Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha do terceiro volume de Era uma vez… vilãs, a antologia da Increasy, com a releitura dos contos de fadas pelo ângulo das vilãs. A última cantada traz a releitura de A Pequena Sereia, pelo ângulo da vilã Úrsula, aqui chamada de Ursione.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
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Livro: A última cantada
Autora: Raffa Fustagno
Editora: Increasy
Ano: 2021
Páginas: 53
Você está convidado a conhecer Ursione, cuja história foi inspirada na personagem Úrsula, do clássico A pequena Sereia. A bruxa do mar é a responsável por roubar a voz de Ariel para impedir que conquiste seu amor verdadeiro e tenha a vida que a vilã deseja para si. Este é o terceiro conto da Antologia Era uma vez… vilãs, da Increasy Editora.
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Ursione está acostumada a ganhar todos os concursos de canto desde muito nova, até que em uma viagem para um concurso na Rússia percebe que perdeu sua voz.
Desesperada com o parecer médico, ela se apegará à última esperança que virá de um desconhecido, uma fórmula capaz de fazê-la brilhar ainda mais.
O problema é que descumprir regras tem consequências quando o mundo inteiro descobre o esquema russo.
Será que ela consegue se livrar dessa e levar mais um prêmio para casa? É o que descobriremos quando ela der o que pode ser A última cantada.
Ursione é uma verdadeira mina de ouro para os pais. Desde que descobriram o talento da garotinha, aos 10 anos, vivem se metendo em tudo quanto é concurso de talentos, que ela sempre ganha.
Como consequência, temos a típica família de comercial de margarina, onde na frente das câmeras é tudo perfeito, com pais exemplares, sempre acompanhando e torcendo pelos sonhos da filha, mas nos bastidores, as coisas são bem diferentes.
Ursione cresceu no mundo dos palcos e nunca soube a hora de parar. Canta qualquer música que lhe desafiem, mesmo que isso não esteja no seu alcance. Até que um dia ela paga o preço por isso e fica sem voz.
Mas a final do concurso já é daqui a dois dias e, acostumada a nunca perder, ela vai fazer o inimaginável para manter a fama de vencedora. Mas o verdadeiro desafio, agora, será com sua consciência. Será que ela dá conta?
“Estou congelada, não por causa de frio de Moscou, mas por medo, cantar é a única coisa que sei fazer e, se não estiver bem para a final, o Juca nunca me perdoará por isso.”
Eu estava super curiosa para ler esse conto, especialmente pela protagonista ser cantora. Eu, como aluna de canto, sou bem cuidadosa com minha voz e e estou aprendendo que cantar não é difícil, se você souber em qual terreno está pisando e até onde se tem alcance vocal.
Ainda estou aprendendo, mas já sei quais músicas não consigo cantar, se não tiver todo um aparato e modificar ela toda para mim. Com esse básico, é bem tranquilo. Mas Ursione não sabe o que é isso.
Seus pais descobriram o talento da garota para o canto quando ela tinha 10 anos e arrasou no meio do shopping cantando uma música da Alcione, super afinada. Desde antão, o céu era o limite para ela, que espantava a todos com sua voz fantástica e tão pouca idade.
Viajando o mundo inteiro, com seus pais e um empresário a tiracolo, a menina era uma mina de ouro, ganhando os maiores prêmios e garantindo uma vida tranquila para a família… Que seria possível, se ela realmente tivesse uma família unida e tranquila. Desde nova, Ursione foi explorada pelo empresário e pela mãe, que parece que só via cifrões no lugar de uma criança.
Mesmo com a torcida pelo sucesso, ninguém se preocupava em deixar Ursione ser criança realmente. Ler o que fizeram com ela, em nome de uma fama que a garota não pediu, me fez ser solidária com a jovem.
Ursione deixou de ser uma pessoa, para se tornar uma máquina que canta qualquer coisa que lhe derem, sem uma preparação antes, sem poder dizer “não”. O resultado foi uma adolescente que disfunção alimentar, com tendências à depressão e arrogante, mas nada disso importa, pois ela é uma vencedora.
E, vendo que seu trabalho forçado, levou a uma consequência já esperada, porém ignorada, Ursione se vê desesperada no meio da Rússia, pois perdeu sua voz, prestes a vencer um concurso importante. Assim, ela acaba se rendendo a um “milagroso remedinho”, que parece fazer sucesso entre os nativos, que poderia deixar sua voz perfeita em tempo de vencer o bendito concurso.
Entre trapacear e desistir, claro que Ursione resolve trapacear, já que vale tudo para continuar sendo uma vencedora. Vendo isso, só consegui ter pena de Ursione, que me pareceu uma menina infeliz e com medo do mundo.
Toda aquela fama de garota arrogante e com o rei da barriga é bem irritante, mas olhando pelo ângulo dela, que nos conta a própria história, não consegui ficar com raiva dela, muito pelo contrário.
“[…] parece que estou presa sempre na mesma realidade: a de provar o tempo inteiro que sou melhor que outras pessoas, porque isso é o que esperam de mim.”
Afinal, fica complicado manter uma mente sã perto de um empresário que acha que a menina é uma máquina, que basta colocar uma moeda que ela canta sem cansar, e pais que apoiam esse absurdo e ainda dão razão para um desconhecido, que caiu de paraquedas e só explora a garota na cara de pau.
Ursione não tem amigos, não tem histórias de escola. Tem apenas memórias dos concursos que ganhou, ficou mais famosa e nunca pode descansar, já que mal recebe o prêmio, já tem outro concurso para participar no dia seguinte.
Com a cabeça a mil, ela topa qualquer coisa para manter a fama, nem que seja contra a lei. E o tal cara parece surgir no momento mais oportuno, lhe oferecendo a solução de seus problemas.
O encontro desses dois é a parte mais cômica do conto, que logo volta a ter o clima de incerteza, já que se alguém descobre o segredinho de Ursione para cantar maravilhosamente bem, ela está muito ferrada.
Com temas bem atuais, como a questão da exploração infantil, depressão e cancelamentos, foi de longe o melhor conto que já li até o momento dessa antologia. Com uma escrita bem fluida, eu gosto das obras da Raffa, pois ela sempre traz um toque de representatividade nos seus personagens.
E aqui não foi diferente, já que Ursione é uma protagonista gorda. O final é bem contos de fadas, mas que foi aceitável para Ursione, especialmente pela forma como as coisas foram acontecendo. É uma leitura bem rápida, mas ainda assim, maravilhosa e muito bem amarrada, que recomendo.
Vanessa
Deu para sentir sua empolgação na hora da leitura, amei e vou arriscar essa leitura ano que vem, dica anotada.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Felipe
Oie, tudo bem?
Ainda não conhecia, mas pelas suas considerações parece ser uma leitura que iria me agradar, valeu pela dica!
Blog Entrelinhas
Casos Acasos e Livros
Oi, Hannah!
Eu amo a escrita da Raffa e tenho certeza que aqui não vai ser diferente.
Estou super curiosa para ler essa antologia porque está cheia de autoras que adoro.
E adorei o enfoque que a Raffa deu para essa releitura da Úrsula.
Sempre a achei uma vilã interessante.
Beijoooos
Teca Machado
Casos, Acasos e Livros
Brenda Silva
Menina do céu, você ta me deixando super curiosa com essa série de livros viu!!!!
Adorei a resenha =)
Beijos
http://brenshelf.blogspot.com
Hanna Carolina Lins
Que bom! hahahha
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou da dica. ^^
Hanna Carolina Lins
Sim, Úsrula é uma das minhas vilãs favoritas também. Estava bem curiosa para ler esse especialmente por causa da protagonista. E também gosto bastante da escrita da Raffa, ela nos deixa mais perto dos personagens, né? Eu amo.
Hanna Carolina Lins
hahahha
Que bom! Espero que possa ler os contos em algum momento, recomendo. ^^
Sil
Olá, Hanna.
Fiquei super interessada nessa série. Qual é o primeiro para eu poder começar a ler na ordem? Eu como frequento igreja desde criança sempre cantei por lá e por isso também me interessei nesse. E ainda mais com protagonista gorda.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Oi Sil, o primeiro volume dessa série é A morte lhe cai bem, uma releitura de Hades (Hércules). Mas os contos podem ser lidos fora de ordem, pois são independentes. ^^