Lupin está de volta e chega em grande estilo. Após viver tantas aventuras, das quais só sabemos o que nos contam, o Ladrão de Casaca decide parar um pouco sua agenda lotada de crimes para nos agraciar com detalhes de suas façanhas mais admiráveis.
‘As Confissões de Arsène Lupin’ reúne 10 contos, um mais eletrizante que o outro, onde conhecemos um pouco do que se passa em uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos. Será que você está preparado para isso?
“[…] contentava-se com surpresas mais leves e lucros mais humildes, em cumprir seu esforço diário, fazendo o mal todos os dias e um pouquinho de bem também, naturalmente por amor à coisa, como um Dom Quixote extravagante e compassivo.”
Abril foi um mês complicado no quesito leituras. Isso porque fiz escolhas mais densas do que esperava e o resultado foi um pezinho na ressaca. Felizmente, ela não aconteceu de fato e eu segui lendo, ainda que mais devagar. Aos poucos estou voltando ao meu ritmo normal e já fiquei feliz por ter sido agraciada com meu personagem favorito.
O sorteado de maio para o Projeto12 Livros para 2023 foi o número 6 da minha pilha e fiquei bem feliz quando abri o pacote e vi que era ‘As Confissões de Arsène Lupin’. Por coincidência, ele é a sequência da última aventura que havia lido do personagem (813 – Os Três Crimes e A Vida Dupla de Arsène Lupin). Assim, pude dar continuidade à trajetória e fazer uma leitura bem leve, como eu precisava.
Aqui, ao contrário do último livro, encontramos um Ladrão de Casaca mais do jeito antigo. Então, continua um homem inteligente e mestre dos disfarces, porém mais cativante e alegre.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Além disso, ao longo dos contos, o protagonista está bem próximo do leitor e do narrador, com quem conversa em boa parte das histórias. O que até explica o título da obra, já que o próprio Arsène faz questão de contar em detalhes suas aventuras mais inusitadas, quase como se fosse um mágico revelando seus truques.
Isso poderia ser chato em um primeiro momento, pois perderia a graça de fazer o leitor de trouxa. Contudo, não é bem o que acontece e, pode acreditar, vai se surpreender bastante com a criatividade do Ladrão de Casaca quando se trata de dar golpes e enrolar os detetives.
“[…] O que quero dizer é, como disse anteriormente, intuição… intuição e inteligência… E Arsène Lupin, sem se gabar, não sofre falta de uma nem da outra!”
Aliás, um ponto que eu tinha notado em ‘A Rolha de Cristal’ e ‘813’ se repete aqui. Ou seja, temos um Lupin ora justiceiro procurado, ora investigador, que ajuda os policiais para depois se dar bem em cima deles. Eu me surpreendi mais ainda com a versatilidade que Leblanc deu ao personagem.
Isso porque o autor mostrou que o protagonista era capaz de ser o que quiser, sem perder a essência e nem a personalidade. Arsène continua um homem inteligente e que não confia na velocidade da justiça.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Dessa forma, faz o que acha certo pelos métodos mais rápidos e eficazes, mesmo que infrinja algumas
leis no caminho. Além disso, sendo um detetive, é mais fácil ainda conseguir bancar o herói, deixando o público dividido, sem saber se ama ou odeia o Ladrão de Casaca.
Entre os contos, temos:
Uma Recompensa de Duzentos Mil Francos! – Uma mensagem secreta pode levar a um tesouro escondido ou uma grande armadilha. Está pronto para isso?
A Aliança de Casamento – Um marido é capaz de tudo para manter a integridade de seu casamento… será?
O Signo da Sombra – Uma simples data pode guardar grandes segredos. Basta se atentar aos detalhes.
A Armadilha Infernal – Até onde você vai para defender a honra da família?
A Echarpe de Seda Vermelha – O que faria uma mulher defender uma echarpe com a própria vida?
Sob A Sombra da Morte – O caso de uma mulher simples e inocente lutando contra o destino que sempre conspira contra ela e tenta matá-la.
Uma Tragédia na Floresta dos Morgues – O caso do monstro aterrorizando os moradores de um vilarejo
O Casamento de Lupin – Arsène Lupin enfim pode deixar a vida de crimes e se entregar ao amor e uma vida tranquila?
O Prisioneiro Invisível – O que você faria se precisasse defender seu humilde lar de um ladrão?
Edith Pescoço de Cisne – Um caso envolvendo uma reunião de apreciadores de arte e o roubo da tapeçaria antiga que contava a história de Edith Pescoço de Cisne.
Todos os contos são bons e impressionantes, como já é esperado de Lupin. Porém, os que mais gostei foram ‘O Casamento de Lupin’, ‘A Echarpe de Seda Vermelha’ e ‘Edith Pescoço de Cisne’.
O primeiro traz uma versão do Ladrão de Casaca que eu nunca esperei ver. Passei o tempo todo me perguntando se ele realmente ia se casar ou era apenas parte do plano. No entanto, eu me compadeci da “noiva”. A coitada estava apenas seguindo as ordens do pai – contra sua vontade, por sinal. Gostei bastante da atitude de Lupin e achei o desfecho pertinente.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
O caso da echarpe foi o que mais me fez de trouxa. Estava acompanhando direitinho cada detalhe, mas em algum momento me perdi e fui enganada, junto com o detetive. Aliás, Ganimard está ficando mais esperto e, mesmo com certas coisas sendo boas demais para ser verdade, ele fez um bom trabalho e dou umas estrelas pela tentativa de pegar Arsène na curva (rsrsrs).
“[…] Lupin o inspirava com um sentimento estranho e complexo, uma mistura de medo, ódio e admiração involuntária […]”
Já em ‘Edith Pescoço de Cisne’ essa batalha do detetive e Lupin se torna mais palpável. O inspetor está cada vez mais atento e vislumbrei uma batalha de inteligência semelhante ao que ocorria quando Holmes entrava em cena. O caso foi tão surpreendente que até Arséne percebe e age com espírito esportivo.
O que eu esperava, dado que ele é justo e reconhece quando tem um adversário à altura. Mas não pude ler sem dar muitas risadas, imaginando a cara de Ganimard ao receber felicitações de quem deseja tanto prender.
|
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Em resumo, foi uma leitura muito prazerosa e que recomendo, em especial se estiver procurando opções rápidas para o final de semana ou sair de uma ressaca literária.
Falando sobre o livro em si, peguei a versão da Principis, que tem preços bem acessíveis, então já esperava uma edição mais simples e objetiva.
A capa é mole e mantém o padrão dos outros livros da série, porém em tons de roxo e verde. A revisão é bem feita, assim como a diagramação. A fonte é legível e confortável à leitura, além de páginas grossinhas e amareladas – algo que adoro em livros físicos.
E aí, já leram alguma aventura de Arsène Lupin? Gostam de clássicos de mistério? Me contem nos comentários!
Luciano Otaciano
Oi, Hanna! Tudo bem? Particularmente gosto bastante de obras assim. Que bom que curtiu a leitura. Fiquei curioso. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/?m=1
Leyanne
Oie, já disse uma vez, mas vou repetir, ainda pretendo ler os livros com o personagem. A cada nova resenha sua fico mias interessada.
Bjs
Imersão Literária
Hanna Carolina Lins
Ah, gostei bastante sim, Luciano. E espero que também possa ler Arsène Lupin um dia, =)
Hanna Carolina Lins
Ownt, e eu fico bem feliz em ler seus comentários, Ley. Espero mesmo que você possa se aventurar com as história do Ladrão de Casaca.