3 de April de 2021

O homem em branco | Gabriel Ritta

    Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha de uma de minhas últimas leituras, O homem em branco, conto de Gabriel Ritta. 
O homem em branco | Gabriel Ritta
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

Texto cedido em parceria com a Confraria Crônicas Fantásticas. 

15/24
Livro: Um homem em branco
Autor: Gabriel Ritta
Editora: Confraria Crônicas Fantásticas
Ano: 2021
Páginas: 64

Neste conto histórico, somos transportados ao clima úmido, cinzento e Noir dos anos 1930. Todavia, nosso cenário aqui não é Paris ou Nova York, mas sim Pelotas, uma metrópole gaúcha de médio porte esquecida pela história, mas que nessa época, estava em plena ascensão, vivendo seus anos de glória. É nesse cenário que somos apresentados ao Homem em Branco, um sujeito sem face, de pele branca como papel, que construiu sua carreira como investigador particular. Ele não sabe quem é, o que é ou de onde veio. E, apesar de suas grandes habilidades investigativas e dedutivas, um intrigante caso começa a assombrar sua mente, quando em uma vila na periferia da cidade, um vulto de vestes cinzentas começa a atormentar os pobres miseráveis moradores, para então desaparecer na escuridão. Conseguirá o Homem em Branco desvendar tais acontecimentos, ditos popularmente como sobrenaturais, e dar um fim definitivo aos dias de tormento da pequena comunidade?

   Ao contrário dos dois contos anteriores, O homem em branco traz um Brasil mais próximo da nossa realidade. 
   A história se passa em Pelotas, na década de 1930. Nessa época, a cidade não era tão grande, mas também não era pequena. 
   As pessoas estavam aceitando bem o progresso, com as modernidades e facilidades que estavam surgindo, mas também não deixavam certas crendices de lado. 
   E essas crendices estavam bem afloradas na mente das pessoas, depois que coisas estranhas começam a acontecer pela vizinhança, que ninguém conseguia explicar. 
   O que não se pode explicar, se recorre ao Homem em Branco para resolver. Ele não tem esse nome à toa. 
   Por algum motivo, ele não tem rosto, é literalmente, uma tela em branco com um corpo e um chapéu preto, que anda pela cidade, falando e convivendo com todos. 
   Misteriosamente, ele não sabe o motivo de ser assim, se sempre foi assim, muito menos de onde vem. O que importa é que ele tem uma grande habilidade dedutiva, e é a ele que o chefe de polícia recorre quando dá de cara com casos sem solução. 
 
  • Leia também: Sonhos de primavera
  
   Tentarei não falar muito sobre esse conto, pois ele tem apenas 64 páginas, o que me dá uma chance muito grande de soltar spoiler.  
   Mas foi o que conto que mais gostei até agora. O Homem em Branco é um protagonista singular. Primeiro, a face dele sendo uma tela em branco já atrai a atenção de qualquer pessoa que passe por ele, ainda mais quando ele fala com você e te ouve melhor do que qualquer pessoa com orelhas.

“Sou realmente um homem em branco escrevendo sua história.”

  Não apenas isso, a forma como ele faz as investigações me lembrou um pouco de Sherlock Holmes, misturado com Scooby-Doo, o que acabou levando a uma combinação bem legal.
  Apesar de ser algo mais voltado para o sobrenatural, já que fala muito sobre crendices populares e lendas urbanas, eu consegui ler de boa, numa madrugada (pasmem! A medrosa encarou!).
  Acho que o que ajudou também foi a escrita do Gabriel, que é tão fluida, que você vai lendo, e se envolvendo com a trama, que nem sente. 
  Achei bem legal que ele usou um cenário bem brasileiro, numa cidade que hoje quase não é lembrada pelo restante do país, mas que foi muito importante um tempo atrás. 
  Acabou sendo uma volta no tempo, com detetives de bigode pomposo, ternos bem alinhados e chapéu chique, andando pela cidade. 
  Além disso, a história nos é narrada pelo próprio detetive, que conta como é ser visto pelas outras pessoas. 
O homem em branco | Gabriel Ritta
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

  Então, além da investigação em si, podemos ver pelo ângulo dele, como é a relação de preconceito, medo do diferente e como ele lida com isso. 
  Ele mesmo não sabe qual o seu nome, chegou na cidade sem lenço nem documento e acabou ficando por lá. 
“Bem, mas quem sou eu, afinal?”
  Achei curioso que, a não ser pelo tato, ele não tem nenhum outro órgão do sentido. Então imagino como ele poderia falar e ouvir, talvez telepatia, vai saber… Mas fiquei curiosa para saber como ele via as pessoas, e até como se alimentava, já que não tem boca…  
 Minha única ressalva era que gostaria de um pouco mais de detalhes sobre o próprio Homem em Branco, fez bastante falta. 
 Com relação ao mistério em si, o Homem em Branco salvou minhas expectativas, pois me surpreendeu como o desfecho da trama. 
 Confesso que não esperava um final desse jeito e fui feita de trouxa sem nem notar (rsrsrs).
 Falando em final, o desse conto foi fechadinho, o que muito me animou. Mas ele deu a entender que talvez não estivesse satisfeito em se despedir do leitor tão facilmente.  
 Gostaria muito que isso fosse real, pois ficaria feliz em ler mais uma aventura do detetive mais peculiar que já vi na vida. 
O homem em branco | Gabriel Ritta
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna
  Com relação ao livro em si, a capa foi a que mais entregou o que teríamos no conto, com o próprio Homem em Branco na capa, vestido de preto. 
  A fonte e a revisão estão de parabéns, assim como a diagramação do conto todo. 

    

  E essa foi a postagem de hoje. O que acharam do conto? 

 
   
 
   
Postado por:

Hanna de Paiva

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