2 de August de 2025

O Caso do Homem Morto no Fosso | Luke Arnold

Olá meu povo, como estamos? As leituras andaram meio devagar por aqui devido à minha rotina insana nos últimos tempos. Felizmente, as coisas estão se normalizando e hoje eu trago minha opinião sobre ‘O Caso do Homem Morto no Fosso’, de Luke Arnold.

OBS.: Pode conter spoilers do primeiro volume das primeiras aventuras do Fetch Phillips

Livro: O Caso do Homem Morto no Fosso

Autoria: Luke Arnold

Tradução: Giu Alonso

Editora: Trama

Ano: 2022

Páginas: 372

País: Inglaterra

Formato: Impresso

Nota: 4/5

Bem-vindo novamente às ruas de Sunder City, onde fervilham boatos sobre o caso do professor Rye, onde se ouvem rumores sobre formas de restaurar a magia. No centro de todos eles, está Fetch Phillips.

Por isso, quando um homem é encontrado morto em circunstâncias inconcebíveis, a polícia pede ajuda ao “faz-tudo”. E, conforme investiga o caso, Fetch enfrenta a realidade de um mundo que, embora tente se reinventar, ainda se apega aos destroços do passado. Será possível reacender o desejo de trazer a magia de volta?

Em “O caso do homem morto no fosso”, Luke Arnold nos proporciona um mergulho vertiginoso e emocionante no universo apresentado em “O último sorriso na cidade partida”, com ainda mais ação e riqueza de detalhes, para deixar em êxtase todo grande fã de fantasia.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Fetch passou por maus bocados depois que enfrentou Rhye e sua busca insana pelo retorno da magia em Sunder City. Se os seres mágicos já não gostavam do faz–tudo, agora gostam menos ainda.

Embora ninguém tenha saído inteiro da luta, o detetive mais debochado da cidade (e atrapalhado também) tenta se reerguer e buscar novas formas de pagar seus boletos. Seu principal objetivo de vida é provar aos seres das fábulas que a magia morreu de vez e nunca vai voltar.

Só que está complicado convencer pessoas depois que viram um vampiro voltar ao seu auge e causar um pandemônio pelas esquinas. Por mais que tente, é sempre silenciado por teorias da conspiração muito bem embasadas, que fica até difícil questionar ou arrumar uma brecha.

Tentando não perder a paciência com pessoas que não querem lhe ouvir, Fetch segue sua vida fazendo o que faz de melhor: resolver casos que ninguém quer meter a mão. E um deles chama bastante atenção, por ter vindo diretamente de uma fonte até então impossível.

[…] Levo chutes nos dentes no café da manhã e estou com o nariz quebrado na hora do almoço. Não me cago nas calças só porque uma ruazinha de nada me traz lembranças ruins.”

Sua nova contratante é Sims, a detetive (oficial) da delegacia de Sunder City, que precisa de ajuda urgente para uma investigação. Um comerciante, Niles, mal chegou na cidade e já entrou para as estatísticas de violência.

O que não seria de se espantar, dado que todos na cidade tem um temperamento difícil de lidar. No entanto, um elemento da cena do crime chama atenção e levanta diversos questionamentos. Aparentemente, a vítima foi alvo de um ataque de fogo, possível apenas com magia.

Será que alguém realmente encontrou o que todos buscam há décadas? Niles teria esbarrado acidentalmente em uma pista valiosa? Ou tudo não passa de uma coincidência assustadora, só para causar um delírio coletivo?

Essas são perguntas que apenas um especialista poderia responder. Mas será que Fetch Phillips está preparado para as respostas?

Eu nem me lembrava quanto tempo fazia que esse livro estava aqui na estante. Li o primeiro volume ano passado e só tinha memória de um personagem totalmente fora da casinha.

Com capítulos curtos e uma escrita fluida, não foi difícil voltar para esse universo tanto tempo depois. E, se Fetch Philips já tinha uns parafusos a menos antes, agora ele deve ter perdido mais alguns.

O faz-tudo está mais enrolado que carretel sem conseguir um caso decente. Embora tenha ficado famoso depois que quase morreu tentando deter Rye e sua insanidade para voltar a ser um vampiro poderoso, poucas pessoas querem papo com o investigador.

Mas o mundo dá voltas e logo ele é agraciado com uma nova tarefa. Fetch só não esperava quem seria sua contratante. A “cliente” da vez é Sims, a inspetora de polícia de Sunder City (e que precisa contar até mil toda vez, antes de decidir se prende ou não o faz-tudo).

Isso porque a polícia acabou recebendo um caso tão bizarro que só alguém bizarro poderia entender e resolver. Niles é um humano e foi vítima de um ataque que não teria outra explicação.

Num primeiro momento, ele foi queimado. Contudo, o fogo se apagou há tanto tempo que seria impossível alguém morrer desse jeito, a não ser que um feitiço tivesse feito aquilo. Os oficiais de patente mais baixa já espalharam sobre o retorno da magia, o que preocupa bastante a inspetora.

O Caso do Homem Morto no Fosso
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Isso porque uma notícia como essa seria o caos, com todos os seres mágicos cobrando respostas que poderiam nunca existir. E Fetch pode ser muitas coisas ruins, mas também é a pessoa mais cética de Sunder City. Logo, seria o mais adequado para investigar e provar se tudo não passa de fake news.

[…] Estávamos todos apenas aguentando firme, esperando para ver o que morreria em seguida. Agora, de repente, o sangue do mundo estava vermelho vivo e pulsando novamente.”

Mantendo a narrativa em primeira pessoa, vemos os fatos pelo ponto de vista do investigador mais debochado da literatura. Fetch tem um temperamento difícil de lidar, explosivo, mas com um coração bondoso que quase ninguém enxerga, por conta dos métodos escusos pelos quais ele demonstra a característica.

Contudo, embora mantenha a fachada de justiceiro imaturo e inconsequente, a verdade é que Fetch ainda não se conforma com o rumo que a cidade tomou depois do Coda. E a situação fica pior com cada ser mágico convivendo sem vontade com a mortalidade indesejada e esfregando na cara do humano que ele foi responsável por tudo de ruim que aconteceu em Sunder City.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Apesar de falar que não liga, olhando nos pequenos detalhes, é possível ver o peso que o faz-tudo carrega nas costas, bem como remorso e a constante consciência pesada. Isso afeta muito sua vida e seus pensamentos, e talvez seja por isso que ele flerte tanto com a morte.

Porém, até ele sabe que precisa estar vivo se quiser expurgar seus pecados e conquistar o perdão das pessoas que perderam a magia. E agora surge a oportunidade de fazer algo realmente bom para Sunder, atuando como consultor da polícia de modo legal.

Mas o universo parece que conspira contra o coitado, pois toda vez que ele está perto de resolver o caso, acontece alguma coisa e aparece mais um nó a ser desatado. Eu dei muitas risadas com as trapalhadas de Fetch, assim como também fiquei preocupada e com vergonha alheia em alguns momentos.

Ele tem um jeito único e muito caricato de resolver seus casos. Talvez por isso ninguém goste do detetive, mas tem que aturar, porque não consegue fazer melhor.

O caso logo tem uma grande reviravolta, capaz de me fazer de trouxa, mesmo estando atenta a todos os detalhes. Gostei de como o autor amarrou os pontos e trouxe as respostas. Contudo, tenho boas ressalvas.

Sei que Fetch não vivia só dos casos que resolvia e tinha (ou tentava ter) uma vida social. Mas acho que o escritor focou tanto em detalhes banais do cotidiano, que esqueceu de amarrar melhor as pontas do mistério principal.

Por isso, senti que a narrativa se arrastou desnecessariamente em diversos pontos. Além disso, o desfecho veio cheio de revelações bombásticas e com diversas cenas de “tiro, porrada e bomba”. Contudo, meu ânimo diminuiu quando tudo se encaminhava para um final fechadinho, mas encontrei um cenário aberto a tantas possibilidades que nem cabiam nas páginas.

Carissa não merecia isso. Se eu quisesse mesmo ser um bebezão intratável, cabeça quente, bebum e medíocre, então precisava estar em um lugar que aguentasse esse tipo de palhaçada. Um lugar tão poluído e mal-comportado quanto eu. Um lugar feito de fogo, aonde os sonhos iam para morrer e os pesadelos não tinham medo de botar a cara a tapa.”

Da forma como foi apresentado, me pareceu que teria um terceiro volume a caminho. Entretanto, não vi anúncio da editora informando sobre isso. Então não sei se o final oficial ainda não aconteceu, ou se é solto mesmo. De toda forma, fica a pergunta no ar para a Hanna do futuro descobrir, hehe.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Falando sobre o livro em si, eu gostei bastante da capa, com uma combinação de cores chamativa e fora da caixa, e combina perfeitamente com o personagem. Gostei também da revisão e da diagramação, que trazem um formato simples e objetivo, com páginas grossinhas e perfeitas para uma leitura mais confortável.

Em resumo, ‘O Caso do Homem Morto no Fosso’ é uma boa sequência para Fetch Phillips. Mas gostaria de que o final desse mais pistas se teremos uma continuação da jornada atrapalhada do personagem. Ainda assim, recomendo a leitura, de modo especial se você curte livros que tenham anti-heróis debochados.

Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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