Olá meu povo, como estamos? Hoje temos “12 Livros para 2022”, um quadro muito amorzinho em parceria com as meninas do “MãeLiteratura” e “Pacote Literário”. O tema de junho era “Romance” e o escolhido por vocês na votação foi ‘Esse Turu Turu’, da autora nacional Raffa Fustagno.
30/24
Livro: Esse Turu Turu
Autora: Raffa Fustagno
Editora: Fora da Caixa
Ano: 2019
Páginas: 234
1994. O ano em que começa a história da Leah.
Uma adolescente da zona sul do Rio de Janeiro, de quase 15 anos, que ao mudar de escola se encanta de imediato por Lucas, o irmão de sua mais nova melhor amiga.
São tantas as complicações nessa idade que, além de nunca ter beijado ninguém antes, lidar com uma paixão não correspondida não é exatamente o que ela precisa.
Entre cartas para seu amor e seus desafetos – que jamais deveriam ser lidas em voz alta -, além de eventos marcantes que ocorreram neste ano, a trama é embalada por músicas da sua dupla preferida, Sandy e Junior.
Aventure-se nesse mundo romântico, talvez nem tanto, e seja levado ao passado com uma trilha sonora de fazer todo mundo pular.
5…4…3…2….1!
Leah é uma jovem de 14 anos, que tinha quase tudo o que podia desejar: pais amorosos, uma madrinha incrível, amigos, escola legal. Só faltava mesmo um amor para chamar de seu e finalmente dar seu primeiro beijo.
Para ela, 1994 seria o ano em que finalmente perderia o famigerado BV (ou boca virgem), de maneira especial quando entra na escola nova e conhece Lucas, o rapaz mais lindo que ela já viu, e irmão de sua melhor amiga.
A grande questão é: será que Lucas sente o mesmo por Leah? Embalados pela trilha sonora de Sandy e Júnior, voltamos à 1994 e acompanhamos os amores e desamores da mocinha, assim como as descobertas do que é a verdadeira amizade.
Aiai… Como eu começo falando desse livro? Bem, eu já acompanho os trabalhos da Raffa há um tempo considerável e gosto dos livros dela, por serem romances mais levinhos, com escrita fluida e até trazem finais previsíveis, típicos de comédia romântica. O que prefiro em alguns momentos, para intercalar com os suspenses psicológicos mais pesados que ando lendo nos últimos tempos.
Assim, já sabia o que esperar quando vi o lançamento dessa obra. E fiquei mais animada ainda, por ser fã de Sandy e Júnior também. Então, seria o conjunto completo e garantia de uma boa leitura.
Aqui conhecemos Leah, uma adolescente carioca dos anos 1990, que sonha com seu primeiro beijo. Ela é inteligente, sonhadora e romântica, especialmente quando começa a ouvir as músicas de seus maiores ídolos. Tudo o que ela queria era que seu momento mais marcante acontecesse com uma trilha sonora romântica e com um carinha legal.
Talvez ele esperasse por ela em suas novas escolhas, pois mudou tanto de escola quanto cursinho de Inglês. Conhecendo o estilo da autora, essa foi uma experiência bastante nostálgica. Não apenas por ver as músicas escolhidas como tema de cada capítulo, como também foi uma verdadeira viagem ver minha cidade natal por um ângulo que eu nem imaginava.
Isso porque em 1994 eu tinha apenas seis anos e havia me mudado para Campina Grande (PB). Logo, só conhecia o que meus pais contavam e me mostravam na TV, quando passava algo sobre o Rio de Janeiro.
Além disso, conforme ia lendo a trama, percebi todo o cuidado que a Raffa teve de descrever exatamente os acontecimentos mais marcantes do ano, quase como uma retrospectiva. Então, ver a Seleção Brasileira da época, bem como Ayrton Senna e outros artistas, fora obras que estavam no auge só deixaram a viagem no tempo mais especial e emocionante.
Pela narrativa, imagino onde fica a escola em que Leah está para começar o ano letivo (que existe até hoje e é muito bonita, por sinal). Logo no primeiro dia, a menina conhece Wanessa e Jéssica, as colegas de turma, com quem faz amizade instantaneamente (ou não). Wanessa é a típica CDF, não liga muito para estar sempre na moda e apenas usa o que lhe é confortável.
Ela é bem para frente em seus pensamentos, inclusive, e arrisco dizer uma feminista dos anos 1990. Gostei dessa menina de graça e já queria conhecer na vida real também. Jessica, por sua vez, é a menina popular dos filmes e seriados americanos da época. Sabe que é bonita, chama bastante atenção por onde passa e faz questão de mostrar mais ainda, o que deixa os meninos babando por ela e as meninas com inveja.
Ao chegar no cursinho novo de Inglês, Leah conhece, também, Lucas e Rodrigo, dois rapazes muito bonitos e que estão para entrar em sua vida de uma maneira inesperada. Enquanto Rodrigo é o mais cavalheiro e candidato a príncipe encantado, Lucas é o típico badboy, que ouve Nirvana e acha que só surfar é legal e todo mundo é chato.
Vendo as coisas em primeira pessoa, ora pelo ângulo de Leah, ora pelo de Lucas, acompanhamos os acontecimentos e tiramos nossas próprias conclusões. A paixão da mocinha pelo rapaz é mais rápida do que miojo. Ela não consegue se segurar nem dois minutos sem falar ou fazer alguma besteira, de tão louca que fica pelo menino.
Isso rende umas situações engraçadas, que nos remetem ao nosso primeiro amor. E também me lembrou bastante o clichê de comédias românticas que, aqui sim, eu vi sentido de acontecer, pois se tratava de uma adolescente imatura e inexperiente. Logo, era previsível que essas cenas acontecessem mesmo.
“[…] Deve ter sido por isso que li certa vez, nesses livros chatos da escola, que “o amor
transforma a gente”. Por enquanto, só acho que ele acaba com nossa mesada mesmo.”
No entanto, embora tenha gostado de algumas cenas de mocinha atrapalhada, Leah manteve sua dignidade até a página 2. O que me incomodou bastante em diversos momentos.
Juro que tentei entender a implicância dela com a Jéssica, mas não consegui. Me lembrou um pouco ‘Meninas Malvadas’ às avessas, sem necessidade.
Só serviu para eu achar a Leah muito mal-educada e merecedora de um voucher para o curso de boas maneiras. Ainda existe uma linha tênue entre paixão avassaladora e obsessão, que claramente não mandaram um memorando para Leah.
Estou acostumada a ver esse tipo de comportamento em personagens secundários, mas vindo da protagonista foi a primeira vez e me surpreendeu. Sinceramente, não sei como ainda consegui continuar lendo as coisas pelo ângulo dela, pois se tornaram repetitivas e enjoadas, endeusando o Lucas, como se só ele importasse no mundo.
Além disso, Leah fica o tempo todo dizendo “ninguém me entende”, como um disco arranhado e gera situações constrangedoras, as quais teriam sido evitadas, caso ela parasse de olhar para o próprio umbigo ou para o Lucas um minuto que fosse. Isso é confirmado quando vemos as coisas pelo lado do rapaz.
“Sou um conjunto de nuncas que deveria estar no livro dos recordes.”
Ele não é nenhum santo, isso é fato. Adolescente rebelde que sabe ser bonitinho, amante das praias cariocas e com os hormônios à flor da pele.
Ainda, daria um belo close como ‘Colírio da Capricho’, derretendo os corações das meninas por onde passa. Olhando de longe, Lucas parece ser um rapaz fútil e rebelde sem causa. Porém, as coisas mudam quando ele narra seus próprios sentimentos.
Além disso, acompanhamos como o menino percebe o interesse de Leah e como lida com isso. Embora o ache um completo babaca na maior parte das vezes, não posso negar que dei razão a Lucas em diversos momentos, talvez por estar vendo as coisas por um ângulo diferente e com um olhar mais adulto. O clichê do trisal se completa quando Rodrigo entra em cena.
Ele é um docinho de pessoa e acho que todo mundo desejou ter alguém como ele em algum momento da vida. Embora seja algo que eu não curta em literatura, devo confessar que em ‘Esse Turu Turu’ tal clichê caiu como uma luva.
Além disso, o tempo todo me via dividida entre dar uns tapas na Leah e desejar um final feliz para ela e seus amigos, apesar de tudo. Isso porque, embora tenha feito várias besteiras, os personagens desse livro são bem humanos. E poderia ter sido qualquer um de nós anos atrás (ou ainda vivendo sua adolescência aos 30, 40 anos, tudo é possível).
“É nele, é nele que quero me perder, para me encontrar.”
Em resumo, ‘Esse Turu Turu’ é um conjunto de clichês que funcionaram muito bem juntos. Por conta disso, o desfecho é fechado e previsível, porém nem tanto.
Talvez por esse motivo eu tenha gostado da trama. Todo mundo aprende alguma lição, nem que seja pequena, e rende um “final feliz”. Minhas reclamações seriam que senti falta de umas páginas a mais, só para ver o que acontece com alguns outros personagens que, aparentemente, foram esquecidos no churrasco.
Além disso, existe uma playlist com as músicas citadas em cada capítulo na contracapa. No entanto, não estão na ordem em que foram citadas e me incomodou, por me sentir um tanto perdida. Se não fosse por isso, teria sido uma leitura fantástica.
Falando sobre o livro em si, a diagramação dele está linda, com uma fonte legível e as páginas mais grossinhas, deixando a experiência muito confortável. A revisão também está bem feita e a capa é digna de um quadro, em tons de rosa e roxo. Por fim, apesar das ressalvas, gostei do livro e recomendo, especialmente se procura algo mais levinho e para dar algumas risadas, enquanto descansa de leituras mais densas.
E o andamento do projeto está assim:
Já leram algum livro da autora? Curtem romances mais adolescentes, me contem aí! Ah, e não esqueçam de passar nos blogs parceiros, para conferir as escolhas delas para junho também!
Texto revisado por Emerson Silva
Cida
Oi Hanna! Eu não conhecia o livro, mas por tudo que li na resenha, acho que é uma história deliciosa por todo esse clima de nostalgia que vai trazer. Tanto por nos fazer lembrar da adolescência e seus dramas, como para lembrar dos anos 90.
Bjos!! Cida
Moonlight Books
Jovem Jornalista
Parece ser uma leitura bem leve. Resenha super completa.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está de volta com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
MaeLiteratura
Às vezes tudo o que eu preciso é de um bom clichê, Hanna! Adorei a dica e quero ler também. Achei a capa linda e curti a indicação deste mês. Beijão e até o mês que vem
Sil
Olá, Hanna.
Eu tinha treze nesse ano e acho que seria uma leitura bem nostálgica. Mas lendo sobre a protagonista já vi que vou passar muita raiva com ela e por isso é uma leitura que provavelmente não farei.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Sim, nostalgia define bem esse livro, viu? Eu adorei essa volta no tempo que ele me trouxe. S2
Hanna Carolina Lins
É bem isso, Clauo, =)
Hanna Carolina Lins
Obrigada, Emerson, ^^
Hanna Carolina Lins
Super te entendo, Sil. Por várias vezes eu me peguei murmurando, com raiva da Leah. Mas a nostalgia falou mais alto e acabei gostando da leitura, haha.