12 de April de 2022

E Tem Outra Coisa… | Eoin Colfer

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos mais uma edição do projeto literário ’12 Livros para 2022’, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário
O tema de abril foi “Um Livro Com Título Bem Diferente” e o mais votado por vocês foi ‘E Tem Outra Coisa’, o último volume da série ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’. Então, pegue sua toalha e não entre em pânico
E Tem Outra Coisa... | Eoin Colfer
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Obs.: Pode ter spoilers de livros anteriores.

 

19/24
Livro: E Tem Outra Coisa…
Autor: Eoin Colfer
Editora: Arqueiro
Ano: 2011
Páginas: 368
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Fãs de todo o mundo estavam órfãos de novas aventuras dos personagens mais loucos da ficção científica desde que o último livro da série “O Mochileiro das Galáxias” foi escrito em 1992. Com a morte de seu autor, Douglas Adams, parecia absolutamente improvável que Arthur Dent, Ford Prefect, Tricia McMillan e Zaphod Beeblebrox voltassem a aprontar, depois de tantos anos perdidos no espaço, sem que ninguém tivesse notícias deles.

Mas, como a improbabilidade é o que move o universo de Adams, eis que surge Eoin Colfer para resgatar nossos heróis e metê-los em confusões ainda mais alucinantes ao lado de vogons, peixes-babel, deuses desempregados, computadores irascíveis e alienígenas que dedicam sua imortalidade a ofender todos os seres do Universo.

Seguindo de forma magistral o estilo característico de Douglas Adams e fazendo diversas referências aos cinco volumes da trilogia original, Colfer resgata o humor dessa fantástica série e apresenta um novo destino para os personagens mais amados da Galáxia.

Pegue sua toalha e aproveite esta brilhante aventura espacial. Mas, aconteça o que acontecer, não se esqueça: NÃO ENTRE EM PÂNICO!

 
 
E Tem Outra Coisa... | Eoin Colfer

 

 
Depois de tantas aventuras, confusões e experiências de morte por onde passava, Arthur Dent finalmente alcançou a paz. Estava vivendo ao som das ondas da praia em um planeta perdido nos confins do Universo, curtindo sua própria companhia.
   
Do outro lado da galáxia, Ford Prefect vivia o sonho betelgeusiano: hotéis cinco supernovas espaço afora, massagens, festas intermináveis e garotas de todas as espécies possíveis ao seu dispor. O clima de paz era aconchegante e muito bem-vindo, tão convidativo, que não poderia ser real… ou era?
   
Já Trillian McMillan se tornou uma repórter famosa, tão conhecida por sempre perder um pedaço do corpo em suas missões atrás de um furo de reportagem para a revista ‘Quem É’, que agora é chamada de Trillian Astra. E vivia um pesadelo com a filha Random, agora a presidente da Galáxia e casada com um flaybooz (equivalente a um hamster na Terra).
   
Apesar dos pesares, Trillian vivia uma vida boa e confortável, também tão boa que chegava a não parecer de verdade. E se não fosse? É o que os três (ou quatro, já que Random vem junto), percebem quando vão parar na Sala do Céu.
   
Eis que a vida incrivelmente maravilhosa deles nada mais era do que induções psicológicas, criadas pelo Guia do Mochileiro das Galáxias, versão II, que os acorda bem na hora que a Terra está para ser destruída pelos vogons de novo. Sem terem para onde ir e conformados de que logo não
existirão mais (de novo), literalmente sentam e esperam os raios da morte dos alienígenas. 
   
Porém, como a probabilidade está sempre contra eles, aos 45 do segundo tempo, Zaphod Bebblebrox aparece e salva a turma, que embarca no Coração de Ouro antes do planeta explodir. Embora pareçam felizes pela pessoa mais improvável ter aparecido e lhes salvado, seus problemas apenas começaram. 
   
Isso porque Zaphod, o atual ex-presidente da Galáxia, os coloca em uma enrascada, levando direto para Asgard. A ideia é convencer Thor a se livrar de Wowbagger, o imortal que tem como missão de vida passar de planeta em planeta, xingando as pessoas em ordem alfabética.
   
Em sua lista, o próximo planeta seria Nano, uma colônia de humanos milionários que fugiram da destruição dos vogonsAgora vivem a salvo e estariam em clima de paz e harmonia, se não fosse pelas disputas de classe e religião. 
   
Em especial por parte dos Queijomantes, os quais já estão pegando no pé de Hillman Hunter, o sócio majoritário do planeta. E, logo que chegam a Nano, Zaphod e seus (nem tanto) amigos verão que o planeta pode ser novo, porém certas coisas nunca mudam, principalmente quando se trata de humanos.

 

 

“Toda vez que o Universo desmoronava, Ford Prefect estava por perto. Ele e aquele livro maldito. Como é que se chamava mesmo? Ah, sim, O Dia do Mulambeiro é uma Falácia.”

 

 

Conheci ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’ em 2015. Lembro que foi uma leitura bastante agradável, em especial dos primeiros três livrosGostei mais por conta do humor ácido de Douglas Adams, que me conquistou, além de boa parte das piadas e críticas, as quais ficaram gravadas na memória até hoje.
   
Apesar de ter gostado dos dois últimos volumes (afinal, é uma trilogia de cinco livros, hehe), a escrita era um pouco mais arrastada no final, principalmente em ‘Praticamente Inofensiva’E depois entendi o porquê: o autor, infelizmente, faleceu antes de concluir o livro e seu filho se incumbiu da missão. O que deu um desfecho digno, porém não tão divertido.
   
Anos depois, foram lançados dois livros, como uma homenagem ao autor: ‘O Salmão da Dúvida’, um compilado de entrevistas, contos que Douglas Adams escrevia para um jornal e até um conto perdido de Zaphod Bebblebrox, considerado, ao menos por mim, o sexto volume. E o que a editora chama de sexto (e eu de sétimo), é ‘E Tem Outra Coisa…’, que foi escrito por outro autor, Eoin Colfer.
 
 
E Tem Outra Coisa... | Eoin Colfer
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
 Esse último dá uma espécie de continuação oficial para as aventuras dos personagens. No entanto, essa foi a primeira tentativa do autor escrevendo para um público mais adulto (ele é o autor da série ‘Artemis Fowl‘) e eu não sabia o que esperar. Num primeiro momento, achei que foi uma missão e tanto continuar uma obra como essa. Sobretudo porque não foi ele quem escreveu
do começo e tava chegando de paraquedas num universo totalmente novo.
   
Fora que, embora eu tenha ficado órfã dos personagens, entendi que as aventuras tiveram um final, não precisavam de mais nada. Então, foi uma surpresa saber que esse livro existia. E, devo dizer, que ele conseguiu levar a missão até o final. A leitura foi bem mais fluida do que eu esperava, com o toque do humor ácido do original e mantendo a personalidade de cada personagem. Me vi dando risadas ao longo da leitura, principalmente quando Zaphod Bebblebrox e Ford Prefect entravam em cena. 
 
 

 

“Qualquer coisa pode ser real. Na verdade, tudo o que pode ser imaginado está acontecendo em algum lugar ao longo do eixo dimensional.”

 

 
Gostei também que o autor soube levar o tom sarcástico do original em cada página e, se não tivesse visto o nome de quem escreveu na capa, diria que era uma obra perdida do Douglas Adams. Apesar de desconfiada no começo, não consegui largar a leitura e queria saber quando Arthur Dent enfim teria sua paz de verdade, ou se Ford iria criar um pouco de juízo algum dia. 
   
Quem rouba a cena também é Random, a filha de Arthur e Tricia McMillan (vocês não leram errado, Trillian Astra e Tricia McMillan são a mesma pessoa, em realidades distintas, mas Trillian acabou assumindo o papel de mãe de Random). Confesso que não me lembrava dela, nem do seu talento para confusões. É a típica adolescente chata e rebelde. 
 
 
 

 

E Tem Outra Coisa... | Eoin Colfer
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Mas no caso dela, acho que nem tem como discutir se ela tem causa ou não. Especialmente levando em consideração as circunstâncias nas quais a menina nasceu (seu nome tem tudo a ver com ela, aliás).   
 

 

foi dito que o Universo tem certa aversão à ternura e normalmente não permite que el exista por muito tempo […].”

 

 
Acho até que Random puxou um pouco da Tricia, por ter tantas atitudes que me lembraram sua mãe mais jovem, nos primeiros livros. E, junto a Wowbagger, formam a dupla mais improvável, disputando para ver quem é o mais insuportável. 
   
Enquanto eles competem numa guerra só deles, Zaphod está tentando convencer Thor a voltar à ativa, para tirar a fama de bad boy aproveitador, que o próprio Zaphod lhe deu, quando deixou vazar uns vídeos seus na SubetaNet. Ler sobre o deus aqui foi como ler um dos filmes dos Vingadores, onde Thor meio que se aposenta e vai afogar as mágoas em bebidas e ganha uma pança de cerveja. 
   
Embora ainda esteja com raiva de Zaphod, acaba aceitando o desafio de matar Wowbagger e “salvar” os humanos de serem xingados. Afinal de contas, que deus ele seria se não conseguisse eliminar outro imortal como ele?! Além disso, teria a chance de ser adorado novamente, dessa vez como um salvador, e sua boa fama voltaria entre seus fãs.
   
Mas as coisas não serão tão fáceis assim, já que os vogons ainda não completaram a missão e precisam eliminar todos os humanos do Universo conhecido, para garantir que a Terra não surja novamente e nem atrapalhe a construção da Via Expressa Interespacial.
   
As confusões parecem nunca ter fim, e Zaphod Bebblebrox só piora as coisas ainda mais, pois onde ele está é problema na certa. Mas também pode salvar, já que a teoria da improbabilidade dá diversas variáveis e tudo é possível.
   
Gostei bastante de ver como tudo se desenrolava, ainda que sem sentido no meio do caminho, mas se achando no final, como é o estilo da série toda. Por ser uma sátira, tem várias críticas feitas à sociedade atual, as quais foram muito bem colocadas e fazem total sentido. 
   
Em especial sobre liberdade religiosa, que tanto se prega, porém pouco se respeita. Isso foi um fato que me chamou bastante atenção e me vi marcando o livro quase todo, pois não queria perder as passagens. A própria busca de Hillman por um deus me chamou atenção, por me tocar que religião pode muito bem andar de mãos dadas com jogos políticos. 
   
E precisamos filtrar bem as informações, para não sermos ludibriados com falsas promessas de salvação e/ou danação eterna, caso não obedeçamos alguma regra. Além da capacidade que o humano tem de buscar uma explicação religiosa em tudo o que acontece e até ver milagres onde não existem. 
   
Fora a linha tênue entre acreditar em algo e se tornar membro de uma seita intolerante, como aconteceu com os Queijomantes. Não apenas isso, mas também a questão de Random ter pais ausentes e o que poderia causar em sua cabeça quando começasse a ter mais noção do que a cerca. 
   
Quando finalmente ela e Arthur se entendem, não consegui deixar de pensar, também, em ‘O Mágico de OZ’, onde tanto se fala sobre ter um lar e uma família de verdadeSe parar para pensar, era tudo o que Arthur e Random queriam.
   
Mas tudo conspira para que eles não tenham mais e ficam pulando de planeta em planeta, ou mesmo de realidades. Com os dois, isso foi possível, porém deixa uma brecha para reflexão para nossa realidade atual. O que consideramos um lar? E como ficaríamos se não tivéssemos um?
   
Confesso que, mesmo sendo uma obra recheada de piadas, me vi pensando sobre isso e fiquei incomodada (de uma maneira mais reflexiva). Em outras palavras, embora seja cheia de reviravoltas improváveis e beirando a comédia pastelão, foi uma experiência interessante e que me levou a pensar.
   
Apesar de não substituir o legado de Douglas Adams, foi uma nostalgia ver Arthur Dent e Ford Prefect aprontando no espaço. Entretanto, mesmo gostando do livro em si, não acho que ‘O Guia do Mochileiro’ necessitasse de mais livros do que já tem.
   
Até agora não sei quem tanto esperava uma continuação da obra, pois nunca vi movimentação nesse sentidoAté porque o autor faleceu há um tempo e, meio que os fãs estavam conformados com o que não poderiam mudar.
 
 

 

E Tem Outra Coisa... | Eoin Colfer
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Além disso, foi uma sequência que arrancou risadas e reflexões, porém não respondeu muita coisa dos livros anteriores. Apenas criou mais confusões para os personagens se enrolarem e pronto.
Falando sobre o livro em si, gostei bastante da edição, que segue o padrão dos livros anteriores. Traz o Thor e seu martelo na capa, em destaque ao lado do Queijo, a divindade de Nano. As folhas são mais grossinhas, fáceis de passar e rendem uma leitura agradável, assim como a fonte em tamanho
legível e sem exageros. 
   
A revisão está legal, embora tenham passado vários errinhos lá no final do livro, que tem até mais páginas do que o necessário para essa aventura. Em resumo, é um livro legal, com um acerto do autor que escolheram para dar sequência. Porém, ainda acho que foi desnecessária, dada a história da série. 
 
 
E o saldo do projeto está assim até o momento:
12 Livros para 2022 | Abril

 

Já leram algum livro de ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’? E o filme? Me contem aí! 
 
 
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Postado por:

Hanna de Paiva

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