segredo naquele momento.
Além disso, temos mais coisas em que prestar atenção, como uma década de 1950 completamente diferente da que conhecemos pelos livros de História. Desde que os Senhores Supremos chegaram, o mundo não teve mais guerras, pandemias, nem desastres.
O fim da infância | Arthur C. Clarke
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Isso porque eles tiveram toda a benevolência de mostrar a tecnologia que tinham e nos presentear com ela. Então, temos um mundo super desenvolvido e bem parecido com as visões que temos de como seria a vida em outros planetas, de civilizações mais avançadas que a nossa.
A população parece aceitar tão bem a situação, que passa a venerar os Senhores Supremos como deuses, praticamente. Mas, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Para que um mundo que beira a utopia aconteça, os Senhores Supremos tem uma única exigência: os homens não podem sequer pensar em sair do planeta.
Num primeiro momento, isso não é um problema, já que os humanos tem vários “brinquedinhos novos” para explorar por aqui. Mas com o passar do tempo, o mundo utópico parece bastante esquisito. Se todo o conhecimento vem de mão beijada para nós, o que nos move então?
E isso podemos acompanhar de perto, de uma maneira bastante filosófica e convidativa à reflexão. Eu sei que ficaria muito feliz em viver num mundo de paz, mas não sei se seria feliz sem fazer alguma descoberta, ainda que simples.
“Era um conselho que poderia ter sido dado a qualquer pai, em qualquer época.”
Além disso, o que tem no espaço que não somos dignos de ver? E por que não podemos ver? São tantas perguntas, tantas dúvidas, que queria ler mais e mais, e saber o que ia acontecer.
Com uma escrita fluida e sem rodeios, eu vi um mundo plausível, em termos científicos, mas que, ainda assim, eu tive medo. O tempo todo somos levados a nos questionar porque queremos tanto conhecer o espaço e se somos realmente dignos de conseguir esse feito.
Vendo um mundo onde isso não foi possível, mas todos os nossos outros desejos são atendidos, sem esforço, vemos uma humanidade que tem novas gerações “mimadas” pelos Senhores Supremos. Até que ponto isso é bom? Até que ponto ficarmos acomodados nessa situação é uma situação bem vindo?
Somando a isso, temos vários plots que piram nossa cabeça, especialmente quando somos apresentados ao motivo que trouxe os Senhores Supremos até aqui. Se eu pudesse definir em um meme, diria que a leitura desse livro é “eita atrás de eita”. É um scifi sem muitas coisas mirabolantes, mas mostra que não precisa de tantos elementos fantásticos para impactar um leitor.
Esse é um livro simples, puro e ao mesmo tempo profundo, que vai te virar de cabeça para baixo, mesmo se não curtir muito o gênero. Eu achei o estilo do autor sensacional, especialmente pela época em que ele foi escrito, achei que foi muito bem bolado e já quero conhecer os outros livros dele.
Aqui, vocês vão se sentir lendo vários filmes diferentes, mas como o próprio autor conta, é bem provável que os filmes tenham sido derivados desse livro, e não o contrário (rsrsrs). Falando sobre o livro em si, é uma edição muito bonita e bem diagramada, que eu gostaria de ter em versão física algum dia na estante. A capa parece até um quadro, que a editora caprichou bem e remete muito bem ao tema central do livro.
O fim da infância | Arthur C. Clarke
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Além disso, o final me impactou bastante e, mesmo tendo medo, confesso que achei bem plausível, se for pensar como uma cientista. Assim, eu dou nota máxima ao livro e recomendo a leitura, que fiquei muito feliz em ter conhecido e entrou para a lista dos favoritos da vida.

 

Postado por:

Hanna de Paiva

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