Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha de ‘Jogo de Sangue’, um thriller psicológico que promete revirar seu estômago.
OBS1.: Livro lido em parceria com o autor (publicidade)
OBS2.: Disponível no Kindle Unlimited (até momento da publicação da resenha)
ALERTA: Pode conter gatilhos de assassinatos e tortura
38/60Livro: Jogo de SangueAutor: Giannicola NicolettiEditora: Independente/AmazonAno: 2023Páginas: 243
Alemanha 1944: contra o pano de fundo da ameaça nazista, um homem caça um novo horror. Como a Europa é convulsionada por um vórtice de morte, o Detetive Braum se envolve em uma corrida impiedosa contra o tempo para tirar mais vítimas da Sinfonia de Sangue.
A Europa vive tempos sombrios com a perspectiva iminente de guerra e o movimento nazista ganhando cada vez mais força por parte dos militares e demais apoiadores de uma raça pura. Enquanto todos os holofotes estão em cima disso, pouco se fala de outras atrocidades que aproveitam o pano de fundo da guerra.
Uma série de desaparecimentos começa a ser registrada junto às autoridades. No entanto, antes mesmo que a polícia comece a investigar possíveis pistas, surgem corpos no meio da floresta dias depois, dispostos de forma doentia e grotesca, que talvez nem os estômagos mais fortes seriam capazes de aguentar tamanho horror.
Ao mesmo tempo, o detetive Frank Braum aceita um caso que cruza com os relatos informados à polícia. Partindo da ideia de que estava diante de um serial killer, o investigador começa a correr contra o tempo antes que mais pessoas morram e o caos se espalhe no país.
Esse é meu terceiro contato com as obras do autor e posso afirmar com certeza o quanto ele evoluiu. Sua escrita está bem mais ágil e fluida do que nos livros anteriores (como Pesadelo Real e A Catedral do Mal).
Em ‘Jogo de Sangue’, a narrativa é em primeira pessoa, onde vemos os fatos pelo ângulo do protagonista, mas também do assassino. Dessa forma, temos uma visão mais ampla de ambos os lados da moeda, o que facilita na hora de juntar as pistas e descobrir o responsável por tamanhas atrocidades.
Uma característica que o escritor manteve em todos os livros é uma visão bastante detalhada das cenas, de forma que o leitor é facilmente imerso na, trama. No entanto, se tornava bastante incômodo quando se tratava das vítimas.
Ao ler as cenas, eu ficava agoniada e torcia para que acabassem logo. Isso porque, mesmo tendo considerável experiência em ler livros de horror e thriller psicológico, o fato é que ver os limites que alguém consegue chegar para infligir dor em outro ser é assustador e intragável.
Contudo, vendo os fatos pelo ângulo do assassino, dá para entender os motivos que os levaram a cometer tais atos e como se sentia com o resultado. Entretanto, nem por isso são perdoáveis ou mesmo livres de julgamento.
É nítido que o personagem é doente, precisa de apoio psiquiátrico e internação forçada urgentemente. No entanto, seguindo a medicina da época, é curioso ver como os profissionais de saúde lidavam com certas peculiaridades e talvez não ajudasse muito o cidadão. Mas ainda assim, seria mais válido do que deixá-lo solto na rua.
Frank, por sua vez, é um bom detetive. Ele está sempre atento aos detalhes e usa tudo o que está à sua disposição para fazer justiça a quem merece, independente da orientação religiosa.
Talvez por isso ele seja carismático e tenha contatos em todos os lugares, para quem sabe o momento certo de cobrar favores. Isso faz do personagem um coringa, sem escrúpulos para investigar qualquer caso que lhe ofereçam, mesmo que seja perigoso.
No entanto, também o torna convencido e extremamente confiante, capaz de se deixar passar por momentos perigosos e bobos, que poderiam ter sido evitados com um pouco de atenção e cautela. Além disso, o fraco por bebidas só ajudava em seu talento para entrar em enrascadas, o que me fez passar por momentos de vergonha alheia e querer entrar no livro para dar uns catiripapos na fuça dessa criatura. Quem sabe assim ele acordava para a vida e levava o trabalho um pouco mais a sério.
Mesmo com seus momentos de insensatez, ele consegue ficar vários passos à frente da polícia e resolve o caso de modo crível e eletrizante, digno de uma série europeia. Assim, as coisas se desenvolvem de forma lenta e angustiante, do tipo que precisei respirar fundo depois e passar um tempo assimilando tudo o que tinha acontecido.
Outra coisa que me chamou muita atenção nesse livro foi o elenco secundário. Alguns personagens chamaram atenção, mesmo que por breves momentos. Um deles foi a Gertrude, que rouba a atenção e marca bem sua presença.
A moça é vivida e não tem tempo para enrolações ou brincadeiras. No entanto, eu tenho sempre um pé atrás quando são homens falando sobre relacionamentos, mesmo que breves. Isso porque muita coisa acaba ficando romantizada ou mesmo apressada, com um risco gritante de ser enviesado e extremamente machista.
No entanto, o autor me surpreendeu bastante com o desenvolvimento dos personagens. A química entre Gertrude e Frank se dá de forma crível e condizente com o andamento da trama. Desse modo, gostei do envolvimento deles e logo me vi na torcida por um desfecho emocionante.
Ainda, o autor escreveu cenas mais quentes bem detalhadas, porém fornecidas ao leitor de maneira fluida, digna, respeitável com as mulheres e até mais variada. Algo que nunca tinha visto em obras escritas por homens, por isso foi uma grande (e grata) surpresa.
Espero (encarecidamente) que ele se mantenha assim e que mais homens sigam esse exemplo, pois foi uma das cenas mais tranquilas (e decentes) que li em todo esse tempo como leitora assídua. Além disso, ele manteve um equilíbrio entre ambas as partes, as quais acabaram se encaixando de forma satisfatória, conferindo pontos positivos para a leitura.
O desfecho é aberto, porém deixa o leitor com uma visão um tanto óbvia do que poderia acontecer em seguida. Assim, não se faria necessário um fechamento propriamente dito.
Todos os personagens têm um destino satisfatório, embora eu ainda achasse que o do assassino poderia ter seguido um outro rumo. Mas aí é minha opinião como leitora (vingativa, por sinal, que queria ver tudo pegando fogo) e não interfere na sua experiência, caso dê uma chance ao livro.
Falando sobre a obra em si, a diagramação dele está bem feita, assim como a revisão e organização em capítulos nem muito longos, mas também não muito curtos. A capa, no entanto, não é das mais bonitas.
Ela é simples e sombria, mas não acho que faça jus à trama. Acho que poderia ser mais elaborada e trazer outros elementos chave (claro, sem spoilers), para dar uma ideia melhor do que podemos encontrar ao longo das páginas. No entanto, não alterou minha experiência positiva com a leitura e recomendo, especialmente se você curte histórias macabras e com requintes de crueldade.
Agora me contem nos comentários: já leram esse livro ou algum outro do autor?
Texto revisado por Emerson Silva
Miss Biblioteca
Suas fotos são sempre tão lindas que mesmo que o livro não faça meu estilo eu fico com vontade de ler heheheheh
Hanna Carolina Lins
hahahahah, que ótimo saber disso. Vou continuar caprichando nas fotos então, =)