2 de March de 2021

O homem de giz | C. J. Tudor

Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trouxe a resenha da minha última leitura finalizada, O homem de giz, de C. J. Tudor.
O homem de giz | C. J. Tudor
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

9/24
Livro: O homem de giz
Autora: C. J. Tudor
 
Páginas: 272
Editora: Planeta
Ano: 2018
Skoob | Amazon

 

Assassinato e sinais misteriosos em uma trama para fãs de Stranger Things e Stephen King.
Em 1986, Eddie e os amigos passam a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são seu código secreto: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo de crianças até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais é como antes.
Em 2016, Eddie se esforça para superar o passado, até que um dia ele e os amigos de infância recebem um mesmo aviso: o desenho de um homem de giz enforcado. Quando um dos amigos aparece morto, Eddie tem certeza de que precisa descobrir o que de fato aconteceu trinta anos atrás.

 

O homem de giz | C. J. Tudor
O homem de giz conta a história de um crime brutal que aconteceu na vida de Eddie Adams e seus amigos, quando crianças. Em 1986, a tecnologia não estava muito avançada, e a diversão dos jovens era ficar ao ar livre, passeando no bosque, fazendo piquenique e indo em parque de diversão.
Eddie, aos 10 anos, era uma criança normal, que só queria se divertir com seus amigos. Eles tem um código secreto desenhado a giz pelos muros e calçadas da vizinhança, que não se baseia nos símbolos apenas, mas em cores.
Cada um tem uma cor para seus desenhos, como se fosse uma assinatura própria nas mensagens. Mas as coisas começam a ficar esquisitas quando começam a receber mensagens de uma outra pessoa, que usa giz branco, uma cor que nenhum deles pensou em usar.
Até então, poderia ser apenas mais uma criança tentando entrar para a turma, não fosse os desenhos assustadores que seus desenhos retratavam. A cada desenho estranho em giz branco, algo estranho acontecia na vida deles, até encontrar um corpo no meio do bosque, que mexeu com toda a cidade.
Ano se passaram, Eddie agora atende por Ed (que, sinceramente não faz diferença para mim, pois eu lia com a mesma pronúncia, rs), tem um emprego na mesma cidade onde cresceu e tenta viver sua vida. Mas os desenhos estranhos começaram a ressurgir, não nos muros ou  calçadas, mas em bilhetes.
Será alguém do seu passado, tentando mandar um recado? Será apenas tudo ilusão da sua cabeça? Ou será os seus fantasmas lhe mandando um recado, para resolver logo os seus problemas?

“Tudo o que damos por garantido pode desaparecer de súbito.”

Esse livro estava na minha lista de desejados do Skoob há tempos. Eu nunca li as resenhas dele, nunca vi um vídeo falando sobre ele, mas algo me dizia que um dia eu leria essa história.
Acho que essa motivação e curiosidade me fez criar bastante expectativa, até porque a autora escreveu outros livros com essa mesma pegada do suspense, que pareciam ser amados pelo público. Então imaginei que seria a hora de finalmente conferir a história.
Aproveitei que tinha “um pouco de tempo” esse mês e dei uma chance a ele. Mas já tomei um susto, que até gerou uma decepção no início, por falha minha, que peguei uma versão em  Português de Portugal para ler. Poderia ter trocado para um em Português Brasileiro, mas acabei ficando com preguicinha e li assim mesmo.
Antes que me julguem, tenho nada contra a língua pátria de Portugal, mas se eu já leio sabendo que é nessa versão, não tem problema, o ruim é quando você está lendo feliz e contente e, de repente, aparece um “gira”, “fato-macaco”, etc. no meio da leitura, e eu tenho que parar para pensar no que significa aqui no Brasil, e acabo me desconcentrando um pouco.

 

A não ser isso, foi uma boa leitura. Apesar de não ser o idioma esperado, a escrita da autora é bastante fluida e funcionou bem, o que me fez terminar a leitura até mais rápido do que pensei.
Ed Adams era um menino que cresceu numa cidade pequena, cheia de “pessoas de bem”. Tudo para eles era motivo de escândalo, o que já me fez ter ranço de muito personagem logo de cara. Seus pais viviam um casamento que funcionava, apesar de estarmos falando da década de 1980, onde alguns padrões ainda imperavam.
Sua mãe era médica obstetra e seu pai jornalista. Mas ambos chamavam atenção por onde passavam, já que o pai trabalhava de home-office, escrevendo para vários jornais, mas não era considerado um “emprego digno”, já que ele não saía de casa, nem batia ponto no prédio.
E a mãe estava sendo alvo de muito boicote e protesto por parte dos moradores da cidade, chamada de “assassina de bebês”, pois incentivava as meninas a praticarem o aborto de maneira legal, quando na cidade todo mundo achava que era pecado mortal.
Por ser filho único e com pais que não lhe davam tanta atenção, devido ao trabalho, Ed se sentia melhor ao lado dos amigos, que tinham uns apelidos para lá de estranhos, mas levando em consideração a época, até que combinavam.
Os mais próximos eram o Metal Mickey, Gav Gordo e Hoppo, enquanto Nicky era a única que não tinha um apelidinho apelativo, e era meio que a protegida deles. Apesar disso, Ed parecia nutrir um sentimento pela menina, que aparentemente sabia, mas não desencorajava.
Esse segredinho deles parecia formar um elo com os dois, que mesmo depois de ano ainda parecem ter certa cumplicidade. Além dos amigos, Ed acabou se aproximando de Halloran, um professor novo na escola e que chamava atenção por onde passava, por ser albino e também ter umas ideias fora da caixinha.
Ed via nele uma espécie de exemplo, e não entendia o motivo de todos os adultos criticaram Halloran e mandarem o menino se afastar. Além disso, parece que coisas estranhas acontecem quando Halloran está por perto. Pessoas morrem, desaparecem e coisas inexplicáveis acontecem sempre próximo a ele.
Talvez por isso, Halloran tenha uma aura que atrai pessoas por curiosidade e medo. Por conta da proximidade, quem presencia mais coisas estranhas é Ed, inclusive algumas situações que ficarão na sua mente para sempre.
30 anos se passam e Ed ainda se lembra de boa parte dessas coisas, mas prefere guardar numa espécie de caixa preta da sua mente, a qual ele sabe que existe, mas não tem necessidade de pegar o tempo todo. Porém, parece que esses fantasmas não vão abandonar Ed tão cedo. Principalmente quando os bonecos de giz, que ele desenhava com os amigos quando criança, começam a lhe perturbar a mente novamente. Curiosamente, alguns de seus amigos surgem junto com os bilhetes, e acabam sofrendo tudo o que estava neles.

“Os princípios são uma coisa muito bonita. Para que os pode ter.”

Quem é a pessoa por trás de tudo isso é um mistério. E Ed percebe que não poderá ter paz enquanto não resolver os seus problemas. A história toda é narrada pelo próprio Ed, que não é um narrador confiável. Toda a trama acontece em duas épocas, 1986 e 2016.
Apesar de décadas afastando os acontecimentos, essa ida e volta não ficou chata, já que muitos eventos acabam sendo explicados depois, com Ed pensando com uma mente mais adulta e entendendo certas coisas, assim como coisas que acontecem hoje, que são explicadas pelos “bastidores” de 1986.
Ed tem problemas sérios de personalidade, e muitos traumas, especialmente por coisas que lhe aconteceram em 1986. Não apenas Halloran ter aparecido em sua vida, mas muitas coisas inusitadas e sem aparente explicação o deixaram com uma perturbação constante, que gera até sonambulismo.
Não bastasse isso, Ed passou por um momento de abuso, o que muito me deixou enojada, mas que ele via com olhos de criança, tentando entender tudo, mesmo depois de adulto. A impressão que tenho é que esses traumas mexeram tanto com a cabeça de Ed, que a idade dele só aumentou na identidade mesmo, já que mentalmente ele não conseguiu sair da infância direito.
Apesar de compreender isso, e ficar revoltada com a forma como as coisas eram resolvidas em 1986, eu não consegui me identificar com Ed.

“Há coisas na vida que conseguimos alterar – peso, a aparência, até o nome – , mas há outras que, por muito que se deseje e tente, nunca conseguimos modificar. São essas as coisas que nos moldam.”

Ele é muito conformado com tudo, mesmo tendo pais que lhe incentivavam a ser mais do que apenas mais um morador de Andenbury.Além disso, ele parece sempre querer ter uma paixão platônica. No passado era por Nicky, a filha do reverendo Martin. Agora é Chloe, uma agregada em sua casa, com uma personalidade bem marcante, por sinal.
E é simplesmente isso. Nada de novo acontece na vida de Ed, e ele não faz esforço para mudar isso, nem se tratar, o que me dá bastante agonia. Dos amigos dele, apenas Gav Gordo e Hoppo ficaram ao seu lado, do jeito deles. Eles também tem seus fantasmas, que parecem apenas se acumular, conforme vão ficando mais velhos.
Ver o núcleo dos amigos faz a aura da história ser bem pesada e sombria, o que ironicamente não me deixou largar o livro. Ed até hoje se pergunta como foi que aconteceu um dos crimes mais brutais da cidade, que presenciaram durante sua infância.
O crime parecia ser perfeito, sem provas cabíveis, sem um suspeito de peso. Apenas aconteceu e ele estava lá. Ed sempre se perguntou como que a investigação aconteceu daquela forma torpe, como todo mundo acabou esquecendo e vivendo suas vidas, como se nada tivesse acontecido, sendo que ele nunca conseguiu.
Anos depois, Ed parece ter novas pistas do que aconteceu e resolve que bancar o detetive amador pode fazer sua vida ter um novo rumo. Mas parece que só faz a história se tornar ainda mais sombria, já que os bonecos de giz voltam para lhe assombrar e matar pessoas novamente.
São os bonecos de giz que matam? Ou quem os desenha tem um poder sobrenatural? É tudo coincidência, lenda urbana?
O homem de giz | C. J. Tudor
Foto: Hanna de Paiva |Mundinho da Hanna
São tantas perguntas, até mesmo estapafúrdias que nos fizemos, que parece que qualquer explicação para elas são críveis.

“Por vezes, Ed… é melhor não saber todas as respostas.”

Acho que nunca tinha lido um livro com essa vibe, e olha que sou já experiente em livros de suspense. Mas nenhum me deixou com um misto de sentimentos como esse.
Como eu disse, por mais que tenha todo um mistério por trás, colocar Ed para ser o detetive não pareceu uma boa escolha, já que ele tem um problema imenso consigo mesmo que parece lhe travar o tempo todo. Assim, as respostas que tinham tudo para ser uma revelação do tipo “uau!” acabaram se tornando algo mais para o “ah, é isso mesmo…”.

 

Confesso que me senti satisfeita ao ler a resolução do caso, que teve um final fechado, mas ao mesmo tempo me senti frustrada por não ter sido amarrado com um pouco mais de emoção. Não que suspense precise de emoção e “tiro, porrada e bomba” para funcionar, muito pelo contrário. Mas a ideia era ser um thriller psicológico que te deixasse confusx e quem sabe até com medo de algumas situações… mas só consegui ficar com ranço, frustrada e com a sensação de que esperava mais de uma sinopse que prometia tanto.
Essa não era a trama que eu esperava, embora seja bem amarrada no final e feche de forma satisfatória. Nenhum personagem ficou de fora, o que é bom, e a revisão está bem feita também, o que ajudou bastante no final.
Com relação ao livro em si, acho que a capa já revela bem o assunto central da história, com o famigerado boneco de giz em giz branco. Como nota final, darei quatro estrelinhas, pois é uma boa história, mas ainda falta um pouco de sal para ser espetacular.

 

E é isso. Vocês já tinham lido algum livro da autora? Se leram esse livro, o que acharam? Me conte aí!
Postado por:

Hanna de Paiva

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