Olá meu povo, como estamos? Estou imensamente feliz em ter voltado a ter acesso aos streamings. Nesses últimos tempos, tenho feito algumas descobertas interessantes e hoje trago minha opinião sobre Paraíso, um filme que promete te deixar desconfiado de tudo e de todos.
Filme: Paraíso
Classificação: +16
Ano: 2023
Duração: 1h50mn
País: Alemanha
Gênero: Drama, Suspense, Ficção Científica
Onde assistir: Netflix

Em um futuro não muito distante, um método de transferir tempo de vida de uma pessoa para outra mudou o mundo para sempre e transformou a startup de biotecnologia Aeon em uma empresa bilionária. Quando o casal Max e Elena precisam de dinheiro para quitar uma dívida inesperada, Elena (Marlene Tanczik) abre mão de 40 anos de vida. Impedidos de ter um futuro juntos, o casal decide reagir. Max (Kostja Ullmann), que trabalha na Aeon, faz o que pode tentando recuperar o tempo “vendido” por Elena.
Em um futuro não muito distante, a Aeon se torna uma referência ao concretizar a frase “tempo é dinheiro”. A empresa é dona de uma patente inovadora (e também assustadora), que está ganhando o mundo com a transferência de tempo de vida dos clientes.
Assim, por uma quantia generosa de dinheiro, você pode ceder alguns anos de sua juventude para a empresa, responsável por encontrar uma pessoa compatível e disposta a ficar mais nova (e que pode pagar bastante por isso). Max é um funcionário exemplar na Aeon e sempre ganha bônus de melhor vendedor do mês.
Ele é encarregado de encontrar doadores e convencê-los a ceder sua juventude para empresários ricos. Com seu salário alto, pode bancar um bom apartamento na capital e viver uma vida estável com sua esposa Elena.
A moça é médica plantonista e está bem feliz com o casamento. Jovem, linda, dedicada e com um bom marido, nada poderia abalar a sua alegria de acordar todo dia ao lado do homem que ama.
Mas a felicidade do casal está para acabar quando um acidente horrível acontece e eles se veem sem eira nem beira, com uma dívida enorme cobrada pelo banco. O problema é que eles gastaram tanto dinheiro bancando uma vida boa na cidade, que não sobrou nada na poupança.
Porém, o banco nunca perde e cobra a dívida toda de uma vez, ainda mais por não ter sobrado garantias de que as parcelas serão pagas. A conta é de 2 milhões de euros e, ou se paga com dinheiro (que eles não tem), ou cobrando a cláusula das letras miúdas do contrato.
Nem Max ou Elena tem um tostão furado. Logo, não sobra alternativa a não ser aceitar que a moça ceda 40 anos de sua vida. Embora seja um procedimento possível, a verdade é que não é aconselhável envelhecer tanto de uma vez.
O marido tenta de tudo para reverter a sentença, mas não é ouvido e passamos a acompanhar o drama do casal. Assim, vemos de perto a tristeza da moça vendo sua vida indo embora de uma hora para outra, sem poder impedir.

Ao mesmo tempo, é complicado ver Max tentando deixar a esposa confortável, porém sem sucesso. No entanto, enquanto Elena se conforma com a velhice antes da hora, Max não está disposto a ver a mulher definhar sem fazer nada para resolver.
E não descansa enquanto não descobre uma forma de reverter o processo. O problema é se a esposa vai aceitar de bom grado ser submetida a esse procedimento mais uma vez.
A premissa do filme é bem interessante e logo me chamou atenção quando vi passando o cartaz na Netflix. E se manteve assim por um bom tempo.
Max e Elena formam um casal feliz e tranquilo. São jovens e tem a vida toda pela frente. A condição financeira deles também ajuda bastante, permitindo que vivam com conforto em um bom apartamento em Berlim.
No entanto, a felicidade não vai durar muito, quando sofrem um acidente e perdem o apartamento de forma irreversível. Como não estava quitado, o banco cobra a dívida de uma forma bem cruel: tomando 40 anos de vida de Elena, a única a ceder um bem de valor para firmar o contrato de compra e venda.
Mesmo sendo jovem, a moça sabe que envelhecer nunca é bem vindo para a sociedade em que vivemos, especialmente no que condiz às mulheres. Logo, perder 40 anos de um dia para o outro não é uma ideia bem vista.

Mas o governo pouco se importa com isso e cobra a dívida sem dó. Max tem peso na consciência por ver a esposa passando por tudo sozinha e tenta ajudar, até porque a forma como isso aconteceu não foi nada justa.
Para completar, ele está revoltado com a Aeon, que além de não ouvir seus apelos para reconsiderar a cobrança de dívida, achou que poderia compensar com um bônus gordinho. Vendo que não ia conseguir muita coisa por meios legais, sua saída é procurar outros meios pelos quais recuperar a felicidade de Elena, nem que perdesse os escrúpulos no caminho.
E, apesar de seus objetivos serem dignos, não gostei muito da forma como tudo se desenrolou. A trama seguia interessante, pois traz à tona questões tristes e sombrias da sociedade alemã, que até hoje é uma mancha inesquecível.
Além disso, a proposta da Aeon pode ser nobre, mas nobre para quem? Deixar pessoas ricas mais jovens e com mais tempo de vida às custas dos mais pobres é algo desumano e impensável.
Talvez por isso o movimento intitulado Adão surge, para defender a vida dos mais vulneráveis e se torna uma pedra no sapato da empresa. Porém, suas escolhas nesse combate dividem opiniões entre as pessoas, que vivem com medo constante de estarem em uma guerra sem fim.

Max só conhecia o lado fofo que a Aeon prega. Mas ver o que acontece com Elena o deixa impactado e revoltado. Logo, ele começa a se perguntar quem estaria certo nessa história. O mesmo é mostrado para o espectador, que passa a criar teorias e refletir sobre o que faria se essa fosse uma realidade possível.
Some-se a isso, existe um mistério sobre quem poderia ter pego a juventude de Elena. Max quer encontrar a pessoa e fazer com que ela reverta o processo, nem que seja à força. Mas o modo como faz isso é perigoso e beira à loucura desenfreada.
Ele está tão obcecado com isso que se esquece do principal: a vontade da esposa. Sei que o objetivo era mostrar um marido atencioso e apaixonado, mas só me pareceu um mentiroso com atitudes contraditórias.
Minhas expectativas estavam no suspense, porém também não ajudou muito. O mistério sobre quem teria pego a juventude de Elena é revelado de uma forma não muito convincente. Acho que se preocuparam demais em manter o segredo de quem seria o culpado, que não souberam aproveitar os ganchos que isso poderia gerar. O que me decepcionou bastante.
Talvez por conta da forma como os fatos foram apresentados, não fez muito sentido e o mistério se tornou desnecessário. A sensação ficou mais latente quando as respostas foram jogadas de qualquer jeito, como se fossem tão óbvias que não precisassem de maiores explicações.

Isso gerou uma sensação de estar assistindo uma série de fatos desconexos, que não faziam sentido e não iam para lugar algum. O desfecho vai pelo mesmo caminho e terminei com mais perguntas do que respostas. O que é uma pena, já que o filme não tem continuação.
Em resumo, Paraíso tem uma fotografia bonita e retrata um lado podre do ser humano. Porém, não desenvolve a premissa de modo satisfatório e entrega uma história com muitas pontas soltas.

Não é um filme que veria novamente, mas recomendo que assista e tire suas próprias conclusões.
Texto revisado por Emerson Silva.