25 de September de 2025

Silêncio, Minha Querida | Leigh Kenny

Olá meu povo, como estamos? A TBR de setembro mal começou e eu já cheguei com uma resenha por aqui, hehe. Hoje, quero compartilhar o que achei de ‘Silêncio, Minha Querida’, um thriller irlandês que me fez devorar a leitura em apenas dois dias.

ALERTA: Este livro contém temas sensíveis, como estupro, agressão contra mulheres, violência contra menores e cenas gráficas de violência.

Livro: Silêncio, Minha Querida

Autoria: Leigh Kenny

Tradução: Charlie Grandchamp

Editora: Skull

Ano: 2025

Páginas: 200

País: Irlanda

Formato: Digital

Nota: 4.5/5

Onde a natureza é abundante.

Onde a solidão acena.

Onde ninguém pode te ouvir gritar.

Não grite

Não corra

Não chore

Apenas…aceite.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Megan é uma jovem estadunidense que viu sua vida ruir quando seu pai faleceu. A relação dos dois era muito bonita e tranquila. Juntos, passeavam e se aventuravam pela floresta, viajavam e planejavam conhecer a Irlanda, terra natal de seu progenitor.

Contudo, não deu tempo de cumprir o último plano, já que o pai de Megan faleceu pouco depois. Tentando fazer uma homenagem póstuma para quem mais amava, a jovem decide partir com apenas uma mochila nas costas e o sonho de que seu pai se orgulhe de sua bravura, onde quer que esteja.

Mas talvez esse orgulho vire medo e preocupação, pois a moça vai descobrir que por trás de bosques incríveis e trilhas maravilhosas, podem se esconder perigos mortais. E para sobreviver, ela não pode fazer nada além de aceitar.

‘Silêncio, Minha Querida’ é a mais nova aposta da Skull para o suspense europeu. O que mais chamou minha atenção é o país onde é ambientado (Irlanda), que nunca esteve entre minhas escolhas. Fiquei logo curiosa e solicitei do catálogo para conhecer a escrita da autora, e não me arrependi.

A trama é em terceira pessoa, porém gira em torno de Megan. A protagonista está de luto, pois perdeu seu pai há pouco tempo. E resolveu homenagear a pessoa que mais amava fazendo a viagem que eles tanto sonhavam em fazer juntos.

Quanto mais tempo passava ali, mais aquela garota desaparecia.”

Assim, ela parte para a terra natal de seu pai, Irlanda, para desbravar as estradas e florestas do país. Ela foi bem treinada para sobrevivência na mata, conhecia os perigos, sons que deveria estar atenta e o que garantiria sua alimentação em situação de risco.

Porém, nada lhe preparou para o que enfrentaria no país desconhecido. Já começa que antes mesmo dela chegar ao destino, o carro quebra. Para variar, é numa região sem sinal de civilização, celular ou mesmo internet.

Logo, pedir ajuda estaria fora de cogitação até o dia amanhecer, ou se passasse um bom samaritano que se dispusesse a ajudar uma estrangeira. O que até acontece rápido, porém não da forma como a moça esperava.

Encantada com a forma gentil com a qual foi tratada no aeroporto, ela não contava que teria alguém batendo com força do seu lado do carro e dando ordens para sair logo. Além disso, o rosto desesperado não ajudou muito e só fez parecer que Megan seria assaltada (que não seria difícil, dado o local).

Chega um momento, Megan, em que você precisa decidir se quer apenas existir ou se quer viver.”

Sem saber o que fazer para fugir do rapaz ensandecido, ela respira aliviada quando percebe que tem outro carro se aproximando. A paz reina quando percebe que os homens do veículo novo são mais educados e gentis, se dispondo a explicar o que aconteceu com o carro de Megan, além de oferecer ajuda enquanto o conserto era feito.

Voltando a acreditar na personalidade pacífica da Irlanda, a protagonista embarca nessa jornada. Afinal, estava lá para conhecer pessoas novas, saber de onde seu pai veio e entender a natureza de seu comportamento memorável.

Tudo para ela era uma forma de entender melhor suas origens e até pensar com clareza no futuro. Porém, isso é interrompido quando Megan percebe que talvez nunca volte para casa.

Isso porque a vida mostra o quanto pode dar um giro duplo de 360° e nos surpreender (nem sempre de uma forma positiva). Aos poucos, a narrativa se torna tão claustrofóbica, sombria e assustadora quanto as próprias florestas irlandesas.

A leitura é frenética e imersiva. A combinação de escrita fluida e os capítulos curtos ajudaram bastante no processo. Mas nem por isso significa uma experiência leve.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Como já anunciado no começo da resenha, ‘Silêncio, Minha Querida’ tem temas que podem ser gatilhos para pessoas mais sensíveis (eu me incluo na lista). Por conta do aviso, eu fui já sabendo o que iria encontrar e, mesmo com um peso no estômago, não consegui parar.

Isso porque a autora fez um trabalho criando uma atmosfera que convence o leitor a querer continuar. Os homens que resgatam Megan são da família Brogan, um nome tradicional entre os locais.

A tradição, além da beleza e boa recepção dos rapazes Shay e Finn (pai e filho) encantam a mocinha logo de cara. No entanto, conforme as páginas avançam, percebemos que por trás de boas intenções e sorrisos amistosos estão ações nem um pouco confiáveis.

O mesmo posso falar da própria Megan. A moça tem uma relação estranha com a mãe e elas quase não se falam. Logo, ter esse elo com o pai perdido a deixa solitária e carente de atenção. Talvez por isso ela seja cega para uma série de coisas à sua volta.

Contudo, eu passei momentos de raiva e vergonha alheia pela Megan. Para uma mulher que foi bem treinada pelo pai, ela parece que pegou tudo e jogou na lata de lixo a partir do momento em que pisa em um país que mal conhece!

Não estou dizendo que as coisas aconteceram foram culpa dela. Mas a impressão que me deu foi que Megan passou na fila na inocência umas 10 vezes e ainda achou pouco! Tem diversas pistas de que as coisas estão dando errado e a menina simplesmente não nota, acreditando em cada palavra que lhe dizem como se fossem verdades absolutas!

Acho que se ela fosse um pouquinho mais esperta e cuidadosa, talvez até passasse pelas situações (que infelizmente não podemos impedir). Porém, teria mais clareza e resolvido as coisas mais cedo.

Quando a empatia se vai, tudo o que resta para perder é a humanidade.”

Mas é aquilo, se não tivessem alguns momentos como esse, não teríamos livros. E quanto mais tempo Megan convive com os Brogan, mais ela percebe que não deveria estar ali. O problema é que agora é tarde e a moça vai arcar com as consequências graves de suas escolhas, que deixarão marcas profundas.

A autora não economizou em nada ao retratar essa parte do livro. Nada é o que parece. E o mais surpreendente é que tudo é manipulado para enganar e fazer Megan questionar suas próprias conclusões.

A cada capítulo um Brogan chegava com uma informação diferente, que contradizia o que outro personagem tinha falado pouco antes. Logo, nem eu mesma sabia o que era verdade em meio a tantas mentiras.

Megan vai passando por tanta coisa, que é de revirar o estômago. E, por mais que torcesse pelo “final feliz” dela, não deixava de pensar no quanto mulheres da vida real eram submetidas a coisas ainda piores, capazes de deixar qualquer um com a mente quebrada.

E fica mais latente quando vemos as coisas pelo ponto de vista de Finn. É assustadora a forma como ele vê o mundo e defende suas ideias deturpadas, envoltas em charme e um sorriso bonito. Ler isso me dava nojo, raiva, e eu só queria entrar no livro e dar uma bela lição nele.

Mas mesmo que eu conseguisse, talvez ele não aceitasse, de tão profundas que eram suas ideias sobre essa visão de mundo. Além disso, a ideia da sociedade patriarcal levada muito a sério na Irlanda, especialmente na família Brogan torna qualquer mudança impossível.

‘Silêncio, Minha Querida’ não é um livro fácil de ser lido. Porém, é bastante necessário. Não apenas pelo suspense, mas pelo que ele traz nas entrelinhas. E acho que a verdadeira mensagem aqui é que as aparências enganam e ser mulher é correr riscos todos os dias.

Silêncio, Minha Querida
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Perceber isso de uma forma fiel à realidade, rasgada desse jeito me deu um tapa na cara sem luva de pelica e eu nem sabia como descrever o que mais senti. Eu terminei a leitura devastada, sem chão e sem palavras para definir a obra. Apenas recomendo que leiam para tirarem suas próprias conclusões.

Falando sobre a obra em si, li a versão digital e posso afirmar que a diagramação está muito bem feita. A fonte é legível e propõe uma experiência de leitura agradável (embora o tema não seja). A capa é simples e objetiva, assim como o próprio título (que faz total sentido e explodiu minha mente).

Agora me conta nos comentários: você já leu um livro que te revirou o estômago? Gosta de suspenses fora da bolha EUA X Reino Unido?

Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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