11 de December de 2021

Pátio dos milagres | Carol Camargo

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos mais um volume de Era uma vez… vilãs por aqui. O volume da vez se chama Pátio dos milagres, uma releitura de O corcunda de Notre Dame, da autora Carol Camargo.
Pátio dos milagres | Carol Camargo
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

69/24 
Livro: Pátio dos milagres
Autora: Carol Camargo
Editora: Increasy 
Ano: 2021
Páginas: 62
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Pátio dos milagres | Carol Camargo

 

Você está convidado a conhecer Claudine, cuja história foi inspirada no vilão de O Corcunda de Notre Dame, Claude Frollo, responsável por perseguir Esmeralda e maltratar Quasímodo.
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Em 1928 em frente à Catedral de Notre Dame, Claudine, de apenas 5 anos, observa assustada seu pai, importante militar da cidade, perseguir e destruir uma família de etnia Rom em praça pública, deixando livre apenas a criança que fora acolhida pelo pároco local enquanto seus pais eram presos.

Anos mais tarde, em meio a Ocupação da França pela Alemanha Nazista, Claudine tem orgulho de auxiliar o pai na captura de membros da resistência enquanto frequenta a catedral. O que Claudine não esperava era que o passado ecoaria pelos corredores de Notre Dame em busca de vingança através das notas do violino de uma rom e que as paredes históricas escondem mais do que ela pode imaginar.
 
Tentarei ser bem breve nessa resenha, já que é um conto. Essa é uma releitura de O corcunda de Notre Dame, pela visão de Claudine, uma versão feminina de Claude Frollo. A trama começa com Claudine ainda pequena, observando fatos que podem moldar seus pensamentos no futuro.
Em 1928, ciganos, também conhecidos como povo rom, eram cruelmente perseguidos na França, acusados de mancharem a honra do país, além de tirarem empregos de “cidadãos de bem”. A perseguição envolve a família de Esmeralda, também pequena, que acaba de maneira violenta e marcante para ambas as menininhas.
Claudine sofre lavagem cerebral do pai constantemente. É uma católica fervorosa e acha que tudo que o pai fala é lei. Mas sua vida vai virar de cabeça para baixo, quando reencontrar Esmeralda, uma bela violinista e líder dos rebeldes.
“Responda o enigma, assim que puder, ao soar de Notre Dame. Quem é o monstro e o homem, quem é?”
Essa foi uma leitura que optei por fazer devagar, de propósito, pois a história do Corcunda de Notre Dame é uma das mais tristes que já conheci. Toda vez que vejo uma releitura dela, eu prefiro ler com bastante calma, e já preparando meu espírito.
E aqui não foi diferente. O conto de passa em meio ao movimento nazista, encabeçado pelo pai de Claudine. Ela vê no pai um verdadeiro herói nacional, um homem puro e livre de qualquer pecado. Cresce se achando uma pecadora, que vai queimar no inferno se sair dos trilhos que o pai lhe coloca, e assina embaixo de tudo que ele fala, sem discussão.
Essa confiança cega vai ficar bem balançada quando ela conhecer Esmeralda. Ela não se lembra, mas a vida dessas duas se cruzou pela primeira vez anos atrás, durante um massacre que marcou a vida da cidade.
Mas enquanto Claudine vivou normalmente sua vida, comendo do bom e do melhor, dormindo confortável e quentinha em casa, Esmeralda teve uma vida conturbada, sempre sofrendo preconceitos e se escondendo, por causa de suas origens. Esmeralda é uma bela mulher, que encanta a todos com seus olhos verdes e seu talento para música, especialmente o violino.

“A guerra tem vontade própria”.

Pátio dos milagres | Carol Camargo
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Todos os dias, Esmeralda vai até o altar da Virgem Santa, colocar rosas e tocar uma música. Mas até no que parece ser uma oferenda simples, Esmeralda tem seu jeito de se rebelar e andar contra o sistema. Claudine se encanta por Esmeralda, mas fica a eterna dúvida, se ela está apaixonada ou com inveja de Esmeralda, já que Claudine fica num dilema interno infinito sobre a moça.

“A história pode mudar se quem está contando a história mudar também.”

Em parte, Claudine poderia ter do bom e do melhor em tudo, menos sua liberdade de expressão. Já Esmeralda vive o outro lado da moeda, lutando pelos seus ideais e pelo que acha certo, sem baixar a cabeça para ninguém.
A Carol tem um jeito de levar o leitor a viajar junto com os personagens. E eu gostei bastante de conhecer a famosa catedral francesa por outro ângulo.
“Se você tem coragem de me fazer esse tipo de pergunta, é sinal de que não sabe nada do que acontece do lado de fora desse lugar.”
Além disso, a autora tem um dom de lidar com assuntos, como preconceito e liberdade religiosa, com uma maestria, que faz com que assuntos sérios sejam tratados com leveza, mas sem perder a seriedade.
A leitura é cheia de cenas de “tiro, porrada e bomba”, mas sem perder a majestade do conto original. Amei essa releitura e entrou para a lista dos favoritos.
Com relação ao conto em si, ele só existe em versão digital. Posso falar que a diagramação está linda, seguindo o mesmo padrão dos contos anteriores. A capa está maravilhosa, com a Claudine em destaque. Para falar a verdade, acho ela mais bonita do que o Claude original, haha.

   Vocês conhecem os outros contos de Era uma vez… vilãs? Me contem aí! 

Postado por:

Hanna de Paiva

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