Olá meu povo, como estamos? Resolvi tirar uma folga dos trabalhos acadêmicos e fui descansar minha cabeça um pouco. O resultado foi que assisti alguns filmes e renderam conteúdos para compartilhar com vocês, hehe. E hoje estou aqui para trazer minha opinião sobre O Farol, um longa que alugou um triplex na minha cabeça (ainda que de forma negativa).
Filme: O Farol
Classificação: +18
Ano: 2020
Duração: 1h49mn
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Suspense, Terror
Onde assistir: Amazon Prime Video

O Farol se passa no início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.
Embora hoje em dia a profissão de faroleiro esteja quase extinta, por conta dos processos mais modernos, era bastante comum no início do século XX. É nessa época que conhecemos a história de Thomas Wake e Ephraim Winslow.
O primeiro já tem bastante tempo de estrada e tem o farol quase como parte de si. Já o segundo ainda é jovem e acabou de chegar para substituir o outro ajudante que faleceu. Apesar de ser um momento triste, o luto nem é vivido, já que as tarefas não param e o farol precisa ser mantido.

Logo a nova dupla precisa se entrosar para fazer o trabalho dar certo. Mas não é bem isso que acontece, dado que Thomas não confia em Ephraim e só lhe dá funções que nada tem a ver com um faroleiro. Por isso, a relação dos dois é bastante conturbada e cheia de faíscas.
O jovem é inteligente e tem bastante paciência. Chegou em seu novo local de trabalho e parece ter se adaptado muito bem, já que é tão quieto e cheio de segredos quanto a ilha em que vai passar os próximos dias. Além disso, Ephraim sabe que precisa trabalhar duro para limpar e reorganizar uma série de coisas que foram deixadas pelo ajudante anterior.
Porém, todas as suas tentativas de manter uma convivência pacífica com Thomas vão ralo abaixo a cada início de turno. Isso porque o velho pode ser cordial na hora do jantar, mas durante os turnos é um verdadeiro demônio.
Ele não faz questão alguma de esconder o quanto não gosta do rapaz. E faz de tudo para que ele desista de uma vez do emprego. Contudo, conforme os dias passam, fica nítido o quanto um precisa do outro para não enlouquecer ouvindo apenas os próprios pensamentos numa ilha deserta.

Além disso, coisas estranhas começam a acontecer no local e Ephraim fica cada vez mais curioso com o farol. Luzes estranhas que se acendem à noite, presenças assustadoras perto do alojamento, superstições macabras que embalam a noite e tempestades que parecem nunca ter fim.
Sem contar a obsessão de Thomas em relação ao farol, que age como o detentor do segredo da ilha. Embora tenha aceitado no início, o ajudante não se conforma e precisa de respostas para o que está acontecendo, mas acho que nem ele estava preparado para o que poderia descobrir.
O filme não é muito longo, porém tive a sensação de ter durado uma eternidade. O tempo todo vemos o cotidiano dos faroleiros, que não é uma profissão de muito glamour, nem tão agitada.
A fotografia é toda em preto e branco, o que chamou bastante atenção por ser um filme recente. Pelo que soube, é uma ideia do diretor sair da caixinha, já que a história se passa numa época em que filmes coloridos ainda não existiam, nos levando a uma experiência mais aprofundada.
Talvez por isso, o filme ganhe pontos por não precisar de muitos recursos de efeitos especiais, deixando a obra mais barata e focada nos protagonistas. Thomas é um velho lobo do mar, com muitas histórias para contar, porém não é tão confiável quanto aparenta.

Por sua vez, Ephraim é obediente, jovem e cheio de energia, qualidades imprescindíveis para a função a qual foi convocado. No entanto, o que levaria alguém como ele a aceitar um emprego no meio do nada?
Aos poucos, vamos entendendo as motivações de cada um e tecendo nossas próprias teorias. Além de juntar as peças do que se esconde no farol. Será que a ilha guarda segredos tão misteriosos ou é tudo fruto de uma imaginação perturbada pelo isolamento?
Essa dúvida permeia ao longo do filme todo e, mesmo tendo assistido até o fim, não sei responder. As cenas são perturbadoras e podem render pesadelos a pessoas mais sensíveis, contudo não são garantia de resposta.
Isso se reflete no desfecho aberto, que deixa mais questionamentos do que todo o filme. Confesso que fiquei me perguntando o que levou a todas aquelas atitudes, que me surpreenderam, mesmo que já fossem esperadas.
O clima de suspense e terror permeia todas as cenas. O que me deixou até com medo de olhar para um farol novamente, sem imaginar o que poderia se esconder por trás de toda aquela estrutura.
No entanto, começo a me questionar até que ponto a mente humana aguenta viver sem socializar, nem que seja por meio da internet. Falamos tanto sobre o quanto estamos solitários hoje em dia, mas acho que seria muito pior viver em completo isolamento, como o que foi submetido a essa dupla.
Sem saber o que acontecia no continente, muito menos pedir ajuda, eles estavam sozinhos e sujeitos a qualquer infortúnio. Logo, não posso julgar as atitudes que tomaram, pois não sei o que faria se estivesse nas mesmas condições.

Talvez por isso os elementos mais fantásticos tenham começado a se fortalecer e alimentar a sensação de “e se fosse verdade?”, o que me deixou mais curiosa para saber o que ia acontecer em seguida.
Entretanto, por mais que eu soubesse que final tinha 50% de chances de ser infeliz, eu não estava preparada para o que foi entregue ao espectador. Fiquei com um triplex alugado na cabeça, repleto de perguntas não respondidas e um imenso “pra quê?” estampado na minha testa.
Em resumo, mesmo que não seja falado com tanta frequência, ‘O Farol’ promete (e entrega) uma história fora da caixa, com requintes de horror e digno de pesadelos. Mas também entrega mensagens importantes sobre a mente humana e o quanto ela pode ser capaz de nos pregar peças quando o medo fala mais alto.
Além disso, esse é um filme lento, detalhado e que explora o comportamento humano em tantas camadas, que se fosse mais rápido, não teria alcançado esse objetivo com tanta maestria. No entanto, o fato de ser lento demais, ao ponto de demorar a desenvolver os acontecimentos, tornou o longa monótono e sem tantas emoções, o que também pode decepcionar um bocado.

Texto revisado por Emerson Silva.
Andréa Morais
Menina, eu achei 1h49 minutos muito longo sim! kkkkkk Gostei muito de A Bruxa, de Eggers, apesar de também ser longo… Acho que ele está para o cinema como Stephen King está para a literatura…. Quero assistir O Farol.
Hanna de Paiva
Se assistir, me conta o que achou depois?