Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
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Livro: A menina que não sabia ler
Autor: John Harding
Editora: Leya
Ano: 2010
Páginas: 288
1891. Nova Inglaterra. Em uma distante e escura mansão, onde nada é o que parece, a pequena Florence é negligenciada pelo seu tutor e tio. Guardada como um brinquedo, a menina passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia Florence encontra a biblioteca proibida da mansão. E passa a devorar os livros em segredo. Mas existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados. Quem eram seus pais? Por que Florence sonha sempre com uma misteriosa mulher ameaçando Giles, seu irmão caçula? O que esconde a Srta. Taylor? E por que o tio a proibiu de ler? Florence precisa reunir todas as pistas possíveis e encontrar respostas que ajudem a defender seu irmão e preservar sua paixão secreta pelos livros – únicos companheiros e confidentes – antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas do mundo literário. Ou será que tudo isso não seria somente delírios de uma jovem com muita imaginação?
Florence é uma menina órfã que, junto com seu irmão Gilles, vivem em Blithe, uma parte bem interior… Por questões de negócios, o tio e responsável pelas crianças não dá a mínima atenção aos dois. Simplesmente mandou as crianças para a casa enorme, na qual eles vivem sob os cuidados dos criados da casa, incluindo um mordomo, um “faz-tudo’, uma governanta e duas cozinheiras/arrumadeiras. Esses são a família que as crianças possuem, sem saber praticamente nada de seu passado… Gilles, com seus 8-9 anos, é mandado para um internato na cidade grande, pois todo menino precisa aprender sobre os negócios da família, enquanto sua irmã mais velha (12 anos), fica em casa, literalmente de mente vazia, pois não tem uma atividade e seu tio deixou ordens claras de que ela não estava autorizada a aprender a ler…
Ela nunca entendeu o motivo, a não ser pela explicação de que no passado sua pretendente a esposa começou a estudar, “começou a pensar” e se mandou para a Europa, largando o noivo para trás, traumatizado… Para evitar que isso aconteça novamente na família, as meninas são proibidas de ler… Isso se torna uma tortura para Florence, que fica cada vez mais curiosa pelas letras, ainda mais sabendo que existe uma biblioteca na casa, abandonada e empoeirada, por ordens expressas do tio…
A menina logo quer saber o que tem de tão proibido ali e, sem se conformar com o que os empregados obedecem do tio, logo ela aprende a ler, ficando escondida em meio à poeira e luz de velas, já que só podia ir até lá de madrugada, quando todos dormiam.
“Nenhuma criada jamais entra aqui; o piso não é varrido, pois, se intocado por passos, por que deveria sê-lo? As prateleiras não tem marcas de impressões digitais, as escadas móveis para se chegar às prateleiras altas são mantidas sempre no mesmo lugar, os livros suplicando para serem abertos, todo o lugar relegado à poeira e ao abandono.”
Como todos imaginavam que Florence não sabia ler, toda semana chegava uma cartinha de seu irmão, a qual a governanta tratava logo de ler para a menina, achando que ela não tinha noção… O que parecia um mar de rosas para o menino, que estava aprendendo a ser independente fora de casa, logo se tornou motivo de preocupação, pois todas as cartas vinham com um “não se preocupe, as risadas não me ferem”. Preocupação essa que se tornou mais difícil de se lidar quando o menino vai para casa durante as férias e simplesmente pede para não voltar mais, pois quer ficar com a irmã.
Como o rapaz precisava estudar, o tio tratou de arranjar uma preceptora, que naquela época servia como uma espécie de tutora/babá de crianças ricas… Mas junto com ela, vem mistérios que ninguém em Blithe foi capaz de compreender…
Esse livro me enganou solenemente! Só posso resumir a isso! Pela capa, você vê que tem uma coisa toda amorzinho, que é um livro meloso e com final feliz quando o irmão volta para casa e tem uma preceptora… Mas é aí que tudo muda!
Sem aviso prévio, o livro é dividido em duas partes, a melosa do começo (e bem chatinha diga-se de passagem, salvo apenas pelo romance que achei que ia rolar entre Florence e Theo, um rapaz da fazenda vizinha). O livro inteiro é narrado pela pequena Florence, que TEM 12 ANOS! Coloquei em letras garrafais para você grifar bem isso… mas ela age de uma forma que em várias cenas eu simplesmente esquecia e só conseguia imaginá-la como uma adulta, pois não entra na minha cabeça que uma mente dessa idade pense coisas e aja como ela… Por mais precoce que seja, não entra na minha cabeça…
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Outra coisa, o livro tinha tudo para ser amorzinho, contando sobre o amor que Florence descobre pelos livros e tudo o mais, só que esse amor todo vira obsessão quando aparece a preceptora pela primeira vez… A menina se distrai tanto com os livros e fica simplesmente transformada quando a tutora descobre seu amor pelas letras e a proíbe, conforme o tio ordenou de longe. E é aí que coisas acontecem na casa… Coisas que são realmente difíceis de compreender, ainda bem que somos avisados logo no início…
“É uma história curiosa a que tenho de contar, uma história de difícil absorção e entendimento, por isso é sorte que eu tenha as palavras para cumprir a tarefa.”
Desde o início, rondam lendas pela casa, de que existem fantasmas, e na segunda parte tudo que não é amorzinho acontece… visões, lendas, situações paranormais… ou apenas loucura? Isso não é informado em momento algum e cabe ao leitor decidir o que é conforme lê. Na minha opinião, a menina ficou tato tempo presa em casa, sem simplesmente nada para fazer (isso mesmo, N-A-D-A), que sabe como diz o ditado “mente vazia, oficina do diabo”… Ela começa a dar tanta atenção a certos pensamentos, que embarca neles, e o que era para ser simples imaginação, já beira a esquizofrenia…
“Mas o que fazer? Aí está a questão. Refleti hora após hora com pouco a mostrar pelo meu esforço. Como alguém combate um fantasma? Você não pode simplesmente afogá-lo […]. A água não consegue deter um espírito morto.”
Junte a isso as lendas que se contam sobre fantasmas na casa e os livros até então proibidos, e você não sabe o que dá, até que leia esse livro!
A primeira preceptora tem um fim inexplicado e logo aparece uma segunda, o que mexe ainda mais com a mente de Florence, e o que acontece, acho que nem vale a pena falar aqui… porque é assustador e, como eu disse, me custa a crer que uma criança faça isso, a não ser que realmente esteja beirando a loucura como eu acho que está…
Se é uma boa história? Não sei te dizer, sinceramente… Me irritou bastante o fato de a capa não ter nada a ver com o enredo (sim, eu sei do outro ditado de nunca julgar um livro pela capa), mas a editora pecou ao colocar uma capa que te remete ao século XX-XXI, quando na realidade a história se passa mais anterior ainda! O que me deixou bastante confusa também foi o fato de ninguém me ambientar durante a história… Eu só soube que era 1891 depois que recorri ao Skoob para pegar a sinopse, pois na história mesmo, nada me remete ao ano, a não ser por apenas Gilles ir para a escola e as meninas terem que ficar em casa, coisa bem dessa época…
Outra coisa que me irritou foram erros graves de digitação. Tudo bem que quando pegamos a versão digital, dependendo do site onde baixamos os títulos, vem com alguns erros. Mas sério, tinha tanto erro de digitação que quase abandonei o livro por três vezes!
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Agora com relação ao enredo… bom, me irritou que era cheio de pontas soltas… Tinha coisas que eu tinha que voltar lá na primeira parte para ler de novo e entender o que aquilo tava fazendo ali de repente… Isso sem contar muitas coisas que ficaram sem explicação… Quando terminei o livro eu estava chocada e, ao mesmo tempo, sem entender umas coisas que pareciam ser importantes para o desenrolar da história, mas simplesmente ficaram esquecidas…
Se vou dar uma nota ruim ao livro? Não, pelo fato de ter me deixado chocada com o final que eu não esperava realmente… mas também não posso dar uma boa nota, devido a muitas coisas que me incomodaram… Então ficamos com três estrelas…
Você já tinham lido esse livro? O que acharam?
Até mais!