25 de October de 2018

Resenha do Livro: Lugares Escuros

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha de mais um livro da autora que caiu nas minhas graças como autora de Thriller psicológico, Gillian Flynn. Dessa vez, falei sobre ‘Lugares escuros’, que tem até adaptação cinematográfica.
Vem ver!

Lugares Escuros
Divulgação


36/30

Livro: Lugares Escuros

Autora: Gilliam Flynn

Editora: Intrínseca

Ano: 2015

Páginas: 352


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Libby Day tinha apenas sete anos quando testemunhou o brutal assassinato da mãe e das duas irmãs na fazenda da família. O acusado do crime foi seu irmão mais velho, que acabou condenado à prisão perpétua. Vinte e quatro anos depois, quando é procurada por um grupo de pessoas convencidas da inocência de seu irmão, Libby começa a se fazer as perguntas que até então nunca ousara formular. Será que a voz que ouviu naquela noite era mesmo a do irmão?

Lugares Escuros

1985 foi um ano marcado por um assassinato brutal no interior do Kansas. Em Kinakee todos se conhecem e tudo que é estranho é relacionado com satanismo. E foi um ritual satânico a explicação do assassinato de toda a família Day. Toda não… sobraram apenas Ben, o acusado com todas as evidências apontando para ele… e Libby, que era apenas um bebê de 3 aninhos, testemunhando coisas das quais jamais esqueceria… Ou será que esqueceu de detalhes importantes?
Ela se lembra perfeitamente de que tem um irmão preso, por ter acabado com sua mãe e suas irmãs, largado uma pegada enorme na sala, com sangue delas e símbolos do mal nas paredes, tudo o que indicaria seu comportamento nos dias anteriores, ouvindo rock pesado com letras influenciando suas crenças, roupas estranhas e comportamento que não seria de um menino normal da idade dele…
Ela se lembrava também de que seu irmão estava com uma espingarda na mão, matou suas irmãs a machadadas antes e foi preso pelo crime que cometeu… Anos se passaram, 24 para ser mais exata… e Libby ainda é lembrada. No início, haviam doações e mais doações em dinheiro, o que lhe garantiram um crescimento e educação até certo ponto… Depois, o livro contando sua história lhe rendeu uma pequena quantia… a qual estava acabando, já que Libby não tem um emprego, nem quis fazer faculdade… Mora numa casa pequena, num lugar que ela chama carinhosamente (ou não), de “Acima, Logo Ali”, cheia de coisas que ela tem a estranha mania de pegar emprestado (para não admitir que é cleptomaníaca).

Lugares Escuros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

A mocinha não sabe muito bem o que fazer da vida, mas precisa pensar em algo, já que seu aluguel está para vencer, contas que ela tem estão para chegar e o dinheiro que conseguiu com a bondade alheia na infância não dá para nem mais um mês. É quando chega Lyle, o representante do Kill Club, um grupo de colecionadores bem específico… e que ninguém imaginaria que existisse: as pessoas que frequentam esse lugar gostam de colecionar itens de crimes sem solução ou que o criminoso apareceu fácil demais. Libby marcou toda uma geração, por ser a única sobrevivente de um crime com apenas um culpado e julgado rápido demais…

Com apenas o testemunho de Libby, uma garotinha a recém sem mãe e influenciada pelo promotor, teria colocado atrás das grades alguém inocente… Era isso que não apenas o presidente do clube, mas uma série de mulheres passou anos acreditando, escrevendo cartas e mais cartas, tanto para Ben, quanto para o tribunal… porém sem resposta… até que descobrem onde mora a pequena Libby, hoje com seus vinte e poucos anos, capaz de dar um testemunho de verdade, sem ser influenciada por promotor algum.
A grande questão é… Libby tem certeza absoluta de que viu seu irmão na casa no dia e na hora dos assassinatos. Tem a mais pura certeza de que se lembra que foi ele quem puxou o gatilho da espingarda que matou sua mãe… Tem a mais pura certeza de que ela escapou porque ele não a viu mais… e ainda fazia parte de um tal culto de magia negra…
Ainda achando a maior bizarrice desse povo, ela vai até o clube, para dizer que todos estavam errados, que Ben Day era culpado sim… e ainda ganharia uma grana para ir lá e levar coisas de suas irmãs e sua mãe para vender… Ela só não imaginava que o pessoal do Kill Club teria passado todos esses anos atrás de todas as evidências que, supostamente, o juri teria ignorado e que provariam a inocência de Ben e que ela própria estaria enganada a vida inteira.

Lugares Escuros
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Com muita raiva por ter sido bombardeada com tanta informação que lhe cortava até a fala, Libby é desafiada a correr atrás das provas de que ela tem razão, de que foi realmente Ben Day, seu irmão mais velho, quem matou sua família e lhe deixou sozinha no mundo… Em troca de uma boa grana e ainda disposta a provar para o mundo que estava certa o tempo todo, ela aceita o desafio e, ao lado de Lyle, começa a remexer em coisas de seu passado, há muito deixados para trás, por trazerem lembranças dolorosas.
Mas o que Libby ainda não sabe é que ela vai trombar com provas que nunca lhe foram apresentadas no dia do julgamento. Além disso, depois de adulta e confrontando seu próprio irmão na cadeia, ela mesma terá dúvidas sobre quem matou sua família e o porquê de apenas ela ter sobrado.
Esse é mais um livro que leio de Gillian Flynn, a autora de triller psicológico que ganhou meu coração com seus personagens marcantes. Com Libby não foi diferente. Já começamos com peninha da pobre Libby, a menininha tão nova que testemunhou com seus próprios olhos sua família ser morta sem dó. Ela cresceu tão acostumada com a pena dos outros, que viu nisso uma forma de ganhar dinheiro. Para quê trabalhar se pode lucrar com pessoas escrevendo sobre como ela sofre tadinha?
Assim ela cresce, com lembranças perfeitas de como foi viver sozinha esse tempo todo e sem nem pensar em ver o irmão, que lhe escreve cartas o tempo todo, mas ela não quer se lembrar de seu passado, ainda mais quando a pessoa do passado em questão é o assassino. Para quê questionar? Ela se lembra… perfeitamente… mas ninguém nunca parou para perguntar como ela se lembrava de tantos detalhes do que testemunhou no tribunal, se ela estava escondida o tempo inteiro e o lugar estava escuro pela madrugada?

“Eu me esqueci de que um dia houve apenas Ben, tímido e sério, aquelas estranhas e perturbadoras mudanças de humor.”

“Eu precisava que isso fosse verdade, e provável. Senti uma onda de pânico: não podia viver com aquilo, Ben na cadeia, essa culpa em aberto. Precisava que terminasse. Precisava saber. Eu, eu. Ainda era previsivelmente egoísta.”

Quando o pessoal do Kill Club enfim lhe faz essa pergunta, Libby fica com raiva, mas depois pensa e questiona as próprias lembranças… Quem lhe disse que ela tinha visto tudo aquilo? Ela realmente viu o irmão com uma arma e matando sua mãe? Ou foi apenas o promotor querendo acabar logo com aquele caso famoso e prendendo a primeira pessoa que via pela frente? Tudo se encaixava: O menino era acusado de ser estranho na escola, tinha comportamento estranho com criancinhas, ouvia rock pesado e falava sobre “ser do mal”.

Tudo levava a crer que realmente era ele… a não ser pelo fato de que Ben Day nunca tentou um recurso… nunca tentou mostrar inocência… porém também nunca admitiu a culpa… Tudo o que lhe acusavam, ele apenas baixava a cabeça e não dizia nem que “sim”, nem que “não”… Das duas uma: ou realmente ele era culpado e se arrependia… ou não tinha feito nada, mas sabia de algo e não queria contar…
Prestando atenção nos pequenos detalhes, depois de anos, Libby pensa exatamente nisso… o que a faz investigar junto a Lyle as provas que tinham sobre seu irmão e seu envolvimento nisso tudo. Ela só não imaginava que iria esbarrar em algo bem maior que isso…
Gillian soube como ninguém levar o leitor a ter reações das mais diversas. Os capítulos são divididos em três versões: Temos a Libby narrando suas próprias experiências depois de adulta, em busca de provas sobre seu passado; Patty Day, a mãe recém separada, tentando cuidar de um rapaz adolescente e três meninas pequenas, curiosas e arteiras, além de uma fazenda em decadência e um ex-marido que só lhe trazia problemas; Ben Day, o menino que só queria atenção e se metia com companhias estranhas…
As visões de Patty e Ben são narradas em terceira pessoa. Ambas contando os acontecimentos antes do dia dos assassinatos. Enquanto Patty tentava ser uma mãe responsável e mulher de negócios com a fazenda, só tem problemas com Runner, um cara a quem ela se entregou com paixão, mas que só lhe retribuiu com confusão e aparecia pedindo dinheiro… mas nada de ter responsabilidade como pai dos quatro filhos.
Ben era apenas um adolescente que queria ser reconhecido como um rapaz. Mas era apagado pelos populares do colégio e seu pai insistia em dizer que ele era gay por não ser corajoso como ele. Ben só conseguiu atenção de pessoas de dois anos acima do seu na escola: Trey Teepano e Diondra. Dois adolescentes quase adultos, que se envolviam em drogas pesadas, álcool e faziam arruaça por onde passavam.

Era tudo questão de amizade, até que Diondra e Ben começaram a se envolver demais e ele precisava ficar bem com a namorada de toda forma… fazendo tudo para agradá-la… Isso envolvia coisas bobas, como vestir calças que ela comprava para ele… até coisas mais violentas, como matar vacas por aí…
Diondra conseguia mexer com a cabeça de Ben de uma forma que já beirava a psicopatia. Duvido que ela sentia realmente algo por ele… mas gostava do poder que tinha sobre Ben… E Ben não ligava de ser usado por ela… achava que era certo, já que ela era mais velha que ele e deveria obedecer, pois do contrário não teria mais amigo algum no colégio. Especialmente depois que Ben foi acusado por algumas garotinhas de ter molestado elas. Se realmente aquilo aconteceu, ninguém falou mais nada, mas a polícia foi logo atrás de Ben, a mãe dele ficou preocupada e queria achá-lo também… mas infelizmente Ben teria outra acusação para garantir sua prisão: o molestador de criancinhas, adorador do diabo e que matou a mãe para fazer um sacrifício.

“Ben? Por que eu iria escrever para aquele babaca? Ele é ruim. Você sabe, não fui eu quem o criou, foi a mãe dele. Ele nasceu esquisito e continuou esquisito. Se fosse um animal, seria o pior da ninhada, e teríamos o sacrificado.”

As partes mais pesadas do livro estão exatamente nos capítulos de Ben. Cenas de violência, bebedeiras de forma vulgar e palavrões são bem frequentes por lá. Especialmente quando ele está com Diondra. Ela o manda fazer tanta coisa que eu sinceramente não aguentei ler. Era tão pesado para quem lia, que eu só imaginava como não seria a cabeça desse menino tentando sobreviver a tudo aquilo.
E no meio disso tudo, temos mais culpados, que vão surgindo mediante diálogos de Ben com Diondra e que Libby descobre com Lyle. O que era um caso fechado se mostra uma cenário com tantas pontas soltas deixadas pela polícia, que o leitor fica doido, pensando em um culpado diferente a cada capítulo… mas devo adiantar que as aparências enganam e que Ben realmente sabe de algo do crime… algo que pode custar a vida de Libby. Particularmente, ainda o acho culpado no fim das contas… por pura burrice ou sei lá qual seja o motivo, ele poderia ter evitado o que aconteceu… ou ter contado à polícia… mas não o fez… deixou tudo acontecer do jeito que aconteceu e achou que sendo preso estava tudo certo…

“… Ela se deu conta, como fazia com demasiada frequência, que não sabia exatamente como agir. Ben precisaria de um advogado, e ela não sabia como fazer isso.”

“- E você não disse nada à polícia?
-Bom, isso era da minha conta?”

Mas quem de fato matou a família Day só veio aparecer no fim do livro, quando eu já tinha esgotado todas as minhas fichas e dando errado… Eu jamais poderia imaginar que a autora pensaria em algo desse tipo para fechar o livro… Ainda nem sei como consegui dormir pensando, não apenas em como tudo aconteceu… e no porquê aconteceu…
É um livro pesado, mas que é passível de leitura. Mexe com nossa cabeça, em especial ao saber o fim dele… Mas se você tiver estômago, eu recomendo a leitura. Nenhum dos personagens é inocente no fim das contas. Libby poderia ser apenas uma criança quando tudo aconteceu, mas vive se fazendo da bondade alheia… quer que as pessoas sintam pena dela constantemente… ela quer que o mundo sinta pena dela eternamente e, se não acontece, ela fica com raiva.

Ben é um burro de marca maior… prefere se esconder atrás das grades a enfrentar a vida como realmente é. Runner poderia ter feito tudo diferente e ter sido um bom pai… Patty só queria ter uma vida digna, mas fez escolhas ruins… sabendo que eram ruins… Diondra e Trey então… nem se fala… Só realmente tendo muito estômago consegui ir até o fim… e o pior é que existem pessoas desse tipo no mundo, independente da época em que vivemos.

Até mais!

Postado por:

Hanna de Paiva

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