14 de May de 2024

Como se Livrar de Um Escândalo | Tessa Dare

Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trago a resenha de um romance de época que promete trazer mistério e algumas risadas. Com vocês: ‘Como se Livrar de Um Escândalo’, da Tessa Dare.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Livro: Como se Livrar de Um Escândalo

Autoria: Tessa Dare

Tradução: A C Reis

Editora: Gutenberg

Páginas: 350

Ano: 2024

Formato: Físico

País: Inglaterra

Nota: 4/5

Na noite do baile na Mansão Parkhurst, houve um encontro escandaloso na biblioteca.
Foi Lady Canby, com o empregado, no divã? Ou a senhorita Fairchild, com um amante, contra a parede? Talvez um criado tenha feito isso…
Tudo o que Charlotte Highwood sabe é que não foi ela. Mas os rumores apontam o contrário. A menos que descubra a verdadeira identidade dos amantes, a jovem será forçada a se casar com o marquês Piers Brandon, Lorde Granville – o cavalheiro mais frio, arrogante e lindo que ela já teve a infelicidade de conhecer.
Quando começam a investigação dos verdadeiros amantes envolvidos no escândalo, Piers revela esconder muitos segredos. Mas ainda assim ele guarda ferozmente a verdade sobre seu passado sombrio.
Parecia ser um mistério simples de resolver, mas logo perigos perturbadores surgem na vida de Piers e Charlotte.
A paixão é intensa. O perigo é real. Charlotte arriscará tudo para provar sua inocência nesse caso escandaloso ou irá se entregar a um homem que jurou nunca amar?

Charlotte Highwood está em maus lençóis. Sendo a filha mais nova e a última que falta se casar, sua Temporada é marcada por situações constrangedoras, muitas das quais provocadas pela própria mãe. Isso lhe rende também a fama de “A Debutante Desesperada” em todas as revistas de fofocas da época, o que lhe ajudou menos ainda a conseguir um bom partido.

Seu momento de paz é quando visita a mansão Parkhust, onde mora sua melhor amiga e companheira de aventuras. Porém, é também onde está para haver um baile importante, que conta com a presença de nomes ilustres, entre os quais o marquês de Granville – uma potencial “vítima” para mais um escândalo da mocinha.

Tentando escapar das situações de vergonha alheia, Charlotte quer resolver seus problemas sozinha. Afinal, é uma mulher jovem, mas adulta, e sabe dar as próprias respostas. Só não contava que, mesmo quando tenta evitar as catástrofes, as benditas vêm à galope em sua direção e a moça não consegue evitar os holofotes que caem sobre ela.

A coitada é surpreendida no chamado “Escândalo da Biblioteca”, que envolve seu nome e o de quem ela menos queria: Piers, o marquês de Granville! Agora o dilema da moça é maior, pois precisa provar que é inocente e restaurar sua honra, ou se casar com o partido mais cobiçado da cidade que acabou de conhecer.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Quando se fala em romances de época, eu sempre acompanho as dicas da Silvana Crepaldi, que foi a responsável por me fazer embarcar de cabeça no gênero. Graças a ela, conheci as obras da Tessa Dare, que se tornou minha autora favorita.

‘Como se Livrar de Um Escândalo’ é na verdade meio que um crossover de duas séries longas: Castles Ever After e Spindle Cove. Então, temos ao longo da leitura diversos elementos de ambas as histórias, porém citados de uma maneira muito sutil.

Além disso, mesmo com algumas citações, elas não impedem que os livros sejam lidos de forma independente, como eu fiz. O que é ótimo, dado que são séries bem longas, hehe.

A narrativa é em terceira pessoa e mostra os fatos pelo ponto de vista dos protagonistas. Enquanto de um lado vemos as tragicomédias pelas quais Charlotte passa por conta de sua mãe, doida que a filha case, do outro temos Piers tentando bancar o durão, mas que tem um coração puro, precisando de um pouco de amor próprio.

“De repente, surgiu em cena aquela mulher – uma jovem bonita num vestido rosa – , que era a pior atriz que ele já tinha visto. Ela se atrapalhava com as falas, derrubava o cenário. Não importava o quanto tentasse, Charlotte Highwood não conseguia ser outra que não ela mesma.”

Depois que eles passam pelo “Escândalo da Biblioteca”, Charlotte quer defender sua honra sozinha a todo custo. Afinal, ela sabe que é inocente, mesmo que as provas e testemunhas indiquem o oposto. Mas apesar de ser uma ideia nobre, é nítido que ela não tem muita experiência na vida e seus planos são furados.

Assim, temos todo o mistério sobre quem de fato seria o culpado, alternado com cenas de vergonha alheia da moça tentando bancar uma detetive. Quem lhe tira de muitas dessas situações é Piers, que está deveras confortável em ser o noivo da “Debutante Desesperada” e vê nisso um bom motivo para escapar das reais intenções de sua presença na mansão.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

A verdade é que nenhum dos dois queria estar nesse compromisso. Charlotte tem o sonho de seguir o exemplo das irmãs, que se casaram por amor. Um casamento arranjado seria totalmente oposto aos seus desejos de futuro e ela não está disposta a mudar os planos.

O que não está errado, por sinal. Todos têm o direito de se casar com quem escolherem e Charlotte sabe que só tem uma chance de conseguir isso, a qual vai agarrar com unhas e dentes. Então, embora seja algo arriscado, sua ideia de investigar o caso da biblioteca não é uma ideia de todo maluca. Aliás, acho que se eu estivesse no seu lugar, faria a mesma coisa (ou contrataria um detetive particular, hehe).

A moça sofre um bocado na mão de uma mãe alcoviteira e metida a esperta, mas que na real é tão inocente quanto as próprias filhas. Contudo, conforme vamos conhecendo mais sobre a convivência da protagonista com os personagens secundários, entendemos o porquê de muitas de suas atitudes.

A coitada passou por muitos perrengues nessa vida e só queria garantir que as meninas não tivessem o mesmo desfecho. O que, se parar para pensar, é o que normalmente os pais desejam para os filhos. Por conta disso, mesmo querendo abraçar Charlotte e confortá-la em seus momentos de constrangimento, não consegui julgar a mãe e queria abraçar ela junto.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

No entanto, mesmo entendendo os motivos da Sra. Highwood, Charlotte não aceita que lhe digam o que fazer e quer provar para todos que é uma mulher adulta e centrada (mesmo que os jornais digam o contrário). Apesar de concordar que ela faça isso, quando se trata desse assunto em romances de época, é um caminho bem perigoso. Justamente porque as autoras miram numa personagem madura e de personalidade forte, mas só alcançam uma menina mimada e inconsequente.

“Um homem honrado e decente encontraria outro modo de resolver a situação. Um caminho que permitisse que Charlotte seguisse seu coração. Mas havia um quarto fato que invalidava os três anteriores: Piers não era esse tipo de homem.”

Felizmente aqui a Tessa acertou em construir uma protagonista de fato amadurecida e ciente das consequências de suas escolhas. Ela sabe que vive em um mundo machista e que precisa lutar contra isso, mas que também que tudo tem limites e não quer ser uma militante.

Então, eu vi uma Charlotte precoce, dado que passou na infância, porém sabe até onde seus direitos vão. Entretanto, ela entende que não precisa se conformar com o que a sociedade lhe impõe, se tem como lutar contra isso. O que rendeu diversos pontos para a leitura, mantendo os pés no chão e passando longe de um conto de fadas (mesmo que já tenha um final feliz esperado).

O mesmo se aplica a Piers. O rapaz tem uma pinta de bad boy misterioso e recluso à primeira vista. Mas quando o conhecemos melhor, vemos que isso não passa de uma casca para esconder sua verdadeira personalidade. Assim como Charlotte, sua infância não foi fácil e ele lutou muito para ter a boa reputação que tem hoje.

Logo, vê no compromisso com a moça uma espécie de retribuição para a vida. Só esqueceu de perguntar se ela aceitava essa recompensa. O que gera momentos cômicos entre eles, além de outros mais filosóficos e de cumplicidade. Isso porque o marquês decide ajudar na “missão impossível” de sua noiva e os dois passam bastante tempo juntos, o suficiente para que se conheçam melhor (e o leitor decide se torce pelo casal ou não).

O laço que surge entre eles é inesperado e doce, mesmo apesar das circunstâncias. Quando estão distantes, ambos mantêm um disfarce e fingem que nunca tiveram problemas na vida. Mas quando estão próximos, mostram suas verdadeiras faces e ninguém se julga por isso.

Eu fiquei tão apaixonada por esses dois que não conseguia não sorrir quando eles se encontravam e davam vez para a química que se desenvolvia. Embora a história seja curtinha e sem muito espaço para grandes detalhes, a autora conseguiu elaborar um romance crível, pé no chão e perfeitamente real, pelo qual me vi torcendo, passando raiva e querendo que eles se entendessem de uma vez. O que já era esperado, dado que é um romance de época com garantia de final feliz. Mas a forma como ocorreu foi que me conquistou.

“Havia amor em algum lugar dele, bem engarrafado, como um vinho raro. Podia demorar meses ou mesmo anos, mas Charlotte estava decidida a vasculhar até os porões mais escuros e profundos da alma daquele homem – e tirar a rolha.”

Gostei bastante do desfecho e terminei com um sorriso no rosto vendo tudo terminando de modo satisfatório. No entanto, achei que a autora não soube aproveitar o mistério. Tudo começou muito bem e eu estava curiosa para que o casal de detetives fizessem uma investigação decente. O que eles até fazem, mas a forma como tudo se resolve não me agradou de todo.

Achei que as pontas foram amarradas de qualquer jeito e as respostas foram apenas jogadas no colo do leitor, como se fossem algo óbvio demais para ter emoção. O que teria tirado alguns pontos da leitura, se fosse em outros tempos.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Mas decidi relevar, por ter sido um livro que me tirou da ressaca que batia na porta. Então, pelo fato de ter me salvado e mantido a minha rotina de leitura em dia, vou manter a nota, dado que foi uma experiência divertida e gostei dos protagonistas.

Em resumo, é uma boa leitura para passar um fim de semana sem pensar muito na vida e se divertir com personagens críveis e uma trama leve. Mas não espere nada além disso.

Falando sobre o livro em si, eu amei a diagramação, que tem os capítulos iniciados como se fossem quadros de época. A revisão também está bem feita, bem como a impressão em papel pólen, deixando a experiência mais agradável. A capa segue o padrão do gênero, com uma moça em roupas de época e poucos elementos. Porém, gostei do contraste do roxo e rosa, que deram um charme especial (e ficaram a minha cara, hehe).

Agora me contem nos comentários: vocês já leram esse ou algum outro livro da autora? Gostam de romances de época?   

Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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