Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um clássico, que fui desafiada a ler pela minha amiga Babi Bueno, do Meu Mundinho Quase Perfeito. Fizemos uma leitura coletiva e aqui está a resenha do livro O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë.
Foto: Divulgação |
Livro: O morro dos ventos uivantes
Autora: Emily Brontë
Editora: Scipione (versão resumida)
Ano: 1997
Páginas: 110
Morro dos Ventos Uivantes, solar de aspecto sombrio, onde se desenrolam cenas assombrosas e violentas, juntamente com episódios de intrigas e paixões. A mais estranha história de amor escrita até hoje. Obra famosa no mundo inteiro, publicada há mais de um século, continua a desafiar o tempo, crescendo com ele em importância. Sendo o único romance da autora, bastou, entretanto, para assegurar-lhe lugar entre os maiores gênios da literatura.
Esse é um clássico que muita gente ama ou odeia. Ele já foi citado no filme ‘A proposta‘, onde a personagem de Sandra Bullock afirma que lê esse livro todo Natal e, se não me engano, foi inspiração para a famosa saga de ‘Crepúsculo‘.
Sejam apresentados às famílias Heathcliff, Linton e Earnshaw. Os representantes dessas famílias são protagonistas de uma história que tem muito sangue, raiva e discórdia. O que ficou tão pesado que assombra a própria casa.
A história é narrada pelo Sr. Lockwood, um inquilino que chega até ao Morro dos Ventos Uivantes, que tem esse nome por causa do som que o vento faz quando passa pelas janelas e portas. Ele é muito mal recebido pelo seu senhorio e, sem entender nada, sua empregada provisória, a Sra. Dean lhe conta o motivo de tanta maldade numa pessoa só. E eis que nos é apresentada a rixa entre as famílias, por conta de um amor doentio entre Heathcliff e Catherine Earnshaw.
Mesmo que ambos se gostem, a questão toda se deu porque eles nunca ficaram juntos. Apesar de serem feitos um para o outro, acabaram se casando com pessoas diferentes. Catherine ficou com um dos irmãos Linton, enquanto Heathcliff ficou com Isabela Linton, como “prêmio de consolação” e vingança por ter tido o amor de sua vida roubado pelo amigo e irmão de Isabela.
Heathcliff é uma pessoa amarga, que ama espalhar discórdia por onde passa e não descansa até que as pessoas ao seu redor fiquem tão amargas quanto ele. Quem aguenta vai ficando, e quem não aguenta acaba indo para bem longe. Catherine, tão dissimulada quanto Heathcliff, acaba cedendo ao marido e “tenta” viver um casamento feliz, mas ela sempre amou sua cara metade Heathcliff. E ele sabe disso, tanto que faz de tudo para atrapalhar a vida da moça, que acaba por morrer, deixando uma filha, que leva seu nome.
Heathcliff, casado com Isabela, é um péssimo marido, e só falta matar a esposa de pancada. Cansada de ser torturada, ela foge de volta à Granja dos Tordos, mas seu filho Linton acaba ficando para trás, nas mãos do pai que faz questão de prender a criança, como uma forma de trazer sofrimento a Isabela, que não pode mais voltar para casa.
Essa geração acaba por ficar mais velha e morre. O que dá espaço para a segunda parte do livro, onde os primos crescem e se aproximam, sem imaginar a história que há por trás de seu nascimento. E mais inocentes ainda ao que estão para sofrer nas mãos do velho Heathcliff, que não cansa de atrapalhar a vida das pessoas.
Li esse livro, como já falei lá no início, numa leitura coletiva, um tipo de desafio literário que a Babi me propôs. Depois do clássico do mês passado, ela se empolgou e quis ler ‘O morro dos ventos uivantes’, que também é um clássico polêmico.
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Muitas pessoas amam, falam que é emocionante, que faz a pessoa chorar, pensar na vida e blablabla. Eu, sinceramente, não vi nada disso. Esse é só mais um livro que me faz me perguntar porque se tornou um clássico. Primeiro, o narrador da história, que faz questão de anunciar que vai nos contar tudo o que sabe, é o Sr. Lockwood. Mas ele passa o tempo todo bancando o fofoqueiro, apenas ouvindo o que a verdadeira narradora Sra. Dean lhe conta sobre a briga das famílias entre a Granja dos Tordos e o Morro dos ventos uivantes. Ele fica curioso para saber o porquê de Heathcliff ser tão amargo e recluso.
Mas quando descobre tudo o que quer saber, vai embora atrás de outro lugar para morar e descobrir as fofocas locais (Sr. Lockwood não me engana). A Sra. Dean, doida para desabafar anos de sofrimento alheio, acaba por fazer a vontade do inquilino e conta todos os detalhes. E, sinceramente, levantei as mãos para o céu por ter lido a versão resumida que, coincidentemente, consegui no mês passado, pelas mãos de um amigo meu.
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Como era a versão resumida, a editora só colocou as partes realmente importantes da história e, mesmo assim, eu detestei. A Sra. Dean é a única sensata naquela casa. Tanto na Granja dos Tordos quando no Morro dos ventos uivantes o povo só pensa em ficar enchendo o saco do parente.
E Heathcliff leva o caso tão a sério, que além de perder a mulher que ama, decide se vingar e atrapalhar a vida do casal até o último minuto. Não satisfeito com a morte de Catherine, faz questão de colocar seu filho no caminho da filha da mulher que amava, que leva o mesmo nome da mãe, para que eles se apaixonem e ele possa se vingar da segunda geração da mulher que o deixou para trás.
A pobre da Catherine segunda é tão idiota (perdoem a palavra, mas ela é muito idiota mesmo), que cai na armadilha! O filho de Heathcliff foi criado do jeito que ninguém merece ser tratado. Passou a vida inteira jogado num canto, como se não valesse nada. E realmente não valia, até que cresceu e poderia ser um bom partido para a filha da mulher que o largou e também merecia pagar pelo que fizeram antes dela nascer. O filho seguiu o exemplo do pai e ficou ainda pior que ele, malvado, dissimulado e sem amor nem pela própria sombra. E o pior meu povo, é que Catherine se apaixona por ele!
“O ódio que Heathcliff dedica a mim é de tal natureza, que seus músculos se contraem quando me vê. O resultado é que hoje sinto o mesmo por ele.”
“Não é um ser humano e não tem direito à minha caridade. Ainda que gemesse até a morte e vertesse lágrimas de sangue por Catherine, eu ficaria insensível.”