Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de A garota no trem, o livro da Paula Hawkins, que rendeu um filme no cinema, além de várias opiniões favoráveis e contra. Vem ver o que achei! 😉
Divulgação |
20/30
Livro: A garota no trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Ano: 2016
Páginas: 375
“Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio por galpões, caixas d’água, pontes, casebres e aconchegantes casas vitorianas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, “A garota no trem” é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.”
Rachel é uma moça aparentemente comum. Todos os dias ela vai para Londres, anda de trem indo e voltando do trabalho, uma rotina como a de todos no mundo ao seu redor. Como o trem para no sinal esperando liberação, ela acaba olhando para a vizinhança ao redor, que já conhece de cor e salteado… Casinhas parecidas umas com as outras, bairro tranquilo, pessoas indo e vindo com suas vidinhas… Coisas do dia-a-dia…
Olhando assim parece até a gente mesmo na nossa rotina corrida, pessoas normais indo para seus afazeres… Mas Rachel tem uma imaginação fértil, e acaba dando nome aos personagens reais que ela vê todo dia naquelas casinhas, uma em especial… Um casal tão apaixonado, digno de contos de fadas, que ela chama de Jess e Jason. Sempre aos beijos e abraços, sempre apaixonados… Até o dia em que ela vê algo que nunca imaginaria… O que ela viu? Aquilo era mesmo real? O que fazer diante de uma cena dessas? E aí começa nossa história…
“Duas vezes por dia, tenho a oportunidade de espiar outras vias por um breve momento. Observar desconhecidos na segurança do lar, por algum motivo, me traz uma sensação de tranquilidade.”
Para começo de conversa, nesse livro, vemos que realmente as aparências enganam, a começar pela própria Rachel. Ela pega o trem todo dia, como se fosse trabalhar, mas na real tem meses que foi demitida e está tentando esconder o fato de sua colega de apartamento, Cathy. Enquanto ela acha que Rachel tem um emprego fixo, Rachel na verdade passa o dia inteiro na biblioteca, pesquisando sites de emprego e se afogando em bebida pelas ruas de Londres. Chega em casa todo dia trocando as pernas e se recusa a procurar um AA.
“Não faço a menor questão de estar em Londres […]. Prefiro estar aqui, olhando para as casas à margem da linha do trem, do que em qualquer outro lugar.”
“Toda vez que bebo, dificilmente durmo bem. Apago na cama por uma ou duas horas, então acordo, cm medo de tudo e com nojo de mim.”
E foi exatamente nesse dia em que ela bebeu todas que testemunhou uma cena estranha exatamente na rua do casal de contos de fadas… E ela não está só apaixonada pela “história linda do casal”. Na real ela fica é com dor de cotovelo, pois usa o trem para observar o número 23, a casa onde ela morava com Tom, seu ex-marido, agora casado com Anna e com uma filhinha, a filhinha que Rachel sempre quis ter, mas nunca conseguiu engravidar.
Tudo está errado nesse livro, mas todos tem uma “vida perfeita”, como se exibiria nas redes sociais… E por trás dessa vidinha perfeita, vemos Rachel, a mulher obcecada pelo ex marido e morrendo de inveja do casal apaixonado. Anna já sabia que Tom era casado, mesmo assim fez questão de ter um caso com ele e engravidar, e ainda se mudar para a casa que era de Rachel, sabendo que ela tava sofrendo por nunca ter conseguido um filho.
Tom, aparentemente era um cara paciente, que tinha a maior boa vontade em dizer para Rachel seguir seu caminho, enquanto ele tentava seguir sua vida nova com Anna. Na outra casa, temos Megan (Jess) e Scott (Jason), o casal que não vivia tão in love assim… Apesar de serem apaixonados, Megan se tratava por algo que fez no passado e que marcou muito sua vida. O que a levou a cometer várias traições enquanto Scott viajava.
“Eles formam uma espécie de casal 20.”
O que todos eles tem em comum? Bom… tudo! Todos moram perto, a não ser a Rachel, mas ela se mete tanto na vida de todo mundo, que acaba fazendo parte do cenário.
Megan desapareceu, e com isso vieram a tona segredos que nunca deveriam ser revelados… Todos mostram que tem um lado podre… e não é aquela coisinha tipo medo de barata. É segredo dos brabos mesmo, que vão se desenrolando enquanto a polícia procura por ela.
“Há uma semana Megan Hipwell saiu do número 15 da Blenheim Road e nunca mais voltou. Ninguém a viu desde então. Nem seu telefone nem seus cartões de banco foram usados desde sábado. Quando li isso em um artigo hoje, mais cedo, comecei a chorar. Estou envergonhada agora das coisas que pensei. Megan não é um mistério a ser solucionado, não é uma figura que aparece na primeira cena de um filme, bela, etérea, incorpórea. Ela não é uma charada. Ela é de verdade.”
Bom… O que eu achei desse livro? Difícil dizer… Logo que saiu o filme, foi aquele sucesso danado, todos queriam ver e tudo mais. Com relação ao livro, vi muitos comentários falando que era o melhor livro que já tinham lido na vida, enquanto outros falavam que era uma tremenda porcaria…
Confesso que, como amante de thrillers, eu tinha que ter a minha opinião a respeito desse bendito e… Não foi uma experiência tão boa assim…
Já passou por aqueles casos em que você fica com raiva de um ou outro personagem? Isso é super normal, você que ele pague logo por ser tão ruim com os outros e tudo mais. Ou reclama que a mocinha é besta demais… ok… Mas e quando TODOS os personagens são ruins?! Sério! Por mais que a gente saiba que não tem ninguém perfeito nesse mundo, todos os personagens me causaram um ranço que é assustador!
Rachel é uma bêbada, que se entregou ao vício depois de não conseguir engravidar nem com fertilização in vitro. O marido, depois de quase morrer pelos acessos de raiva que dizia que ela tinha, se esfregou com a primeira mulher que viu na rua e alegou que Rachel estava “estragada”. Aí engravidou Anna e colocou dentro da casa que era da Rachel. Rachel está desempregada por causa do vício e finge que vai trabalhar todo dia só para pegar o trem e vigiar a casa que foi dela… tem dois anos que se separou e ainda fica vigiando a casa e sonhando que Tom vai voltar pra ela… really?!
“Filha da puta, como você é burra, por que você não deixa a gente em paz? Por que você não me deixa em paz?”
Anna sabe que tem culpa no cartório, fala que Rachel é uma gorda e que ela é mais gostosona, mas quando passa um trem ela morre de medo que Rachel apareça e carregue sua vida embora. Sério, se sou eu já tinha saído daquela casa tem tempo, ou nem me envolvia com Tom para não ter problema depois… Mas ela faz questão de esfregar para a sociedade que tem uma vida linda.
“Agora não sou a única que olha. Acho que nunca fui. Acho todo mundo faz isso – olha para as casas enquanto passa -, só que cada um as vê de forma diferente.”
Megan parece uma mocinha apaixonada, mas na real é uma doida. Se envolveu com um cara com o dobro da idade dela, enquanto ela tinha apenas 16 aninhos. E depois daquilo saía com todos os caras do universo porque não podia perder tempo ficando casada com um cara só. Fala que vai trabalhar, mas não pode ver criança que cai fora. Mas ninguém sabe o real motivo… Até remexerem no passado dela quando foi divulgado o desaparecimento.
Tom parece um carinha “super gente boa”, mas foi o mais psicopata de todos. Tem sentimento algum nem pela filha…
O que me incomoda é que todos são podres ao extremo. Nenhum deles tem salvação. Cada personagem tem um peso que assusta. Eu achei que faltou um equilíbrio ali. E os motivos que os levam a se manter em certas situações também me incomoda. É como se nenhum deles tivessem amor próprio… É muito esquisito…
Faltou também uma certa ligação entre os fatos. Todo o livro é relatado pelas mulheres da história: Rachel com suas paixões que beiram obsessão, Anna com medo do próprio passado e Megan com sua vida “perfeita”. Todas elas na real precisam de um psiquiatra… sério… Eu tenho medo delas… são tristes, para não dizer coisa pior…
Com relação à diagramação, eu peguei uma versão com a capa do filme, mas ainda assim simples. A capa não tem muita proteção e, mesmo com todo cuidado, ainda criou aquelas orelhinhas de quando se dividem as camadas e cada uma vai para um lado. As folhas são brancas… tão brancas que incomodam a vista. A fonte é legível, mas acho que a editora poderia ter tomado mais cuidado, pois parece que a impressão não saiu como o esperado e algumas frases estão borradinhas. Nada que interrompa a leitura, mas incomoda ver aqueles borrões.
A história não me cativou, a edição do livro muito menos e eu não sei como definir o que sinto por ela.
“Veja só. Veja só o que você me obrigou a fazer.”
“E preciso me levantar cedo amanhã para pegar o trem.”
Alguém aqui também já leu esse livro? Também teve ranço dos personagens? Me conta aí!
Até mais.