17 de January de 2019

Resenha do livro: A liga dos corações puros

Olá meu povo, como estamos? Como sempre fica um livro do ano passado que eu termino depois que o blog encerra as atividades, essa é a vez da resenha da última leitura de 2018 oficialmente.
E aqui está a resenha de uma delas, em parceria com o autor César Dabus: A liga dos corações puros – A chama.

A liga dos corações puros
Foto: César Dabus/Chiado Editora

Livro: A liga dos corações puros – A chama

Autor: César Dabus

Editora: Chiado

Ano: 2018

Páginas: 484

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Antes de explicar a sinopse, já adianto e garanto – mas garanto mesmo! -, que este é o livro mais louco que você vai ler em toda a sua vida. Literatura. Poesia. Espiritualidade. Rock’n’roll. Autoconhecimento. Despertar da Consciência. Meditação. Chakras. Alquimia. A Liga dos Corações Puros é a mistura disso tudo numa coisa só.Agora, vamos para a sinopse. O universo Flor Estelar vive em intenso conflito. O Exército do Rock’n’roll vs o Exército do Ruído. Esqueça as armas convencionais. Esta é uma história onde atiram Rock’n’roll com instrumentos musicais. Sim, os próprios instrumentos “atiram”. Os ruidosos querem continuar causando desarmonia espiritual para propagar o materialismo, enquanto os roqueiros querem trazer harmonia espiritual de volta ao universo. E foi nessa sociedade onde Zakzor nasceu. E desde pequeno fora condicionado, robotizado, para servir ao desarmônico sistema do Exército do Ruído. Porém, Zakzor tinha poderes mediúnicos, também conhecido como Intuição. Em outras palavras, sua Voz Interior. E isso era “errado”. Você não podia viver conforme a “sua Voz Interior”. Você devia viver conforme “Voz-do-mundo”, a Voz Exterior. A voz social que te conduz, que te robotiza a fazer aquilo que “foi condicionado como certo”. Ouvindo Intuição, Zakzor chega à Liga dos Corações Puros, onde é recebido por sete mestres que o guiam numa jornada interior de autoconhecimento para o despertar de sua consciência e encontrar a harmonia espiritual dentro de si mesmo.A Chama é o primeiro livro de uma saga. Embarque nesta aventura mais do que recheada de batalhas, sofrimento, meditação, cantorias, e procure conhecer um pouco mais sobre você.

 

A liga dos corações puros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Zakzor era um menino tranquilo, que morava com sua família, no universo de Flor Estelar. Mas ele sempre se sentiu diferente de todos, pois enquanto a sociedade em peso (incluindo seus pais) impunham uma vida de puro ruído, Zakzor tinha um ouvido bom para outra coisa. Apenas ele escutava o Sussurro do Coração, uma voz que vinha de outro lugar e que o levava para um lado completamente diferente.
A família de Zakzor, assim como todos os outros, ouviam apenas a Voz Externa, ou Voz do Mundo, guiados pela cabeça. E não concordavam muito com a visão de mundo de Zakzor. Assim, se sentindo só e triste, Zakzor começou a dar mais atenção ao sussurro que sempre escutava e percebeu que estava entrando numa verdadeira jornada, que o levaria aonde nunca foi.
E para levá-lo nessa jornada, Zakzor conheceu alguns integrantes da Liga dos Corações Puros, que são guerreiros, mas super diferentes do que você poderia imaginar. A Liga nada mais é que uma banda de Rock ‘n Roll. Isso mesmo! Uma banda, com direito a vocalista, baixista, guitarrista e baterista… E a arma deles era exatamente seus instrumentos.
Mas você pensa que é fácil entrar para essa banda? Engana-se! Para entrar na Liga dos Corações Puros, é necessário primeiro algo bem difícil, que é se libertar da Voz do Mundo. E fazer isso leva tempo e muita concentração. Quando Zakzor se liberta da Voz do Mundo e dá espaço ao Sussurro do Coração, algo mágico acontece e ele vê o dom que tem, de tocar bateria.
Mas tocar bateria não é apenas dar ritmo numa música, é também usar as notas musicais geradas para se defender, para atacar, para realizar coisas… Enfim, na Liga dos Corações Puros, as notas musicais fazem tudo o que você puder imaginar!

 

“Pois nós somos a Revolução!
Somos herdeiros da peregrinação! Em tal cintilante cintileza,
Oh, Ígneo Coração, nos aguarde, nos aguarde!
Estamos chegando! Estamos chegando!
Não há falsa vera que nos resguarde,
De nossa Verdadeira Fortaleza!”

Enquanto isso, todo o ruído que as pessoas ouvem em Flor Estelar vem da Cabeça, que nada mais é que o poder da Mãe, também conhecida como Mãe-nipuladora. Governando com o poder do ruído, a Mãe consegue mais força, se alimentando das cabeças de seus súditos e formando o exército de mentecaptos. E ela tem ajuda de mais três personagens, que na realidade são ela mesma, com personalidades diferentes: Besta do Apocalipse, General Suíno e Bode Duro de Roer. Juntos, eles tem o plano de tornar toda Flor Estelar em mentecaptos e derrotar de uma vez por todas a Liga dos Corações Puros.

 

“Como somos monstruosos – disse Zakzor. – Veja a quantidade de mentecaptos. Se cada um deles é uma doença de nossos interiores, isso prova o quanto estamos doentes!”

Ao olharmos pela primeira vez e julgarmos pela capa, dizemos que a ‘Liga dos corações puros’ é um livro de religião, pura e simplesmente. Pensei logo que iria abandonar o livro, ou mesmo demorar para ler, já que não é um gênero literário que curto muito. Mas quando comecei a ler, me deparei com uma forma totalmente diferente de lidar com o assunto. César conseguiu juntar religião com fantasia, ficção científica e uma pitada de comédia em sua história, que te prende e te faz querer saber mais e mais.
Minha primeira impressão apenas sobre o autor é que ele é bem repetitivo em algumas partes, como na introdução. Ele apresenta as duas partes dos exércitos do Ruído e do Coração. Mas eu achei as introduções um tanto longas demais para algo que poderia ter ficado em apenas um capítulo mais breve. Isso exatamente por ele ser repetitivo. A história se desenvolve mesmo quando conhecemos Zakzor.

 

A liga dos corações puros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

E Zakzor nada mais é do que qualquer um de nós. Ele é uma pessoa normal, com família normal e rotina normal. Mas mesmo sendo tudo tão normal, algo não se encaixa. Ele quer algo diferente, mas não sabe o quê. Ainda mais quando sua família quer que ele se encaixe de qualquer forma na sociedade, fazendo mais do mesmo e nunca saindo da zona de conforto. Ao finalmente dar atenção àquela vozinha que tinha sempre em seu coração, Zakzor percebe que pode sim, sair da zona de conforto e provar que ele não é o errado. Pelo contrário, ele deve é lutar para que mais pessoas sejam livres desse comodismo todo, induzido pelo ruído.
E o Ruído pode ser qualquer coisa: inveja, preguiça, gula, luxúria… sim, estou falando dos 7 Pecados Capitais, afinal, estamos falando de religião cristã. Quem comanda o Ruído é a Mãe, um ser de grandes proporções, que fica cada vez mais forte e maior a cada vez que mais pessoas se rendem ao comodismo, à preguiça, ao orgulho… e são tão levados pela voz que vem da cabeça, que entram, literalmente, para a Cabeça (sim, com letra maiúscula), perdendo a sua original na guilhotina e fazendo parte do exército de mentecaptos. Confesso que achei original esse termo, pois fazia muito tempo que não lia, nem ouvia alguém usando ‘mentecapto’. Me senti bem culta e sabichona… (rsrsrs)
E Zakzor, quando desperta para o Sussurro do Coração, ele não desperta como alguém acorda pela manhã, ele acorda para o mundo mesmo. Ele ouve a voz de Deus. Quem já leu a Bíblia, já deve ter lido que a voz de Deus não é alta, é um sussurro, ou brisa leve, que só ouvimos se dermos muita atenção. E ela está sempre ali, dentro de nós, esperando que demos a devida atenção. Com Zakzor acontece exatamente isso. Ele dá a devida atenção ao sussurro e descobre que seu corpo é um templo do que importa, sua alma. E é a alma que precisa ser purificada.

“Vocês são muito mais do que vocês mesmos. Por hora não conseguirão entender isso, mas no momento certo […], sentir-se-ão maiores do que vocês mesmos.”

A cada passo que Zakzor dá em busca dessa purificação da alma, ele se transforma, até que ele não é apenas Zakzor, mas Eu Sou. Não precisa de mais, ele simplesmente É. É livre, é o puro amor. E a Mãe-nipuladora não gosta de nada disso. Afinal, quanto mais gente despertar para a Liga, menor fica o exército de mentecaptos e a Mãe perde força.
Assim, ela tenta de tudo para derrotar a força da Liga. E isso inclui tentações, ilusões, promessas… tudo para atrair os membros da banda de Zakzor para uma armadilha. A Mãe quer ser forte, imponente, e sempre adorada, por mais assustadora que seja. Mas como ela é a Mãe-nipuladora, é bem fácil se tornar atraente e sedutora.
A cada mentecapto que ela consegue, mais cabeças come… e cá entre nós, foram as cenas mais nojentas que li nesse livro. O César conseguiu colocar tanto detalhe, que foi impossível não imaginar e não sentir nojo da Mãe… Fora a parte do faniquito (outro termo que só via minha mãe usando, amei! kkk): ela dava tanto grito, que imaginei mesmo o monstro berrando para seus generais… do jeito que ele descreveu!

 

A liga dos corações puros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

A missão de Zkazor, agora chamado Eu Sou, não é apenas derrotar a Mãe-nipuladora, mas salvar todos os mentecaptos. Afinal, todos foram atraídos em algum momento para o ruído, mas não sabiam mais como voltar. E assim temos uma guerra entre Ruído e Rock ‘n Roll, Bem e Mal, Luz e Trevas… no fim, todos os termos se encaixam nessa batalha e o final é surreal.
Acaba que é aquele tipo de leitura que, além de te divertir, te faz pensar em sua vida. O que estou fazendo com minha vida? Com minha alma? Será que estou mais para o lado da Voz do Mundo, ou tiro um tempo e escuto com mais atenção o Sussurro do Coração? Cabeça e Coração, um embate que sempre nos deixa confusos e agora, exposto numa escala bem maior do que sequer imaginamos.
Devo dizer que foi uma surpresa ter essa leitura em 2018. Gostei bastante do livro, da história, apesar das minhas ressalvas quanto à repetição. É uma leitura incrível, que te faz ir mais fundo dentro de si. É uma jornada que só podemos fazer por nós mesmos e só depende de nós dar o primeiro passo.

“Eis que nosso interim
É uma bela partitura:
Chakras musicais compõe a mim
Minha tablatura.

 

Ao Rock, ao que é do Rock,
Meu Eu, que é de meu Eu,
Do coração componho o hino,
A despertar o interno Deus.

 

Autoconhecimento
É nossa bela alforria:
Nos mostra que nota somos,
No universo sinfonia.”

Os diálogos são rápidos depois de certa parte do livro, o que torna a leitura mais rápida. Mas como o próprio autor já adianta na sinopse, são diálogos rápidos, porém bem doidos. Daqueles que você para e pensa: “o que esse povo tá falando que não entendo nada?”. Mas depois você acaba entendendo, por que tem sentido lá na frente. O livro é narrado em terceira pessoa, dividido em seis partes, cada uma delas num passo da jornada de Zakzor rumo à guerra contra o ruído e purificação da alma dele. Nenhum dos personagens tem um nome “normal” também… então preparem-se para ensaiar como falar os nomes dos personagens (rsrsrs).

 

A liga dos corações puros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Com relação ao livro mesmo, a capa te faz pensar que é um livro religioso, o que de fato é, mas engana bastante, já que pensamos por um lado e o autor aborda o termo por outro lado, mas fantasioso. As letras são legíveis, especialmente na parte da Mãe, que vive berrando… então está sempre em letras garrafais (rsrsrs).
Além disso, os capítulos estão bem divididos, embora alguns sejam maiores que outros. Mas isso não me incomodou… Gostei também que, por serem uma banda de Rock, muitas passagens são músicas. E devo dizer que gostei bastante das letras… Imaginei mesmo a banda cantando as músicas. Só foi meio louco imaginar que, ao cantarem, as notas musicais saíam e explodiam coisas… mas tá valendo (rsrsrs).
As páginas são de fácil passada, no entanto, ficou faltando revisão em algumas partes. Lá pelo meio da história me deparei com alguns erros de digitação e palavras faltando. Não me incomodou, pois já estava no ritmo da leitura e sabia o que os personagens estavam falando, mas fica de sugestão para uma segunda edição do livro.
Resumindo, eu indico a leitura, como um desafio para os que, assim como eu, não curtem gênero mais religioso. E se você curte, também indico. É uma leitura que te faz refletir mesmo, você sente junto com os personagens, em especial Zakzor. E ainda é uma obra brasileira, o que é legal, já que estamos valorizando algo que é nosso.
Só não dou a nota máxima aqui, por questão de partes muito repetitivas no início e pelos probleminhas de revisão. Mas vai com quatro estrelas, pois é um livro muito bom!

 

   E, para conhecerem um pouco mais sobre o César:
César Dabus
Foto: César Dabus | Livreando

Nas fronteiras paulistanas, em época capricorniana, mais precisamente dia 16 de janeiro de 1992, César Dabus encarnou. Apesar de ter sido uma criança levada, hiperativa, aos seis anos sua escrita começou. Escrevendo reflexões, pensamentos e desabafos do dia a dia em um pequeno caderno, escrevia sobre quem e o que queria. Aos onze anos, bateria começou a tocar. E mesma época, Rock’ n’ roll começou a estudar. Estudando sobre sua banda favorita, The Who, chegou até um guru chamado Meher Baba que lhe introduziu na espiritualidade. E assim se formou a fulminante e inefável Trindade de César Dabus: literatura, Rock’n’roll e espiritualidade, que foram as maiores influências na composição desta Grande Obra.

Já leram esse livro? E o que acharam da resenha? Me contem aí!

 

 

Postado por:

Hanna de Paiva

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