Amantes das Séries | Silo (Season 1)

Olá meu povo, como estamos? Depois de anos que conheci o universo da trilogia Silo, hoje trago minhas impressões sobre a adaptação para as telas em forma de série.

Série: Silo

Temporada: 1°

Ano: 2023

Episódios: 10

Duração média: 54min/episódio

País: Estados Unidos

Onde assistir: Apple TV+

Silo é uma série de drama e ficção científica baseada na trilogia homônima do autor norte-americano Hugh Howey. A produção se passa em um futuro pós-apocalíptico, tóxico e arruinado. Em um silo subterrâneo, os últimos dez mil sobreviventes da Terra tentam se manter protegidos contra o caos mortal do mundo lá fora. Porém, ninguém sabe quem ou porquê o abrigo foi criado, e toda vez que alguém tenta desvendar sua origem, acaba sofrendo consequências fatais. Quando alguns habitantes morrem de forma misteriosa, a engenheira Juliette (Rebecca Ferguson) inicia sua própria jornada para conseguir respostas, mas acaba encontrando ameaças maiores do que imaginava.

Por questões financeiras, fazia muito tempo que eu não tinha acesso aos streamings. Mas depois de algumas mudanças no meu pacote de TV por assinatura, a operadora me deu acesso a alguns dos mais conhecidos e estou novamente em busca de novas produções para assistir.

Quando pedi indicações nas redes sociais, um dos seguidores me sugeriu a série Silo, que me pareceu familiar no momento, mas não liguei muito para isso. Ao começar a ver os episódios, no entanto, me dei conta de que era exatamente a trilogia que alugou um triplex na minha cabeça há quase 10 anos e finalmente iria realizar o meu sonho de ver a Juliette em ação, lutando pela verdade.

A série, assim como a trilogia, traz um mundo pós-apocalíptico, em que a atmosfera foi devastada e sobraram apenas 10 mil pessoas no planeta, abrigados em um silo subterrâneo gigante. A sociedade passou os últimos 140 anos em harmonia, cumprindo suas atividades e cultivando a esperança de um dia poder sair na superfície sem medo de morrer.

No entanto, sair do silo é estritamente proibido e encarado como uma punição extrema para desordeiros, ou mesmo uma espécie de suicídio assistido. Quem sai para a limpeza não pode voltar para o abrigo e é condenado a caminhar os poucos minutos que lhe restam, vendo de perto a natureza reagindo ao estrago de décadas atrás.

Contudo, ficar no silo também está se tornando um perigo, já que perguntas sobre o passado nunca são respondidas e pouco sabemos sobre o que causou o caos lá fora. Quem procura demais pode pagar um preço alto pelas respostas e, talvez, nunca voltar para sua casa.

Caso que aconteceu recentemente com o xerife Houston e sua esposa. Ambos estão desgostosos com a vida após alguns acontecimentos envolvendo a vida pessoal deles e seus empregos, que lhe dão certos privilégios, mas descobriram da pior forma que iam até a página 2.

A saída deles causou um alvoroço. Afinal, não é todo dia que um xerife é convidado a limpar lá fora. Por conta disso, o clima de incerteza e medo se espalha entre os moradores, que só vai parar quando tiver alguém substituindo a autoridade.

Assim, começa uma saga da prefeita e do Judiciário em busca de alguém à altura do cargo. Porém, indo contra todas as opções, Houston deixa uma recomendação bastante inusitada que deve ser levada em consideração: Juliette Nichols deveria assumir a vaga.

Isso chama bastante atenção, especialmente por que a moça é da Engenharia e vive nas profundezas, que é onde moram os mais excluídos (e também mais espertos) do silo. Jules é uma mulher esperta, astuta e entende bem as mensagens nas entrelinhas.

Além disso, ela conhecia bem o Houston e sabia que suas próprias perguntas só seriam respondidas se estivesse mais próxima de seus inimigos. Dessa forma, ela assume a vaga e parte rumo ao topo do silo para fazer justiça a quem precisa, incluindo ela mesma.

O problema é que suas investigações podem levar a descobertas dignas de derrubar sociedades inteiras. Juliette é uma jovem que sofreu muito nessa vida e está cansada de levar apenas um afago na cabeça e olhares tristes como respostas aos seus questionamentos, ainda mais quando uma pessoa próxima a ela passa por algo que ela duvida que seja do jeito que estão lhe contando. Ela quer justiça e não vai descansar, nem que para isso tenha que passar por cima do Pacto (uma espécie de código penal do silo).

Eu sempre gostei muito da personagem no livro e queria que ela existisse no mundo real. Porém, mesmo sabendo que existem algumas diferenças entre as mídias, até para dar andamento aos episódios, percebi que sua personalidade curiosa e destemida continua.

Mas confesso que no livro ela era mais esperta e questionadora. Na série só vi uma justiceira ignorando regras e o bem estar até dela mesma. Se gostei? Sim, gostei. Mas achei também que foi subestimada e não tão bem aproveitada.

O elenco secundário também é bem representado e gostei da seleção dos atores. Eles fazem bem os papéis, quase do mesmo jeito que imaginei e dão um andamento interessante para a história.

A fotografia é sombria e cheia de melancolia. O que faz sentido, já que as pessoas estão debaixo da terra há tanto tempo, que mal sabem o que é a luz do sol ou as estrelas no céu. Muito menos sabem o porquê de ainda estarem lá embaixo confinados ou como era o mundo antes do caos.

Eu não sei o que faria no lugar deles, mas acho que seria bem triste viver num lugar onde a tecnologia tão avançada que temos não existe mais e boa parte de nosso conhecimento se perdeu, pois foi deixado, literalmente, para trás quando fugiram. Os episódios são relativamente longos, com quase 1h de duração. Mesmo assim, consegui maratonar a primeira temporada em poucos dias, de tão absorta que fiquei nesse universo.

Muitos segredos permeiam as escadas do silo e ficava nervosa a cada descoberta de Jules, ainda mais quando encontrava uma chamada relíquia (qualquer objeto que usamos no cotidiano, tendo grande importância ou não). Além disso, ver como sua própria família sofreu com certas coisas é triste.

Eu, como cientista, não sei o que faria em um mundo onde não existe mais o básico de cuidados com a saúde mental e física. Pior ainda saber que o conhecimento científico se perdeu e as pessoas mal podem usar um microscópio, por ser considerado impróprio e contra a lei.

Somado a isso, temos o grande mistério envolvendo o próprio surgimento do silo. Jules está cada vez mais perto de descobrir o motivo das pessoas irem para a limpeza e não voltarem, mas pode pagar um preço alto para tal.

Embora tenha grandes emoções e cenas de ação bem feitas, confesso que achei a Jules mais inteligente no livro. Na obra original, a moça não mede esforços e descobre tanta coisa que deixa o leitor de cabelo em pé. Mas aqui, só vi uma detetive atrapalhada e que quase não descobre nada, só deduz por intuição e fica por isso mesmo.

Talvez por isso o desfecho da temporada tenha sido muito bom, mas não maravilhoso. Entendo que são necessárias alterações, contudo eram coisas importantes que dariam um ganho mais forte para a sequência.

Ainda assim, é uma série que recomendo e que nos leva a refletir sobre o que o futuro pode nos reservar se continuarmos com certas atitudes em relação ao planeta.

Texto revisado por Emerson Silva.