Olá meu povo, como estamos? Hoje temos uma entrevista super legal com o nosso autor parceiro, César Dabus. Para quem não conhece sua obra, ele é a mente por trás do livro A liga dos corações puros – A chama, resenhado no início do ano aqui no Mundinho.
1. Quem é César Dabus?
C.D. Eu não sei. César Dabus não pode ser “explicado”, apenas “vivenciado”. Seria ele uma pedra? Um escritor? Um espírito de personalidade egóica fantasiado de humano no baile do apocalipse? Seria ele um ET? Seria César Dabus um título espiritual? Ou seria ele tudo isso numa coisa só? Acho que ele simplesmente “É”. César Dabus é um apaixonado por rock’n’roll, óperas, poesias e profundo conhecimento espiritual. Baterista desde os 11 anos de idade, chegando a tocar profissionalmente de 2006 até 2017. É formado em direito pela FMU, empreendedor digital e em 2018 lançou o primeiro dos onze volumes da saga A Liga dos Corações Puros.
2. Conta um pouquinho de sua história como escritor para a gente. Quando e como começou a escrever?
C.D. Vish! Foi há muito, muito tempo. Comecei a escrever há 21 anos, em 1998. Eu tinha 6 aninhos. Óh! O curioso disso é que nada nem ninguém me inspirou a escrever. Eu simplesmente “tinha vontade de escrever”. Foi um ímpeto, um chamado da minha própria alma. Simples assim. Por isso que eu não me identifico com nenhum autor. Foi algo mais profundo do que imaginam. Bem, naquela época eu tinha um caderninho para desabafar e xingar os outros. Era o meu barato. E depois de esculhambar com alguém eu assinava embaixo, como se fosse algo realmente sério. Incrível como a imaginação de uma criança funciona.
3. ‘A liga dos corações puros’ é um livro bem doido, mas apesar disso, cheio de ensinamentos e mensagens legais. Qual foi sua inspiração para escrever um livro com essa combinação?
C.D Tudo foi baseado num profundo conhecimento espiritual. Mas, tudo começou com o Rock’n’roll. Como dito, sou baterista desde os 11 anos de idade e, assim como todo fã, eu estudava freneticamente as histórias das bandas. E deste inefável aprendizado, em 2007, quando eu tinha 15 anos, ao estudar a história do The Who, minha banda de rock favorita, eu conheci um guru chamado Meher Baba. Intuitivamente, como se fosse um chamado da minha alma, eu fui estudar o que ele ensinava. E por acaso do destino, tudo fluiu naturalmente. E assim comecei a minha jornada pelos conhecimentos espirituais, que envolve alquimia, ocultismo, numerologia, kabbalah, tarot, astrologia, quiromancia e tantas outras coisas. E aí, um belo dia, enquanto eu assistia um show do Iron Maiden, percebi que eles pareciam Power Rangers. Aí eu tive uma brilhante ideia “e se eu não escrevesse uma saga baseado em conhecimento espiritual, com um grupo de “rock rangers” que visam salvar o universo?” Assim nasceu A Liga dos Corações Puros. O que me despertou de vez para essa ideia, foi perceber que NINGUÉM jamais iria colocar os conhecimentos iniciáticos em livro de ação, onde “rock rangers/exército do rock’n’roll” atira com “guitarras” e outros instrumentos musicais. Além do mais, a Liga também carrega alta carga autobiográfica. Por exemplo, Zakzor sou eu. Zakzor foge da vida convencional em busca da sua essência, guiado por mestres roqueiros. Foi exatamente o que eu fiz! Seguindo os ensinamentos do Meher Baba – que um roqueiro me indicou – eu encontrei a minha verdadeira essência. E a vilã, a Mãe Neurótica, vulgo Ego, é a minha própria mãe. Ela existe. Foi assim, eu tocava bateria todo dia o dia inteiro e, lá pelas tantas, mamãe escancarava as portas do meu estúdio caseiro gritando “EU NÃO AGUENTO MAIS ESSE TUM-TUM-TUM!!! PARE JÁ DE TOCAR ESTA PORCARIA E VÁ ESTUDAR!!!” Mamãe não gostava de me ver tocando bateria e ensaiando com a banda ao invés de estudar. O problema não era a banda ou a bateria, mas o fato de eu nem abrir o livro para estudar. Eu não estudava nada! Absolutamente nada. Eu apenas tocava, tocava e tocava! Eu só pensava em banda, banda, banda, rock’n’roll, rock’n’roll e rock’n’roll. Mamãe ficava maluca com o meu futuro. Mas eu não a culpo. Num país onde a música é uma profissão difícil, é compreensível ela ficar maluca para me incentivar a fazer outra coisa. Aí, um belo dia, eu percebi que ela daria um belo personagem. “É o vilão perfeito!”, eu pensei. Porém, colocar os gritos dela num roteiro foi a mesma coisa que não dar a mínima para a educação que ela estava me dando. Mas no fim deu certo: os gritos tornaram-se o coração da história. E, incrivelmente, a “Mãe Neurótica” ficou em 3ª lugar no concurso Aliens Awards na categoria de “Melhor Vilã!” Não é incrível? Quem diria que as broncas da mamãe dariam em alguma coisa? Resumindo, a Liga é basicamente um caldeirão maluco de espiritualidade, conhecimentos místicos, rock’n’roll e os gritos da mamãe colocados em historinha de aventura.
4. E não apenas a sinopse nos avisa que é um livro bem doido, mas os nomes dos personagens também são “diferentões”. Eles surgiram de alguma fonte em especial?
C.D. Sim! “Regulus, Rigel, Betelgeuse, Antares, Pollux” são nomes de estrelas. E outros nomes como “Smily, Yeah, Ross” eu usei porque simplesmente achei engraçado e original. Ninguém vai criar um personagem chamado “Yeah”. Jamais! E outros nomes, como “Zakzor”, surgiram do nada, tipo geração espontânea. Pluft! E ali estava. O nome “Sunny” tem origem interessante. A tradução é “radiante”, em homenagem ao chakra do coração, o chakra cardíaco, que irradia amor etc. Exatamente como a personalidade de Sunny. “Troop’eye” (“Olho do Guerreiro), veio de uma analogia à música do Iron Maiden “The Trooper”, em homenagem ao guerreiro interior que todos nós somos. “Suíno” veio da música “War Pigs” do Black Sabbath. Eu só usei porque achei engraçado. Muita coisa surge através de piadas, entendam isso! E Cleig Ugg, veio num sonho. Foi muito bom aquele sonho. Deixe-me contar. Era uma tarde de 2013, quando sonhei que estava num hospital galáctico depois de sair do campo de batalha. De repente, meu colega de campo de batalha vem me visitar andando normalmente, como se nada tivesse acontecido. Detalhe: aquele colega tinha saído do campo de batalha tão destruído quanto eu, não tinha pernas, nem partes dos braços. Ele estava na beira da morte. E, de repente, ali estava ele resplandecente. Aí, eu lhe perguntei “o que aconteceu com você? Como você está inteiro?”. Ele riu e respondeu “me tratei no planeta Cleig Ugg”. E assim eu acordei.
5. Falando em ‘A liga dos corações puros’, podemos esperar uma continuação das aventuras de Zakzor?
C.D. Com toda certeza! Mas não vou me estender muito. Quero deixar as pessoas curiosas.
6. Conta aí, você tem algum “ritual” para te inspirar no processo criativo (música, mania, etc.)?
C.D. Música! Música! Música! É muito doido. Toda vez que eu escuto música, parece que meu cérebro “liga”. Saca? Ouvir música é como se me ligassem numa tomada e eu ficasse totalmente “eletrizado”. É como se eu entrasse em outro estado de consciência. É uma delícia. As músicas montam cenários na minha mente: guerra, diálogos etc. É daí que eu tiro as ideias. Basta ouvir música! Não tem muito segredo. E às vezes leio poesias. Mas também tem aqueles dias que você simplesmente está conectado e tudo flui naturalmente; tudo sai de você sem o menor esforço. E assim é ótimo. A verdade é que eu sou intuitivo: eu “sinto” quando o texto quer ser “parido”. Eu não forço o texto. Deixo-o nascer naturalmente.
7. Além de livros de ficção, tem algum outro gênero que você goste de escrever? Qual?
C.D. Poesias! Amo! Basta ver a quantidade delas no livro.
8. Sabemos que no Brasil viver de escrever livros é algo bem complicado, infelizmente. Mas algumas pessoas ainda possuem o sonho de ser escritores. O que você diria para quem quer começar a escrever?
C.D. Primeira coisa ser feita é escolher o tema do livro. E então, estudar tudo o que for possível daquele tema. É como uma brincadeira de criança. Quando mais estudar, mais playground terá para brincar. Simples. Uma coisa muitíssimo importante a ser dita é que o autor não é o dono da ideia. A ideia é dona de si mesma. É como se o autor gestasse um feto na cabeça. Ele vai se formando aos poucos até um dia parir. Entre na brisa da história! Entre na brisa mesmo que isso custe a sua sanidade – afinal, ela é inútil. Pare de pensar um pouco. Deixe a história falar com você. Encarne o personagem: se ele chorar, chore com ele, se ele estiver bravo, fique bravo, se ele rir, ria com ele. Seja ele. Além disso, seja a própria história. Entre na “consciência” da história. Uma boa dica é não ter apego religioso/ideológico na hora de criar histórias. Isso é um bloqueio criativo. Deixe sua mente fluir tranquilamente. Sabe, nem todo mundo tem coragem de usar o Deus da sua religião como personagem da sua história. Não tem segredo. Estudar, escrever, não impor bloqueios. E dar tempo ao tempo, que no tempo certo a ideia certa surgirá. Não esperem ter o roteiro mágico da noite para o dia. Pode acontecer. Mas não é comum. E depois que você lançar a obra, tenha em mente que nem todo o leitor vai captar a essência da ideia e vai se conectar com a história do jeito que ele quiser. E ainda por cima, podem te rotular de louco ou drogado, por excesso de imaginação. “Mas de onde o autor tirou essa ideia?” Logo pensam que você é viciado em ópio. Isso é o que me irrita um pouco. Você não pode sair daquelas ideias clichês e convencionais sem ser rotulado de louco, quando na verdade é apenas criatividade.
9. Tem algum recadinho para deixar aos leitores do blog?
C.D. Eu garanto que toda e qualquer pessoa que ler este livro embarcará numa experiência única de vida. É algo que o dinheiro não pode comprar, ou qualquer livro ensinar; é algo totalmente transcendental que é apenas compreendido quando o leitor se entrega totalmente. Se entregue. Vivencie. Viva esta experiência.
Já conheciam o autor César Dabus? E o que acharam da entrevista? Me contem aí!