7 de maio de 2024

A Espiã da Realeza | Rhys Böwder

Olá meu povo, como estamos? Hoje vamos de resenha de ‘A Espiã da Realeza’, o primeiro volume do selo ‘Mistérios em Série’, que promete ter thrillers viciantes, porém sem te deixar com medo do escuro depois, hehe.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Livro: Mistérios em Série – A Espiã da Realeza

Autoria: Rhys Bowën

Tradução: Livia Marina Koeppl

Editora: Arqueiro

Páginas: 272

Ano: 2022

Formato: Digital (Kindle Unlimited)

País: Inglaterra

Nota: 3/5

Apesar de ser a 34ª na linha de sucessão ao trono inglês, lady Victoria Georgiana Charlotte Eugenie de Glen Garry e Rannoch – Georgie para os íntimos – está totalmente falida. Para continuar se mantendo, ela tem duas opções: se casar com um príncipe com cara de peixe ou se tornar acompanhante de uma tia idosa e reclusa.
Georgie se recusa a aceitar qualquer um desses destinos deprimentes e decide ir sozinha para Londres em busca de emprego e liberdade.
Mas antes que consiga qualquer uma dessas coisas, é convocada para um chá com a própria rainha, que a incumbe de espionar o príncipe de Gales e sua amante americana.
Enquanto tenta se desdobrar para arranjar um trabalho remunerado e ao mesmo tempo bancar a detetive para Sua Majestade, Georgie chega em casa um dia e encontra, morto em sua banheira, o francês arrogante que estava reivindicando a posse da propriedade ancestral dos Glen Garry e Rannoch.
Agora ela terá que usar seus dotes investigativos recém-descobertos para provar a inocência de sua família e limpar seu sobrenome. Para isso, contará com a ajuda de um avô de sangue nada azul, de uma antiga amiga de escola e de um irlandês bonitão de linhagem nobre porém tão pobretão quanto ela.

Lady Victoria Georgiana Charlotte Eugenie de Glen Garry e Rannoch, ou apenas Georgie para os mais íntimos, não poderia estar numa situação menos enrolada. A jovem tem sangue azul (pelo menos a metade dele) e é a 34° na linhagem de sucessão ao trono. No entanto, as vantagens que seu título lhe traz são ao mesmo tempo um pesadelo.

Sem a mesada que seu irmão lhe concedia e sem poder arrumar um emprego, já que membros da realeza não podem trabalhar, a mocinha mal tem como se sustentar. A situação complica ainda mais quando seu irmão se vê em uma enrascada, considerado o único suspeito de um assassinato.

Correndo contra o tempo e tendo que pesar na balança o que mais importa: o orgulho do sobrenome Rannoch ou o estômago cheio, Georgie precisa usar seus dotes investigativos para provar a inocência do irmão e torcer para ainda ter um teto sobre sua cabeça no fim do dia – nem que para isso precise utilizar meios não adequados para a família real.

Desde que a Arqueiro lançou o selo Mistérios em Série, eu estava curiosa para ler as obras que prometiam suspense leves para medrosos, mas sem perder a graça de descobrir “quem é o culpado” no final. Quando vi que o primeiro volume estava disponível no Kindle Unlimited, não perdi tempo e peguei emprestado para conferir, até por conta dos comentários positivos a respeito.

A narrativa é em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista. Georgie é uma moça que foi criada com tudo do bom e do melhor, mas depois que cresceu, as coisas mudaram bastante. Embora seu nome ainda abra portas e lhe conceda favores, nada disso enche barriga. Além disso, na hora que ela mais precisa, tudo lhe falta.

Isso porque ela está “velha demais” para receber uma mesada de seu irmão mais velho (e o único com autorização de mexer no que restou da fortuna da família). Para garantir a próxima refeição, a opção mais clássica é o famoso casamento de conveniência, com um rapaz do qual Georgie mal se lembra

“Só que agora eu tinha a consciência de que era necessário se importar. Era necessário fazer algo que valesse a pena.”

Sem poder trabalhar, já que todas as suas tentativas foram frustradas por serem um verdadeiro ultraje para a Coroa, sua saída foi tentar se virar sozinha morando numa casa enorme (uma das poucas que restaram) e sem empregada. O que poderíamos chamar de ônus e bônus, já que enquanto todas as pessoas de classes mais baixas deixam um membro da Coroa entrar em qualquer ambiente, a moça vira uma proletária quando as portas de sua casa se fecham.

Contudo, apesar de perceber o trabalho que dá cuidar de uma casa, achei bem interessante ver que ela não se martiriza com isso. Muito pelo contrário, aceita as opções que tem e sempre arruma um plano B para poder jantar.

Assim, ao descobrir que suas mãos não caíram depois que varreu uma casa, ou mesmo espanou os móveis, Georgie percebe que essa seria uma boa alternativa para conseguir uns trocados no fim do mês. Afinal, quem iria reparar em uma jovem vestida de empregada, de joelhos e espanando a casa da alta sociedade?

Apesar da narrativa ser um tanto monótona, pude notar que a autora se fez valer desse recurso para mostrar ao leitor (até para a própria Georgie), que a grama sempre parece mais verde do lado do vizinho. Mas as aparências enganam e muito. Isso porque, enquanto a moça banca um personagem durante o dia, fazendo faxina, percebe que exercer essa profissão pode ser bem mais difícil do que parece.

Não apenas precisa lidar com a capacidade das pessoas fazerem sujeira (o que já vira até abuso, quando sabem que tem um trouxa para limpar), mas também com o assédio moral (diria até sexual) que as empregadas passam, só por serem subordinadas a um homem. Apesar de saber que esse não era o foco, afinal a ideia principal é trazer um mistério com toques de comédia, gostei de ver como Georgiana lidava com isso, mas não me impediu de sentir nojo e ver que não importa a época, homens nunca vão perder a chance de serem babacas machistas.

“Eu me perguntei se os homens da nossa linhagem eram otimistas incorrigíveis ou simplesmente estúpidos.”

Não bastasse isso, a mocinha ainda vai encarar perrengues dentro de casa, logo que seu irmão colocar os pés na cidade. Binky é a personificação do ditado “veio ao mundo a passeio”. O rapaz não sabe abrir uma porta sem precisar de um empregado para isso e fica perplexo ao descobrir como a caçula está vivendo sem um ajudante. O que gera comentários e cenas desnecessárias, dignas de me fazer revirar os olhos.

Entretanto, para se meter em confusão, ele é esperto até o talo. Eis que poucos dias depois, bate à porta de Georgie um tal de Mauxville, alegando ter vencido o pai da moça num jogo de cartas e teria ganho (de papel passado e tudo) a mansão em que Georgiana vive atualmente. Por sua vez, Binky desaparece no momento que este homem estranho é encontrado morto na banheira da mansão.

Os únicos suspeitos só poderiam ser os irmãos Rannoch. Afinal, quem estaria mais interessado em defender os interesses que restaram da família do que eles? Mas Georgie tem um álibi perfeito. E Binky? Bem, ele é tão atrapalhado e preguiçoso que nem conseguiria matar uma mosca. Ou será que era tudo um papel para enganar a irmã? Com essa dúvida, começa o mistério e toda pista é importante para desvendar o crime, prender o verdadeiro culpado e devolver a honra ao sobrenome real.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Aqui, eu fiquei bastante empolgada, por ser algo bem parecido com o estilo apresentado nos romances de Agatha Christie e Conan Doyle. Contudo, encontrei apenas uma comédia pastelão, o mistério mesmo ficou em segundo plano e eu me frustrei. Isso porque a autora focou muito em demonstrar o quanto a protagonista era atrapalhada, com situações beirando o impossível.

Embora eu soubesse que poderiam ser pano de fundo para cenas futuras, eu não gostei de como ela foi retratada. Ainda mais levando em consideração que, apesar dos pesares, é um membro da realeza e sabe, no mínimo, como se portar em ocasiões importantes, ao contrário do estereótipo do matuto que foi retratado para os leitores. Acho que nem as mocinhas atrapalhadas de comédia romântica conseguem chegar no nível de Georgie. Eu só me perguntava o que a autora tinha na cabeça quando pensou que aquilo seria engraçado.

Embora tenha passado diversos momentos de pura vergonha alheia, foi bom ver que, por trás de tantas trapalhadas, a mocinha é bem inteligente e sagaz. Até porque alguém tinha que investigar o caso do morto na banheira e o inspetor responsável não parecia muito afim. Afinal, se todas as pistas levavam a crer que seria obra de Binky, perder tempo com isso seria desnecessário.

Mas Georgie não descansa até provar a inocência do irmão (além da própria) e vai fazer de tudo para mostrar que tem razão. Para isso, conta com a ajuda de dois fiéis escudeiros, uma ex-colega de escola que ganha a vida como estilista de membros da nobreza e um nobre tão falido quanto Georgie, que se faz valer do sobrenome para entrar de penetra em festas elegantes da alta sociedade.

“Você não pode esperar que um homem enfrente o mundo só com um ovo cozido na barriga.”

Se pode confiar neles ou não, é uma boa pergunta. Mas o importante é que serão seus olhos e ouvidos enquanto Georgie tenta descobrir as peças do quebra-cabeça, que pode ir além de seus pais.

Não sei se foi meu ranço falando mais alto com ‘A Espiã da Realeza’, mas eu confesso que esperava bem mais dessa leitura. Embora a investigação da protagonista seja desenvolvida com começo, meio e fim, não teve aquela emoção toda que foi prometida na sinopse. Ainda mais levando em consideração que o avô dela era um policial aposentado e poderia ajudar bastante nesse quesito. No entanto, não foi tão bem aproveitado como eu esperava.

Como resultado, o desfecho foi bem “ok”, condizente com a trama. Porém, com zero surpresa. As pontas foram amarradas e perguntas respondidas, mas acho que a escritora queria tanto colocar a Georgie no centro das atenções, brilhando como detetive amadora, que esqueceu do restante do elenco. Isso tirou alguns pontos da leitura, o que foi uma pena, pois eram personagens que poderiam ter sido melhor aproveitados (mesmo sabendo que é o primeiro volume de uma série, porém tinha espaço para isso).

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar que tem uma boa diagramação, com fonte legível e revisão bem feita. A capa segue o padrão que vejo atualmente, com os elementos desenhados. Assim, temos a Georgie em um dos seus momentos de glória nos anos 1930, nos dando uma ideia do que iremos encontrar ao longo das páginas.

Em resumo, ‘A Espiã da Realeza’ é uma boa pedida para passar o tempo, sair de uma ressaca literária, ou mesmo conhecer o gênero de mistério, como diz a proposta do selo da editora. Mas não espere nada além disso.

Vocês já leram esse livro ou algum outro da série? Gostam de mistérios mais clássicos? Me contem nos comentários!

Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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